sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ialmar Pio Schneider (Sonetos Avulsos)

Nosso Caminho

Envio-lhe estes versos com saudade
dos momentos felizes
de serenidade
ou deslizes...
Tudo é possível quando nos visita
uma paixão avassaladora,
inaudita
e sedutora...
Um sonho se descortina
em nosso caminho
e nos fascina
pelo carinho...
Quando estivermos juntos e unidos
vamos sempre lembrar
que fomos concebidos
para viver e amar...
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Soneto a uma Musa

Simplesmente me olhaste com meiguice
e me disseste: - Como vais, poeta !
Eu respondi com minha voz discresta:
- Vou indo mais ou menos... Assim disse...

Depois te foste como quem partisse
quase infeliz, oh musa predileta,
és tu que minha vida desinquieta
nas horas de incerteza e de crendice.

Hás de viver comigo e nos meus sonhos
serás a inspiração que me seduz
nos momentos amargos ou risonhos.

Vou te guardar pra sempre inalterada
porque quando te vejo surge a luz
que vem clarear a escuridão da estrada.
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Soneto da Angústia

Acendo bruscamente o meu cigarro
e penso no futuro que me esperas...
Oh! sem querer numa ilusão esbarro
e tropeço num mundo de quimeras !

Por que, mísero ser, feito de barro,
hei de sonhar eternas primaveras,
e na vida sem léu a que me agarro,
pensar que tu serias o que não eras ?!

E viverás sorrindo ao gosto amargo
do sonho que me mata noite e dia
e faz-me mal viver neste letargo,

nesta angústia que a alma me excrucia.
Enquanto esta fumaça aos ares largo
te lembro bela, cálida e sadia.
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Soneto

Enquanto a gente cai e se levanta
não há motivo de parar na viagem,
mas quando já nos falta até coragem
para seguir em frente, não adianta.

Feliz daquele que sofrendo canta
e traz ao mundo varonil mensagem,
pois leva sobre todos a vantagem
de amar a mesma mágoa que acalanta.

Jamais encontraremos solução
às coisas desastrosas desta terra,
porque é um combate inglório, louco e vão,

repleto de terror que nos aterra,
de ver o irmão matar ao próprio irmão
numa hecatombe irracional da guerra.
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Soneto Antigo

Cinza a fumaça rolará nos ares
e irá perder-se inutilmente louca
como as notas fatais dos meus cantares,
deixando um amargume em minha boca.

Tento esquecer teus lânguidos olhares
e a tua imagem com calor evoca
paisagens longas de distantes mares
pra onde a sereia meu ardor desloca.

Não é possível te olvidar, querida,
nem tenho culpa de te amar assim
com toda a força do meu triste peito...

Dá-me a alegria de levar a vida
por entre as flores de um taful jardim
e seguirei contente e satisfeito...
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Soneto a uma Fada

Fazes de conta que jamais me viste
e eu também finjo que não te conheço;
nossa união terminou sem ter começo
e eu continuo, como sempre, triste.

O que tu prometias não cumpriste;
mas esquece-me, então, pois eu te esqueço;
isto conosco foi mais um tropeço;
vamos saber qual de nós dois desiste.

Quero descrer de ti, não mais te amar;
porém, tudo me leva à tua presença
e por nada te posso condenar.

Foste uma Fada que surgiu voando
e não trouxeste, enfim, a recompensa
ao poeta que vive te adorando...
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