quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Caldeirão Literário do Pernambuco (Samantha Medina)



Samantha Medina
(1986 Recife/Pernambuco)

À ESPERA (INSÔNIA QUE PRECEDE A CHEGADA)

As madrugadas passam lentas
No compasso andante,condutor
Das horas de espera,que se arrastam,
Aleijadas,
Espalhando a poeira,
Decantada nos adormecidos;

As madrugadas passam lentas
Enquanto me desintegro no caos
De meu cansaço, ouvindo
Os sons do trânsito das ruas
Contornando os meus sonhos
E a minha cama,por longas avenidas...

As madrugadas passam lentas,
Entorpecidas pela melodia,
Ensurdecedora, do Silêncio
Dos que dormitam seus sonos
Sem saber,da areia em minhas retinas
E do meu corpo exausto, insistente...

Até que,decidida, eu me esparrame
Numa folha branca qualquer,
Já fatigada de tanto esperar...

- Então, a lenta madrugada alumia-se
da Maior-Estrela... E a Poesia, enfim, chega,
Sonolenta, seguindo o rastro da aurora.
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ÉTER E CARNE

Éter. Senhor de todos os elementos,
Substância e sobranceiro das aparências sem
[substância;
Elo. Ligação entre o lume celeste e o abismo,
Onde o Puro destaca-se soberbo no azulado etéreo
E ardem azulados os fogos...
Veste a Terra viço e flores
E já mais e mais a Terra ao Éter se remonta.

No perfume do Éter a Carne dormente se inflama,
Vaga em cósmicos espaços,
Alcança e Espírito a dimensão indolor,
Onde tudo é amor e céu e luz...

A Alma vive na matéria,
Palpável, pungente, efêmera residência-matéria
Mas quando enfim se apresenta o derradeiro
A Alma canta feliz ao se tornar liberta
E segue o seu caminho rumo à atmosfera pura e
[reluzente...

Então,o Espírito que volve ao Éter renasce
E na pureza do Éter a Carne se desfaz.
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CANTIGAS, LEVA-AS O VENTO

Na mais sublime terra, no mais alto ar,
Em torrentes de som a suspirar
Viandantes conduzidas pelo tempo,
- Cantigas, leva-as o vento.

De sopro em sopro é fantasia
Que toca a todos, destrói o medo,
Atravessa o tempo, e o segredo
Em brisa, vira doce melodia.

Qual acorde efêmero, intocável
É também, impalpável como sentimento,
Transeunte incontrolável
- Cantigas leva-as os vento.

E quando der vontade de chorar
Da alma é só tirar, nota a nota,
O ressoar da música que conforta:
- Cantigas, ventos a me levar.

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