domingo, 30 de novembro de 2008

Folclore do Norte e Sul (Pé de Garrafa)


O equilíbrio espiritual está em um só ponto e não em vários. Essa é a lição que nos passa o Pé-de-Garrafa. Além disso, mostra que todos nós temos uma faceta "saltadora", que nos torna eternos peregrinos pela vida.

O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso, um ser feérico que vive nas matas do centro e meio-norte do país. Raramente é visto, mas sempre se ouvem seus gritos estridentes, ora amedrontadores, ora familiares, capazes de confundir os caçadores, que acreditam ouvir os gritos de um companheiro em apuros. Em algumas ocasiões o pobre caçador enlouquece com os gritos arrepiantes.

Ouve-se muito falar dele no Paraná, em Goiás, no Piauí e no Tocantins, vivendo nas matas e capoeiras. Ele tem muitos outros nomes, como Cão-Coxo, Capenga, Cambeta e Pé de Quenga. Em Goiás, dizem que ele é negro e com o umbigo branco. Tem um chifre só na cabeça, um só olho, uma única mão com garras e um pé só, redondo.

CARACTERÍSTICAS:

Muitas pessoas que já o viram, nos dão outras características:

1. Ele é uma criatura semelhante à um homem, que pode apresentar-se de pele alva ou na cor negra. Pode surgir com dois ou um braço, porém é dotado de uma só perna. Deixa um rastro que se assemelha ao fundo de uma garrafa, perfeitamente redondo.

Algumas pegadas atribuídas supostamente a esta entidade, encontradas no estado de Piauí, mostra que o Pé-de-Garrafa deve ser muito pesado, deixando marcas profundas na terra dura.

2. Ele costuma gritar alto para informar o caminho na mata, mas as pessoas não devem lhe responder, pois caso contrário, ele o seguirá.

3. Segundo alguns, ele possui um ponto vulnerável, o seu umbigo branco, que deve ser atingido para se alcançar à fuga.

Câmara Cascudo o descreve:
O Pé-de-Garrafa é um ente misterioso que vive nas matas e capoeiras. Não o vêem ou o vêem raríssimamente. Ouvem sempre seus gritos estrídulos ora amedrontadores ou tão familiares que os caçadores procura-nos, certos de tratar-se de um companheiro transviado. E quanto mais rebuscam menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, atordoa, desvaira e enlouquece. Os caçadores terminam perdidos ou voltam à casa depois de luta áspera para reencontrar a estrada habitual. Sabem tratar-se do Pé-de-Garrafa porque este deixa sua passagem assinalada por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa. Supõe que o singular fantasma tenha as extremidades circulares, maciças, fixando vestígios inconfundíveis. Vale Cabral , um dos primeiros a estudar o Pé-de-Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caapora e devia ser de estatura invulgar a deduzir-se da pegada enorme que fica na areia ou no barro mole do massapé”.

Nosso Pé-de-Garrafa é similar ao Fachan, um elfo que vive na Irlanda e nas Terras Altas do Oeste da Escócia. Sua figura também é espantosa, com uma mão que sai do meio do peito, uma perna que brota do tronco, com um olho no meio do rosto e com grandes dentes. Apesar desse aspecto tão horrível, se diz que ele possui a propriedade de absorver todas as energias negativas dos seres impregnados pela perversidade e corrupção, transformando-as em energias positivas.
Quem viu, não quer ver!

No escuro da noite sem lua.
Por entre as árvores da mata.
Um grito ecoa.
Como um gemido agonizante.
Seus passos soam tuc, tuc, tuc, como pilão socando o chão.
Dizem matutos experientes que um Pé de Garrafa quando pega uma pessoa espanca-o drasticamente...estraçalha-o.
Pequenos e horripilantes, suas pernas são unidas numa só, tomando a forma de uma garrafa.
Morenos cor de terra, cabelos desgrenhados e bocarra na cara de mau, moram sob as locas das grandes pedras.
Se alimentam de animais e ervas.
E só aparecem a noite.
Huuuuuuu!!!!
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