sábado, 15 de novembro de 2008

Lia Rosa Reuse (Leque de Poesias)


AMANHÃ

Hoje é o amanhã daquilo que era ontem :
realidade dos sonhos mais belos e santos,
a cor e o sabor do mais raro dos vinhos,
momento encantador de uma profunda prece !

Hoje é o amanhã daquilo que era ontem :
fracasso, sofrimento, a maior das saudades,
a desorientação com gosto e cor de sangue,
repentino mergulho na pior das misérias !

Amanhã será hoje dos sonhos presentes :
certamente da vida a mais preciosa tela
onde assobiaremos um claro refrão !

Reencontraremos a via dos tempos todos
na qual sempre estivemos sem portanto ver :
seremos afinal feliz cinza no ar !

Publicado na Antologia de Poemas Religiosos CHANTS D'ÉTOILES (CANTO DE ESTRELAS) de Rádio Aude Maguelone (Carcassonne) e l'Association Poésie Terpsichore (Meulan), Les Presses Littéraires, França, março 1999.
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SENSIBILIDADE

Eis-me aqui aborrecida questionando o infinito
em tudo, estando em casa sem minha família,
tendo ao ouvido só gritos da minha dor,
procurando no mundo ao menos um amigo.

Tendo perdido seres amados de minha vida:
meus pais, amigos e o poeta de um idílio,
sinto-me nesta terra apenas uma ilha
desejando partir para o bom paraíso !

Sumindo cada dia perdida no abandono,
só conservando dos momentos de alegria
uma gatinha preta que me lambe as lágrimas :

dos sonhos de um autor sendo a feliz senhora,
da existência eu espero mergulhada em silêncio
algo sensível, doce, à minh'alma poetisa.

(Publicado na revista n°61 "Mes Sages Poétiques" de Gil Roc laureado da Academia Francesa
Soisy-sous-Montmorency - França - Janeiro 1999)
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MEU VELHO

Brilhava assim o sol
no dia em que partiste
E o céu, azul igual,
ninava borboletas
E flores balançavam,
lentas,
dóceis...
Mas partias...
E de tua rica vida coerente,
sem grandezas vãs,
simples na enorme sensibilidade,
esquecida
por tantos que ensinaras,
ficava, cada instante maior,
no sonho de um jardim,
na história,
nos corações que conquistaras
pelo exemplo,
o pranto da incerteza na saudade.
Partias...
E, enquanto eu chorava
sem consolo,
Tu,
apenas tu,
adormecido no adeus,
nem sei ainda por quê:
Sorrias...
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