quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Pedro Du Bois (Poemas Avulsos)


ADERALDOS

Digo ver
aderaldo cego
como lembra
o que nunca viu
mas sabe das cores
nuances e detalhes
da visão perdida
aderaldo cego
no que digo ver
o pássaro sobre a árvore
enluvada mão sobre o ombro
o rosto da mulher contra o vidro

aderaldo cego
cantor da saudade e da terra
no que não viu nem lembra
mas sabe as cores e mete o nariz

o cheiro da terra traz a paisagem
fechada no escuro do que não vê
aderaldo cego
que me vê no que digo
e sabe da minha face.

(publicado em AS PESSOAS NOMINADAS)
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RELATOS

hoje chove e nem por isso entendo melhor
a vida tida ao redor dos compromissos
desaconselhados em premissas verdadeiras
de parentes e conhecidos

os amigos se retiram em pares amparados
uns aos outros fossem as duplas paredes
da caverna aberta à visitação pública
antes de ser higienicamente tratada
para que as doenças deixadas
não se propaguem aos ventos e aos ares

(publicado em POETAS EM OBRAS, Volume II, fragmento)
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ELAS: SENHORA

4

De nenhum talento falamos
senhora
apenas o dia termina
em ocasos
simples
como as coisas comuns
os fatos
e a natureza completam o ciclo
senhora
no primeiro homem
se destaca o estômago
proeminente
fosse a comida a tentação
no segundo homem
o instante se apresenta
na profundeza do olhar perdido
senhora
e nenhum talento
os habitaria em diferenças
histéricas
e históricas páginas reviradas.

(publicado em LIBERDADE (ELAS)
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CANÇÃO DE HOJE

Espero a canção de hoje
suave e calma
anseio a canção mais longe
baixa e cálida
ofereço a canção de onde
silencioso e rude
possa ouvir a canção de ontem.

Nada quero com a canção de hoje
recomposta trajetória
nada espero da canção de hoje
fuga e ária
nem anseio pela canção de hoje
finita e pura.

(publicado em OS SENTIDOS SIGNIFICANTES)
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NÚMEROS RECONTADOS

Em intuitivo gesto
recupera do calendário
a data e a lua

seca o copo, cinco pessoas
em volta do corpo choram
a hora do adeus

intui o amor nos olhos
em frente, olha o luar
em destrancada porta, par e par
onde terminam as jornadas

sabe do corpo caído, cinco pessoas
se afastam em choros furtivos:
no desencontro residem reticências
e sóis teimosos retornam datas.

(publicado em NÚMEROS RECONTADOS)
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O ANCIÃO

O ancião pediu a palavra e ouviu o silêncio
como deferência e cortesia
com que o grupo oferecia seu tempo
a ouvir os anciãos dizerem dos tempos idos
dos prazeres anteriores e das felicidades
alcançadas em pares e famílias e dos filhos
oriundos e descendentes da linhagem nobre
da raça pura em constância e fechamento
sobre mundos ininteligíveis
e não alcançados além da poeira e dos desertos
fechados aos passos e aos cérebros cansados
dos guerreiros que foram até uma parte
e retornaram dizendo das impossibilidades

(publicado em POETA EM OBRAS, Volume III, fragmento)
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A PEDRA DESCORTINADA

Onde se escondem
as horas
da minha passagem

invisível
corpo descontraído
onde se escondem
as feras
mal distinguidas
dos que sofrem
o vazio da ausência

transformado
em pedra
de reconstruídos muros
dos isolamentos

sei das horas passadas:
do tempo vindouro
a página reescrita
pelas bordas.

(publicado em A PEDRA DESCORTINADA)
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RAZÕES

XI

razões com que espera da vida
o caminho correto e exato dos sonhos
das ilusões com que entende
o vento assobiar entre frestas

recém é quarta-feira
e a manhã se apresenta clara
em chuvas passageiras

elenca razões para ser na continuação
afogadas idéias que se remoçam
na força suplantada à lógica e a função
de pensar naufragada aos primeiros votos

a semana passa lenta
feita no tempo
certo e exato e o relógio da cozinha
determina as fomes e as horas
das limpezas e dos polimentos

nas razões a família se acomoda e a vida
mancha o destino onde é encontrado
inerte sobre o sofá em única luz.

(publicado em COMPORTADAS RAZÕES)
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EXISTIR

A existência sustenta
a palavra expressada
quando a noite cobre
a cama onde repousam
pedaços do dia

nada representa a vida:
as palavras dão ao contexto
a certeza do que foi dito

sombras dialéticas
discutem luzes espiraladas
onde se perde o minotauro.

(publicado em A INCERTEZA DA VIDA)
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ARMAZÉM DAS PALAVRAS

O copo d'água
ao lado
do microfone.

Inseparáveis
companheiros
dos extremos.

Secura.
Sede.

O copo d’água
renova
o discurso.

O microfone
explora
a sede
dos ouvintes.
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APARECER

Rompes a casca
frágil
mostra-te

não há o que temer
além da tua imagem
aflorada

essa
já conheces
desde o início.

(publicado em PEQUENOS ESCRITOS)

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Sobre o Autor
Pedro Quadros Du Bois, ou simplesmente Pedro Du Bois nasceu em Passo Fundo, RS, 1947. Residente em Itapema/SC. Poeta e contista. Membro da Academia Itapemense de Letras e do Clube dos Escritores Piracicaba. Vencedor - na categoria poesia - do IV Prêmio Literário Livraria Asabeça, 2005, com o livro "Os Objetos e as Coisas" (Editora Scortecci, São Paulo, 2005).

Também se classificou no 13° Prêmio Poemas no Ônibus (2005), da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com Posse. É editor-autor com diversas obras registradas e depositadas junto à Biblioteca Nacional, membro da Academia Itapemense de Letras e do Clube dos Escritores Piracicaba.

Fontes:
http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=5812
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/santa_catarina/pedro_du_bois.html
http://pt.wikipedia.org/
Imagem = http://aqueiva.wordpress.com/

Tania Du Bois (Desvelando a Valise de Pedro Du Bois)



A mão risca as palavras e delas me alimento na avidez com que sou consumido em vida”.

Desvelar a valise de Pedro Du Bois é estar embebido de poesia. É se sentir engajado, como o poeta vive a sua vida, na literatura. Em outras palavras, é cantarolar, suspirar arte, cuja beleza o traduz em cada poema.

Du Bois se redescobriu escritor com expressões sedutoras que designam seus belos poemas: “... Não há pecados em tuas mãos”. Ele dignifica a poesia com a capacidade que tem de observar, estender o pensamento e o coração aos fatos, e os explicar à luz do homem.

Observar e registrar são processos diferenciados em que os poemas demonstram a beleza de que os registros são os únicos ingredientes da escrita. Os registros são em verdade necessidades, enquanto a observação se constitui na qualidade inata do pensamento diante dos fatos. Como revela a poetisa Manuela Dipp: “A poesia de Pedro não espera por ele, nem Pedro penseiro espera a poesia. Eles simplesmente encontram-se num ponto lúdico de convergência. Pedro não brinca com as palavras, Pedro as entretém, nesse interminável jogo chamado literatura”.

O Pedro poeta registra, revela o que sente e do que participa. É onde o grande escritor se inicia, com versos cortantes, palavras de reflexão formando uma narrativa poética com força e originalidade. “Não há/como roubar/o tempo/que não/nos pertence”.

Iva Mikalosky, ao retirar o véu dos poemas de Du Bois, cita: “Nos poemas, Pedro abre o seu coração e seduz nossa imaginação, musicando e coreografando palavras, mostrando-se um criador que está em sintonia com o tempo”.

Não me furto em dizer que a escrita de Du Bois é a da contundência, fluidez e precisão, e não apenas pelo pendor da escrita sagaz e moderna; como ele se refere, “Aprendi com Borges a bifurcar os caminhos. Ir e voltar. Não ir, e mesmo assim voltar”. Ele consegue colocar ganchos que nos dão o que pensar, fazendo-nos refletir a importância dos problemas existenciais. Como nas palavras de Danilo Neuhaus, “Passear pelas gaiolas do Pedro é uma maneira de descobrir o poder das nossas asas e as razões do nosso triste canto. Passeando por esses versos vamos reconhecendo aqui e ali as gaiolas que nos cercam e que talvez um dia possamos abrir”.

Se seus textos permanecem é porque ele olha o homem sobre várias perspectivas, mas de forma semelhante, embora opte por retratar a vida, mostrando a força literária dos bons poemas.

Em quais palavras
materializamos a espera?

E a angústia quanto espera?

O poeta sabe que as palavras
fazem melhor o esperar
enfraquecem a angústia
tiram a culpa
apressam o tempo.

De quantas palavras
seria feita a espera?”


As palavras de Pedro levam ao encantamento, nos enriquecendo com a sua poesia. Ela não silencia: fala. Como comentou Jorge Geisel, “Com a tua poesia basta o silêncio, a reflexão como aplauso à obra”.

Fontes:
http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=5812
publicado originalmente em http://aqueiva.wordpress.com/
Imagem = http://www.toutfait.com/

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Anatole France (1844 – 1924)



Pseudônimo do escritor francês Jacques Anatole François Thimbaut (16/4/1844-12/10/1924), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1921. Nasce em Paris e, como filho de livreiro, dedica-se desde cedo às atividades literárias.

Segundo Fulgrosse, durante a guerra Franco-Prussiana (1870-1871), Anatole France participou na defesa de Paris como guarda nacional, integrado na 1ª Companhia do 20º Batalhão da Guarda Nacional do Sena (companhias de guerra), na reserva no reduto de Faisanderie (Joinville-le-Pont) enquanto decorria a batalha de Champigny, foi declarado impróprio ao serviço por ser de fraca constituição e passou a cívil em Janeiro de 1871. Foge de Paris no início da insurreição da Comuna de Paris.

Estuda os clássicos no colégio jesuíta Stanislas e, mais tarde, história medieval na École des Chartes. Em 1873 publica os versos parnasianos Poemas Dourados e Bodas Coríntias, um drama em versos. Em 1877 casa-se com Marie-Valérie Guérin de Sauville.

Em 1881 escreve O Crime de Sylvestre Bonnard, romance irônico com toques de humanismo e filosofia cética que firma sua reputação. Suas críticas literárias apontam tendências clássicas, como em A Vida Literária (1887-1893), escritas para o jornal Le Temps; o romance O Lírio Vermelho (1894), inspirado em seu relacionamento com Madame de Caillavet; e a antologia O Jardim de Epicuro (1894). Divorcia-se em 1893 e, em 1896, é eleito para a Academia Francesa.

No ano seguinte, ao ficar do lado dos defensores de Dreyfuss, seu trabalho literário ganha cunho político, passando de liberal a socialista e, no fim da vida, a comunista.

Tendo sido primeiramente bibliotecário do Senado, foi eleito para a Academia francesa em 23 de janeiro de 1896, para a poltrona 38, onde ele sucede Ferdinand de Lesseps. Foi recebido na Academia Francesa em 24 de dezembro de 1896.

Anatole France apoiou a Émile Zola no caso Dreyfus; ao dia seguinte da publicação do "J'accuse", assinou a petição que pedia a revisão do processo. Devolveu sua Legião de Honra quando foi retirada a de Zola. Participou na fundação da Liga dos Direitos do Homem.

Desse período, é História Contemporânea, série de quatro romances (1897-1901). Suas obras já apresentam preocupações sociais bem definidas, como em O Caso Crainquebille (1902), A Ilha dos Pingüins (1908), A Revolta dos Anjos (1914) e Os Deuses Têm Sede (1912), de aguda sensibilidade diante das misérias sociais. Destacam-se ainda: Thais (1880), A Casa de Assados da Rainha Pédauque (1893), As Opiniões de Jerônimo Coignard (1898), O Pequeno Pierre (1918), A Vida em Flor (1922).

Morre em Saint-Cyr-sur-Loire

Fontes:
http://www.algosobre.com.br/
http://pt.wikipedia.org

Anatole France (Baltasar)


I
Nesse tempo, Baltasar, que os gregos chamaram Sarraceno, reinava na Etiópia. Negro, mas belo de rosto, era de espírito simples e de coração generoso. Durante o terceiro ano de seu reinado, que era o vigésimo segundo de sua idade, saiu para visitar Balkis, rainha de Sabç. Acompanhavam-no o mago Sembobitis e o eunuco Menkera. Seguiam-no setenta e cinco camelos, carregados de cinamomo, mirra, ouro em pó e dentes de elefante. No decorrer da caminhada, Sembobitis ensinava-lhe não só a influência dos planetas como também as virtudes das pedras e Menkera cantava-lhe canções litúrgicas; mas ele não os ouvia e distraía-se a olhar os pequenos chacais sentados, de orelhas em pé, contra o horizonte de areia.

Enfim, após doze dias de viagem, Baltasar e seus companheiros sentiram um perfume de rosas, e, dentro em pouco, avistaram os jardins que contornavam a cidade de Sabá.
Nesse lugar, iam encontrar moçoilas que dançavam debaixo de romeiras em flor.

- A dança é uma prece, disse o mago Sembobitis.

- Vender-se-iam por elevado preço essas mulheres, disse o eunuco Menkera.

Assim que entraram na cidade, maravilharam-se da grandeza das lojas, dos galpôes e depósitos que diante deles se estendiam e, ainda, da quantidade de mercadorias que neles se acumulavam. Caminharam muito tempo pelas ruas cheias de carretas e carregadores, de asnos e almocreves, e depararam, quando menos esperavam, com as muralhas de mármore, os pavilhôes de púrpura, as cúpulas de ouro do palácio de Balkis. Recebeu-os a rainha de Sabá num pátio refrescado por chafarizes de água perfumada que se desmanchava em pérolas com límpido murmúrio. De pé, vestindo uma túnica de pedrarias, ela sorria.

Assim que a viu, Baltasar foi tomado de grande perturbação. Parecia-lhe ela mais doce que o sonho e mais bela que o desejo.

- Senhor, disse-lhe baixinho Sembobitis, cuidai de ajustar com a rainha um bom tratado de comércio.

- Acautelai-vos, senhor, acrescentou Menkera. Dizem que ela emprega a magia para se fazer amada pelos homens.

Em seguida, depois de se prosternarem, o mago e o eunuco retiraram-se.

Ao ficar a sós com Balkis, Baltasar tentou falar, abriu a boca, mas não pode dizer uma única palavra. Pensou então consigo mesmo: A rainha irá aborrecer-se com o meu silêncio.

No entanto, ela estava a sorrir e não tinha ar de enfado. Foi a primeira a falar, e disse com voz mais suave que a mais suave música:

- Sede bem-vindo e assentai-vos junto de mim.

E com o dedo, que a um raio de luz clara se assemelhava, indicou-lhe os coxins de púrpura espalhados pelo chão.

Exalando profundo suspiro Baltasar acomodou-se e, agarrando uma almofada em cada mão, exclamou de repente:

- Senhora, quisera que estes dois coxins fossem dois gigantes, inimigos vossos, para que eu lhes torcesse o pescoço.

E, assim dizendo, cerrava tão fortemente as almofadas nas mãos, que o estofo se rompeu, deixando sair uma nuvem de pequeninas plumas brancas. Uma delas voltejou por momento no ar e depois foi pousar no colo da rainha.

- Senhor Baltasar, disse Balkis corando, por que desejais matar gigantes?

- Porque vos amo, respondeu Baltasar.

- Dizei-me, indagou Balkis, se em vossa capital é boa a água das cisternas?

- Sim, respondeu surpreso Baltasar.

- Também tenho curiosidade de saber, prosseguiu Balkis, como se fabricam os doces secos na Etiópia.

O rei não sabia o que responder. Ela insistiu:

- Dizei, dizei, que me agradareis.

Então, fazendo grande esforço de memória, ele descreveu os processos dos cozinheiros etiópicos, que confeiçoam marmelos com mel. Ela porém não o ouvia.

De repente interrompeu-o:

- Senhor, dizem que amais a rainha Candace, vossa vizinha. Não me enganeis: ela é mais bela do que eu?

- Mais bela, senhora, exclamou Baltasar caindo a seus pés, será possível?...

A rainha prosseguiu:

- Sim! seus olhos? sua boca? sua tez? seu colo? . .
.
Baltasar estendeu os braços para ela e suplicou:

- Deixai-me remover a plumazinha que em vosso colo pousou e dar-vos-ei a metade de meu reino mais o sábio Sembobitis e o eunuco Menkera.

Ela porém ergueu-se e afastou-se rindo sonoramente.

Quando o mago e o eunuco retornaram, encontraram o seu senhor em inusitada atitude pensativa.

- Senhor, não haveis concluído um bom tratado comercial? inquiriu Sembobitis.

Nesse dia, Baltasar ceou com a rainha de Sabá e bebeu vinho de palmeira. Enquanto ceiavam, Balkis tornou a perguntar-lhe:

- Então, é verdade? A rainha Candace não é tão bela quanto eu?

- A rainha Candace é negra, replicou Baltasar.

Balkis encarou vivamente Baltasar e comentou:

- Pode-se ser negro sem ser feio.

- Balkis! exclamou o rei.

Mais nada pode acrescentar. Tomando-a nos braços, inclinara sob os seus lábios a fronte .da rainha. Mas viu que ela chorava. Falou-lhe então em surdina, com voz carinhosa e um pouco cantante, tal como fazem as amas, e chamou-a sua pequena flor e sua pequena estrela.

- Por que chorais? perguntou ele. E que é preciso fazer para que não choreis mais? Se tendes algum desejo dizei-me, para que eu possa realizá-lo.

Já não chorava mais, porém ficou absorta. Durante muito tempo, Baltasar instou para que ela lhe confiasse o seu desejo.

Enfim ela acedeu:

- Eu quisera ter medo.

Como Baltasar parecesse não ter compreendido, explicou-lhe que há muito sentia necessidade de correr algum perigo desconhecido, coisa que não lhe era possível, pois os guardas e os deuses sabeus velavam por ela.

- Contudo, acrescentou suspirando, quisera sentir durante a noite o delicioso frio do pavor penetrar em minha carne. Quisera sentir arrepiarem-se-me os cabelos. Oh! seria tão bom ter medo!

E, enlaçando os braços ao pescoço do rei negro, disse-lhe com a voz de uma criança que suplica:

- Eis que já chegou a noite. Partamos disfarçados para a cidade. Quereis?

Ele assentiu. Correu Balkis então ‡ janela e pela rótula olhou a praça pública.

- Um mendigo, disse ela, está deitado junto ao muro do palácio. Dai-lhe as vossas roupas e pedi-lhe em troca o seu turbante de pêlo de camelo e o pano grosseiro que lhe cinge os rins. Apressai-vos, que me vou aprontar.

E saiu correndo da sala do banquete a bater palmas para melhor manifestar a sua alegria. Baltasar tirou sua túnica de linho, bordada de ouro, e cingiu-se com o saiote do mendigo. Tinha assim a aparência de um verdadeiro escravo. A rainha reapareceu dali a pouco, vestindo a saia azul sem costura das mulheres que trabalham nos campos.

- Vamos! disse ela.

E guiou Baltasar por estreitos corredores até uma pequena porta que se abria para a campina.

II

Escura era a noite e, dentro da noite, Balkis parecia mais pequena ainda. Conduziu ela Baltasar a uma tasca onde brutamontes e carregadores da cidade se reuniam com prostitutas. Nesse lugar, assentados a uma mesa, viam, a luz de infecta lâmpada, em atmosfera espessa, homenzarrôes mal cheirosos que trocavam murros e facadas por uma barregã ou por um caneco de bebida fermentada, enquanto outros roncavam, de punhos fechados, debaixo das mesas. O taverneiro, recostado sobre uns sacos, observava prudentemente, com o canto dos olhos, as rixas dos beberrôes. Avistando uns peixes salgados que pendiam das traves do teto, Balkis declarou ao companheiro:

- Bem que eu gostaria de comer um desses peixes com cebola esmagada.

Baltasar ordenou que a servissem. Quando ela acabou de comer, o rei percebeu que não havia trazido dinheiro. Mas isto não lhe causou nenhuma inquietação por supor que poderiam sair sem pagar a despesa. O taverneiro barrou-lhes porém o caminho, chamando-lhes vilão, escravo e sórdida vagabunda. Com um soco Baltasar estendeu-o por terra. Vários bebedores atiraram-se de faca em punho contra os dois desconhecidos. Mas o negro, munindo-se de um enorme pilão, que era usado para amassar cebolas do Egito, desancou dois dos agressores e obrigou os outros a recuarem. Ao mesmo tempo, sentia o calor do corpo de Balkis enroscado no dele, e por isso era invencível. Os amigos do bodegueiro, não mais ousando se aproximar, atiraram contra Baltasar, do fundo da espelunca, jarras de óleo, canecos de estanho, tochas acesas e até o enorme caldeirão de bronze onde se cozinhava um carneiro de uma só vez. O panelão atingiu com horrível estrondo a fronte de Baltasar e lhe fez um enorme corte na cabeça. Por momentos ele ficou aturdido, mas em seguida, recuperando as forças, arremessou de volta o marmitão, porém com tamanho vigor que o seu peso foi decuplicado. Ao choque do bronze misturaram-se uivos inauditos e estertores de morte. Aproveitando-se do pânico dos sobreviventes e temendo que Balkis pudesse ser ferida, tomou-a nos braços e com ela fugiu pelas ruelas sombrias e desertas. O silêncio da noite envolvia a terra, e os fugitivos ouviam decrescer atrás deles o clamor dos bebedores e do femeaço, que os perseguiam ao acaso na escuridão. Logo nada mais ouviam a não ser o fraco ruído das gotas de sangue que caíam, uma a uma, da testa de Baltasar sobre o colo de Balkis.

- Amo-te! murmurava a rainha.

E a lua, irrompendo de uma nuvem, permitiu ao rei ver um clarão úmido e nevoento nos olhos entre cerrados de Balkis. Desceram ambos ao leito ressequido de uma corrente. De repente, o pé de Baltasar escorregou nos musgos e os dois caíram abraçados. Pareceu-lhes que se haviam afundado num delicioso abismo sem fim e o mundo dos vivos deixou de existir para eles.

Gozavam ainda do fascinante esquecimento do tempo, do número e do espaço, quando, á aurora, as gazelas vieram beber no côncavo das pedras. Nesse momento, uns salteadores que passavam viram os dois amantes deitados no musgo.

- São pobres, disseram, mas nós os venderemos por bom preço, pois são jovens e belos.

Então se aproximaram do casal, amarraram os dois e, atando-os à cauda de um asno,
prosseguiram seu caminho. O negro, acorrentado, proferia contra os bandidos ameaças de morte. Mas Balkis, tiritando ao ar frio da manhã, parecia sorrir a algo de invisível.Caminharam por desolados desertos até que se acentuou o calor do dia. Já ia alto o sol quando os facínoras desamarraram os prisioneiros e, fazendo-os assentarem-se ao pé deles, à sombra de um rochedo, jogaram-lhes um pedaço de pão bolorento, que Baltasar desdenhou de apanhar, mas que Balkis comeu avidamente.

Ela ria. O chefe dos salteadores perguntou-lhe por que ria:

- Rio-me, respondeu-lhe ela, por pensar que vos mandarei enforcar a todos.

- De verdade! zombou o chefe dos assaltantes. Eis um estranho intento na boca de uma lavadeira de escudelas como tu, minha querida! Sem dúvida é com a ajuda de teu galante negro que nos farás enforcar?

Ouvindo tão ultrajantes palavras, Baltasar foi tomado de grande furor. Atirou-se sobre o bandido e apertou-lhe tão fortemente a garganta que quase o estrangulou. Mas este enterrou-lhe até o cabo uma faca no ventre. O pobre rei, rolando por terra, volveu a Balkis um olhar de moribundo, que se extinguiu quase no mesmo instante.

III
Nesse instante, ouviu-se grande estrépito de homens, cavalos e armas, e Balkis reconheceu o bravo Abner que, à frente de sua guarda, vinha livrar a rainha, de cuja misteriosa desaparição desde a véspera tivera conhecimento.

Depois de prosternar-se três vezes aos pés de Balkis, .mandou avançar uma liteira de antemão preparada para recebê-la. Enquanto isso, os guardas amarravam as mãos dos assaltantes. Voltando-se para o chefe deles, disse-lhe com suavidade a rainha:

- Não me censurarás, amigo, de te haver feito vã promessa quando garanti que serias enforcado.

O mago Sembobitis e o eunuco Menkera, que ladeavam Abner, puseram-se aos gritos mal viram o seu príncipe estendido no chão, imóvel, com uma faca enterrada no ventre. Soergueram-no com precaução. Sembobitis, que excercia na arte da medicina, viu que ele ainda respirava. Fez-lhe um rápido curativo, enquanto Menkera enxugava a baba que escorria da boca do rei. Amarraram-no, em seguida, sobre um cavalo e conduziram-no vagarosamente até o palácio da rainha.

Durante quinze dias Baltasar esteve subjugado por violento delírio. Falava sem cessar no panelão fumegante, no musgo do córrego e chamava aos gritos por Balkis. Finalmente, no décimo sexto dia, abrindo os olhos, viu à sua cabeceira Sembobitis e Menkera, mas não avistou a rainha.

- Onde está ela? Que faz ela?

- Senhor, respondeu-lhe Menkera, ela está encerrada com o rei de Comagena.

- Combinam, sem dúvida, trocas de mercadorias, ajuntou o sábio Sembobitis. Mas não vos perturbeis dessa forma, senhor, porque vossa febre recomeçará.

- Quero vê-la! exclamou Baltasar.

E atirou-se em direção do apartamento da rainha sem que o ancião ou o eunuco pudessem retê-lo. Ao chegar diante da alcova, dela viu sair o rei de Comagena todo coberto de ouro e brilhante como um sol.

Balkis, reclinada sobre leito de púrpura, sorria, de olhos fechados.

- Minha Balkis, minha Balkis! soluçou Baltasar.

Ela porém nem voltou a cabeça e parecia prolongar um sonho.

Baltasar, aproximando-se, tomou-lhe uma das mãos que ela retirou bruscamente.

- Que quereis de mim? perguntou a mulher.

- Sois vós que perguntais! respondeu o rei negro desfazendo-se em lágrimas.

Balkis volveu-lhe uns olhos tranqüilos e duros, e Baltasar compreendeu que ela de tudo esquecera. Recordou-lhe então, a noite da torrente.

- Na verdade, não sei que pretendeis dizer, senhor. Não vos fez bem o vinho de palmeira! Estivestes sonhando por certo.

- Como! exclamou o infeliz príncipe torcendo os braços, teus beijos e a facada de que guardo o sinal, são por acaso sonhos! . . .

Ela se levantou. As pedrarias de sua veste produziram ruído semelhante à saraiva e expediram cintilações.

- Senhor, disse ela, esta é a hora em que se reúne o meu conselho. Não disponho de tempo para esclarecer os sonhos de vosso cérebro enfermo. Ide repousar. Adeus!

Baltasar, sentindo-se desfalecer, esforçou-se por não mostrar sua fraqueza à perversa mulher, e correu para sua câmara, onde tombou desmaiado, com a ferida reaberta.

Três semanas permaneceu insensível e feito morto, mas, sentindo-se reanimado no vigésimo segundo dia, segurou a mão de Sembobitis, que o velava em companhia de Menkera, e protestou soluçando:

- Oh! meus amigos, quanto sois felizes, um por ser velho e outro por aos velhos assemelhar-se! . . . Mas não! Não há felicidade no mundo, nele tudo é mau, pois que o amor é um mal e Balkis é má.

- A sabedoria restitui a felicidade, respondeu Sembobitis.

- Gostaria de experimentar, disse Baltasar. Mas partamos imediatamente para a Etiópia.

Como perdera o que amava, resolveu consagrar-se à sabedoria e vir a ser um mago. Se esta resolução não lhe dava prazer, trar-lhe-ia, ao menos, um pouco de calma. Toda a noite, sentado no terraço de seu palácio, em companhia do mago Sembobitis e do eunuco Menkera, contemplava ele as palmeiras imóveis no horizonte, ou atentava, à luz da lua, para os crocodilos que, como troncos de árvores, flutuavam sobre o Nilo.

- Nunca se cansa de admirar a natureza, dizia Sembobitis.

- Sem dúvida, respondia Baltasar. Mas há na natureza coisas mais belas que as palmeiras e os crocodilos.

E assim falava porque se lembrava de Balkis.

Sembobitis, que era velho, retomava:

- Há o fenômeno das enchentes do Nilo que é admirável e que já expliquei. O homem é feito para compreender.

- Ele é feito para amar, retrucava Baltasar suspirando. Há coisas que não se explicam.

- Quais? perguntava Sembobitis.

- A traição de uma mulher, respondia o rei.

Contudo, estando Baltasar resolvido a ser um mago, mandou construir uma torre do alto da qual se descortinavam diversos reinos e toda a extensão do céu. Era de tijolos e elevava-se acima das demais torres. Levou dois anos a ser construída e nela despendeu Baltasar todo o tesouro do rei seu pai. Toda noite subia ele ao topo dessa torre, e, lá, observava o céu sob a direção de Sembobitis.

- As figuras do céu são os signos de nossos destinos, dizia-lhe Sembobitis.

Ao que o rei replicava:

- … preciso admitir que esses signos são obscuros. Mas, enquanto eu os estudo, não penso em Balkis, o que é um grande bem.

O mago ensinava-lhe, entre outras verdades de útil conhecimento, que as estrelas são fixas como pregos na abóbada celeste e que há cinco planetas, a saber: Bel, Merodach e Nebo, que são machos, e Sin e Mílita que são fêmeas.

- A prata, dizia-lhe ele ainda, corresponde a Sin, que é a lua, o ferro a Merodach, o estanho a Bel.

E o bom Baltasar dizia:

- Eis aí conhecimentos que desejo adquirir. Enquanto estudo a astronomia, não penso nem em Balkis nem no que quer que seja deste mundo. As ciências são benéficas: elas impedem os homens de pensar. Sembobitis, ensina-me os conhecimentos que destroem nos homens a paixão e eu te cumularei de honrarias entre o meu povo.

Eis por que Sembobitis ensinou a sabedoria ao rei. Com ele Baltasar aprendeu apotelesmática, segundo os princípios de Astrampsicos, de Gobrias e de Pazatas. Baltasar, à medida que observava as doze casas do sol, pensava menos em Balkis. Menkera, que disso se apercebeu, demonstrou grande alegria:

- Confessai, senhor, disse-lhe um dia, que a rainha Balkis ocultava debaixo das vestes de ouro pés fendidos como são os das cabras...

- Quem te contou semelhante tolice? perguntou o rei.

- … a crença pública, senhor, tanto em Sabá quanto na Etiópia, respondeu o eunuco. Todos por aí afirmam que a rainha Balkis tem a perna cabeluda e o pé feito de dois chifres pretos.

Baltasar deu de ombros. Sabia que as pernas e os pés de Balkis eram feitos como os pés e as pernas de outras mulheres e perfeitamente belos. No entanto, essa idéia prejudicou-lhe a lembrança daquela que tanto amara. Pareceu-lhe afrontoso que a beleza de Balkis não estivesse isenta de ofensas na imaginação dos que a ignoravam. A idéia de que possuíra uma mulher, na verdade bela, mas que passava por monstruosa, provocou verdadeiro mal-estar e não desejou mais rever Balkis. De alma simples era Baltasar, mas o amor é sempre um sentimento assaz complicado. A contar desse dia, o rei fez grandes progressos em magia e em astrologia. Era extremamente atento às conjunções dos astros e tirava os horóscopos com tanta exatidão quanto o próprio sábio Sembobitis.

- Sembobitis, dizia-lhe, tu respondes com a cabeça pelo acerto dos meus horóscopos?

E o sábio Sembobitis respondia-lhe:

- Senhor, a ciência é infalível, mas os sábios sempre se enganam.

Baltasar tinha um belo talento natural, e afirmava:

- Nada existe de mais verdadeiro do que o que é divino, mas o divino nos é oculto. Procuramos em vão a verdade. Contudo, eis que descobri uma estrela nova no céu. … bela, parece vivente e, quando cintila, dir-se-ia um olho celeste que pisca com doçura. Feliz, feliz, feliz, quem nascer sob essa estrela! Sembobitis, vê que olhar nos lança esse astro encantador e magnífico.

Mas Sembobitis não viu a estrela, porque não a queria ver. Sábio e velho, não gostava de novidades.

E Baltasar repetia sozinho no silêncio da noite:

- Feliz, feliz, feliz, quem nascer sob essa estrela!

V

Ora, por toda a Etiópia e pelos reinos vizinhos propagou-se o rumor de que o rei Baltasar não mais amava Balkis.

Quando a notícia atingiu o país dos sabeus, Balkis indignou-se como se tivesse sido traída. Correu para o rei de Comagena, que na cidade de Sabá esquecia o seu império, e exclamou:

- Sabeis, amigo, do que acabo de ter conhecimento?

Baltasar não mais me ama.

- Que importa! respondeu sorrindo o rei de Comagena, se nós nos amamos.

- Mas não sentis, então, a afronta que esse negro me faz?

- Não, respondeu o rei de Comagena, não a sinto.

Balkis despediu-o ignominiosamente e ordenou ao seu grão-vizir tudo preparar para uma viagem à Etiópia.

- Partiremos esta noite mesmo, disse ela. Se antes do pÙr-do-sol, não estiver tudo preparado, mando cortar-te a cabeça.

Depois, quando se viu sozinha, pôs-se a soluçar:

- Amo-o! Ele não mais me ama e eu o amo! suspirava com toda a sinceridade de seu coração.

Ora, certa noite em que estava no topo da torre, a observar a estrela miraculosa, Baltasar, descendo o olhar para a terra, viu uma longa fileira negra, que serpenteava ao longe, sobre a areia do deserto, como um exército de formigas. Pouco a pouco, o que lhe parecera formigas avultou e tornou-se assaz nítido para que o rei verificasse que eram cavalos, camelos e elefantes.

Aproximando-se da cidade a caravana, Baltasar distinguiu as cimitarras resplandecentes e os cavalos negros dos guardas da rainha de Sabá. E, reconhecendo a própria rainha, sentiu-se fortemente perturbado. Percebeu que ia amá-la outra vez. A
estrela brilhava no zênite com esplendor maravilhoso. Embaixo, Balkis, reclinada numa liteira de púrpura e ouro, era pequena e brilhante como a estrela.

Baltasar sentiu-se atraído para ela por uma força violenta. Todavia, num esforço desesperado, voltou a cabeça e, levantando os olhos, reviu a estrela. Então a estrela assim falou
– Glória a Deus nos céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Apanha uma medida de mirra, bom rei Baltasar, e segue-me. Eu te conduzirei aos pés do menino que acaba de nascer num estábulo, entre o asno e o boi. Esse menino é o rei dos reis. Ele consolará os que querem ser consolados. Ele te chama, Baltasar, a ti cuja alma é tão sombria quanto o rosto, mas cujo coração é simples como o de uma criança. Ele te escolheu porque sofreste, e ele te dará a riqueza, a alegria e o amor. Ele te dirá: sê pobre com júbilo, essa é a verdadeira riqueza. Ele te dirá ainda: a verdadeira alegria está na renúncia à alegria. Ama-me e não ames as criaturas senão em mim, porque somente eu sou o amor.î

A estas palavras, uma paz divina difundiu-se como uma luz sobre o semblante sombrio do rei. Baltasar, arrebatado, escutava a estrela. E sentia que estava se tornando um novo homem. Sembobitis e Menkera, prosternados, as frontes tocando a pedra, também a adoravam. A rainha Balkis observava Baltasar e compreendeu que jamais haveria amor para ela naquele coração transbordante do amor divino. Empalideceu de
despeito e deu ordem à caravana de regressar imediatamente às terras de Sabá.

Quando a estrela cessou de falar, o rei e seus dois companheiros desceram da torre. Em seguida, preparada a medida de mirra, organizaram uma caravana e saíram para onde os conduzia a estrela. Viajaram longo tempo por desconhecidas terras, sendo que a estrela marchava adiante deles.

Um dia, achando-se num lugar onde três caminhos se encontravam, viram eles dois reis que avançavam com numeroso séquito. Um era jovem e branco de rosto. Saudou Baltasar e disse-lhe:

- Chamo-me Gaspar, sou rei e vou levar ouro como presente ao menino que acaba de nascer em Belém de Judá.

O segundo rei adiantou-se por sua vez. Era um velho cuja barba branca lhe cobria o peito.

- Chamo-me Melchior, disse ele, sou rei e vou levar incenso à divina criança que vem ensinar a verdade aos homens.

- Sigo o mesmo caminho de vós, respondeu Baltasar; venci minha luxúria, e por isso a estrela me falou.

- Eu venci meu orgulho, disse Melchior, e por isso fui chamado.

- Eu venci minha crueldade, disse Gaspar, e por isso vou convosco.

E os três reis magos prosseguiram juntos a viagem. A estrela, que eles tinham visto no
Oriente, precedeu-os sempre até que se deteve ao chegar sobre o lugar onde estava o menino.

Ora, vendo parar a estrela, eles se alegraram profundamente. E, entrando no estábulo, encontraram o menino com Maria, sua mãe, e, prosternando-se, adoraram-no. E, abrindo seus tesouros, ofertaram-lhe ouro, incenso e mirra, tal como está dito no Evangelho.

Fontes:
http://virtualbooks.terra.com.br

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pôr-do-Sol Cultural (em Itu)



5 de novembro
a partir das 18h30
no Museu da Energia de Itu

Um grande sarau comemorando o Dia da Cultura!

As atrações serão:

* Dança-Teatro
* Street Dance e Rap com Nação Hip Hop de Itu
* Declamação de Poesias (autores ituanos)
* Curtas-metragens (CineClube Itu) com participação do diretor Marcelo Domingues
* Grupo Choro das Três!

Exposições:

* Paulo Lara e Karin Mangiavacchi;
* Varal de poesias do EJA (Escola de Jovens e Adultos)

Ingresso:
* 1 litro de leite

Pontos de Troca:
* Museu da Energia de Itu (Rua Paula Souza, 669)
* Loja Universo Hip Hop (Rua Floriano Peixoto, 799).

Contato: 4022-6832 / (11) 7599-7848

E-mail: bibliotecacomunitariaitu@gmail.com
Blog: http://bibliotecacomunitaria.wordpress.com/

Iniciativa:
* Museu da Energia de Itu
* Biblioteca Comunitária prof. Waldir de Souza Lima


Apoio:
* Secretaria Municipal de Cultura de Itu
* Secretaria Municipal de Turismo, Lazer e Eventos de Itu
* Nação Hip Hop Itu
* Cineclube Itu Osvaldo de Oliveira
* Restaurante Quinhão
* Grupo HPSete

Fontes:
E-mail enviado pela Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima
Imagem =
http://olhares.aeiou.pt

Alcione Araújo (Lançamento de "Pássaros de Vôo Curto)


O livro Pássaros de vôo curto, de Alcione Araújo, será lançado durante a 22ª Feira do Livro, que vai do dia 5 ao dia 10 de novembro de 2008, e será realizada na praça Marechal Floriano.

Alcione Araújo nasceu em 1945, na cidade de Januária, Minas Gerais. É formado em engenharia e já foi professor na Universidade de Minas Gerais. Estreou no teatro com a peça Há vagas para moças de fino trato, em 1974. São de sua autoria também peças teatrais consagradas, como Doce deleite e A caravana da ilusão. Alcione também é cronista do jornal Estado de Minas e Pássaros de vôo curto é seu segundo romance. Ainda, o autor faz parte dos Três Tenores (coordenadores de debates) das Jornadas Nacionais de Literatura.

O lançamento do livro está marcado para três datas: 5 de novembro para a comunidade em geral e o público acadêmico, às 19h30min, no auditório do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas); 6 de novembro, às 18h30min na praça Marechal Floriano, para o público da feira; e 7 de novembro, em Carazinho, na UPF campus Carazinho, às 19h30min, para escolas públicas e particulares da cidade.

Resenha

Um grande quebra-cabeça, com peças extremamente coloridas por personagens humanos e muita história do Brasil, com encaixes criados pelo leitor na hora de sua leitura. Eis uma boa definição visual do novo livro do dramaturgo, diretor e professor Alcione Araújo, chamado Pássaros de vôo curto.

A obra pode parecer, no início da leitura, uma seqüência de enredos independentes, por se passarem em épocas distintas e terem personagens diversos. Apesar disso, à medida que o leitor vai conhecendo as personagens e ambientando-se com cada cenário, percebe que todos estão interligados, como diz a teoria dos seis graus de separação, recentemente transposta para a televisão na série Six degrees, de um dos criadores do famoso Lost, que também explora o tema. De acordo com a teoria do psicólogo americano Stanley Milgram, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas.

Tal teoria concretiza-se em Pássaros de vôo curto e é o que consegue unir os três eixos narrativos iniciais, que não estão dispostos em ordem cronológica e alternam-se a cada página, fazendo o leitor construir um verdadeiro mapa mental (ou físico, em uma folha de papel, no meu caso...) do enredo para melhor apreciá-lo. Um exemplo simples e rápido desse fato é que na obra de Alcione Araújo, a mundialmente famosa cantora lírica grega, Maria Callas, está a somente dois graus de separação do garimpeiro Orlando, morador da interiorana cidade mineira de Galiléia.

Assim, o livro consegue descrever um grande pedaço da história de Minas Gerais e do Brasil, desde a exploração do ouro mineiro no século XIX por companhias inglesas, passando pela participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, culminando no fim da ditadura militar, configurando-se em uma verdadeira saga de mais de 100 anos.

Vários sub-temas são recorrentes na obra, como estribilhos que ecoam por toda a história, ora explícitos, ora ocultos em histórias secundárias. O principal deles é a música lírica e a ópera. A cantora Diva Bustamante é quem personifica tal aspecto, em seu sonho quixotesco de levar tal repertório pelo Brasil afora, dentro de um antigo carro blindado (veterano da Segunda Guerra mundial) transformado em ônibus, batizado 14 Bis. Nesse estranho veículo; pilotado pelo motorista, mecânico e assistente de palco, Zé Bolero; a cantora se apresenta com o pianista americano Ralph Conway, levando a ópera a uma, em suas palavras, “terra de botocudos.” Entre seu repertório, merece destaque a ópera de Giuseppe Verdi, La Traviata, muito significativa na trama: histórias paralelas de personagens como Ralph ou a camareira de Diva, Orlanda, são variações sobre o tema da prostituta que se apaixona e deve deixar o homem que ama, mesmo a contragosto, pensando no bem do amado.

Outro tema recorrente e que pode dar pistas sobre o título da obra é a aviação. Exemplo disso é a paixão que Zé Bolero e Vittorio Emanuelle Sbravatti Chalmers têm por voar. Mas, infelizmente, como retrata muito bem o romance, a satisfação pessoal depende de dinheiro. Assim, este foi piloto de avião da Força Expedicionária Brasileira, enquanto aquele, por ter nascido pobre e filho de mecânico, chegou mais perto do céu subindo em árvores e nomeando o veículo por ele reformado como 14 Bis.

Com personagens cativantes e muito humanos, que vivem situações ora cômicas, ora trágicas, e trazem reflexões profundas, mas simples, sobre arte, política, vida, morte, etc., Pássaros de vôo curto é uma obra que deve ser lida não só pelos interessados em história, que a verão de forma totalmente natural neste romance, mas por todos que apreciam uma grande obra de arte.

Fontes:
E-mail enviado pelo Boletim Jornada
Artigo por PHILIPPSEN, Bruno. Pássaros a seis graus de separação.
Boletim Eletronico Jornadas Literárias de Passo Fundo - n. 74

Balaios de Trovas III



O Amor para ser gostoso,
jamais deve ser pamonha.
Tem de ser escandaloso,
cego, surdo e sem-vergonha!
A.A. de Assis

Prece que veio agora,
por um milagre de Deus,
o suave encontro da aurora
no brilho dos olhos teus!
Admerval Silva de Souza

Felicidade constante
na vida, consiste bem
em a gente achar bastante
o pouquinho que se tem.
A. G. Ramos Jubé

Feliz quem vai pela vida
tão suave e docemente,
como a flor adormecida,
levada pela corrente...
Aires de Montalbo

Já repararam que o rio,
quando vai a caminhar,
é nas pedras do caminho
que mais parece cantar.
Albercyr Camargo

Velhice não é doença,
todos sabem muito bem.
Porém, quanto mais descrença,
mais depressa ela nos vem...
Alberto Lima

No mundo nada terás,
se não socorres alguém.
Ajuda, espera, e verás
como é bom fazer o bem!
Almeida Corrêa

Para matar as saudades
fui ver-te em ânsias, correndo.
E eu que fui matar saudades
Vim de saudades morrendo.
Adelmar Tavares

Minha sogra é mesmo o fim.
Eu digo e tenho vergonha:
duvida tanto de mim
que acredita na cegonha.
Antonio Carlos Pinto

O Homem sempre há de penar
nas mãos da mulher que amou:
antes por querer casar,
e, depois porque casou.
Antônio Zoppi

Se Deus atendesse, um dia,
minha prece ingênua e doce,
quem fosse mãe não morria,
por mais velhinha que fosse.
Arquimimo Japajesse

Debaixo da nossa cama
que tu deixaste vazia,
o meu chinelo reclama
o teu chinelo, Maria
Assis Murad

Mergulha o sol no poente
qual se fosse enorme flor
que, depois de dar semente,
perde o perfume e a cor...
Astolfo Rezende

O tempo ao Amor não mata.
É disto a prova fiel
as nossas Bodas de Prata
em plena Lua de Mel.
Carlos Guimarães

O tempo ao amor não mata.
É disto a prova fiel
as nossas Bodas de Prata
em plena Lua de Mel.
Carlos Guimarães.

Cultiva a amizade, insiste,
põe nela o fervor maior,
pois cada amigo que existe
faz nosso mundo melhor.
Cleonice Rainho

Enxuta! Que Maravilha!
Enxuta como ela só,
quando amamentava a filha
só saía leite em pó.
Colbert R. Coelho

Eu vou aqui na beirada,
Ela ao lado da janela.
Graças às curvas da estrada,
Vou sentindo as curvas dela.
Colbert R. Coelho

Quando a mulher do vizinho
cruza contigo na rua,
diz o diabo baixinho:
"esta é melhor do que a tua!"
Durval Mendonça

Entrei nas lojas da vida,
quis comprar felicidade.
- Fui roubado na medida,
no preço e na qualidade.
Durval Mendonça

Não cobices a mulher
do próximo, nunca mais!
Especialmente se o próximo
está próximo demais...
Eno Theodoro

A mulher no aniversário,
sempre deseja que a gente
se esqueça do seu passado,
mas nunca do seu presente.
Eno Theodoro

É um perigo essa gente
que vive sempre a dizer,
não o que viu, mas somente
aquilo que julgou ver.
Guimarães Barreto

Na vida há céus constelados
e cardos pelos caminhos.
E há poetas deslumbrados
pondo estrelas nos espinhos.
Iracy Nascimento

Felicidade consiste
num contraste extraordinário:
esperar tudo que é triste
e acontecer o contrário.
Lamartine Babo

Quer ser feliz? Então siga
a minha vida bizarra
que tem muito de formiga
e ainda mais de cigarra.
Luiz Otávio

Distraída, distraída,
é a mulher do Januário,
ouve à porta uma batida,
tranca o marido no armário.
Magdalena Léa

Toda Mulher que é gorducha,
tem um recurso só seu,
ao vestir-se grita: "puxa
como esse troço encolheu!!"
Magdalena Léa

Embora sem alegria
vou cantando nos caminhos
foi essa a filosofia
que aprendi com os passarinhos.
Magdalena Léa

Foi tão engraçada a piada
que a dentadura da Zinha
em tremenda gargalhada,
caiu no chão rindo sozinha.
Magdalena Léa

A rua mais esquisita,
a mais escura viela,
fica uma rua bonita
se as crianças brincam nela.
Mariano Vicente

Quem recusa um elogio,
dizendo não merecê-lo,
no fundo sente um desejo
de outra vez mais recebê-lo!
Marivaldo Facca

Coração não tem idade...
Tolice de quem o diz.
- O coração envelhece
quando se sente infeliz.
Mercês Maria Moreira Lopes

Naquele jardim da praça,
quando passas, tão formosa,
é tamanha a tua graça,
que tira a graça da rosa!
Moacyr Pereira

Ternura, meiguice, amor,
e tantas rosas na estrada,
livres de espinhos e dor...
- Sonhar não nos custa nada!
Monteiro Viana

A mulher, ou por vaidade,
ou por ser demais esperta,
depois de uma certa idade,
não tem mais idade certa.
Nero Sena

Amizade é um vaso de flor
que precisa de cuidado, carinho,
de terra, da água e do amor
e se guardar num lindo antinho.
Ondina de Aquino Carrilho Cruz

As suas cartas, senhora,
releio-as de quando em vez.
Mas nelas só vejo agora
os erros de português...
Paulo Emílio Pinto

No homem a malícia é tanta
que, bonita ou mesmo feia,
a mulher que mais o encanta
é sempre a mulher alheia.
Peri Ogilve Rocha

O eletricista Zé Roque,
que só na Light produz
levou um tremendo choque
quando a mulher deu à luz.
Rangel Coelho

Etérea, fluida, de gaze,
corpo volátil de essência,
sua presença era quase
como se fora uma ausência.
Rangel Coelho
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Fonte:
A Hora da Trova. http://www.velhosamigos.com.br/
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Isaque de Borba Corrêa (Diversões papa-siri)


(foto: Carrinho de Rolimã)
-
No seio de uma família de modestos pescadores ou agricultores, o divertimento provinha única e exclusivamente da capacidade de criatividade das crianças de cada família, pois não se tinha à disposição o consumismo de hoje em dia, nem a fartura comercial que encontramos hoje. Dificilmente um pai fabricava os brinquedos, geralmente eraAdicionar imagemm feitos pela própria criança. É bom lembrar que para este caso e para esta época a criança, ou pelo menos o espírito de criança, alcançava a adolescência e, dependendo da época, poderia atingir a juventude. Era comum ver jovens fazendo algumas das brincadeiras que vamos citar. Cada um se divertia como podia usando da criatividade para fazer brinquedos daquilo que a natureza oferecia.

O menino fazia carrinho de lata de azeite, que na época, era quadrada. Recortava a parte de cima no sentido longitudinal e dobrava para cima, a 90º, como se fosse a caçamba do caminhão. Com alguns pregos na ponta de um pedaço de pau ele fazia uma pequena picareta para brincar de barreirinho com este carrinho, junto a um barranco. Depois, com um toco de pau e meia fatia de um gomo de bambu à guisa de lâmina, se fazia um trator tipo “esteira”.

Existia ainda o pião, carrinho de carretel, arapuca, carrinho de aro de bicicleta, carrinho de rolimã, que se chamava zorra.

De bambu se podia fazer uma pistola e uma atiradeira de flechas. A pistola era um pequeno canudo de bambu, do diâmetro de um centímetro no máximo. Uma das extremidades eram afiadas para cortar a casca da laranja, como se fosse um perfurador. Depois com um outro bastão, se expulsava sob pressão a carga de casca acumulada dentro da taquara.

A atiradeira de flecha era também constituída de uma taquara de bambu, porém com um diâmetro maior, talvez de uns 2 centímetros. Colocava-se um pedaço de elástico na boca desta taquara. A taquara tinha que ter um furo atrás, para engatar a flecha. A flecha também feita de bambu era uma tira de bambu de mais ou menos um cm de largura, com uma extremidade afiada e outra, a parte de trás, com uma saliência pouco maior para engatar no furo atrás. A flecha era introduzida dentro do canudo sobre a pressão da borracha com a ponta afiada para frente e a trava para trás. Para acioná-la bastava empurrar a parte saliente da flecha para baixo, que seria expulsa de dentro do cano pela força da pressão da borracha.

Na falta de rolamentos para se fazer uma zorra, o menino se atracava a uma calha de coqueiro e escorregava da ladeira abaixo, de preferência nos morros engramados. Muito parecido com um surf que se faz nas dunas de areias no nordeste. Um pneu ou um aro de bicicleta para sair batendo, também já dava um brinquedo. Bricáva-se de pegar, de esconder, de polícia e ladrão; caçar de funda, armar uma arapuca, armar um lacinho, armar uma xócha para pegar tatu; jogar quilica na “boca”, no triângulo ou na ronda, eram as principais diversões dos meninos. As meninas não tinham um repertório tão farto, o negócio delas era brincar de boneca que faziam de palha de milho. Jogavam amarelinha, cantigas de rodas e às vezes brincavam com os meninos de pegar ou esconder e até casamento atrás da porta. Existe ainda até hoje a brincadeira de jogar taco.

O Carrinho de bambu era o preferido, por isso resolvi inclusive fazer a ilustração na página seguinte. Quanto aos meus, o máximo de sofisticação que tinha era um volante de tampa de lata de tinta. Mas o Nelinho do Olindino, aliás o doutor Manoel Olindino Domingos funcionário da prefeitura municipal há muitos anos. Nelinho inclusive ainda conserva seu ar de sofisticação, mas desde rapaz pequeno que o Nelinho já botava nós todos no bolso com sua educação refinada e sua inteligência muito mais evoluída que a nossa.

Apesar de toda a seriedade que lhe é peculiar, Nelinho confessou-me que roubava as bóias de cortiça da rede do meu avô para fazer as rodas de seus carrinhos. Cada um exibia a sua criatividade como podia. Nelinho pegava duas latas de “Leite Ninho”, fazia furos, colocava brasas dentro como se fossem dois faróis e à noite, andava ele com aquela coisa que parecia um fantasma "com dois bagos de zólho", esnobando a sua criatividade na frente dos demais rapazes que não tinham tal capacidade nem tamanha inventividade nos seus brinquedos. Nelinho dizia que seu carrinho além de tudo era utilitário, pois muitas vezes era incumbido de carregar balaios de peixes da praia até em casa. Como eram muito pesados, ele pendurava o balaio no seu carrinho estrambólico e os transportava com relativa facilidade. Era criatividade que não acabava mais.

Já que falamos em brasas, só para lembrar de mais um divertimento que a gente fazia para o Sábado de Aleluia: Pegava-se um mamão verde, fazia nele furos semelhantes os olhos, e principalmente as canjicas arreganhadas para parecer uma caveira e colocava brasas dentro, pra parecer um fantasma e assustar os outros. Alguns também sofisticavam com uma vela acesa dentro.

Fontes:
http://www.balneariovirtual.com.br/
Imagem =
http://rogeriogalanti.wordpress.com

Entrevista com Isaque de Borba Corrêa


Membro da Academia Desterrense de Letras (Florianópolis) e Academia de Letras de Balneário Camboriú. Escritor, natural de Balneário Camboriú (1960), autor de mais de uma dezena de livros em diversas ciências.

Camboriú Virtual – Como você começou a tomar gosto pela história?

Isaque de Borba Corrêa - Em 1974 o prefeito Gilberto Meirinho propôs aos alunos da rede escolar uma pesquisa sobre a História da cidade. O tema era “Balneário Camboriú – 10 anos de construção” Não consegui terminar em tempo hábil de tanta coisa que arrumei em termos de história oral. Depois descobri os arquivos públicos. Me encantei com a história e pra falar bem a verdade até hoje já vai para 35 anos e ainda não terminei aquela história. Também pela identificação. Sou descendente do primeiro morador da Praia de Camboriú, naquele tempo apenas Camboriú, e recebi de herança documentos, bens que me remetem a história o tempo todo.

Camboriú Virtual – Como está a relação das prefeituras da região com a história de suas cidades? Há uma preocupação no sentido de preservar esses documentos?

Isaque de Borba Corrêa - Muito pouco. Aqui em Balneário Camboriú em termos de arquivo estamos razoavelmente bem, falta inventariar a documentação lá existente. Faltam recursos humanos especializados e um pouco de vontade política de realizar isso. Ainda não existe uma política cultural voltada ao resgate da história como existe em cidades como Joinville, Blumenau, Florianópolis e até Itajaí. Nas demais cidades é uma pena, o que existe são apenas alguns abnegados como eu que solitariamente fazem alguma coisa. E é bom que se frise que a história é fundamental nas cidades turísticas.

Camboriú Virtual – A iniciativa privada tem apoiado projetos voltados para história de nossa cidade?

Isaque de Borba Corrêa - Quando você diz nossa cidade, não sei exatamente qual pois milito nas duas cidades Camboriú e Balneário, e vamos figurar em portais de três cidades, mas posso te garantir que pra história nenhuma empresa até hoje investiu qualquer coisa. Falta uma lei de incentivo, que Itajaí tem faz tempo.

Camboriú Virtual – Quais foram os livros escritos pelo senhor?

Isaque de Borba Corrêa - 1º: HISTÓRIA DE DUAS CIDADES BALNEÁRIO CAMBORIÚ E CAMBORIÚ.
Preparo a 2ª edição. Um best-seller. O livro mais vendido e mais lido em Balneário Camboriú.

2º- DICIONÁRIO PAPA-SIRI. – Acho que foi o primeiro dicionário sociolingüístico do país, não conheço outro mais antigo. Acho que foi eu quem inventou essa história de dicionário (aloletário) regional.

3º A ESCRAVATURA EM CAMBORIÚ. –. Nenhuma cidade do país, tem a sua história demográfica escravagística mais bem documentada que a nossa ( Camboriú e Balneário)

4º DICIONÁRIO CATARINENSE. Um tratado de lingüística, dialetologia, falares e sub-falares de SC.; Fiz em parceria com a RBS e o DC. Possivelmente o mais vendido de santa Catarina. Só num final de semana foram quase 5 mil, no lançamento.

5º JANGA- O PIONEIRO DA FÉ. Biografia encomendada de João Boaventura Caetano – Janga – o Primeiro crente em BC.

6º PORANDUBA PAPA-SIRI – Folclore inédito das duas cidades.
7º SOLILÓQUIO – Memória de um papa-siri com sardade da bera da Praia. Um romance histórico, escrito em linguagem vulgar, memórias póstumas de Manoel Germano Corrêa, o primeiro pesacdor de BC.

8º - COLÓQUIO – Um romance em linguagem vulgar, sugerindo a convivência de uma família dos anos 50 da Praia de Camboriú

9ª PIRÃO COM MILONGAS – Livro é que nem filho, não se sabe qual o melhor, mas acho que esse é o que eu mais gosto. Antropologia social e cultural – do centro do litoral catarinense.

10º-LELA – PRAIANO HERÓI. Biografia encomendada do Lela, o maior contador de histórias que conheço.

11º - UMA TRAMA NO ALTO VALE. Biografia encomendada por Ivo Vanderlind.

12º O ESPATÁRIO – Biografia de Dom Paio Peres Corrêa, herói europeu da Idade Média. Nasceu em 1210 e morreu em 1270. Foi grão-mestre da maior ordem militar da Idade Média, a Ordem de Santiago da Espada, por isso se chama “O Espatário”. Foi ele quem expulsou os mouros do Algarve e Andaluzia, fundou inúmeras cidades cristãs, comandou a 7ª cruzada para resgatar o rei santo Luis IX. Destituiu o rei Sancho II, empossou seu irmão, fez casar reis e rainhas, matou muita gente, nunca perdeu uma guerra, sua naturalidade é disputada por duas cidades e seus restos mortais pelo dois países. Portugal de nascimento e a Espanha onde fez fama. Mesmo sendo português, foi nomeado pelo rei espanhol para representar a Espanha no conflito pela disputa de território entre os dois países. É considerado o homem mais poderoso do mundo, não sendo rei nem papa. Mesmo sendo um dos homens mais conhecidos da Europa, foi biografado por reis e até Luis de Camões, mas eu aqui nesse fim de mundo sou seu maior biógrafo. Consegui isso comprando a história de todas as cidades por onde ele passou. É tido como o 1º Corrêa e o mais famoso deles. Está na iminência de virar filme.

13 º - SÃO TOMÉ - Provas da passagem desse apóstolo de Cristo no continente americano.

14 º - OS ZELOTES – História desse povo religioso muito antes de Cristo. Teve seu auge na era Macabeus e seu trágico fim no governo do General Romano Tito.

Camboriú Virtual – Dentre os livros escritos pelo senhor, qual te chamou mais atenção? E por quê?

Isaque de Borba Corrêa - Diria que o “SÃO TOMÉ – A SAGA DO APÓSTOLO DE CRISTO NA AMÉRICA” uma pesquisa extraordinária que mais de 20 jesuítas contaram durante 100 anos, até que o Papa Urbano VIII proibiu de se falar nessa heresia no continente. Com medo de um processo no Tribunal do Santo Ofício, eles pararam de escrever sobra a passagem do Santo em terras americanas. Em virtude da proibição o mais fanático defensor dessa história o jesuíta Antônio Ruiz de Montoya, encerra sua pesquisa rogando a Deus que um dia alguém encontrasse os seus rascunhos e desse continuidade à sua história com mais fundamente. Mais de 400 anos depois, Deus ouviu o pedido do jesuíta e colocou em minhas mãos o seus rascunhos e eu fiz a continuidade da pesquisa, conforme o desejo daquele jesuíta tão abnegado. É a maior pesquisa já feita na América Latina, uma coisa muito maior que eu. Gastei tudo que tive, entrei em depressão, mas valeu a pena. Hoje o país inteiro está falando nisso, conjuntamente com o elemento principal dessa história que o Caminho do Peabiru, que já foi até tema de carnaval, filmes, documentários etc.

Camboriú Virtual – O senhor está escrevendo um novo livro? Conte-nos sobre este projeto.

Isaque de Borba Corrêa - Estou sempre escrevendo. Agora estou dissertando sobre os zelotes. Lembra que Jesus tinha um discípulo chamado “Simão – o zelote”? Pois é o Zelotismo era um facção da religião dos essênios. Eles começaram lá no princípio com Moisés. Era levitas encarregados de zelar pelo tabernáculo. Com o desenvolvimento e a modernidade eles evoluíram e criaram outras religiões. O auge do sofrimento deles foi durante o domínio selêucida, durante o governo de Antíoco - seleuco, na época dos irmãos Macabeus. Eles se extinguiram no governo de Tito quando houve a grande diáspora no ano 70. Logo em seguida a Igreja Católica os incorporou a todos; e, fariseus, saduceus, essênios, zelotes, sicários, nazirenos, viraram cristãos. Os escribas viram os bispos da Igreja Católica e ali foi o fim desse sofrido povo.

Camboriú Virtual – Como a população poderá ter acesso aos livros do escritor Isaque Borba?

Isaque de Borba Corrêa - Não poderá. Não tenho nenhum livro disponível. Todos foram esgotados por força da miséria. Sempre fiz pequenas tiragens. O único que disponho é sobre a escravatura, daí tem que ligar pra mim, no meu trabalho – GRÁFICA DIGITAL COPYARTE – Rua 300 nº 179 – 33631394 ou no meu imeio – isaqueborba@gmail.com

Camboriú Virtual – O senhor é membro da Academia Desterrense de Letras em Florianópolis e de Balneário Camboriú. Como está sendo esta experiência?

Isaque de Borba Corrêa - É talvez o fato mais positivo na carreira de um escritor. É o sonho de todo escritor fazer parte de alguma academia de letras, receber o titulo de imortal. O fato de eu me eleger em Florianópolis é ainda mais significativo, uma vez que lá as disputas são sempre muito acirradas, sempre tem mais candidatos que vagas e dificilmente se elege alguém do interior. O que me levou à eleição lá, foi o fato de meu excelente relacionamento com os demais escritores da capital e o respeito que eles têm pelo meu trabalho.

Camboriú Virtual – Em seus textos sobre a cultura papa-siri observamos uma forma divertida e única de abordar os fatos. Isso é uma marca pessoal do escritor Isaque Borba?

Isaque de Borba Corrêa - Sim, eu tenho por missão propagar a nossa língua, da mesma forma que os portugueses lutam para ter o idioma português em evidência no mundo. Isso é uma coisa muito valiosa. É só comparar com o inglês, quem não fala essa língua não tem o valor que tem quem a fala. Falar ou escrever nessa linguagem é sempre meio engraçado. Colocamos uma pitada de humor para que seja mais atraente, senão você não atrai as pessoas para essa leitura. Muitos pensam que escrever numa linguagem regional é escrever errado.

Camboriú Virtual – Deixe um recado para os leitores que acompanham os portais virtuais e o trabalho do escritor Isaque de Borba Corrêa.

Isaque de Borba Corrêa - Curtam a cultura da terra que vivam. Eu sempre adotei a cultura dos povos por onde vivi. Isso é uma demonstração de inteligência. Não se repudia a cultura onde se vive. Por isso convoco a todos para colaborar com a nossa cultura, estimular, promover. Precisamos de uma casa de cultura boa, um museu principalmente, pois isso no mínimo aumenta a permanência do turista e eleva a auto-estima do seu povo.

Fonte:
http://www.balneariovirtual.com.br/portal/diaadia_entrevista.php

Isaque de Borba Corrêa (Sinopses das principais obras, Documentários, Peças Teatrais)

São Tomé

A maior pesquisa já feita nas Américas: 20 jesuítas pesquisaram por exatamente 100 anos: de 1530 a 1630. Com tão pouca comunicação naqueles tempos, é incrível a coincidência dos seus relatos.

Quando os jesuítas iniciavam uma catequese, os índios já sabiam dogmas, doutrinas cristãs, bem como passagens bíblicas, inclusive canto. Perguntado como eles sabiam, eram unânimes em responder que fora um tal de Tomé quem os houvera ensinado. Diziam se tratar de um homem branco, de barba, que veio da banda do mar. Pregava um Deus invisível e fazia muito milagres.

Ele aportou em Santa Catarina onde existe o famoso caminho do Peabiru, única entrada para o interior da América. Esse Caminho mais tarde os jesuítas chamaram de Caminho Sagrado de São Tomé. Esteve até na América do Norte, Alvar Nunes Cabeza de Vaca foi confundido com ele por lá.
O jesuíta Antônio Ruiz de Montoya, fez boa parte do seu roteiro até a Venezuela e disse: “Eu não me abalaria a vir até essas lonjuras se não tivesse certeza que o Santo esteve aqui.”

O Espatário

Trata da incrível biografia de Dom Paio Peres Corrêa, 36º Grão-Mestre da Ordem de Santiago de Compostela. Abaixo de reis, ninguém fez o que ele fez na Europa. O medo que os reis tinham de arder no fogo do inferno, faziam prestar uma submissão muito forte à igreja. Porém a igreja estava sendo ameaçada pelos muçulmanos e as ordens militares é que davam proteção à igreja. Assim, papas e reis acabavam prestando muito respeito às ordens, que eram militares, porém religiosas . As ordens mantinham as duas forças mais poderosas do mundo cristão. Assim sendo, um grão-mestre poderia ter poderes e influências capaz de mudar a história.

Ele conjurou contra reis e rainhas, ajudou a depor reis, empossou outros, foi empossado por reis; desmanchou casamento entre reis, casou outros reis; pacificou reinos, destruiu outros tantos.

Como português, sua naturalidade é disputada por duas cidades, porém foi chefe da mais poderosa ordem castelhana e assim ele fez de tudo para manter a paz entre os dois reinos. Conheça a incrível estratégia que ele usou para apaziguar a briga entre Afonso III Portugal e Afonso X, que acabou fazendo nascer Dom Diniz.

Fez muitas coisas, até milagre. Já viu falar no milagre de Tentudia? Pois foi com ele. Ele foi o Gran-comander da reconquista cristã do Algarve e Andaluzia. Lutou em diversas cidades do Algarve, venceu todas as lutas. Voltou para a Espanha, lutou na Andaluzia, venceu todas as guerras tomou novos reinos para o rei de Castela. Morreu na Espanha, em Uclés ainda no reino de Leão e Castela em 1275. Seus restos mortais são disputados nos dois países.

Com a morte do Rei Luis IX (São Luís) a Europa pediu que ele fizesse a cruzada. O Papa pediu que ele encabeçasse essa cruzada. Ele assinou um documento que ia. Será que e foi? O maior paladino cristão não iria lutar pelo maior objetivo do cristianismo que era a Terra Santa?

Conheça os mistérios que envolveram sua história. Aprenda com bom humor como foi um dos períodos mais intensos da história da humanidade.

Dicionário catarinense

Um tratado de dialetologia, falares e sub-falares do Estado de Santa Catarina. Contém um campo lexical com quase 3 mil palavras.

Os Zelotes

Os zelotes eram pessoas consagradas a zelar o templo. Não confundir isso com quem era zeloso pela doutrina, pelas leis ou pelas coisas de Deus. O zelotismo é uma das instituições religiosas mais antigas do mundo que só não é suplantada pelo judaísmo. Os zelotes iniciaram seu ministério no levirato quando foi dividido o reino em tribos. Deut 25:5

Os levitas não tinham possessões geográficas. Eram consagrados a zelar o templo. Dali também nasceu outra corrente religiosa muito parecida que era o nazireado. Os nazireus eram consagrados à vida religiosa desde o ventre da mãe. Os mais antigos nomes nessa instituição registrado na Bíblia é provavelmente Sansão e Samuel. Outros exemplos mais próximos de nós foram João Batista e Tiago irmão do senhor. Jesus Cristo também era um nazireu.

Era nazireu pela sua religião e não pelo adjetivo pátrio. Muitos sustentam que a Igreja criou a cidade de Nazaré na Idade Média, alegando que ela não é citada em nenhum mapa antigo.

Isso para justificar que o termo nazireu ou nazareno, refere-se ao adjetivo pátrio de Jesus, escondendo com isso a sua religião. De fato a Bíblia só cita as religiões dos saduceus e fariseus, sequer fala dos essênios.

Se Jesus criticava ferrenhamente essas duas instituições e com extraordinária competência (Mt 23:23) era óbvio que ele pertencia a uma terceira corrente. Apóstolo Paulo por ser zeloso pelas leis, pelas doutrinas é comumentemente confundido como zelote. Atos 26:5

Ele era fariseu, inimigo número um dos essênios, que os criticavam abertamente. Paulo converteu-se à religião dos nazirenos. Atos 24:5

Zelotes, nazirenos e sicários, são ramificações dos essênios, religião de Jesus, a qual Paulo se converteu. Muitos dizem inclusive que Flávio Josefo também era zelote, por causa do episódio de Jotapata. Ele era fariseu, grão-sacrificador e odiava os essênios, chamando-os freqüentemente de demônios. O próprio Jesus foi tido como chefe dos demônios pelos fariseus. Mt 12:24

Muitos afirmam também que o zelotismo nasceu com a família Macabeus. Não nasceu ali como já vimos, mas foi ali o auge do sofrimento do povo judeu, administrado pela tirania da dinastia selêucida, em especial Antíoco Epifanes. Foi também nessa época onde mais aflorou a motivação zelótica.

O culto judaico, seus rituais, seu folclore, era o único elo de ligação desse povo durante os anos de cativeiro. O folclore é a identidade cultural de seu povo. Quem perde a sua identidade cultural se fragiliza, perde a auto-estima e se deixa dominar. Essa é a arma principal que o colonizador, dominador, usa para subjugar um povo.

Os zelotes e demais religiões judaicas sofreram o golpe final na data aproximada do ano 70, sob as ordens de Tito. A ênfase maior deste livro é o sofrimento desse povo, baseado no texto bíblico, apócrifos, historiadores cristãos do início da era cristã, Josefo e Eusébio.

Documentários

A lenda de Pay Tomé

Um documentário da Saga do Apóstolo no continente americano Direção de Lalo e Beto Bocchino - premiado no Festival Catarina - 2002

A Saga de Aleixo Garcia

Como ele alcançou o Império Inca 10 anos antes de Francisco Pizarro

Tralhas

Como o homem primitivo extraía os fios das folhas do ticum, gravatá e as cordas das cascas de Embaúva e Grandiúva e demais instrumentos para feitura de redes

Pirão com peixe

Mostra as dificuldades do pescador em fazer as diversos tipos de pesca, e a feitura da farinha, desde a plantação da mandioca.

Poranduba Papa-siri

Explorando o folclore do centro do litoral catarinense.

A Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Longa-metragem que conta a história da fundação da cidade de Camboriú

Santo Amaro & N. S. Do Bom Sucesso

(TCC - dirigido pelo aluno de jornalismo Júlio Cesar Garcia) Conta a história da religiosidade do povo da Barra do Rio Camboriú.

Solilóquio

Ficção onde o mais antigo pescador da Praia de Camboriú, Manoel Germano Corrêa, morto em 1968, conta a sua história e a história de Balneário Camboriú, quando ela tinha apenas 4 moradores. Baseado na entrevista que ele deu para o jornalista, imortal catarinense Silveira Júnior em 1952 e memórias do autor

A sinfonia dos cinzéis

Explora a difícil e árdua profissão na arte da cantaria – Extração do paralelepípedo

Memórias de um menino pobre

Biografia do Jornalista Silveira Júnior, baseado no seu livro autobiográfico Memórias de um menino pobre.

A pescaria da morte

Relata a tragédia de 21 de outubro de 1921, quando um tufão arrasou a comunidade de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Camboriú, matando quase todos os pescadores, numa vila eminentemente formada por modestos pescadores artesanais. Baseada na reportagem de Hermínio Irineo Vieira – Jornal O intransigente - 1921

Fala catarina

Documentário que explora os mais diversos falares e sub-falares do Estado de Santa Catarina o mais multiétnico de todos os estados da federação.

Peças teatrais

Rodamuinho

1999 (adaptação dos textos dos livros História de Duas Cidades e Poranduba Papa-siri) em cartaz pelo Estado há cinco anos Autoria de Dianna Sitônio Direção de Ricardo Gamba

Colóquio

2000 - Baseado no Livro Colóquio. Modus vivendi de uma família tradicional dos anos 50 do século passado no centro do litoral catarinenses.



2004 - Baseado no texto bíblico, retrata o sofrimento do patriarca.

Jesus

2005 - Musical, baseados em músicas tradicionais que traçam toda a biografia do filho de Deus, desde o seu nascimento até a morte.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/

domingo, 2 de novembro de 2008

Guilem Rodrigues da Silva (Lançamento do Livro: Saudade e Uma Canção Desesperada)

Sobre o Brasil Minha Pequena
(para minha filha Zoyra-Lyra, nascida no exílio)

Sobre o Brasil quero contar-te minha pequena
A terra bem amada
Cheia de paz de sol e de beleza
Onde uma generosa natureza
Desenhou rios vales e montanhas

No Brasil minha pequena
São todos felizes
Ali há justiça trabalho pão e escolas
A miséria e o analfabetismo
Já não existem pertencem ao passado
Nenhum estudante desaparece nas cidades
Não há mais presos políticos e reina a liberdade
As companhias estrangeiras não são mais
Proprietárias
Dos nossos enormes recursos naturais
Já não há mais golpes de estado e nem torturas
E em suas casernas e quartéis os nossos generais
Esqueceram há muito os atos institucionais

Para ti minha filhinha que nasceste no exílio
E brincaste na neve longe de nossa pátria
Eu escrevo estes versos cheios de esperança

Oxalá quando as leis no entardecer dos meus anos
Não mais sejam quimeras nem vã utopia
Mas se eu te minto perdoa
Quero apenas que durmas
Embalada em meus sonhos

(escrito no duro ano do exílio de 1968)
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Com Desesperada Raiva

Mudas minhas mãos
Meus pés dormem inquietos
Gélido fogo sobe em minhas pernas
Consumindo meus joelhos
Procuro pensar nos pássaros
Acuso-os de terem deixado de cantar
É o fim de agosto
O verão na Suécia foi miserável
O fogo continua sua escalada
É como se eu afundasse
Num desses lagos gélidos da Lapônia
Recordo Verissimo
Gato preto em campo de neve
Meus joelhos não existem mais
Joelhos surdos insensíveis
Golpeio meus reflexos
A culpa é minha
Ninguém espera quinze anos
Seria impossível parar
Esse passar de carros sobre mim?
Carros de combate
Carros de passeio
Barcos de guerra
Barcos a vela
Uma vela se acende
Para quem?
Para mim?
Quem morre em Rio Grande?
Quem morre em Lund?
E esse maldito gelo que sobe
Eu subi por muitas escadas da vida
Senti muitas mortes
Chorei muitas prisões

Aqui estou malditos!
Pretendo esculturar em imperecível granito
Minha raiva meu grito
Para que todo aquele que passar por estas
Ruas do exílio possa ler o crime cometido
Em nossas almas
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Sobre o Autor,
nasceu na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, numa primavera do século passado. É oficial reformado no posto de comandante (capitão-de-corveta) da Marinha do Brasil. Perseguido, foi obrigado a fugir do país, refugiando-se no Uruguai até novembro de 1966, quando transferiu-se para a Suécia, aonde chegou como o primeiro refugiado político da América Latina na Escandinávia. Em 1969, depois de estudos pré-universitários, matriculou-se na Universidade de Lund, Suécia, onde estudou línguas neo-latinas, completando seus estudos na Universidade de Estocolmo.

Em 1976, publicou seu primeiro livro na Suécia, escrito em espanhol e traduzido para o sueco por renomados poetas tais como Lasse Söderberg e Peter Ortman e tradutores como Jens Nordenhök e Estrid Tenggren. Atualmente escreve diretamente em sueco, sendo autor de vários livros de poesia e redator de antologias de poetas suecos e latinoamericanos. Seus poemas foram publicados em 32 antologias internacionais, entre essas a “Antologia Internacional Roda Mundo” de 2005, do Editor Douglas Lara. Publicou também um livro de ensino da língua portuguesa para suecos: “Portugisiska för Nybörjare” adotado pelas escolas de línguas na Suécia. Em 2002, publicou seu primeiro livro no Brasil “Saudade e uma canção desesperada”, prefaciado pelo poeta Reynaldo Valinho Álvarez, do Rio de Janeiro. Por ocasião do lançamento do livro no Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, foi agraciado com o título e o diploma de Membro de Honra do mesmo sindicato. Traduziu inúmeras peças de teatro, entre as quais a “Marquesa de Sade”, de autoria do famoso escritor japonês Yukio Mishima, para o Real Teatro Dramático de Estocolmo e vários filmes suecos para o Brasil e Portugal e filmes brasileiros para os cimemas suecos.
Seus poemas foram traduzidos para o islandês, dinamarquês, persa, espanhol, macedônio e inglês, tendo sido publicados no México, Cuba, Estados Unidos da América do Norte, Noruega, Dinamarca, e Islândia.

Guilem Rodrigues da Silva é presidente da Associacão de Escritores do Sul da Suécia (Escânia), membro do Sindicato dos Escritores da Suécia, da Associacão sueco-dinamarquesa de escritores, da Société Européenne de Culture em Veneza. É professor de línguas e ocupa o cargo de juiz eleito do Tribunal de Segunda Instância no Hovrätten över Skåne och Blekinge, Suécia.
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Fontes:
- SILVA, Guilem Rodrigues, Saudade e uma canção desesperada. Salvador: CABINCLA – Casa Baiana Para Integração Cultural Latino Americana.
- Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece
- http://guilem.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
- http://poetasdobrasil.blogspot.com/2007/06/guilem-rodrigues-da-silva-nasceu-na.html

Andrey do Amaral (Como enlouquecer sua sogra)


Desde os mais remotos tempos da história, a sogra é esse elemento que pode despertar amor e ódio (às vezes só amor, às vezes só ódio!). Para apimentar a relação em família, Andrey do Amaral traça o roteiro, com inúmeras dicas para enlouquecer as sogras e afastá-las do território do sagrado lar. Mas será que elas são imunes a essa saraivada de críticas?

O autor promete que esse manual de sobrevivência é um poderoso antídoto.
Entretanto, a artilharia de Andrey, antes de ser uma campanha contra as sogras, é uma homenagem carinhosa.

Com uma abordagem descontraída, tudo se resume no grande folclore a partir de uma rivalidade que habita o imaginário popular. O objetivo do livro é provocar risos.

Disponível em bancas de jornal e nas melhores livrarias (e nas piores também).

Sobre o livro:
Como enlouquecer sua sogra
Autor: Andrey do Amaral
Editora Autodidata (61) 3201-4760
editora@autodidata.com.br
16ª edição
102 pág.
14 X 21 cm
ISBN: 978-85-61922-00-9
Ilustrações: Alex Falcão
Capa: em anexo
Outras informações: diretamente com a editora

Sobre o autor:
Andrey do Amaral (1976) é escritor e professor de literatura. Atualmente, presta consultoria para autores como agente literário. É autor dos sucessos Cuidado eu te amo (Ao Livro Técnico/RJ), O máximo e as máximas de Machado de Assis (Ciência Moderna/RJ) e Mercado Editorial – guia para autores (Ciência Moderna/RJ). Maiores informações: www.andreydoamaral.com

Fonte:
E-mial enviado pelo autor

Lançamento do Livro "O LobVampiro"

O sorocabano José Estevão Pinto de Oliveira tem 13 anos e aos 11 escreveu o livro O LobVampiro. O livro conta a história dos amigos Kauê e Marcos que começam a investigar o mistério de uma casa assombrada no bairro onde moram. Segundo a lenda, na casa assombrada mora o Lobvampiro, um azarado, que além de ser mordido por um morcego-vampiro também foi mordido por um lobo. Em noites de lua cheia, o temível morador transforma-se em lobisomem e no terceiro dia, um vampiro.

A história ainda tem a lenda de que o avô de Kauê também tenha sido mordido por um monstro, um caçador de mitos com nome esquisito e outras coisas mais.

José Estevão, que participou da Coletânea Rodamundinho 2008, juntamente com outras 24 crianças e adolescentes, lança O LobVampiro no próximo dia 7 de novembro na Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (Fundec). Ele contou que a as ilustrações foram todas feitas no computador e a inspiração para começar a escrever começou muito antes. Veio da leitura de muito livros, e o menino confessa que é fã de Marcos Rey, falecido em 1999, ator de consagrados livros infanto-juvenis como O rapto do garoto de ouro, Na rota do perigo, Enigma na televisão, Um cadáver ouve rádio, entre muitas outras obras.

As ilustrações e a capa do livro também foram feitas por ele para a Ottoni Editora.

Sonhos da Imaginação (José Estevão P. de Oliveira)

Não seria ótimo ter imaginação infinita?
Criatividade para todo lado
Isto que iria ser uma cidade bonita.

É ótimo ter sempre opção
É ótimo ter o que escolher:
Uma maneira de sair do chão
E os frutos da imaginação colher

No Outono caem as folhas da imaginação
Mas tenha sempre esperança
Na primavera haverá flores de montão
O que encanta a criança.

Para mim, tudo isto que eu falei é verdade, e não sonho.

Fontes:
- Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece
- MORAES, Cintian; LARA, Douglas (orgs.). Rodamundinho 2008. Itu,SP: Ottoni Editora, 2008. p.52.
- Jornal Cruzeiro do Sul. Caderno Cruzeirinho. 02 nov 2008, p.4.