segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Eddyr O Guerreiro (Apenas Guerreiros Brasileiros)


Hoje vi meu pai tristonho
Sentei-me a seu lado onde seu olhar
Fixava-se num nada...
Um forte silencio reinava
Eu ali sentado no banquinho junto a ele
Banquinho no pátio do prédio em que moramos...
Eu não conseguia ficar sem olhar em seus olhos
Assim ele me ensinou,
Que ser sincero com o próximo
É ficar diante dele e falar dentro de seus olhos
E assim eu fazia,
Estava mostrando pra meu pai
Minha sincera preocupação
Daquele silencio que eu não entendia
Mas que ali reinava...
Hoje ele tinha um brilho estranho em seus olhos
Olhos alegres que muito eu admiro, amo.
Parecia querer chorar, eu também,
Mas não resisti,
Não resisti e minhas lágrimas desceram
Eu senti uma dor que não sabia qual era
Mas pensei ser a dor da dor que meu pai sentia...
Arrisquei perguntar
Porque aquele silencio ele fazia reinar
Suavemente ele me respondeu
Perguntando porque eu estava a chorar...
Meu silencio também se fez reinar
E nossos olhos começaram a conversar
Sua voz aos poucos foi se soltando
E eu atentamente procurava escutá-la
E ao mesmo tempo querendo entender
As palavras que ele suavemente empregava...
Seus olhos mais brilhavam
Sua mão descansou sobre minha cabeça
Puxou-me contra seu peito
E me perguntou o que eu escutava...
Era seu coração amargurado batendo velozmente
E ele falava, falava no que seria de nós no futuro...
Ele me perguntou se eu sabia o que ele falara
Eu dentro de uma inocência, porém esperta;
Disse compreender...
Eu sabia e sentia que ele estava me preparando
Preparando-me para um mundo desconhecido
Que o espaço que eu ocupava
Era o mínimo,
Mas eu já dava os primeiros passos
De um conhecer ao desconhecido
Seus olhos brilhavam, mas suas lágrimas,
Teimavam em não se derramarem
Então pensei estar chorando por mim
Estar chorando por ele...
Tão novo eu sou
Tão curioso me faço
Tão esperto para meu pai me mostro ser
Não só ele sabia de minha esperteza,
Como procurava me fazer entender
Aquele seu momento de silencio
Onde apenas me disse
Para que eu soubesse encarar o desconhecido
Que nosso país estava sendo entregue aos desconhecidos
Mas, que eu nunca deixasse de amá-lo,
Mas que eu nunca deixasse de fazer valer minha voz,
Mas que eu nunca deixasse de ser povo...
Ele falava para que eu nunca tentasse adivinhar o futuro
Ele falava para que nunca fizesse planejamentos quanto ao futuro
Ele falava para que nunca questionasse o presente
Mas que vivesse o presente
E tomasse o passado como lição
Pois os erros do passado
Era a ferramenta para o conserto do presente.
Essas palavras soaram estranhamente
Presente, passado, futuro, ferramentas.
Consertos, palavras, minha voz...
O brilho de seus olhos
As lágrimas que teimavam em não derramarem
Eu queria, hoje vê-lo chorar!
E eu chorei, encostei mais uma vez,
Dessa vez por minha conta,
Minha cabeça em seu peito e entre soluços baixinhos
Perguntei se ainda éramos guerreiros
Ele afastou minha cabeça de seu peito
Um leve sorriso brotou em seu rosto e ele afirmou,
Afirmou que muitos guerreiros como nós,
Muitos ainda iriam lutar e padecerem dentro de nosso país
E nessa luta não haveria heróis não haveria covardes
Apenas guerreiros brasileiros.
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Um comentário:

Anônimo disse...

José Feldman, é com muito orgulho e prazer que aprecio um de meus simples escritos figurando em sua página. Obrigado a você e a fonte indicativa que é Douglas Lara. Muita paz para você... Eu Eddyr o Guerreiro