sábado, 7 de novembro de 2009

Leonardo Da Vinci (Contos I)



A ÁGUA

Certo dia, um pouco de água desejou sair de seu lugar habitual, no lindo mar, e voar para o céu.
Então a água pediu ajuda ao fogo. O fogo concordou e, com seu calor, transformou a água em vapor, tornando-a mais leve que o ar.

O vapor partiu para o céu, subindo cada vez mais alto, até finalmente atingir a camada mais fria e mais rarefeita da atmosfera. Então as partículas de água, enregeladas de frio, tornaram a se unir e voltaram a ser mais pesadas que o ar. E caíram sob a forma de chuva. Não se limitaram a cair, mas jorraram como uma cascata em direção a terra.

A arrogante água foi sugada pelo solo seco e, pagando caro por sua arrogância, ficou aprisionada na terra.
==================

A ÁGUIA

Certo dia uma águia olhou para baixo, do alto do seu ninho, e viu uma coruja.

- Que estranho animal! – pensou consigo mesma. Certamente não se trata de um pássaro.

Movida pela curiosidade, abriu suas grandes asas e pôs-se a descer voando em círculos. Ao aproximar-se da coruja perguntou:

- Quem é você? Como é seu nome?

- Sou a coruja – respondeu o pobre pássaro em voz trêmula, tentando esconder-se atrás de um galho.

- Há, há! Como você é ridícula! – riu a águia – sempre voando em torno da árvore. Só tem olhos e penas Vamos ver – acrescentou, pousando num galho – vamos ver de perto como você é. Deixe-me ouvir sua voz. Se for tão bonita quanto sua cara vou ter que tapar os ouvidos.

Enquanto isso a águia tentava, por meio das asas, abrir caminho por entre os galhos para apanhar a coruja.

Porém um fazendeiro havia colocado, entre os galhos da árvore, diversos ramos cobertos de visgo, e também espalhara visgo nos galhos maiores.

Subitamente a águia viu-se com as asas presas à arvore, e quanto mais lutava para se desvencilhar, mais grudadas ficavam suas penas.

A coruja disse-lhe:

– Águia, daqui a pouco o fazendeiro vai chegar, apanhar você e trancá-la numa grande gaiola. Ou talvez a mate para vingar-se pelos cordeiros que comeu. Você, que passou toda a sua vida no céu, livre de qualquer perigo, tinha alguma necessidade de vir até aqui para caçoar de mim?
=====================

A ARANHA E A ABELHA

Certo dia uma aranha encontrou um local onde havia muitas moscas. Imediatamente pôs mãos à obra, tecendo uma teia. Escolheu dois galhos como apoio e começou a trançar para lá e para cá, entre um e outro galho. Tecendo seu fio de prata, construiu sua teia. Quando terminou o trabalho escondeu-se atrás de uma folha.

A espera foi breve. Logo uma mosca curiosa viu-se presa à teia. A aranha precipitou-se e devorou a mosca.
Porém uma vespa, pousada numa flor, a tudo assistira. Imediatamente vôou para cima da aranha e furou-a com uma ferroada.
=====================

A ARANHA E AS UVAS

Uma aranha observou durante dias a fio os movimentos dos insetos, e notou que as moscas ficavam em torno de um grande cacho de uvas muito doces.

- Já sei o que fazer – disse ela para si mesma.

Subiu para o alto da parreira e, por meio de um tênue fio, desceu até o cacho de uvas, onde instalou-se num pequenino espaço entre duas frutas.

De dentro do esconderijo começou a atacar as pobres moscas que vinham em busca de alimento. Matou muitas delas, pois nenhuma suspeitava que houvesse ali uma aranha.

Porém em breve chegou a época da colheita.

O fazendeiro foi para o campo, colheu o cacho de uvas e atirou-o para dentro de uma cesta, na qual se viu espremido junto com os outros cachos.

As uvas foram a armadilha fatal para a aranha impostora, que morreu exatamente como as moscas que enganara.
===========================

A ARANHA E O BURACO DA FECHADURA

Após ter explorado a casa toda, por dentro e por fora, uma aranha resolveu esconder-se no buraco da fechadura.

Que esconderijo ideal! Pensou ela. Quem jamais havia de imaginar que ela estava ali? E além disso podia espiar para fora e ver tudo o que acontecia.

Ali em cima disse ela para si mesma, olhando para o alto da porta:

- Vou fazer uma teia para moscas ali embaixo. – olhando a soleira, observou: - Farei outra para besourinhos ali. Ao lado da porta, vou armar uma teiazinha para os mosquitos.

A aranha estava exultante. O buraco da fechadura proporcionava-lhe uma nova e maravilhosa sensação de segurança. Era tão estreito, escuro, e era revestido de ferro. Parecia-lhe mais inexpugnável que uma fortaleza, mais garantido que qualquer armadura.

Imersa nesses deliciosos pensamentos, a aranha ouviu o som de passos que se aproximavam. Correu de volta para o fundo de seu refúgio.

Porém a aranha esquecera-se de que o buraco da fechadura não havia sido feita para ela. Sua legítima proprietária, a chave, foi colocada na fechadura e expulsou a aranha.

Fontes:
– Covil do Orc
– Imagem = http://contosdafloresta.blogspot.com

Nenhum comentário: