terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nivaldo Donizeti Mossato (Poesia é...)

Nivaldo Donizeti Mossato (1959)



Nasceu em Itambé, estado do Paraná, em 10 de abril de 1959.

Empresário e acadêmico em psicologia, possui MBA em Gestão Empresarial, ministra cursos e palestras abordando temas administrativos, motivacionais e de relacionamento interpessoal.

É acadêmico na ALM – Academia de Letras de Maringá-PR; onde ocupa a cadeira 19, tendo como patrono o escritor Guimarães Rosa.

É autor dos livros
Sedução (1982) e
Emoções (1986) produções independentes –

Prêmio Literatura da União dos Escritores de Maringá, 1986,
O menino que queria voar (2007 – Romance/aventura infanto-juvenil),
Do outro lado da cruz – reflexões para o homem de hoje (2008) e
Caderno de treinamento empresarial Prodege – Programa de Desenvolvimento Gerencial e Empresarial (2004).

Fonte:
http://www.nivaldomossato.com.br/

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Trova LXIV - Uma Trova Triste

Falecimento de Miguel Russowsky

Miguel Russovsky (Trovas)


A saudade às vezes fala,
e até grita - quem diria? -
quando a rede, a sós, se embala
numa varanda vazia.

A saudade às vezes fala
e até grita -- Quem diria!
quando a rede, a sós, se embala
numa varanda vazia.

Os murmúrios das gaivotas ,
em noites de luz cheia ,
são canções deixando as notas
nas pautas brancas da areia.

Quanto mais o tempo avança,
mais eu fico a perceber
que a saudade é uma lembrança
que se esquece de morrer.

O tempo não traz perigo
à verdadeira amizade.
Quem não é mais teu amigo,
jamais o foi de verdade.

O tempo escreve a seu gosto
no passar do dia a dia,
muitas rugas no meu rosto,
mas... tem má caligrafia.

Na blusa prendes a rosa
à altura do coração.
Como pode ser viçosa
uma flor sobre um vulcão?

Cupido sempre intercala
alguma perda em desejos:
se me beijas... perco a fala;
se me falas... perco os beijos!

Cupido avisa aos poetas
e também aos namorados
que seus estoques de setas
foram todos renovados!

Se te serves de mentiras
para cresceres em ganho,
é bom que logo confiras
que encurtaste no tamanho!

A vila reza, orvalhada,
tendo o sol por capelão...
-- Homem no cabo da enxada
é uma espécie de oração!

Na trova, às vezes, invento
emoções e não as sinto.
Mas creia no meu talento,
sou sincero quando minto!

Nesta vida hostil e azeda
e desespero sem par,
rogo a Deus que me conceda
a coragem de sonhar.

Tendo à mão uma caneta
mais o empenho a manejá-la,
vou mesmo a qualquer planeta
sem sair daqui da sala.

O papel é a carruagem
que eu dirijo da boléia.
Tomo as rédeas da viagem
dando açoites numa idéia.

Estrofes são caravelas
que singram os pensamentos.
Com as rimas, faço as velas,
com as sílabas, os ventos.

Pelas ciladas que trama,
a Insônia é mulher-perigo:
marca encontro em minha cama,
mas não quer dormir comigo!

O poema é luz imensa
que se espalha em frenesi.
Por isso o poeta pensa
ter um deus dentro de si.

Pela vida me foi dado
um conselho em que me alerto:
antes rir desafinado
que soluçar no tom certo.

Ser caule, flor ou ser folha
não é sorte nem é sina,
pois de antemão tal escolha
se fez por ordem divina.

A humanidade até gosta
de não saber a verdade,
quando a mentira, bem posta,
lhe trouxer felicidade.

Vai para o mar a jangada
tendo um sonho por escolta.
Volta sem peixes, sem nada,
nem o sonho traz de volta.

Este dístico singelo
a verdade satisfaz:
caneta, arado e martelo
são os arautos da paz.

Há balanços conflitantes
em vidas fúteis e loucas:
os outonos são bastantes
e as primaveras bem poucas.

Quatro versos num estojo,
mas além desta embalagem,
a trova deve, em seu bojo,
comportar uma mensagem.

Vai para o mar a jangada,
tendo um sonho por escolta.
Volta sem peixe, sem nada,
nem o sonho traz de volta.

As trovas no dia a dia
atuam como remédio.
São drageas de poesia
contra a depressão e o tédio.

Na trova é bom que se invista
muito amor, talento e calma,
a trova desperta o artista
que trazemos centro d’alma.

Se lhe ofendem, não se doa,
A maledicência passa,
Como passa uma garoa
Sem arranhar a vidraça.

Mãe, de fato, não tem rima
mas seria alentador
condensar esta obra-prima
numa só rima: o amor.

Quem despreza um bom conselho
dado em prol de seu porvir,
fica igualzinho ao espelho:
reflete sem refletir.

Consultei livro em ciência
de conhecimentos rica;
mas baseado na experiência,
a saudade não se explica.

Estudo trovas a fundo,
mas persisto na suspeita,
que a trova melhor do mundo
até hoje não foi feita!
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Miguel Russowsky (Poemas)


Oração do Poeta

– Que me darás, Senhor, pela jornada
de dores, privações e misereres?
– Eu te darei a noite salpicada
de estrelas e silêncio. Que mais queres?

– E para a solidão da madrugada?
– Já fiz o mundo cheio de mulheres.
procura e encontrarás a tua amada.
Faz os mais lindos versos que puderes.

– Mas como irei, Senhor, reconhecê-la?
– Há no céu, entre todas, uma estrela
que apenas tu verás. Que mais perguntas?

– E este frio e esta angústia que ora sinto?
– Quando ela penetrar em teu recinto
a primavera e a paz hão de vir juntas.


Promessas

Estava eu só Passou... Sorriu... Olhei-a...
Estremeceu. Estremeci. Sucede
que o imprevisível manda e a gente cede.
No céu azul brilhava a lua cheia.

Depois... as conseqüências... — Quem as mede
se a razão, sem razão, já titubeia?
E o mar acariciando o ardil, na areia:
"O vinho é bom sorver antes que azede!"

Vai-se o verão. Agora é frio e neva.
Palavras sem valor, o vento as leva.
As juras antecedem as desditas.

Um instante de amor — eternidade!
Dois instantes de amor — fidelidade'
... Nem todas as mentiras foram ditas.


Outono em meio

O vento desistiu de seus andares,
cansou-se e resolveu dormir mais cedo.
As folhas, nem balançam no arvoredo.
Borboletas...algumas pelos ares.

Nuvenzinhas solteiras e sem medo
buscam no céu seus noivos ou seus pares.
Cá por dentro borbulham os cismares
numa ausência de rumos e de enredo.

(- Ó tardes, de domingo, ensolaradas!...)
O silêncio murmura uma cantiga
para ouvirmos a sós...mas de mãos dadas.

Deixemos, por enquanto o lábio mudo!
E o relógio, deixemos que prossiga...
Conversar?...Para que, se sabes tudo?!.


Noite sem aurora

A noite de um adeus não tem aurora
mas tem silêncios longos por recheio;
tem farpas arranhando, bem no meio...;
tem desesperos mil vagando fora...

A noite de um adeus, eu sei que chora
ao ver a sepultura de um anseio.
Não a censuro e até a manuseio
com estes versos que componho agora.

A noite de um adeus ensina a gente
ter dias sem relógio...e alguém já disse
que nunca cicatriza totalmente.

A noite de um adeus...só bem depois
expõe a solidão, numa velhice,
em que murchamos tristes nós, os dois.


Arrependimento

Um por um, os meus sonhos, nesta vida,
Despi no andar do tempo modorrento
Qual árvore esfolhada pelo vento
Numa tarde outonal, entristecida.

Quebrei-me um pouco, assim, a cada ida
À procura não sei de qual intento.
Deixei amor, amigos e, ao relento,
Destroços de minha alma enrijecida.

E hoje, velho, ao voltar da caminhada,
Tropeço em meus pedaços pela estrada
Com saudosa visão aqui e ali.

Não mais me iludo, e essa descrença atesta
Que passarei o tempo que me resta
Recolhendo os pedaços que perdi.

Tarde nevoenta... em julho

Domingo sem ninguém...A casa está vazia.
O silêncio no horror persistente blasfema.
Quer se fazer ouvir. Ó tolo estratagema!...
Eu posso ouvi-lo bem, mas qual a serventia?

A solidão nem quer me servir como tema...
...e a tarde se espezinha imensamente fria...
Ó Tristeza, vem cá! Se queres companhia
ajuda-me a cerzir pedaços de um poema

Talvez assombrações que possuam prestígio
se queiram embutir em tercetos, com zelo,
para dar-lhe feições de soneto-prodígio.

Alguém se desmanchou em brumas do passado
e quer ressuscitar de cor, num atropelo.
Se lembrar é viver, eu devo estar errado.


Receita de saúde e felicidade

Não antecipe nunca o sofrimento!...
Diga “Bom Dia!” ao sol que lhe saúda.
Seja qual um discípulo de Buda:
- É mister se gozar cada momento.

No “que será...será” que não se muda,
se abrigam primaveras...(mais de um cento!)
os “depois” nem podem ser tormento
se os “agoras” lhe derem boa ajuda.

“Cara feia” - sinal de enfermidade -
com certeza, costuma sobrepor
mais pesos aos obstáculos da idade.

"Alegre-se e sorria, por favor!
Um sorrisinho dá felicidade,
pois contagia e ativa o bom humor"
Alegre-se e sorria, por favor!
Um sorrisinho dá felicidade,
pois contagia e ativa o bom humor.

Domingo...(de licor e açúcar cândi)

Manhã de sol...A luz passeia a toa...
Explode a primavera em frenesi.
Meu bairro, todo chique, não destoa,
parece um ogro alegre que se ri.

Mignon, gentil, arisco, sobrevoa,
a namorar a rosa, um colibri...
...e perfumes no ar...-Que coisa boa!
O céu está pertinho...É logo ali!

Meu domingo é grande (- Muito grande!)
Cheinho de licor e açúcar cândi.
Estou de bem com toda a humanidade.

Minha amada virá...(telefonou-me)
e ela não quer que lhe revele o nome,
que tem dez letras...(é ?... -FELICIDADE!)

Noturno nº 2

Anseios de verão... Noite clara, sem bruma.
A lua argêntea adorna uma paisagem maga.
A flor perfuma... A lua brilha... O vento vaga
como doce carícia angelical de pluma.

As nuvens pelo céu — enfermeiras de espuma —
se prpõe a curar qualquer dorida chaga.
No silêncio dormita um repouso de saga.
A lua brilha... O vento vaga... A flor perfuma...

Uma fada de azul — fugitiva de lenda —
escreve em cada rosa uma nova armadilha.
Cupido ergue na sombra o seu punhal de renda.

Com preguiça o relógio esquece e compartilha...
Diana vai marcando um nome em cada agenda:
A flor perfuma... O vento vaga... A lua brilha...
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domingo, 4 de outubro de 2009

Cyro dos Anjos (O Amanuense Belmiro)



O romance é narrado na primeira pessoa pela personagem centra, Belmiro Borba , solteirão tímido e sonhador, dotado de grande capacidade para analisar a si próprio e aos outros, que vive modestamente em Belo Horizonte com duas irmãs, "as velhas".

Numa noite de Natal, resolve iniciar uma espécie de diário, para registrar o cotidiano e evocar a infância em Vila Caraibas , cuja saudade o persegue como doce obsessão.

Vemos então o desenrolar das suas meditações, o seu convívio com um grupo, de amigos (Jandira, Silviano, Florêncio, Redelvim, Glicério ) ; a sua paixão distante por uma jovem desconhecida da alta roda ( Carmélia); identificada na sua imaginação a uma personagem de lenda ( a Donzela Arabela) e despertando na memória a lembrança de uma namorada juvenil ( Camila) .

Em tudo se nota que Belmiro foge a ação por meio do sonho e da reflexão, dissolvendo de certo modo a realidade pela excessiva aplicação da inteligência.

Fonte:
http://www.pobrevirtual.com.br

Milton T. Mendonça (O Amuleto)



Camilo era um sujeito simplório, não tinha ido muito longe nos estudos, não acreditava em nada e não tinha sonhos. Levantava de manhã e ia trabalhar na fabrica onde todos que o conheciam trabalhavam. Após o trabalho, à tardinha, passava no boteco para tomar uma, ou duas pingas e uma cerveja, depois, ia para casa jantar. Era recém-casado, não tinha mais do que vinte cinco anos.

Foi num final de semana que tudo começou a mudar. Ele precisou ir lá para as bandas do cafundó, atrás de um galo e de uma galinha caipira, que a mulher resolvera criar nos fundos da casa e, esquecido da vida na venda do seu Joaquim, junto com o compadre Anacleto, ele perdeu a hora e, quando saiu da vila e se jogou na estrada com o seu velho Fiat, a noite já estava a caminho da madrugada.

Camilo, meio cego, mas bem tonto pelo excesso da cajibrina, não reparou num vulto que atravessava a estrada, o atropelando. Ouvindo o tremendo barulho, parou o carro com uma brecada seca, abriu a porta e desceu aos tropeções, indo parar próximo ao monte de pano imóvel, caído a pouca distância da roda traseira do veículo.

Ele, então, se debruçou junto ao atropelado pensando ser uma criança. Ao levantá-lo, porém, percebeu que se enganara, a roupa larga cobria algo mais parecido com um animal, coisa que o deixou espantado e confuso.

Mesmo na sua obtusidade, Camilo, tinha escondido em algum lugar, uma consciência que o impelia a se preocupar com o que acontecia à sua volta. Sem saber o que fazer, o levou para casa. Depois de acomoda-lo, procurou sinais de ferimentos. Não encontrou nenhum. Vendo que o bichinho estava desmaiado, o deixou dentro de uma caixa de papelão e passou o resto da madrugada, e o dia seguinte inteiro, observando, vez ou outra, mas sem mostrá-lo a ninguém.

Quando chegou do boteco, no final do segundo dia, foi até o esconderijo e pegou a caixa. Ao abri-la, percebeu que o animalzinho estava sentado no fundo, todo vestido e com um chapéu de três pontas na cabeça.

Levantou-se quando percebeu que a caixa estava aberta e olhou fixamente para Camilo, que se espantou com a expressão séria e com os seus olhos grandes, verdes e brilhantes.

- Ah! Meu caro senhor – disse a personagem – poderia por obséquio me informar onde estou?

- Está na minha casa, fui eu quem o atropelou.

- Ah! foi? E o que pretende fazer comigo, agora?

- Eu?! - Camilo pego desprevenido, respondeu espantado - nada! Quer dizer, não sei!

- Ah! Que tal me deixar ir embora? Falou de maneira simpática, com um pequeno sorriso nos lábios finos e graciosos.

- Ir embora?!

- Sim! O monstrinho gritou com o tom de voz enérgico e quase nas pontas dos pés.

- Está bem! Exclamou de cara amarrada deixando a pequena visita espantada com sua ingenuidade.

- Está brincando comigo? Resmungou furibunda, a pequena criatura.

- Não, que isso?!

Camilo pegou a caixa e a levou para fora, depositou no chão do quintal, ficando alguns passos de distância. Agitou as mãos, dando a entender que ele podia ir embora e o pequenino saiu, ameaçando fugir correndo. Camilo não se mexeu. E ele não fugiu. Em vez disso, se voltou para o rapaz imberbe à sua frente e pediu que se abaixasse. Retirou do bolso do seu colete um amuleto colorido, gravado com sinais obscuros e lhe entregou. Mas não antes de lhe avisar que com aquela peça mágica, ele poderia ter tudo quanto quisesse. Despediu-se e atravessou o portão saindo para a rua, desaparecendo de vista.
.
Camilo, como era de seu feitio, demorou um pouco para perceber o que tinha nas mãos e, quando finalmente entendeu o que lhe tinha acontecido, correu para casa e escondeu o precioso objeto. A partir desse dia nada mais foi o mesmo. Camilo começou a pensar nas oportunidades que aquilo poderia lhe trazer, e se acostumou a pensar no futuro, coisa que deixara de fazer desde que sua família, quando tinha apenas nove anos, passara a achá-lo um idiota, um leso da cabeça. Não se lembrava porque, nem como isso começara . Mas por qualquer razão, se tornara verdade para ele.

Alguns dias depois, olhando no espelho do banheiro, ao se levantar, percebeu que era jovem e bem apessoado. Qualidades que nem sabia ser portador. Sentou-se na privada e retirou o amuleto do bolso, sentindo sua textura lisa, sem nenhuma reentrância que o desqualificasse. Olhou-o contra a luz e nada viu. Era totalmente opaco.

- Como fazer para usufruir seus poderes? Perguntou alto - ninguém respondeu.

Bateram à porta e rapidamente o escondeu.

Sua mulher, que esperava do lado de fora, o olhou apreensiva.

- O que houve? Perguntou séria.

- Nada que eu saiba. Respondeu com um pequeno sorriso de triunfo na boca larga, o deixando diferente daquele rapaz angustiado que ela conhecia e que lhe inspirava compaixão.

¬-Vai perder a hora. Resmungou entre dentes.

Camilo tomou seu café e, após beijar a mulher no rosto, foi em busca do ônibus que o levaria ao trabalho.

Ao chegar na fabrica, os conhecidos perceberam algo diferente. Mais alegre e comunicativo, deixava à sua volta um ambiente de afetividade e cooperação, trazendo para perto de si pessoas que até então tinham passado à larga. Parara de beber, se tornando uma pessoa caseira com gosto para a manutenção. Os amigos, que agora abundavam, contratavam-no e logo comprou um utilitário, que além de facilitar a locomoção e servir de transporte para suas ferramentas, servia à vizinhança, e isso, o transformou em uma pessoa conhecida e querida por todos.

No trabalho, fora promovido, e como chefe de seção aumentou a produtividade e diminuiu os acidentes de trabalho. Sua preocupação com o bem-estar do próximo virara lenda. E, poucos anos depois, foi convidado para se candidatar a prefeito, depois a deputado e agora, no final do mandato de senador, começava a pensar em se candidatar a presidente.

Nesses anos todo, sempre em segredo, retirava o talismã de seu esconderijo e o segurava esfregando na testa, na boca e nas mãos, acreditando ter descoberto como fazê-lo funcionar. Durante esses anos, guardara no peito a certeza que podia ter tudo o quanto quisesse e nada no mundo o prejudicaria.Essa certeza o confortava, aquecendo sua alma nos momentos em que uma decisão importante o deixava gelado e pronto a se esconder, com medo de não ser competente o bastante, ou pior, quando se considerava com mania de grandeza e seu objetivo nobre demais ou grande demais para alguém tão medíocre.

Certo dia, quando voltava para casa, ao entrar em seu carro estacionado na sua vaga privativa, encontrara o pequeno gnomo sentado à sua espera no banco de trás, escondido na penumbra. Ao vê-lo, Camilo ficou muito assustado.

- Sempre tive medo que aparecesse e tomasse meu talismã. Falou resignado, se sentando ao volante.

- Ah! Não fique preocupado! Respondeu o pequeno individuo - o talismã não tem nenhum poder. Naquele dia eu pensei que como todos que encontrara até então, você também tentaria me roubar e me fazer mal. Aí lhe dei aquele amuleto falso.

- Como?! Perguntou Camilo perturbado.

- Ah! É falso! Estou aqui para avisá-lo que é falso. Falso! Falso! Falso!

Desceu do carro e saiu rindo, dando cambalhotas e gritando: Falso! Falso! Falso!

Camilo, com os olhos arregalados e uma expressão de incredulidade no rosto, ficou olhando aquela pequena figura desaparecer, dançando, no final da rua.

Fontes:
http://www.entrementes.com.br/
Imagem =
http://expressomoda.blogspot.com

Poesia e atitude pela paz com Lançamento do Livro Nós da Poesia



Ato poético pela paz marca o lançamento do livro “Nós da Poesia”, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Há os que dizem que a arte engajada não tem mais espaço no atual momento do mundo. As preocupações dos artistas, supõem alguns, giram apenas em torno das condições estilísticas e da preocupação com a colocação da obra entre o seleto grupo de consumidores da cultura.

Isso pode até ter uma sombra de verdade. Mas, para dar mostras que a unanimidade não cai bem em se tratando da expressão artística, um grupo de poetas escolheu a XIV Bienal do Livro, que está sendo realizada na cidade do Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a paz no continente americano. Trata-se do lançamento da coletânea “Nós da Poesia”, publicação do Instituto Imersão Latina, formado por ativistas preocupados em preservar a diversidade cultural latino-americana.

O grupo fará o lançamento do livro através de sarau, designado de “Ato poético pela paz”, marcando todas as atrocidades cometidas durante o dia 11 de setembro, como o sangrento golpe do General Pinochet contra o regime democrático que vinha sendo construído no Chile, em 1973. Ou, ainda, a perda de milhares de vidas durante os ataques às torres gêmeas, em Nova Yorque, em 2001 e que marcou uma escalada de agressões dos EUA contra povos do Oriente Médio.

A comercialização das publicações do Instituto Imersão Latina, que recentemente também lançou o livro “Poesia Sonora – História e Desdobramentos de uma Vanguarda Poética”, de autoria de Brenda Mars, são utilizadas para custear as atividades da instituição.

A antologia “Nós da Poesia” tem a participação dos seguintes autores: Angela Togeiro, Aníbal Albuquerque, Avelin Rosana, Bilá Bernardes, Brenda Mars, Carmem Cristal, Cláudio Márcio, Clevane Pessoa, Dimythryus, Filipe Marks, Graça Campos, Helenice Rocha, Iara Abreu, Jéssica Araújo, Karina Campos, Lívia Tucci, Lucas Guimaraens, Luciana Campos, Luciana Tannus, Luiz Lyrio, Marco Llobus, Maria Moreira, Marta Reis, Nina Reis, Neuza Ladeira, Regina Mello, Rosângela Ferris, Silvia Motta, Soninha Porto, Tânia Diniz, Rosa Pimentel, Roberto Bianchi, Terezinha Romão, Vagnér Santo e Vicente Ferrer.

Fonte:
http://www.guata.com.br/

Andréia Donadon Leal (Jornal Aldrava é finalista no Prêmio VIVALEITURA)


Poesia Viva - Poesia bate à sua porta com os poetas do Jornal Aldrava, de Mariana Minas, Gerais, apresentado ao Prêmio Viva Leitura, edição 2009, foi selecionado entre os 15 trabalhos do país.

No período de 20 a 24 de outubro de 2009, estarão em São Paulo, para receber o troféu e diploma no Museu da Língua Portuguesa.

A Comissão formada por representantes do Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Organização dos Estados Ibero-Americanos e Fundação Santillana, divulgou os finalistas do Prêmio VIVALEITURA 2009. São cinco trabalhos escolhidos nas três categorias que compõem o prêmio: bibliotecas, escolas; e experiências desenvolvidas por pessoas físicas, ONGs, universidades/faculdades e instituições.

Este ano, outras cinco experiências também recebem a distinção da Menção Honrosa. São empresas ou instituições que se destacaram na promoção da leitura, tendo como destaque sua abrangência e relevância.

Os vencedores das três categorias serão anunciados na festa de entrega do Prêmio VIVALEITURA 2009, que acontecerá no dia 22 de outubro de 2009, em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa. O Projeto POESIA VIVA: Poesia bate à sua porta - foi selecionado na categoria pessoa física.

Fonte:
http://www.imersaolatina.blogspot.com/

Dicionário do Folclore (Letra V)



VAIA. A vaia é a maneira usada pelo povo quando, em grupo – não importando se pequeno ou grande -, para protestar ou contrariar uma idéia, ou uma pessoa. Sua origem se perde no tempo. Os romanos, os gregos e todos os povos de hoje, usam a vaia, toda vez que não aprovam, quando estão contra qualquer ponto de vista ou pessoa.

VALDEMAR DE OLIVEIRA nasceu no dia 2 de maio de 1900, na cidade do Recife, PE. Desde criança demonstrou pendores musicais, razão pela qual começou a estudar piano com a professora Olímpia Braga, com o professor Euclides Fonseca e com a professora francesa Angeline Radevese. Em 1918 foi estudar Medicina em Salvador, onde se formou em 1923, defendendo sua tese sobre musicoterapia. Regressando ao Recife, passou a escrever no Jornal do Commercio e a partir de 1935, manteve uma coluna, A propósito, dedicada à música e ao teatro. Mas Valdemar de Oliveira, no decorrer de sua vida, foi um homem plural. Foi médico, professor, jornalista, teatrólogo, musicólogo, compositor, escritor, crítico de arte, foi membro da Academia Pernambucana de Letras, da Academia Pernambucana de Medicina, da Academia Brasileira de Música, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, da Comissão Pernambucana de Folclore, foi diretor do Teatro Santa Isabel, diretor do Nosso Teatro – hoje Teatro Valdemar de Oliveira, da Sociedade de Cultura Musical, fundador e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco, representante da SBAT, presidente regional da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, professor das faculdades de Medicina do Recife e de Ciências Médicas, Delegado Regional do Instituto Nacional do Cinema, presidente da Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco. Escreveu livros didáticos adotados na rede nacional de ensino, livros científicos e peças de teatro encenadas em todo o país. Na área do Folclore, além de inúmeros artigos publicados em jornais e revistas nacionais são de sua autoria O frevo e o passo de Pernambuco (1946), A recriação popular (1966), A origem do fado (1969), Frevo, capoeira e passo (1971), Frevo (1976), As modalidades do Frevo (1976). Morreu no dia 18 de abril de 1977, na cidade do Recife.

VALSA. As origens da valsa – um gênero musical que esteve muito em voga até os começos do século passado – são desencontradas, diferentes. Os franceses, os alemães discutem, entre si, a paternidade da origem da valsa, antiga dança aristocrática, dos palácios imperiais e que, logo em seguida, passou a ser cantada, tocada e dançada pelo povo. As valsas vienenses de Strauss são muito famosas. As valsas brasileiras, muito bonitas, também marcaram época, como Sobre as ondas, de Juventino Rosa, para muitos no mesmo nível das melhores valsas vienenses.

VAMOS-PENEIRAR. É uma modalidade de samba dançado na Bahia.

VAQUEIRO. O vaqueiro é a figura principal da criação de gado. Com seu chapéu, suas luvas e sua roupa de couro cru, o vaqueiro penetra na caatinga, para trazer de volta a rês fugitiva. Junta o gado que é levado para o pasto ou para bebedouro. Ajuda a ferrar, com a marca do dono, as reses compradas ou filhas do rebanho. Quando conduz o gado, o vaqueiro, com seu aboio triste, enfeita as tardes sertanejas. Veja ABOIO, VAQUEJADA.

VAQUEJADA. No fim do inverno – antigamente, quando o gado ainda não era criado em currais, – os vaqueiros saíam, com seus chapéus, suas luvas e sua roupa de couro cru, à procura do gado nas caatingas para ferrar, castrar, tratar as feridas e separar o gado de muitos donos. É a festa da apartação, de separação do gado. Feita a separação, acontece a vaquejada. Os vaqueiros mais jovens, mais valentes, saem em disparada e, pegando na cauda dos bois, derrubam-nos sob os aplausos das pessoas presentes. Correm apenas dois vaqueiros e o que fica à esquerda, o esteira, tem o trabalho de manter o animal correndo mais ou menos em linha reta. Com a mucica ou saiada – que é o puxão do vaqueiro na cauda da rês – esta perde o equilíbrio e cai. Se o vaqueiro não conseguir derrubar a rês (o boi, a vaca, o garrote, o novilho), recebe uma vaia dos que estão assistindo à vaquejada.

VARA-DE-BATER-PECADO ou VARA-DE-VIRAR-TRIPA. É o homem, magro, alto, o mesmo que espanador-da-lua.

VASSOURA. Vários são os tabus da vassoura: 1. A vassoura não pode ser emprestada, porque carrega a felicidade e a saúde das pessoas da casa para as pessoas da outra casa à qual foi emprestada; 2. Casa nova pede uma vassoura também nova, para que ela não traga para a casa nova os problemas da casa velha; 3. É bom colocar a vassoura atrás da porta para que a visita não demore muito, vá embora; 4. Depois que a vassoura fica velha, imprestável, é bom queimá-la para não dar infelicidade aos donos da casa; 5. Quem leva uma surra com uma vassoura a pessoa seca o corpo; 6. A vassoura deitada traz desgraça financeira para a família; 7. Quem primeiro deve varrer a casa com uma vassoura nova é a mulher mais velha da casa; 8. Uma casa deve ser varrida da porta de entrada para a porta da cozinha; assim fazendo, fica mais fácil a felicidade entrar na casa.

VATAPÁ. O vatapá é o prato mais tradicional da culinária afro-brasileira. É feito com peixe ou crustáceos numa papa de farinha de mandioca com molho de dendê e com pimenta, a gosto da pessoa. Faz-se, também, vatapá de galinha, de milho e de pão.

VATICANO. Vaticano é o nome que se dá aos vapores de novecentos a mil toneladas, usados nos rios da Amazônia. Dentro de suas limitações, oferecem um certo conforto.

VELA. Antes dos candeeiros a querosene e da energia elétrica, a vela era um tipo de iluminação muito comum no mundo inteiro. Hoje, somente quando o fornecimento de energia é interrompido, é que a vela é usada. Mas, nas igrejas, a vela é uma espécie de chama da fé e, nas procissões, os fiéis conduzem sua vela enquanto cantam e rezam. Em todas as cerimônias religiosas a vela está presente, significando a fé do cristão, que nasce e morre com uma vela na mão, pagando suas promessas, acendendo-a nos túmulos dos familiares no dia de finados. Até mesmo para se tirar uma botija, o ato tem que contar com uma vela acesa, meio consumida, retirada de um altar da igreja.

VELHA-DO-CHAPÉU-GRANDE. É a personalização da fome no Nordeste.

VELHO. É uma figura cômica dos pastoris nordestinos. Também é conhecido como o bedegueba. No pastoril profano ou pastoril de ponta de rua, o velho não escolhe as palavras para declamar versos apimentados e, às vezes, até mesmo indecentes, e cantar suas canções impróprias para menores. Ele se apresenta como um verdadeiro palhaço, vestindo um fraque de cores espalhafatosas, calças listradas, uma gravata bem maior do que a comum, com uma flor na lapela, empunhando uma bengala, com um chapéu de abas largas, acompanhando a dança das pastoras exagerando nos gestos. No Recife, vários velhos marcaram época, entre os quais o velho Barroso. Os velhos de antigamente usavam uma linguagem comedida e muito diferente da que hoje é falada pelos bedeguebas.

VELHOS (DANÇA DE). Durante as festas do Divino Espírito Santo realizadas nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e, principalmente nas cidades de São Luís de Paraitinga (São Paulo), Parati e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), a dança-dos-velhos acontecia sempre nos salões da nobreza aristocrática do café e do açúcar. Depois, como aconteceu na Europa com relação à quadrilha, a dança-de-velhos ganhou as ruas, popularizando-se. Os participantes vestem roupas antigas e nobres (fraques, cartola, etc.) e empunham suas bengalas para bater, de leve, nas pessoas que estão assistindo à brincadeira. O grupo percorre as ruas da cidade aos pares, andando como velhos, engomando, dançando músicas antigas (polcas, valsas) tocadas por sanfonas e alguns instrumentos de percussão. Ao anoitecer, mais mortos do que vivos, os brincantes voltam às suas casas, readquirindo suas verdadeiras identidades.

VELÓRIO. O velório acontece depois que a pessoa morre até a hora do enterro. Em outras regiões brasileiras o velório é conhecido como fazer quarto ao defunto. Quando o velório é de uma criança, os cantos são festivos acompanhados à viola. Durante o velório, as pessoas, madrugada adentro, ficam conversando, comendo, velando, até que o corpo do falecido é conduzido ao cemitério.

VENTANIA. Frevo-de-rua que, quando executado pela orquestra, as clarinetas e os saxofones predominam.

VENTO. Para se chamar o vento nada como se assobiar três vezes seguidas, como fazem os meninos quando estão soltando seus papagaios, suas pipas. Costumam, também, em tais ocasiões, dizer: - "Abra a porta do vento, São Lourenço!" O nome de São Lourenço é assim invocado porque o santo morreu assado numa grelha de ferro. Outra maneira de se chamar o vento é sessar milho ou arroz, atirando os grãos para o alto. Nos navios à vela, antigamente, era proibido assobiar porque o assobio podia chamar tempestades.

VER-A-CAMA. No dia do casamento era hábito a família da noiva convidar os parentes e amigos para visitar os aposentos dos noivos. É um costume existente ainda hoje em algumas regiões brasileiras.

VERÍSSIMO DE MELO nasceu no dia 9 de julho de 1921, na cidade de Natal. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exercendo as funções de advogado, juiz municipal, professor de Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia de Natal e de Antropologia Cultural da Universidade Federal Rio Grande do Norte, além de jornalista. Em 1989, depois de aposentado, Veríssimo de Melo dedicou-se, com mais afinco, aos estudos folclóricos e ao jornalismo. Foi, também, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Publicou: Adivinhas (1948), Acalantos (1949), Parlendas (1949), Jogos populares do Brasil (1956), Gestos populares (1960), Cantador de viola (1961), O conto folclórico no Brasil (1976), Folclore brasileiro: Rio Grande do Norte (1978), Folclore infantil (1965), Tancredo Neves na literatura de cordel (1986), Medicina popular no mundo em transformação (1996), além de outros trabalhos, ensaios, artigos e participação em congressos e seminários folclóricos. Faleceu no dia 18 de agosto (mês do folclore) de 1996, na cidade de Natal.

VER-QUEM-TEM-ROUPA-NA-MOCHILA. Na linguagem popular, esta expressão significa ver quem tem razão, quem tem direito, quem pode.

VÉSTIA. É a roupa encourada do vaqueiro, composta de gibão, peitoral, perneiras, chapéu e luvas. Só assim o vaqueiro consegue sair em disparada, através da caatinga sertaneja, sem se ferir, à procura da rês que fugiu do rebanho.

VIOLA. É um instrumento de corda trazido pelo colonizador português, ao som da qual cantava para curtir a saudade da pátria distante. Tem cinco ou seis cordas duplas, metálicas: as duas primas e segundas eram de aço, a terceira era feita de metal amarelo (latão), enquanto o bordão de ré era de aço, o de lá e o mi, de latão.

VIOLÃO. É um instrumento de corda, maior do que a viola, e em forma do número oito. Tem seis cordas, com a afinação mi-lá-ré-sol-si-mi, sendo as três primeiras feitas de metal e as outras de tripa. É a mesma guitarra espanhola, com o mi grave a mais. É um instrumento que nunca saiu de moda e, nas serenatas, nunca falta. Hoje, as cordas do violão são feitas de matéria plástica. As cordas de metal, de tripa ou de seda são preferidas na zona rural.

VISAGEM. É a aparição sobrenatural de alma do outro mundo. Na linguagem popular visagem é, também, fingimento, hipocrisia.

VITALINA. É a moça velha que não casou, que ficou no caritó. Diz a cantiga popular: - "Bota pó, vitalina bota pó/ Que moça velha não sai mais do caritó!"

VITALINO. Vitalino Pereira dos Santos nasceu no dia 10 de julho de 1909, no lugar Ribeira dos Campos, Caruaru-PE. Filho de agricultores, Vitalino teve sua infância na zona rural, ajudando o pai na agricultura e no criatório de pequeno porte. Começou a trabalhar no barro com seis anos de idade, fazendo bichinhos (boi, cavalo, bode) com as sobras do barro de sua mãe Joana Maria da Conceição, que era louceira. Seu pai, um dia, levou-o à feira de Caruaru onde Vitalino expôs à venda boizinhos, paliteiros, galinhas com pintinhos. Depois da louça de brincadeira, Vitalino passou a fazer figuras isoladas como a peça O caçador de onça, seguida de muitas outras. Depois nasceram os bonecos agrupados como a banda de pífanos, os cangaceiros, os soldados. Vitalino adulto, era já conhecido no mundo todo e suas peças estão nos museus das grandes cidades da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. Faleceu em 1963, com 54 anos de idade, de varíola, no Alto do Moura, arrabalde de Caruaru, Pernambuco. Seus filhos e netos continuaram, não todos, seu trabalho até hoje. Uma peça de Vitalino vale muito dinheiro.

VÔO-DE-ANDORINHA. É um tipo de passo, no frevo pernambucano. Com sua sombrinha colorida, o passista eleva o corpo com grande impulso, cruza as pernas no ar e, ao mesmo tempo, atira os braços.

VUCO-VUCO. 1. No Pará, vuco-vuco significa, na linguagem popular, confusão, agitação; 2. No Recife, vuco-vuco é o nome que se dá ao compartimento do Mercado São José onde se compra e se vende roupa usada.

Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

Palavras e Expressões mais Usuais do Latim e de de outras linguas) Letra P



palmam qui meruit ferat
Latim: Leve a palma quem a mereceu.

panem et circenses
Latim: Pão e espetáculos circenses. Era o que pediam os romanos da decadência, censurados por Juvenal.

parcere subjectis et debellare superbos
Latim: Perdoar os que se sujeitam e submeter os orgulhosos. Virgílio delineia neste verso o programa político do povo romano.

parce sepultos
Latim: Perdoa os mortos. Não se deve falar mal de quem já morreu.

pares cum paribus facillime congregantur
Latim: Iguais com iguais se unem facilmente.

par est fortuna laboris
Latim: A fortuna é companheira do trabalho.

par pari refertur
Latim: Igual com igual se paga; amor com amor se paga.

pari passu
Latim: Com passo igual.

parti pris
Frances: Opinião preconcebida; prevenção.

parturiunt montes; nascetur ridiculus mus
Latim: As montanhas partejam, nascerá um ridículo rato. Horácio critica o grande espalhafato de um empreendimento que fracassa na execução.

parva scintilla excitavit magnum incendium
Latim: Pequena centelha desencadeou um grande incêndio. Provérbio que se aplica a pequenas coisas capazes de provocar conseqüências desastrosas.

pas de nullité sans grief
Francês Direito: Não há nulidade sem prejuízo. Princípio segundo o qual o juiz não deve pronunciar a nulidade de um ato processual por vício de forma, desde que dela não resulte prejuízo para a parte que a alega.

passato il pericolo, gabato il santo
Italiano: Passado o perigo, o santo é escarnecido. Só nos lembramos dos amigos quando precisamos deles.

pâte cuite
Francês: Pasta cozida. Sistema de decoração de origem veneziana.

paté de foie gras
Francês: Massa de fígado gordo. Produto alimentício enlatado, feito de fígado de ganso engordado por processo especial.

pâte de verre
Francês: Pasta de vidro. Pequenos cubos de vidro colorido que imitam pedras preciosas.

pâte dure
Francês: Pasta dura. Termo de cerâmica, empregado para designar o caulim.

patere quam ipse fecisti legem
Latim: Suporta a lei que tu próprio fizeste. Não podemos fugir das conseqüências de princípios estabelecidos por nós. Aplica-se aos legisladores e moralistas.

patiens quia aeternus
Latim: Paciente porque eterno. Santo Agostinho explica assim as injustiças aparentes, pelas quais os maus parecem triunfar, enquanto os justos são castigados com reveses. Deus pode esperar a hora da justiça.

pauca sed bona
Latim: Poucas coisas, mas boas. Aplicação generalizada.

pauci quos aequus amavit Jupiter
Latim: Os raros que o justo Júpiter amou. Verso de Virgílio que se aplica às pessoas muito dotadas ou felizes.

paulo majora canamus
Latim: Cantemos coisas um pouco mais elevadas. Verso de Virgílio, empregado quando se quer passar de um assunto para outro mais importante.

paupertas impulit audax
Latim: A pobreza audaciosa impeliu. A pobreza pode ser um estimulante das idéias criadoras.

pax vobis
Latim: A paz esteja convosco. Saudação litúrgica que somente os bispos podem usar nas missas.

pectus est quod disertos facit
Latim: O coração é que faz os eloqüentes. Frase de Quintiliano; demonstra que a convicção e sinceridade são requisitos essenciais aos oradores.

pecuniae obediunt omnia
Latim: Todas as coisas obedecem ao dinheiro. O dinheiro tem muita força.

pede poena claudo
Latim: O castigo claudica. Quis Horácio dizer que, muitas vezes, o crime não é imediatamente castigado.

pejor avis aetas
Latim: A idade moderna é pior que a dos tempos passados. Os velhos gostam de lembrar dos bons tempos (os tempos deles).

pêle-mêle
Francês: Confusão; misturada.

per capita
Latim: Por cabeça; para cada um. Termo muito empregado nas estatísticas.

pereat mundus, fiat justitia
Latim: Que o mundo pereça, mas faça-se a justiça.

per fas et nefas
Latim: Pelo lícito e pelo ilícito; por todos os meios possíveis; de qualquer modo.

per jocum
Latim: Por brincadeira.

persona grata
Latim: Pessoa agradável. Pessoa que será diplomaticamente bem recebida por uma entidade ou Estado internacional.

persona non grata
Latim: Pessoa indesejada. Qualificativo que uma chancelaria dá a determinado agente diplomático estrangeiro, em nota ao governo deste, por meio da qual pede a sua retirada do país, onde se acha acreditado, em virtude de considerá-lo, por motivo grave, contrário aos interesses nacionais.

per summa capita
Latim: Pelos pontos capitais; por alto; sem entrar em pormenores; sucintamente, sumariamente.

pertransiit benefaciendo
Latim: Passou fazendo o bem. São Pedro (Atos dos Apóstolos, X, 38) assim resume a vida de Cristo.

petit à petit l'oiseau fait son nid
Francês: Pouco a pouco o pássaro faz seu ninho. Todas as realizações são fruto do trabalho constante e pertinaz.

pied-de-poule
Francês: Pé-de-galinha. Padrão de tecido com desenhos que imitam as pisadas de uma ave, em fundo de cor viva.

piscem natare doces
Latim: Ensinas o peixe a nadar. Ensinas o padre-nosso ao vigário.

Placet
Latim: Agrada, parece bem, apraz. 1 Voto de anuência usado nas assembléias do clero. 2 Diplomacia: Aprovação, beneplácito: Placet régio.

plaudite cives
Latim: Aplaudi cidadãos. Palavras por que terminavam as apresentações teatrais na antiga Roma.

pluralia tantum
Latim: Somente os plurais. Diz-se dos substantivos que só se empregam no plural.

plurima mortis imago
Latim: A imagem multiforme da morte. Foi como Enéias descreveu a Dido a última noite de Tróia (Eneida, II, 369).

plus aequo
Latim: Mais que o razoável; em excesso.

point de nouvelles, bonnes nouvelles
Francês: Nada de notícias, boas notícias. A falta de notícias é sinal de que tudo corre bem.

porte-bonheur
Francês: Porta-felicidade. Mascote ou amuleto considerado portador de sorte a quem o possui.

post equitem sedet atra cura
Latim: O negro cuidado se assenta atrás do cavaleiro (na garupa). As preocupações seguem a pessoa por toda parte.

post hoc, ergo propter hoc
Latim: Depois disto, logo por causa disto. A prioridade no tempo não importa em causalidade. Pelo fato de algo vir antes de alguma coisa não se segue que seja causa desta.

post meridiem
Latim: Depois do meio-dia.

post mortem
Latim: Após a morte. 1 Além do túmulo; na outra vida. 2 Expressão enpregada quando se trata de conferir alguma honraria a pessoa falecida.

post partum
Latim: Depois do parto.

pour boire
Francês: Para beber; gorjeta.

praesente cadavere
Latim: Em presença do cadáver. Diz-se da leitura do testamento do papa que deve ser feita diante do cadáver, antes do seu sepultamento.

praetium aestimationis
Latim: Valor estimativo.

primo occupanti
Latim Direito: Ao primeiro ocupante. Princípio aceito em jurisprudência, segundo o qual, na falta de outra circunstância, o primeiro ocupante adquire o direito de propriedade.

primum non nocere
Latim: Primeiramente não prejudicar. Critério médico, para empregar novas drogas em seres humanos; que elas não prejudiquem o paciente.

primum vivere, deinde philosophari
Latim: Primeiro viver, depois filosofar. Aplicado àqueles que, por especulações abstratas, deixam de conseguir o necessário para a subsistência.

primus in orbe deos fecit timor
Latim: O temor primitivo criou os deuses na Terra.

primus inter pares
Latim: Primeiro entre os iguais. Designa o presidente de uma assembléia onde todos têm voz ativa.

principiis obsta
Latim: Obsta no princípio. Ovídio aconselha o combate às paixões no seu início, antes que criem raízes.

pro aris et focis
Latim: Pelos altares e pelos lares. Pela religião e pela pátria.

pro domo sua
Latim: Pela sua casa. Em defesa de seus interesses.

pro forma
Latim: Por mera formalidade, para não modificar o costume, para salvar as aparências: Discutir um assunto pro forma.

proh pudor!
Latim: interj Expressão que significa Que vergonha! Era divisa de Guilherme de Orange.

prolem sine matre creatam
Latim: Filho criado sem mãe. Epígrafe de Ovídio, que Montesquieu apôs no frontispício de um de seus livros, para significar que ele era inteiramente original.

pro rata
Latim: Proporcionalmente. Recebendo cada um, ou pagando, a quota que lhe toca num rateio.

pro re nata
Latim: Segundo as circunstâncias.

pulchre, bene, recte
Latim: Lindo, bem, ótimo. Expressões que, segundo Horácio, empregam os parasitas para com seus anfitriões.

pulsate et aperietur vobis
Latim: Batei e abrir-se-vos-á. Palavras do Evangelho (São Lucas Xl, 9), em que Cristo aconselha perseverança na oração.

punica fides
Latim: Fé púnica. Locução que usavam os romanos para indicar a falta à palavra empenhada, defeito de que acusavam os cartagineses.
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As outras letras:

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LETRA M http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
LETRA N http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do_11.html
LETRA O http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/09/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html

Fonte:
Por Tras das Letras http://www.portrasdasletras.com.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Projeto Releituras (Edição de 1/10/2009)

Marion Zimmer Bradley (As Brumas de Avalon)


Volume 1: A Senhora da Magia

Esta primeira parte narra o começo de tudo; como nasceu Morgana (irmã de Arthur que nasceu do primeiro casamento de Ygraine com o Rei da Cornualha), e a morte do Rei Gorlois, quando Ygraine se casa com o Rei Uther Pendragon. Deste casamento nasceria Arthur. Além destes fatos apresenta-se outros personagens como Morgouse (irmã de Ygraine), Mago Merlim, Viviane (Senhora de Avalon e também irmã de Ygraine), Lancelot, primo de Arthur, que se tornaria posteriormente o amigo mais fiel do mesmo, entre outros... Podemos também destacar neste livro a morte de Pendragon, e Arthur que se assume como rei, apoiado por Avalon, onde ganha a espada sagrada, "Excalibur". Dentro deste mesmo livro ainda podemos destacar alguns fatos interessantes, como a festa do Gamo-Rei, na qual Morgana e Arthur fazem sexo, sem saber que um era o outro e onde gerariam um filho (sem que Arthur soubesse). O encontro de Gwenhwyfar (ou Rainha Guinevere) e Morgana na ilha de Avalon, onde ao mesmo tempo Gwen conhece Lancelot, e se apaixona por ele. Começa desde já a mobilização do reino contra os saxões para exterminá-los, o que levaria a paz.

Volume 2: A Grande Rainha

Neste livro acontece todos os fatos em volta da preparação para guerra contra os saxões e algumas batalhas, tanto que o casamento de Arthur com Gwen se efetua "somente" para que Arthur conseguisse cavalos para a guerra; o dote da rainha. Arthur muda a bandeira de seu exército, retirando a bandeira do Pendragon, e colocando em seu lugar a bandeira de Cristo. Começa a se formar o grupos de cavaleiros que integraria a Távola Redonda (que também pertencia ao dote da rainha). Acontece o casamento de Arthur com Gwen. Começa o romance entre Lancelot e Guinevere, que em um futuro próximo acabaria comprometendo o reino. Mesmo assim, Lancelot leva Morgana para o estábulo, para esquecer que Gwen estaria com Arthur naquela noite (de núpcias). Arthur, Lancelot e Gwenhwyfar se deitam juntos, na véspera de Beltane. Outro fato importante do livro 2 é a saída de Morgana de Avalon, por ter brigado com Viviane.

Volume 3: O Gamo-Rei

O terceiro livro tem grandes e importantes acontecimentos, como a morte de Taliesin, que foi substituído por Kevin, o Bardo. Depois temos a morte de Ygraine (antes da batalha final contra os saxões) e Viviane (que depois da guerra foi reclamar junto a Arthur por ter abandonado Avalon, a traindo, já que por força de Gwen, mudou a bandeira do reino para uma bandeira Católica, tendo então Balim matado-a com uma machadada na cabeça); o fim da guerra contra os saxões; a criação de Camelot; o fato de Gwenhwyfar não conseguir ter um filho de Arthur; o casamento de Lancelot com Elaine, que o afastou de Gwen (feito por uma simpatia de Morgana) e a ida do filho de Morgana e Arthur - Mordred, para Avalon.

Volume 4: O Prisioneiro da Árvore

O último livro dá o final à maioria dos personagens. Morgana se casa com Uriens e começa a conspirar contra Arthur por ter deixado de lado Avalon para ter seguido Cristo. Começa um romance de Morgana e Acolon, filho de Uriens, e os dois iniciam o plano para a tomada da Bainha Sagrada e da Excalibur. Arthur então, foi atraído para o País das Fadas, para que Excalibur fosse tomada por Acolon. Os dois brigam e Arthur mata Acolon, retomando Excalibur, mas Morgana apanha a Bainha Sagrada e a atira de volta ao Lago. Gwydion, também chamado de Mordred, filho de Arthur e Morgana, vai para Camelot com o destino de acabar com o Reino de seu pai, e começa a tramar contra o trono. Kevin é acusado de traição por Morgana, já então a Senhora de Avalon, e é condenado a ser esfolado vivo e ser preso ao Grande Carvalho. No momento de sua execução, um raio cai e parte o Carvalho ao meio, fazendo com que Kevin seja enterrado dentro da fenda do Carvalho. A conspiração para a tomada do trono por Mordred acontece. Eles pegam Lancelot e Gwenhwyfar juntos na cama e o acusam de traição, Lancelot reage, matando Gareth, e ferindo Mordred , fugindo com Gwenhwyfar. Ela se arrepende, e entra para um convento. Lancelot volta a corte, mas já era tarde demais. Mordred já havia tomado grande parte do exército, e organizado uma rebelião. Na batalha final em Camlann, Arthur mata Mordred, enquanto esse lhe atinge mortalmente. Morgana fica ao lado de Arthur e Lancelot, após um pedido de Arthur, atira Excalibur de volta ao lago. Arthur é levado a Avalon e morre lá, enquanto Lancelot, junto com Persival, entram para uma congregação, e ficam lá até a morte.

Fonte:
http://www.caoquira.com.br/