quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cassiano Ricardo (1895 – 1974)


Cassiano Ricardo Leite, jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974.

Era filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na cidade natal.

Aos 16 anos publicava o primeiro livro de poesias, Dentro da noite.

Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917. De volta a São Paulo, foi um dos líderes do movimento pela Semana de Arte Moderna da 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo" e "Anta", ao lado de Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Cândido Mota Filho e outros.

No jornalismo, Cassiano Ricardo trabalhou no Correio Paulistano (de 1923 a 1930), como redator, e dirigiu A Manhã, do Rio de Janeiro (de 1940 a 1944).

Em 1924, fundou a Novíssima, revista literária dedicada à causa dos modernistas e ao intercâmbio cultural pan-americano. Também foi o criador das revistas Planalto (1930) e Invenção (1962).

Em 1937 fundou, com Menotti del Picchia e Mota Filho, a "Bandeira", movimento político que se contrapunha ao Integralismo. Dirigiu, àquele tempo, o jornal O Anhangüera, que defendia a ideologia da Bandeira, condensada na fórmula: "Por uma democracia social brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas."

Eleito, em 1950, presidente do Clube da Poesia em São Paulo, foi várias vezes reeleito, tendo instituído, em sua gestão, um curso de Poética e iniciado a publicação da coleção "Novíssimos", destinada a publicar e apresentar valores representativos daquela fase da poesia brasileira. Entre 1953 e 1954, foi chefe do Escritório Comercial do Brasil em Paris.

Poeta de caráter lírico-sentimental em seu primeiro livro, ligado ao Parnasianismo/Simbolismo, em A flauta de Pã (1917) adota a posição nacionalista do movimento de 1922, revelando-se um modernista ortodoxo até o início da década de 40.

As obras Vamos caçar papagaios (1926), Borrões de verde e amarelo (1927) e Martim Cererê (1928) estão entre as mais representativas do Modernismo. Com O sangue das horas (1943), inicia uma nova e surpreendente fase, passando do imagismo cromático ao lirismo introspectivo-filosófico, que se acentua em Um dia depois do outro (1947), obra que a crítica em geral considera o marco divisório da sua carreira literária.

Acompanhou de perto as experiências do Concretismo e do Praxismo, movimentos da poesia de vanguarda nas décadas de 50 e 60. A sua obra Jeremias sem-chorar, de 1964, é bem representativa desta posição de um poeta experimental que veio de bem longe em sua vivência estética e, nesse livro, está em pleno domínio das técnicas gráfico-visuais vanguardistas.

Se a sua obra poética é tida como de importância na literatura brasileira contemporânea, a de prosador é também relevante.

Historiador e ensaísta, Cassiano Ricardo publicou em 1940 um livro de grande repercussão, Marcha para Oeste, em que estuda o movimento das entradas e bandeiras.

Cassiano Ricardo pertenceu ao Conselho Federal de Cultura e à Academia Paulista de Letras.

Na Academia Brasileira de Letras, teve atuação expressiva.

Relator da Comissão de Poesia em 1937, redigiu parecer concedendo a láurea ao livro Viagem, de Cecília Meireles. Saiu vitorioso, e Viagem foi o primeiro livro da corrente moderna consagrado na Academia. Ao lado de Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima e Múcio Leão, Cassiano Ricardo levou adiante o processo de renovação da Instituição, para garantir o ingresso dos verdadeiros valores.

Marcha para Oeste foi traduzido pelo Fondo de Cultura Económica do México, com o título La Marcha hacia el Oeste; e Martim Cererê, do qual Gabriela Mistral já havia traduzido alguns poemas, foi depois integralmente vertido para o castelhano, pela escritora cubana Emília Bernal, e publicado em Madri, pelo Instituto de Cultura Hispânica, em 1953.

Bibliografia

Poesia:
Dentro da noite (1915);
A flauta de Pan (1917);
Jardim das hespérides (1920);
A mentirosa de olhos verdes (1924);
Vamos caçar papagaios (1926);
Borrões de verde e amarelo (1927);
Martim Cererê (1928),
Deixa estar, jacaré (1931);
Canções da minha ternura (1930);
O sangue das horas (1943);
Um dia depois do outro (1947);
Poemas murais 1950;
A face perdida (1950);
O arranha-céu de vidro (1956);
João Torto e a fábula (1956);
Poesias completas (1957);
Montanha russa (1960);
A difícil manhã (1960);
Jeremias sem-chorar (1964).

Ensaio:
O Brasil no original (1936);
O negro da bandeira (1938);
A Academia e a poesia moderna (1939);
Marcha para Oeste (1940);
A poesia na técnica do romance (1953);
O tratado de Petrópolis (1954);
Pequeno ensaio de bandeirologia (1959);
22 e a poesia de hoje (1962);
Algumas reflexões sobre a poética de vanguarda (1964).

Fonte:
Academia Brasileira de Letras

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