terça-feira, 6 de dezembro de 2011

José Carlos Dutra do Carmo (Manual de Técnicas de Redação) Parte VIII


ESPAÇOS ENTRE LINHAS.

O cabeçalho da redação deve começar na primeira linha do papel. O título, uma ou duas linhas após a última linha do cabeçalho. A redação, uma ou duas linhas depois do título.

ESPAÇOS ENTRE PALAVRAS.

Use espaços normais entre as palavras, devendo estas ficar nem muito distanciadas nem muito próximas umas das outras.

ESQUEMA.

Antes de iniciar a redação (antes mesmo do rascunho), faça um esquema de um roteiro de idéias.

O esquema é um mapa e um guia, que evitará desvios ou retrocessos quando da elaboração do texto.

Esquematizar é planejar. É caminhar com os olhos abertos. É saber o terreno onde pisa. É dar à redação um destino, um sentido, um fim.

ESTÁTICA.

Sempre que quiser apresentar uma cena estática, evite a repetição dos verbos ser e estar e empregue frases nominais.

Papéis por toda a parte. Memorandos, relatórios, ofícios, anotações.

Roberto, paralisado, no meio da rua. Sentado. Olhar ao longe. Tristeza.

ESTÉTICA.

Capriche na parte estética de sua redação, ou seja, faça letras bonitas e bem legíveis, margens regulares, espaço uniforme no início do parágrafo, tudo isso sem qualquer tipo de rasura.

ESTICAR.

Expedientes muito usados para “esticar” uma redação, mas que não enganam ninguém, muito menos uma banca corretora: Letra muito grande ou espichada, nova margem, enormes margens de parágrafo, paragrafação excessiva, citações falsas ou impertinentes, etc.

ESTILO.

Você já ouviu alguém dizer que cada pessoa tem uma maneira diferente (estilo) de escrever? Paulo Mendes Campos, já falecido, que foi um dos maiores cronistas brasileiros, era um grande estilista.

Veja, a seguir, alguns textos deliciosos e imperdíveis!

ESTILO NÉLSON RODRIGUES.
Usava gravata cor de bolinhas azuis e morreu!

ESTILO INTERJETIVO.
Um cadáver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena!

ESTILO COLORIDO.
Na hora cor-de-rosa da aurora, à margem da cinzenta Lagoa Rodrigo de Freitas, quem via de cor preta encontrou o cadáver de um homem branco, cabelos louros, olhos azuis, trajando calça amarela, casaco pardo, sapato marrom, gravata branca com bolinhas azuis. Para este o destino foi negro.

ESTILO PRECIOSISTA.
No crepúsculo matutino de hoje, quando fulgia solitária e longínqua a Estrela-d´Alva, o atalaia de uma construção civil, que perambulava insone pela orla sinuosa e murmurante de uma lagoa serena, deparou com a lúrida visão de um ignoto e gélido ser humano, já eternamente sem o hausto que vivifica.

ESTILO SEM JEITO.
Eu queria ter o dom da palavra, o gênio de Rui e o estro de um Castro Alves, para descrever o que se passou na manhã de hoje. Mas não sei escrever, porque nem todas as pessoas que têm sentimentos são capazes de expressá-los. Mas eu gostaria de deixar, ainda que sem brilho literário, tudo aquilo que senti. Não sei se cabe aqui a palavra sensibilidade. Provavelmente não. Talvez seja uma tragédia. Não sei escrever, mas o leitor poderá perfeitamente imaginar o que aconteceu. Triste, muito triste. Ah, se eu soubesse escrever.

ETC.

Evite escrever o termo “etc”, por ser incompleto, a não ser em casos especiais, para determinadas sugestões.

EUFEMISMO.

É o mesmo que suavização ou abrandamento. Trata-se do uso de uma expressão menos áspera, rude e chocante com relação a uma realidade.

Ele deu seu último suspiro.

Você faltou com a verdade a um homem.

José desviou recursos dos cofres públicos.

EVITE.

Termos e expressões supérfluas (desnecessárias), excesso de adjetivos, intercalações desnecessárias, digressões inúteis (“enche lingüiça”), períodos extensos e confusos. Tudo isso leva à prolixidade, que deve ser evitada.

EXCLAMAÇÃO.

Não exclame a todo momento. Procure palavras fortes e convincentes.

EXEMPLOS.

Evite mau uso de exemplos, ilustrações, citações.

Aqui, os aposentados recebem vinte salários mínimos por mês. Dado incorreto, porque, na verdade, apenas alguns aposentados recebem a referida quantia.

Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre.
Parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto para o abstrato.
Use figuras de linguagem para que o texto fique interessante.
As metáforas também enriquecem a redação.

EXPERIÊNCIA.

Use sua experiência de vida para produzir textos. Ouse, incorpore personagens, envolva-se na trama, sinta, julgue, denuncie, critique, manifeste-se, viva o tema. Evite chavões e clichês.

EXPRESSÃO.

Nunca escreva uma expressão que desconheça, pois os erros de ortografia e acentuação tiram pontos preciosos de uma redação.

Não exagere no uso das expressões: a nível de, através de, devido a, face a, frente a, tendo em vista, etc.

EXPRESSÕES GASTAS.

Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto, se reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo, a boa qualidade do texto fica comprometida.

EXPRESSÕES POPULARES.

Não use expressões populares e cristalizadas pela população, mormente na dissertação, que é um trabalho muito técnico.

EXTENSÃO.

Num exame vestibular, ou numa redação de colégio, o professor corrigirá ou avaliará, em curto espaço de tempo, centenas de redações. Por este motivo, pede-se que os candidatos ou alunos escrevam um número limitado de linhas.

Qualquer exagero representa um fator grandemente desfavorável ao estudante. Mais importante do que escrever muito é o candidato ou aluno ter tempo para rever a sua redação.

FÁBULA.

É uma pequena história (uma narrativa inverossímil), com fundo didático, que tem como objetivo transmitir uma lição de moral.

A VIÚVA.

Quando a amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela não resistiu e exclamou:

— Mas, como, seu marido não morreu há cinco anos?

— Sim, é verdade — respondeu a outra, cheia de compreensão, sabedoria e calor que fazem os seres humanos — mas eu não!

MORAL: NÃO MORRE A PASSARADA QUANDO MORRE UM PÁSSARO.

FANTASIA.

Para criar o tema de fantasia, dê preferência ao emprego do verbo no pretérito imperfeito.

Fazia tempo que não se encontravam, mas a memória continuava clara e, a qualquer momento, haveriam de estar novamente juntos, rememorando o feliz passado.

Era uma tarde de tempo feio e frio no norte da Virgínia, há muitos anos. A barba do velho estava coberta de gelo e ele esperava alguém para ajudá-lo a atravessar o rio. A espera parecia não ter fim.

FICÇÃO.

Quando sua redação for uma ficção, ou quando quiser fazer alusão a determinados tipos, aproveite os nomes próprios para auxiliar nas sugestões pretendidas.

Sempre se metia nas questões alheias, tentando encontrar uma solução. Era praticamente um dom-quixote de saias, tamanha ingenuidade.

Jonathan era um pequeno mirrado, pardinho, filho da catadora de papel. Mas a mãe lhe escolhera esse nome elegante, pois adorava assistir na sua TV em preto e branco, o Casal 20, série de sucesso dos anos 80.

Fonte:
http://www.sitenotadez.net

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