sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

José Carlos Dutra do Carmo (Manual de Técnicas de Redação) Parte X


GRAMÁTICA.

Nunca, mas nunca mesmo, entregue o seu trabalho sem uma boa revisão gramatical e ortográfica.

Evite erros gramaticais primários e básicos. Use só termos que você conhece. Respeite a gramática e as regras de grafia.

Capriche na parte gramatical de sua redação, ou seja, não se esqueça de fazer, com toda a clareza possível, as devidas pontuações e acentuar as palavras que tiverem acento. Não adianta fazer uma redação espetacular quanto ao conteúdo e estilo mas cometer dezenas de erros de português.

O primeiro passo para aceitar a gramática positivamente é imaginá-la como algo dinâmico que movimenta a nossa linguagem e cria nossa identidade cultural. Tenha sempre ao alcance um livro de gramática, acompanhado de um dicionário.

Uma pessoa que redige bem tem mais clareza de suas idéias e mais segurança em suas afirmações. As falhas gramaticais podem ser um entrave para isso.

GROSSERIA.

“Ele deu um pum fedido pacas. Foi aquele auê!”

Gostou dessa frase ridícula? O examinador iria aprová-la? Com certeza que não! Cuidado para não entrar na linguagem do “liberou geral”, do vale-tudo! É um território muito perigoso. Deixe a “franqueza” vocabular de lado e evite grosserias na sua redação. Não é só você que tem mãe, irmã, etc. Os examinadores também têm e nem todos são apaixonados pelo “exótico”.

HARMONIA.

O aluno deve usar a musicalidade, o ritmo resultante da adequada escolha das palavras, da combinação dos sons na oração e do equilíbrio das orações no período. A linguagem não pode ser áspera, dura. A redação deve ser agradável ao ouvido.

HIATO.

É a seqüência desagradável de vogais ou sílabas idênticas. Evite-o.

FRASES COM HIATO
Andréia irá ainda hoje ao oculista.
Traga a água à aula.

MELHOR
Andréia terá consulta com seu oculista, hoje.
Queira trazer o recipiente com água para a sala.

HIPÉRBATO.

É inversão da ordem natural dos termos ou orações da frase com o fim de lhes dar maior destaque.

FRASES COM HIPÉRBATOS

ORDEM INVERSA
Na roda do mundo, mãos dadas aos homens, lá vai o menino…
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante...

ORDEM NATURAL
O menino vai lá na roda do mundo, mãos dadas aos homens...
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico...

HIPÉRBOLE.

É a figura que através do exagero procura tornar mais expressiva e emocionante uma idéia.

Ele chorou rios de lágrimas.
Falei trezentas vezes para você!
Possuo um mar de sonhos e aspirações.

IDÉIA.

Não exponha idéias vulgares (impropérios, palavrões).

Separe as diferentes idéias em parágrafos distintos, guardando-lhes a devida conexão.

Elimine idéias ridículas, infantis, contraditórias, desnecessárias, que não se ajustem ao tema proposto.

Não inicie uma redação com uma idéia genial mas que não se relaciona com a segunda parte da composição.

Evite idéias artificiais, o nacionalismo piegas e o exagero nas expressões de modéstia, como:

Futuramente, quando o Brasil atingir o ápice do desenvolvimento, todas as nações se curvarão ante a capacidade empreendedora do homem brasileiro. Não entendo muito do assunto, mas tentarei, apesar dos meus parcos conhecimentos, dissertar sobre o tema escolhido.

IMPRECISÃO.

Evite escrever e/ou, por ser incompleto e impreciso e, também, porque denota pobreza vocabular.

EM VEZ DE
O jovem e/ou seu pai poderiam ir ao banco ver o saldo da conta.
Poderíamos ir ao clube e/ou ao teatro, porque o tempo seria suficiente.

ESCREVA
O pai poderia ir ao banco ver o saldo da conta, sozinho ou acompanhado do filho.
Poderíamos ir a um dos dois locais, ou a ambos – ao teatro e ao clube –, pois o tempo seria suficiente.

IMPROPRIEDADES SEMÂNTICAS E OUTROS VÍCIOS.

Evite o tal de “através de”, que é uma expressão largamente utilizada, mas de maneira errada! Não é, em absoluto, sinônimo de “por intermédio de”.

Consegui aprender redação através do meu professor.

Caso escreva isso, o sentido literal é que conseguiu aprender redação atravessando seu professor de um lado para outro, o que seria uma pena! Substitua, nesse caso, a expressão por “com o auxílio de”.

INADEQUADO.

Hoje, ao receber alguns presentes no qual completo vinte anos, tenho muitas novidades para contar.

Eis um exemplo de uso inadequado do pronome relativo. Provoca falta de coesão, pois não consegue mostrar a que antecedente ele se refere e, portanto, nada conecta e produz uma relação absurda.

INCOERÊNCIA.

Não faça afirmações incoerentes, que demonstram falta de conhecimento e, às vezes, até ignorância, como:

“Ninguém gosta de ler...”

Exemplo de incoerência numa dissertação:

O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do infeliz.

Exemplo de incoerência numa narração:

O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de “surf”, equipamento de alpinismo, “skate”, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare.

INFORMATIVO.

Num texto informativo, não tema usar todos os recursos que possam torná-lo claro, como numerações, orações explicativas numerosas e parênteses.

Os pesquisadores realizaram um censo em 2001 e registraram que, das 690 espécies que visitam a reserva, 200 freqüentam o jardim das borboletas.

Em uma matéria, o leitor recebe vinte informações diferentes. Dezenove, que ele ignorava, estão certas. Uma, que ele já conhecia, está errada. A tendência desse leitor é duvidar da exatidão de todas as vinte.

Fonte:
http://www.sitenotadez.net

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