domingo, 4 de setembro de 2011

A. A. de Assis (Trovas Ecológicas) - 12


Hermoclydes S. Franco (O Infinito em Teus Braços)


Em teus braços, no sonho mais bonito,
Desfrutei o calor da chama acesa...
Conheci , do prazer, o eterno grito
E as belezas sem fim da natureza.

Sons do céu escutando, com certeza,
Do silêncio quebrei o velho mito.
Esqueci o valor da farta mesa
E, de calmo, me fiz homem aflito!...

Em teus braços, perdido de emoção,
Fiz da vida o mais fundo de um vulcão,
Fiz , do vasto, o recesso mais restrito!

Em teus braços, poeta e sonhador,
Conheci, numa noite de esplendor,
O mistério insondável do infinito!...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Antonio Brás Constante (A Vida é uma Festa que Sempre Acaba em Velório)


A vida é uma festa na qual todos nós somos convidados, e onde cada um recebe de presente a própria vida. Ela vem embrulhada em um pacote feito de pele, ossos, carne e sangue, entre outros componentes orgânicos. As semelhanças entre os presentes terminam por aí. Pois muitos recebem a vida somente com o kit básico, chamado de corpo, não necessariamente em boas condições de uso. Já outros chegam ao mundo contando com diversos acessórios, tais como: dinheiro, beleza, um palpite certeiro dos números da mega-sena acumulada, etc. Estes acessórios acabam determinando uma coisa que não deveria ter preço, que é o quanto vale a vida de cada um.

Enquanto para uns parece que a vida não vale nada, para outros ela vale milhões (muitas vezes cotada na bolsa de valores). Sempre ouvimos histórias de como algumas pessoas transformaram suas vidas em um verdadeiro presente maravilhoso, brilhando e fazendo sucesso através delas. Mas também encontramos aqueles cuja existência parece ser algo insignificante, agem como se não soubessem muito bem o que fazer com a vida que fluí em suas veias e acabam estragando-a, seja no mundo das drogas, da marginalidade, da futilidade, da mesquinharia, ou mesmo pelo total desprezo com as demais vidas que circulam em sua volta. Também não podemos esquecer aqueles que sempre se colocam no papel de pobres coitadinhos, sem fazer nada para melhorar sua situação.

Partimos do princípio que nós todos somos iguais, porém, dotados de corpos e mentes diferentes. O ser humano passa por muitas dificuldades, pois se já é um parto para poder nascer, imagine o trabalhão que dá para se manter vivo então. É neste contexto de superar limites para viver e sobreviver, que muitas pessoas impõem para si mesmas a meta de alcançar a perfeição. Muitas vezes sem se darem conta de que esta busca é uma espécie de ato egocêntrico.

Dizem que até já existiu alguém totalmente perfeito andando sobre a Terra (as fábulas fazem parte da alma do ser humano ou vice-versa). Por isso, qualquer outro indivíduo disposto a repetir tal façanha poderia ser considerado um mero plagiador, sem falar que o esforço despendido para alcançar tal grau de perfeição deixaria qualquer um literalmente pregado.

Somos seres perfeitamente imperfeitos, contrastando com a nossa imagem de imperfeita perfeição. As pessoas julgam que junto com a perfeição alcançarão também a felicidade, mas estas duas coisas não estão necessariamente atreladas. Ao contrário, muitas vezes esta procura pode causar erros e danos no livro de nossa história existencial. E assim seguimos nossas vidas errando ao tentar acertar. Por exemplo, ao tentar deixar um planeta melhor para os nossos filhos, nos esquecemos que o ideal seria criar os filhos para que fossem pessoas melhores para o nosso planeta.

Mais do que a própria perfeição, deveríamos tentar adquirir doses maiores de afeição. Trabalhar para que outros também consigam melhorar em suas vidas, ou pelo menos, auxiliá-los diante de seus fardos. Fazendo isto, provavelmente conseguiremos melhorar a nós mesmos.

Nossas vidas apresentam diversas ranhuras, imperfeições que são características pessoais de cada um. Dispomos de traços de personalidade que nos diferenciam de outros seres, e antes de tentarmos mudá-los, é preciso saber aceitá-los, entendê-los como são, e deste conhecimento forjarmos as ferramentas necessárias para nos tornarmos indivíduos melhores, desde que este melhor realmente seja o melhor para nós.

Antes de tentar ser alguém com todas as respostas, talvez devêssemos rever e quem sabe até mesmo apresentar novas dúvidas para tudo àquilo que se julgava já estar esclarecido. Afinal, tudo que é definitivo é incompleto em sua essência. A única certeza que podemos ter é a de que a vida é uma festa (boa ou má) que sempre terminará em um derradeiro velório.

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Robert Schumann)


In Memoriam – 8.6.1810 - . – 4.9.1896

Para escrever sobre o compositor
Robert Schumann, escuto as sinfonias
que ele compôs com vívido esplendor,
preenchendo assim os seus amargos dias...

E quanto o perturbou a imensa dor
ao mergulhar nos mares de agonias,
sem deixar de sofrer no seu labor
de produzir as suas fantasias...

A “Sinfonia nº 1”, que era
a evocação taful: (“A Primavera”),
vem a ser sua obra-prima e jovial

que nos encanta para meditar...
Mas, depois ele não pôde evitar,
o desespero que lhe foi fatal...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Pedro Ornellas (As Artes do Pedro V)


Meia noite, atenta, a nora
foi a sogra sacudir:
"Acorda, que tá na hora
do remédio pra dormir!"

"Meu bem, quero seu amor!"
E a loiraça, no buffet:
"Amor, vem cá, que há um senhor
dizendo que quer você!"

Minha sogra é uma figura!
Provoca riso na prole
quando põe a dentadura
pra comer maria-mole!

Pior que a esposa queixando
que o feijão tinha acabado
foi ver a sogra chegando
trazendo junto o cunhado!

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor

Monteiro Lobato (O Saci) XXV – O pingo d’água; XXVI – A Iara

Iara
XXV – O pingo d’água

A cólera da Cuca foi medonha. Deu um urro de ouvir-se a dez léguas dali, tamanho e tão horrendo que por um triz Pedrinho não disparou na corrida. E outro urro, e outro, e mais de cem.

— Berre, demônio! — gritou o saci. — Berre até rebentar. Pingo d’água não tem ouvidos, nem tem pressa. Esse que botei pingando nessa horrenda caraça vai divertir-se em pingar no mesmo lugarzinho por cem anos, se for preciso. Sei que Cuca é bicho duro, mas quero ver se pode com um pingo d’água que não tem pressa nenhuma, nem tem outra coisa a fazer na vida senão pingar, pingar, pingar...

A dor que a queda de um pingo atrás do outro já estava causando nos miolos da bruxa começava a crescer ponto por ponto. Cada novo pingo era um ponto mais de dor. Naquele andar ela não suportaria o suplício nem um mês, quanto mais os cem anos com que a ameaçara o saci.

— Parem com esse pingo d’água! — berrou a bruxa.

O saci deu uma risada de escárnio.

— Parar? Tinha graça! Se estamos apenas começando, como quer você que paremos? Já arrumei tudo, de modo que o pingo pingue durante cem anos, e se não for suficiente, arranjarei as coisas de modo que depois desses cem anos pingue outros cem. Duzentos anos de pingo na testa parece-me uma boa conta, não acha?

A Cuca ainda urrou como cem mil onças feridas, e espumou de cólera, e ameaçou céus e terras. Por fim viu que estava fazendo papel de boba, pois havia encontrado afinal um adversário mais inteligente do que ela; e disse:

— Parem com este pingo que já está me pondo louca! Tenham dó duma pobre velha...

— Pobre velha! A coitadinha... Quem não a conhece que a compre, bruxa duma figa! Só pararemos com a água se você nos contar o que fez de Narizinho.

— Hum! — exclamou a bruxa, percebendo afinal a causa de tudo aquilo. — Já sei...

— Pois se sabe, desembuche. Do contrário, a sua sina está escrita; há de morrer no maior suplício que existe. E nada de tentar enganar-nos. É ir dizendo onde está a menina, o mais depressa possível.

— Farei o que quiserem, mas primeiro hão de desviar de minha testa este maldito pingo que me está deixando louca.

— Assim será feito — disse o saci trepando de novo às estalactites e desviando o fiozinho d’água para um lado.

A Cuca deu um suspiro de alívio. Tomou fôlego, descansou um bocado; depois disse:

— Encantei essa menina que vocês procuram, mas só poderei romper o encanto se vocês me trouxerem um fio de cabelo da Iara. Sem isso é impossível.

— Não seja essa a dúvida — respondeu o saci. — Iremos buscar o fio de cabelo da Iara. Mas, se ao voltarmos, você não quebrar o encanto, juro que deixarei o pingo a pingar nessa testa horrenda, não cem anos, mas cem mil anos, está ouvindo?

E dizendo isto, tomou Pedrinho pela mão e retirou-se com ele da caverna.

XXVI – A Iara

— Vamos à cachoeira onde mora a Iara — disse. — Essa rainha das águas costuma aparecer sobre as pedras nas noites de lua. É muito possível que possamos surpreendê-la a pentear os seus lindos cabelos verdes com o pente de ouro que usa.

— Dizem que é criatura muito perigosa — murmurou Pedrinho.

— Perigosíssima — declarou o saci. — Todo cuidado é pouco. A beleza da Iara dói tanto na vista dos homens que os cega e os puxa para o fundo d’água. A Iara tem a mesma beleza venenosa das sereias. Você vai fazer tudo direitinho como eu mandar. Do contrário, era uma vez o neto de Dona Benta!...

Pedrinho prometeu obedecer cegamente. Andaram, andaram, andaram. Por fim chegaram a uma grande cachoeira cujo ruído já vinham ouvindo de longe.

— É ali — disse o perneta, apontando. — É ali que ela costuma vir pentear-se ao luar. Mas você não pode vê-la. Tem de ficar bem quietinho, escondido aqui atrás desta pedra e sem licença de pôr os olhos na Iara. Se não fizer assim, há de arrepender-se amargamente. O menos que poderá acontecer é ficar cego.

Pedrinho prometeu, e de medo de não cumprir o prometido foi logo tapando os olhos com as mãos.

O saci partiu, saltando de pedra em pedra, para logo desaparecer por entre as moitas de samambaias e begônias silvestres.

Vendo-se só, Pedrinho arrependeu-se de haver prometido conservar-se de olhos fechados. Já tinha visto o Lobisomem, o Caipora, o Curupira, a Cuca. Por que não havia de ver a Iara também? O que diziam do poder fatal dos seus encantos certamente que era exagero. Além disso, poderia usar um recurso: espiar com um olho só. O gosto de contar a toda gente que tinha visto a famosa Iara valia bem um olho.

Assim pensando, e não podendo por mais tempo resistir à tentação, fez como o saci: foi pulando de pedra em pedra, seguindo o mesmo caminho por ele seguido.

Súbito, estacou, como fulminado pelo raio. Ao galgar uma pedra mais alta do que as outras, viu, a cinqüenta metros de distância, uma ninfa de deslumbrante beleza, em repouso numa pedra verde de limo, a pentear com um pente de ouro os longos cabelos verdes cor do mar. Mirava-se no espelho das águas, que naquele ponto formavam uma bacia de superfície parada. Em torno dela centenas de vaga-lumes descreviam círculos no ar; eram a coroa viva da rainha das águas. Jóia bela assim, pensou Pedrinho, nenhuma rainha da terra jamais possuiu. A tonteira que a vista da Iara causa nos mortais tomou conta dele. Esqueceu até do seu plano de olhar com um olho só. Olhava com os dois, arregaladíssimos, e cem olhos que tivesse, com todos os cem olharia.

Enquanto isso, ia o saci se aproximando da Mãe-d’Água, cautelosamente, com infinitos de astúcia para que ela nada percebesse. Quando chegou a poucos metros de distância, deu um pulo de gato e nhoque! Furtou-lhe um fio de cabelo.

O susto da Iara foi grande. Desferiu um grito e precipitou-se nas águas, desaparecendo.

O saci não esperou por mais. Com espantosa agilidade de macaco, aos pinotes, saltando as pedras de duas em duas, de três em três, num momento se achou no ponto onde Pedrinho, ainda no deslumbramento da beleza, jazia de olhos arregalados, imóvel, feito uma estátua.

— Louco! — exclamou o saci, lançando-se a ele e esfregando-lhe nos olhos um punhado de folhas colhidas no momento.

— Não fosse o acaso ter posto aqui ao meu alcance esta planta maravilhosa e você estaria perdido para sempre. Louco, dez vezes louco, louquíssimo que você é, Pedrinho! Por que me desobedeceu?

— Não pude resistir — respondeu o menino logo que a fala lhe voltou. — Era tão linda, tão linda, tão linda, que me considerei feliz de perder até os dois olhos em troca do encantamento de contemplá-la por uns segundos.

— Pois saiba que cometeu uma grande falta. Não devia pensar unicamente em si, mas também na pobre Dona Benta, que é tão boa, e na sua mãe e em Narizinho. Eu, apesar de um simples saci, tenho melhor cabeça do que você, pelo que estou vendo...

Aquelas palavras calaram no menino, que nada teve a dizer, achando que realmente o saci tinha toda razão.

— Bem — continuou o duendezinho — agora que o perigo já passou, tratemos de voltar à caverna da Cuca. E depressa, antes que amanheça. Lembre-se que prometemos a Dona Benta estar no sítio com a menina sumida logo ao romper da manhã.
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continua... XXVII - Na caverna da Cuca; XXV – Desencantamento
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa
Imagem =- http://atualidadesdatv.blogspot.com

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 324)


Uma Trova Nacional

Quando as voltas do caminho
nos deixam sem chão e abrigo,
sem amor e sem carinho,
como faz falta um amigo!...
–RENATO ALVES/RJ–

Uma Trova Potiguar

Sempre tristonho...No entanto,
se a alegria é um grande bem,
eu tento esconder meu pranto
por trás do riso de alguém!
–PROF. GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - ATRN-Natal/RN
Tema: INSPIRAÇÃO - 5º Lugar

Quando rezas em surdina
mãe, vejo nos olhos teus,
a inspiração que ilumina
tua conversa com Deus!
–ELEN DE NOVAIS FÉLIX/RJ–

Uma Trova de Ademar

Na construção do desgosto
de um casamento desfeito,
criei rugas no meu rosto
e pus mágoas no teu peito...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto !..
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Simplesmente Poesia

Voo Noturno
–JURACI SIQUEIRA/PA–

Na fogueira da aurora eu me consumo
e ressuscito entre os lençóis da noite
para tecer meu ninho de discórdias
do teu coração.

A minha pena – faca de dois gumes –
ao mesmo tempo fere e acaricia;
as minhas asas - guarda-sóis se abertas,
quando fechadas, grades de prisão.

Trago nas veias sangue canibal:
bebo esperanças, mastigo ilusões
e, às vezes, sorvo sonhos matinais.

Portanto não se engane: sou poeta
em cujo peito dorme um troglodita
que traz no coração pluma e punhal.

Estrofe do Dia

Acho tarde demais para voltar
estou cansado demais para seguir,
os meus lábios se ocultam de sorrir,
sinto lágrimas, não posso mais chorar;
eu não posso partir e nem ficar
e assim nem pra frente nem pra trás,
pra ficar sacrifico a própria paz,
pra seguir a viagem é perigosa,
a vereda da vida é tão penosa
que me assombro com as curvas que ela faz!
–CANHOTINHO/PB–

Soneto do Dia

Naturalidade
–A. DE CARVALHO MELO/BA–

Trago comigo a singular ventura
de ter nascido para ser poeta,
de andar a braços com a literatura
e ser, no verso, um requintado esteta.

Sem preocupar-me em revelar cultura,
essa doença que o saber afeta,
gosto dos versos de linguagem pura
e sou amante da expressão correta.

O metro, a rima, a correção, a graça,
em poesia, tudo o quanto eu faça,
há de espontâneo e natural fluir.

Porque eu escrevo no meu próprio estilo,
e não costumo procurar asilo
em prédios velhos que já vão cair.

Fonte:
Textos e imagem enviados pelo autor

II Festival de Literatura Infantil, em Monteiro Lobato/SP


De 01 a 04 de setembro, a cidade de Monteiro Lobato, interior de São Paulo, promove o II Festival de Literatura infantil. O evento visa incentivar a leitura, promover o encontro entre escritores e o público, e também, celebrar a obra do escritor José Bento Monteiro Lobato.

Entre os convidados para o festival, o escritor Alonso Alvares, vencedor do Prêmio Jabuti, as escritoras Teca Bendini, Stefânia Andrade, Ednalva Pereira, Marcela Lira, Cristina Hernandes, integrante da Academia Joseense de Letras, o ator e contador de histórias João Acaiabe, os lobatólogos Oiram Antonini e Nelson Somma Junior, o escritor e cantor Gabriel O Pensador, além de outros escritores e atrações artísticas.

A expectativa da Prefeitura Municipal de Monteiro Lobato é receber um público aproximado de seis mil pessoas durante os quatro dias do festival.

Na quinta e sexta-feira, as atrações ocorrem no Centro Cultural, localizado na Praça Deputado Cunha Bueno. Entre as atividades, sarau poético, oficinas literárias e contações de histórias para crianças com escritores e artistas da região do Vale do Paraíba.

No sábado e Domingo, todas as atividades ocorrem na Praça Deputado Cunha Bueno. Com exposições de livros, brincadeiras com Emilia e Visconde de Sabugosa e Oficinas de brinquedos. A tenda principal será palco para bate-papo com escritores, literatura cantada, palestras sobre a obra de José Bento Monteiro Lobato e apresentações artísticas.

No encerramento do evento, domingo às 16h, um agradável bate-papo com escritor e músico Gabriel O Pensador.

O II Festival de Literatura Infantil é realizado pelas Secretarias de Cultura, Turismo e Educação de Monteiro Lobato. Todas as atividades são gratuitas.

Fonte:
Prefeitura Municipal de Monteiro Lobato

sábado, 3 de setembro de 2011

A. A. de Assis (Trovas Ecológicas) - 11


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 323)


Uma Trova Nacional

A fome, sempre presente,
faz sair o Chico Brito
atrás de um cachorro-quente,
"matando cachorro a grito"!...
–JOÃO PAULO OUVERNEY/SP–

Uma Trova Potiguar

Está pensando em casar?
É melhor sair de cena
do contrário vai passar
a vida cumprindo pena.
-HELIODORO MORAIS/RN-

Uma Trova Premiada

2000 - Bandeirantes/PR
Tema: CARA - Venc.

“Padre, eu sei quem é Jesus”,
diz o caipira e dispara:
“Conheço o siná da cruz...
Num sei é espaiá na cara!”
–THEREZINHA DIEGUES BRISOLLA/SP–

Uma Trova de Ademar

Casou virgem e a coitada
fez o que eu imaginei;
teve um chilique, assustada
com tudo o que lhe mostrei...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quanta vez junta a um jazigo
alguém murmura de leve:
- Adeus para sempre, amigo!
E diz-lhe o morto: - Até breve!
–BELMIRO BRAGA/MG–

Simplesmente Poesia

Pra vê se ganha cartaz
olha pra quem tá na frente,
chega em qualquer ambiente
com a saia lascada atrás,
e sai com gosto de gás
dando aquela rebolada,
anda toda arrepiada
igual a gata parida;
toda viúva enxerida
termina sendo falada.
–ANTONIO NUNES DE FRANÇA/RN–

Estrofe do Dia

Domingo arranjo um namoro,
na segunda, mostro classe,
na terça, tem casamento;
na quarta, beijo na face,
na quinta, a mulher engorda,
na sexta, o menino nasce!
–LOURO BRANCO/CE–

Soneto do Dia

Continuidade...
–GIUSEPPE A. GHIARONI/RJ–

Existe um cão que ladra quando eu passo,
como se visse um bêbedo, um mendigo.
E no entanto, esse cão foi meu amigo,
como tantos amigos que ainda faço.

À noite, com que alegre estardalhaço
vinha encontrar-me no portão antigo;
enquanto a dona vinha ter comigo
e, sorrindo, apoiava-se ao meu braço.

Hoje ele faz a outro a mesma festa
e ela o mesmo carinho, tão honesta
como se nem notasse a transição.

Eu rio dessa triste brincadeira.
mas quando uma mulher é traiçoeira,
não se pode confiar nem no seu cão.

Fonte:
Textos e imagem enviados pelo autor

Francine Cruz (Lançamento de "Amor, Maybe")


Ícone Editora
Coleção Ícone Jovem
304 páginas

A jovem escritora Francine Cruz lança seu romance Amor, Maybe (Ícone, 2011) nacionalmente. Francine caiu no gosto de jovens adolescentes por usar uma linguagem simples e direta contando lindas histórias apaixonadas. A autora está sendo elogiada por seu 1º romance adolescente. O livro já está disponível nas livrarias. Para contato com a escritora, seguem os contatos: blog http://francinecruz.blogspot.com/, Twitter: @FrancineCruz e/ou @AmorMaybe, e-mail fran_rcc@hotmail.com e telefone: (41) 9668-6262

Link:
Livro no site Ícone Editora

RESENHA:
Até onde pode ir um grande amor? A fé ajuda a recuperar sentimentos?
Quem pode separar duas pessoas que se amam?
Descubra em Amor, Maybe uma linda história romântica
como você nunca viu!

Em uma festa à fantasia, Josephine e Matthew se conhecem e se apaixonam. Inexperientes, Josie e Matt sabem que se amam, mas, para viver esse grande amor, terão que vencer muitas barreiras. O que será que os impede de ficar juntos?

Esta é a história de um amor inacabado, cheio de lágrimas, romance, brigas e sentimentos, mas, acima de tudo, cheio de esperança. Fala sobre o tempo e como a vida pode pregar peças em nós.

Neste romance, você conhecerá a força de um amor verdadeiro que através dos anos buscará sua chance de ser eterno. Será esse amor forte o suficiente para resistir ao tempo, à distância e à solidão?

– Maybe.
***
A história começa no ano de 2006 quando Josephine retorna à cidade de Los Angeles e começa a ter sonhos misteriosos. A cada dia eles aumentam de intensidade e revelam mais informações até que, passeando de carro no dia de seu aniversário, Josie reconhece o Hospital São Rafael como o local visto em seus sonhos e descobre que seu amado Matthew, ausente de sua vida há anos, está em coma.

A partir desse dia, Josie passa a dedicar suas tardes a Matt e começa a descobrir fatos que ignorava sobre os motivos de ele tê-la abandonado no passado.

Tendo reencontrado seu amado, Josie reencontra também a inspiração para voltar a escrever o livro que havia começado quando os dois se conheceram e, em suas visitas a ele no hospital, passa a lhe contar a história de suas próprias vidas.

Amor, Maybe une assim o passado e o presente dos personagens, intercalados na narrativa através das leituras de Josephine.

A autora:
Francine Cruz nasceu em Curitiba, em 1984. Formada em Educação Física e Pós-Graduada em Atividade Física e Saúde (UFPR), acadêmica do curso de Letras Português/Inglês (UTFPR), atualmente se divide entre suas duas paixões: dar aulas de educação física e escrever. Amor, Maybe marca sua estréia com sucesso no mundo das histórias românticas.
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Excerto do livro:
Capítulo 1– o sonho

Encontre-me.
Encontre-me.

Josephine acordou com essas palavras girando em sua mente.

Encontre-me.

Encontrar quem? Encontrar o quê? Quando? Por quê?

Ela não sabia. Tinha sido uma noite longa e um sonho nebuloso. Josie conhecia-se o suficiente para ter certeza de que essas palavras ficariam gravadas no fundo de seu coração, e detestava isso. As interrogações permaneceriam em sua cabeça o dia todo e ela não queria pensar no assunto, temia a resposta que poderia encontrar.

13 de maio de 2006 – sete da manhã, hora de levantar.

Melhor esquecer isso.

Confusa, Josie escovou os dentes pensando: “Uma noite tão longa, para mais um dia vazio…” Por um segundo achou essas palavras familiares, mas não tinha coragem de refletir sobre elas.

Desceu as escadas e dirigiu até o trabalho tentando calar seu próprio coração, tentando, sem sucesso, mascarar o sentimento de antecipação que lhe invadia.

Havia retornado a Los Angeles há poucos meses. Tinha optado por cursar a faculdade no Brasil e agora, formada, era professora de Literatura na Escola Fundamental de Sunfield. Sempre preferiu as crianças – “os seres mais sinceros do mundo”, dizia. Adorava seu trabalho e dedicava todas as suas forças para despertar a paixão pela literatura naquelas alminhas a ela confiadas.

Ensinava cada criança com uma ternura especial, como se fossem os próprios filhos que gostaria de educar um dia. Elas, sentindo aquele carinho sincero, cobriam-na de beijos e abraços o tempo todo.

Nesse dia, rompendo sua rotina, estava indisposta para dar aula. Um grande mistério tirava sua paz. Josephine sentia que seu subconsciente tentava lhe dizer algo que ela não queria ouvir. Tinha medo de silenciar seu coração, sofria muito com as lembranças. Ocupou cada minuto de seu dia com milhões de atividades só para não pensar no que a inquietava.

Sua estratégia deu certo. Chegou em casa bastante cansada ao fim do dia e, tão logo deitou-se, adormeceu.

Encontre-me. Encontre-me, Josie.

Eu preciso de você. Preciso muito…

Josie acordou subitamente sem ar. Sentia-se angustiada, perdida. Não sabia o que pensar, nem até quando aguentaria aquela situação. Os sonhos continuavam abstratos e seu coração apertava-se no peito. Começou a se preocupar com seu bem-estar emocional.

Era semana do seu aniversário e não podia evitar a tristeza que chegava nessa época. Desde criança era assim, mas a melancolia nesse ano vinha com força total. Mentindo para seu próprio coração, deu a desculpa da data próxima e repetia consigo mesma: “todo ano é assim, não tenho porque me preocupar…”

Outra vez, recusou-se a pensar no assunto e saiu mais cedo para o trabalho. Procurou gastar o máximo de energia, para que não restasse nada quando deitasse. Ainda assim, novos sonhos surgiram. A cada noite, eles se tornavam mais claros, aumentavam de duração e intensidade. Josie começou a ver entre a neblina vultos de pessoas, ouvir vozes estranhas e, lá no fundo, a mesma voz dos outros dias lhe repetia:

Encontre-me. Preciso de você.

Não me deixe desistir… Josie…

15 de maio de 2006 – véspera de seu aniversário.

Josephine rezava para que o dia chegasse e acabasse logo, assim, aquela angústia passaria junto com ele.

Como era difícil sufocar aquelas milhares de interrogações brotadas em seu coração!

Ao sair da escola, tentando distrair-se, resolveu ir ao shopping comprar um presente para si mesma. Foi até a livraria e nem tentou resistir ao impulso consumista tão criticado por ela. Por hoje, permitia-se o exagero de esbanjar nas compras. De uma vez só, levou para casa vários de seus melhores amigos, desde os de longa data, como Shakespeare, Jane Austen, Emily Dickinson e Goethe, até os mais recentes, como Vinícius de Moraes, Castro Alves e Manuel Bandeira. Estavam todos lá. Eles a faziam sentir-se melhor. E sentiu-se.

Lendo Os sofrimentos do Jovem Werther, Josie encontrou enfim a frase que lhe trouxe a paz. Era Werther quem dizia, mas ela tomava agora as palavras como suas:

Às vezes digo para mim mesmo: “o teu destino é único, podes considerar todos os outros felizes… nenhum mortal foi tão martirizado quanto tu”… E depois disso leio qualquer poeta antigo, e é como se lesse no meu próprio coração. Tenho de suportar tanto! Ah, terá nascido antes de mim homem tão miserável?

Estava mais tranquila agora. Sabia que seus heróis não a deixariam só. Colocou o livro sobre a mesa de cabeceira, desligou o abajur e adormeceu.

Encontre-me… Não me deixe desistir…

Me sinto tão só… Eu amo você… Josie…

Dessa vez seu sonho foi tão intenso que Josephine despertou completamente desnorteada. Por vezes respirou com intensidade, sentindo medo. Medo de seu próprio coração, pois ele insistia em sentimentos indesejados.

Vivia sozinha desde os tempos de faculdade, mas nunca havia se sentido tão carente e desprotegida como agora. Acendeu o abajur, abraçou os joelhos e chorou até o sol raiar.

Fonte:
Andrey do Amaral

Concurso Internacional de Trovas do Elos Cluibe de Londrina (Classificação Final)


VENCEDORES:

Amália Max (Ponta Grossa)
Edmar Japiassu Maia (Rio de Janeiro)
Izo Goldman (São Paulo)
Francisco Neves de Macedo (Natal)
Renata Paccola (São Paulo)

MENÇÕES HONROSAS:

Almira Guaracy Rebelo (Belo Horizonte)
Ademar Macedo (Natal)
Antônio Augusto de Assis (Maringá)
Deise Domingues Giannini (São Vicente)
Gilvan Carneiro da Silva ( São Gonçalo )
Hegel Pontes (Juiz de Fora)
Marilúcia Rezende (São Paulo)
Myrthes Mazza Masiero (São José dos Campos)
Nei Garcez (Curitiba)
Roza de Oliveira ( Curitiba )
Therezinha de Jesus Lopes (Juiz de Fora)
Wandira Fagundes Queiroz (Curitiba)

MENÇÕES ESPECIAIS:

Angélica Maria Vilella Rebelo Santos (Taubaté)
Dirce Montechiari ( Nova Friburgo )
Edmar Japiassu Maia (Rio de Janeiro)
Eduardo A. O. Toledo (Pouso Alegre )
Leonilda Yvonetti Spina (Londrina)
Lóla Prata ( Bragança Paulista )
Lucília A. T. Decarli (Bandeirantes)
Luiz Moraes Santos (São José dos Campos)
Maria Lúcia Daloce ( Bandeirantes )
Marilúcia Rezende (São Paulo)
Nei Garcez (Curitiba)
Relva do Egypto Rezende Silveira ( Belo Horizonte )
Renato Alves (Rio de Janeiro)
Rosa Maria G. Mendes (Rio de Janeiro)
Sonia Maria Ditzel Martelo (Ponta Grossa)
Thereza Costa Val (Belo Horizonte)
Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba)
Wandira Fagundes Queiroz.(Curitiba)

Fonte:
A. A. de Assis

Jogos Culturais de Montargil/Portugal (Resultado Final)


Tema: A Família

Na família, com abraços
Dos pais em sua paixão,
Os filhos são os pedaços
Que estalam do coração!
João Fernando Antunes Serrano (ERICEIRA)

A vida— quando criança-,
tanta família me deu!-
Agora, velho e sem esp rança,
Toda a família…sou eu!
Aníbal António de Lima Nobre (Pedreiras—Porto de Mós)

Na minha FAMÍLIA brilha
A mãe da minha mulher:
-Ela impõe regras à filha… …
E eu cumpro o que a filha quer!
Aníbal António de Lima Nobre (Pedreiras—Porto de Mós)

Ter família é ter riqueza
do tamanho do universo
feita de amor e certeza
de a poder cantar em verso
Maria Ruth Brito Neto (Lisboa)

A Família é Lar sagrado,
Ternura, Compreensão.
Forte Clã, irmanado,
no pulsar do coração.
Maria Ruth Brito Neto (Lisboa)

Há numa famílias unida
Um elo que lhe dá voz
É a nossa mãe querida
Que nos une a todos nós.
Celeste Maria da Silva Avó Charneca( S. Miguel de Machede)

Neste mundo em que vivemos,
Onde tudo parece valer
Na família nos socorremos
Pra que possamos sobreviver.
Miguel António B.Mendes ( Montargil)

Uma família completa
Tem sempre um pai e uma mãe,
Mas será muito incompleta
Sem ter muito amor também.
Fernando Máximo (Avis)

A alma fica viúva
Se família não se tem
Dos olhos tristes cai chuva
Que no peito se retém
Maria Cecília Sobral Santos Franco de Sousa (Lisboa)

Da família, o que se diz,
pode até ser tudo falso…
--Quanta vez o mais feliz
é aquele que anda descalço
Fernandes Valente Sobrinho( Vila das Aves)

Numa vida sem sentido,
A FAMÍLIA é ponto forte;
Quando parece tudo perdido…
Ela aponta-nos o Norte!...
Jorge Manuel Moreira de Castro (Montargil)

1º do Alentejo
Celeste Maria Charneca (S.Miguel de Machede)

1º Montargil
Miguel António Batista Mendes

1º EBI
Miguel António Batista Mendes

Fonte:
Resultado enviado por Lino Mendes

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Paulo Leminski (Escrevo. E pronto)


A. A. de Assis (Trovas Ecológicas) - 10


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 322)


Uma Trova Nacional

Em sonhos ouço teus passos,
e numa ilusão só minha,
eu sinto até teu abraço,
acordo e choro sozinha.
NEOLY DE OLIVEIRA VARGAS/RS–

Uma Trova Potiguar

Quando o poeta se extasia,
nas asas, da inspiração,
faz do sonho, a poesia,
põe no verso, o coração.
–FABIANO WANDERLEY/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Amparo/SP
Tema: DESABAFO - M/H

é num desabafo mudo
Que muita gente se trai,
Deixando o olhar dizer tudo
Que com palavras não sai!
–JOSÉ OUVERNEY/SP–

Uma Trova de Ademar

Num devaneio qualquer,
feito de sonho e de imagem,
no seu corpo de mulher
fiz a mais linda viagem.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Sou jardineiro imperfeito,
pois no jardim da amizade,
quando planto um amor perfeito
nasce sempre uma saudade...
–ADELMAR TAVARES/PE–

Simplesmente Poesia

Saudade é uma Ficção...
–AUGUSTO MACÊDO/RN–

Chegaram a conclusão
que o cientista não mente,
está provado realmente:
Saudade é uma ficção.
Já existe outra versão
disse um grande pensador
que a saudade é uma dor
que a gente sente doer,
é oculta e ninguém “ver”
não tem perfume, nem cor!

Estrofe do Dia

Nunca tive a vida bela
mas mesmo assim não me queixo,
padeço a dor mas não deixo
outro participar dela,
nem sou daqueles que apela
depois da causa perdida,
não vou chorar na subida
nem rir quando estou descendo;
já me acostumei sofrendo,
pra que reclamar da vida?
-MÁRIO LOPES/CE-

Soneto do Dia

Teu Presente
–ERÁCLIO SALLES/BA–

Pensei que a terra, por demais escura,
Manchasse o alvor de teus formosos braços.
E arrojei-me, quixótico, aos espaços,
Sorvendo aos tragos a amplidão da altura.

Penetrei mundos de celeste alvura,
Cansando o olhar, multiplicando os passos.
Venci desertos, esmaguei cansaços,
De um presente trazer-te, indo à procura.

Fiquei cego de ver tanta miragem,
Fitando estrelas, no ansiar profundo.
Nem só uma escolhi - tantos cuidados ! -

Nada te posso dar dessa viagem.
Mas sei, no entanto, que te trouxe um mundo
Na memória dos olhos apagados.

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imagem obtida no Informe Os Trovadores da UBT Curitiba, setembro de 2011.

Hermoclydes S. Franco (Mulher)

Desenho a carvão por JB Xavier
Seja, sempre , a razão dos pensamentos
Que os meus sonhos perpassam de emoções...
Seja o brilho de todos os momentos
E a mais rara entre vivas sensações...

O desejo de intensas vibrações
Que percorrem meu corpo como os ventos!
A esperança de suaves ilusões
E a certeza tranqüila dos intentos!

Seja o aroma mais puro e delicado
Que o das flores silvestres da campina
E a oração que embeleza a minha vida”!...

Seja o vulto sutil e iluminado,
Encanto da beleza feminina,
Seja o meu talismã, mulher querida!...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Resultados dos Concursos Internos da UBT Curitiba Maio e Junho


Maio de 2011
- Tema: Fortaleza (L/F)


Vencedor -

Desde criança a Poesia
é a minha grande riqueza:
minha fonte de alegria,
minha eterna Fortaleza!
Roza de Oliveira

Menção Honrosa –

Teu charme, encanto e beleza,
dão aos poetas um tema,
ó encantada Fortaleza,
linda Terra de Iracema!
Maurício N. Friedrich

Menção Especial -

Crer, amar, doar, sofrer,
verbos de sabedoria.
Só com esses vamos ter
fortaleza todo dia.
Paulo Walbach Prestes

Menção Especial -

Embora não seja forte
e nem possua destreza
em Deus é que busco o norte
e também a fortaleza.
Paulo Roberto M. Gomes

Junho de 2011
Tema: Semblante (L/F)

Vencedor -

Por mais que eu sofra, querida,
com meus sonhos, sigo adiante:
- A iluminar minha vida
levo a luz do teu semblante.
Luiz Hélio Friedrich

Menção Honrosa -

Tuas palavras bonitas
eu recordo nesse instante:
promessas que estão escritas
nas linhas do teu semblante.
Janske Schlenker

Menção Especial

Na penumbra, o teu semblante,
doce e meigo, dá a ilusão,
de ativar, num só instante,
nosso fogo da paixão!
Maurício N. Friedrich

Junho de 2011
Tema: Deboche (H)

Vencedor -

Passa a vida debochando
acha que não vai ter troco -.
Estava rindo: Foi quando
nem viu de onde veio o soco!
Janske Schlenker

Menção Honrosa –

Toda coisa tem limite:
parafuso e até deboche!
Havendo graça que incite,
aperte, mas não arroche.
Mário A.J.Zamataro

Menção Especial –

Debochado, o “seu” capeta
diz no inferno a seu freguês:
Vais soltar uma gorjeta
ou vais ao fogo, de vez?
Maurício N. Friedrich

Fonte:
Informe Os Trovadores - Ano 20. Nº 67 - Setembro/2011

Projeto Releituras (Boletim de Setembro)

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Monteiro Lobato (O Saci) XXIII - A Cuca; XXIV – O novelo de cipós


XXIII – A Cuca

Súbito o saci exclamou:

— É lá!

— É lá o quê? — perguntou Pedrinho.

— A caverna da Cuca, naquela montanha de pedras nuas. Conheço bem estes sítios.

Pedrinho olhou na direção apontada e só viu grandes massas de sombras. Apesar de ser noite de lua, havia névoas no céu, de modo que a claridade não dava para perceber mais que o vulto da montanha estendida à sua frente. Que a região era pedregosa, isso Pedrinho logo percebeu, tais faíscas tirava do chão o seu cavalinho pangaré. Entretanto, não tropeçava, o que seria naturalíssimo num animal acostumado a só trotar por bons caminhos ou campos livres de pedras.

— Estou estranhando este cavalo! — não pôde deixar de dizer o menino. — Positivamente não é o mesmo. Nem sequer tropeça...

— É que lhe dei a comer sete folhas de uma planta que só eu sei para que serve.

— Logo vi. Seria ótimo que me ensinasse o segredo dessa planta. Com ela a gente poderia até transformar um burro morto em Bucéfalo...

O saci, apesar das suas habilidades e espertezas de demoninho, ignorava a história dos cavalos célebres, e pois ficou na mesma com a citação do tal Bucéfalo.

— Que bicho é esse? — perguntou.

— Oh, era o cavalo de Alexandre, o Grande, um cavalo bravíssimo, que nenhum homem, fora Alexandre, jamais conseguiu domar. Um dia, quando estivermos sossegados, hei de contar a história dos grandes cavalos.

— Sim — interrompeu o saci — mas agora feche o bico. Estamos nos domínios da Cuca, onde qualquer imprudência nos pode custar caro. Essa horrenda bruxa tem ouvidos ainda mais apurados que os meus.

Pedrinho calou-se.

Nisto, a lua saiu de trás das nuvens e ele pôde ver melhor o sítio onde se achava. Bem à frente erguia-se a muralha duma montanha de pedras negras, com arvoredo retorcido brotando das brechas. Era uma paisagem diabólica, que punha nos nervos das criaturas os mais esquisitos arrepios. Lugar bom mesmo para morada de monstros como a Cuca...

— É ali! — murmurou baixinho o saci, apontando para uma abertura negra. — É ali a entrada da caverna da grande malvada.

— Como sabe? — perguntou Pedrinho tolamente.

— Que pergunta! — respondeu o saci com ironia. — Sei porque sei. Tinha graça que um saci não soubesse onde mora a Cuca... Mas, silêncio! Temos que entrar com mil cautelas, de arrasto, como se fôssemos cobras. Não! Não! O melhor é nos disfarçarmos em folhagem.

— Como isso?

— Nada de perguntas. Faça o que eu fizer, sem discutir — ordenou o diabrete, afastando-se dali para arrancar braçadas de folhas da árvore mais próxima.

Pedrinho fez o mesmo. Em seguida o saci lascou da mesma árvore umas embiras, com as quais amarrou a folhagem em redor do seu corpinho. O menino fez o mesmo.

Ficaram tal qual dois arbustos móveis e, assim disfarçados, dirigiram-se para a caverna do horrendo monstro, pé ante pé, tão devagarzinho que levaram vinte minutos para caminhar uns poucos metros.

Súbito, ao dobrarem uma curva, viram lá num canto a rainha. Estava sentada diante duma fogueira, de modo que a claridade das chamas permitia que as “folhagens” lhe vissem a carantonha em toda a sua horrível feiúra. Que bicha! Tinha cara de jacaré e garras nos dedos como os gaviões. Quanto à idade, devia andar para mais de três mil anos. Era velha como o Tempo.

— Estamos de sorte — disse o saci ao ouvido do menino. — A Cuca só dorme uma noite cada sete anos e chegamos justamente numa dessas noites.

— Como sabe? — indagou Pedrinho, cuja curiosidade não tinha limites.

O saci danou e ameaçou-o, se continuasse com tais perguntas, de deixá-lo ali sozinho para ser devorado pelo monstro. Em seguida queimou na brasa do pito uma misteriosa folha, que havia apanhado pouco antes sem que o menino o percebesse.

— Esta fumaça vai fazer que o sono da rainha seja mais pesado do que todas as pedras desta gruta. Depois de estar completamente adormecida, temos de amarrá-la muitíssimo bem amarrada.

Logo que a fumaça alcançou o focinho da Cuca, esta, que já estava dando mostras de sono, pendeu a cabeça de lado e roncou.

— Já caiu no sono — disse o saci. — Podemos agora tirar nossa roupa de folhas e sair em busca de cipós. Conheço um cipó que vale por quanta corda existe — até parece cipó próprio de amarrar cucas...

Despiram-se das folhas e saíram da caverna muito satisfeitos, porque as coisas estavam correndo às mil maravilhas.

XXIV – O novelo de cipós

Cortado o cipó, trouxeram-no em dois grandes rolos, e sem receio nenhum, pois os roncos da Cuca mostravam que ela estava a dormir como quem não dormia há sete anos, começaram a amarrá-la dos pés à cabeça.

Mais uma vez teve Pedrinho de reconhecer como era hábil e arteiro o seu amigo saci. Amarrar parece coisa fácil, mas não é. Se Pedrinho houvesse amarrado a Cuca, o mais certo era que com dois safanões a bruxa se livrasse da cipoada num minuto. Mas com o saci deu-se coisa diferente. O diabinho parecia nunca ter feito outra coisa na vida. Amarrou-a com a mesma ciência com que as aranhas amarram as moscas nas suas teias, sem deixar um ponto fraco. O segredo, explicou ele, era estudar a amarração de modo que ao despertar a Cuca não pudesse fazer o menor movimento. Porque se a criatura amarrada puder fazer um pequeno movimento, por menor que seja, afrouxará um ponto no amarrilho; e depois afrouxará outro ponto — e assim irá até libertar-se duma vez.

Terminada a obra, em vez de Cuca viu-se no chão um verdadeiro carretel de cipó.

— Sim, senhor! — exclamou Pedrinho. — Aprendi mais hoje do que em toda a minha vida. Esta diaba pode ter a força de cem elefantes, mas duvido que escape da “nossa” amarração.

O saci sorriu daquele “nossa”, mas calou-se. Limitou-se a enxugar o suor da testa.

— Temos agora de acordá-la — disse depois.

— Deixe esse ponto comigo — pediu o menino. — Com um bom pau de guatambu, eu acordo-a bem acordada.

— Nada de paus! Você não conhece a Cuca. Um monstro de três mil anos, como ela, havia de rir-se das pauladas dum menino como você. À força, é impossível lutar com ela. Temos de usar da astúcia. A arma a empregar vai ser o pingo d’água.

— Lá vem o pingo d’água outra vez! — exclamou o menino. — Até parece caçoada, querer com um pobre pingo d’água dominar uma bruxa destas...

— Pois fique sabendo que é o único meio.

Pedrinho não entendeu, ficando de boca aberta a ver as manobras do saci. A engenhosa criaturinha trepou que nem macaco pelas estalactites gotejantes da gruta até alcançar a que ficava bem a prumo sobre a cabeça da Cuca. E lá, então, encaminhou um fiozinho d’água de modo que gotejasse lentamente bem no meio da testa da Cuca.

— Basta isso — disse ele. — No começo ela nem sente; mas com a continuação a dor vai ficando tamanha que há de dar-se por vencida.

— Sim, senhor! — murmurou o menino. — Está aí uma invenção que nunca imaginei, mas agora me lembro que vovó nos contou uma história assim...

— Pois é — disse o saci. — Ambos ouvimos essa história; mas só eu prestei atenção e já estou tirando partido do que aprendi. Sou dez vezes mais esperto que você, Pedrinho. Não acha?

O menino não teve remédio senão achar que era mesmo. Os pingos começaram a cair. Os cem primeiros nenhuma impressão fizeram na bruxa, cujo sono parecia dos mais gostosos. Daí por diante já esse sono não pareceu mais tão calmo. Começou a fazer caretas, como se estivesse sonhando algum sonho horrível. Por fim abriu um olho e depois o outro.

Por vários minutos permaneceu apatetada, vendo diante de si aquelas duas criaturas de mãos na cintura, a olharem para ela sem dizer coisa nenhuma. Depois a sua inteligência foi acordando e notou o pingo a lhe cair na testa. Quis mudar de posição. Não pôde. Só nesse momento viu que estava amarradinha como se fosse um carretel e condenada à mais absoluta imobilidade.
____________
continua... XXVI - O pingo d’água; XXV – A Iara
--------------
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Viagem ao Céu & O Saci. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. II. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

Ialmar Pio Schneider (Sedução)

Aquarela de Angela Ponsi
Procuro obter do verso o privilégio
que me faça seguir outras venturas,
porque lembrando teu semblante régio,
naufrago infausto em sendas tão obscuras.

Desejo conseguir o sortilégio
que te envolve total nas espessuras;
jamais cometerei o sacrilégio
de macular as tuas formas puras...

E vives qual a musa inatingível
que povoa meu cérebro todo dia
e me fazes viver em alto nível...

Pelo que representas de magia,
eu já me considero tão sensível
que te amo na tristeza e na alegria…

Fonte:
Soneto e imagem enviados pelo autor

Ângela Togeiro (Momento Poético)


JUNTANDO AS METADES

Sou mulher,
por mais que evitemos
ser o que somos,
por mais que nos cubram de panos
para nos esconder,
ou que nos dispam para nos admirar,
por mais que nos mutilem o físico,
ou a alma, para nos anular,
por mais que nos espanquem
para mostrar
a força bruta da inferioridade,
por mais que nos desvalorizem
em piadas grosseiras,
será apenas
quando nos respeitarmos,
como seres que se completam,
que evoluiremos.
Homem e Mulher, Mulher e Homem,
Nosso destino é um só.
Fora isso,
fingimos evolução,
reconhecimento de direitos
criando mais desigualdade,
na falsa igualdade.
Somos mulheres perdidas
nos descaminhos da humanidade
mas sempre
Mulheres.

MULHER

Sou mulher,
sou todas as mulheres:
sou Afrodite, Amélia, Angela, Eva, Diana, Joana,
Madalena, Maria, Raquel, Rita, Sara,
Salomé, Tereza, Vênus, Zênite...
Tenho na genética
a herança dos tempos,
que me dá todos os nomes,
que me tira todos os nomes,
quando me desdobro em outra mulher.
Nasci em todas as raças,
tenho todas as cores puras e miscigenadas.
Pratico todos os credos.
Nasci em todos os cantos deste planeta.
Vivi em todas as eras.
Registrei meus gritos em todos os rincões,
mesmo se expulsos da alma
no mais profundo silêncio.
Vim de todos os lugares,
nasci em berço de ouro, em choupana,
na rua, nas matas, hospitais, templos...
Fui vestida, fui enrolada,
despida, jogada.
Gerada num útero que me amou,
ou num que me recusou.
Pouco importa, se rica ou pobre,
se esculpida no Belo ou no Feio,
preciso cumprir meu destino,
meu destino de Mulher.

Fonte:
Boletim Guatá

João Paulo Borges Coelho (Cidade dos Espelhos, lançamento no Instituto Camões, em Maputo)

artigo de Luís Carlos Patraquim
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Deixemos de lado a blague, para despistar, sobre a novela futurista, sub-título do autor a esta sua e nossa, por mérito dele, “Cidade dos Espelhos”

No princípio é a estranheza. Deixemos de lado a blague, para despistar, sobre a novela futurista, sub-título do autor a esta sua e nossa, por mérito dele, “Cidade dos Espelhos”. Como nos ensinou Sherlock Holmes, as primeiras evidências são, a mais das vezes, o engodo para a fulguração final da razão omnisciente que, sob a trama de enganos, falsas pistas, equívocos, repõe a ordem de um percurso, apazigua a intencional e prazeirosa perturbação de um mundo. Saudoso otimismo positivista que a incerteza apartou do nosso convívio.

Sobre os futurismos, russo, italiano à la Marineti, que custeou a sua publicação como publicidade redigida nas páginas do Figaro, à solitária aventura dos poetas do Orpheu, ficamos conversados. Maiakovski sucumbe aos seus Banhos; Marineti veste a camisa negra, e os poetas de Orpheu, de ouvido em concha para o ranger das máquinas quase inexistentes no país das uvas e estáticos ante a dramalogia em slow motion, deambulam pelos cafés da Baixa, fazem painéis, bravatas, sacodem a poeira e o cisco da Casa do Ser. Que às vezes é um galinheiro.

Mas é nessa sub-titulada designação que se revela a primeira subtil ironia de João Paulo Borges Coelho. Se ele fosse americano e andasse de casaco à banda pelos pubs de Greenwich Village, lia-se este livro e dizia-se: ora aqui está, o gajo está meio gótico, não te parece? Ou então convocava-se o Ray Bradbury: há uma poética; não, não se trata da particular ficção científica do autor de Farenheit e das Crônicas Marcianas, mas é amazing, meu, andar pela avenida Louise – um achado! – e afagar aquelas árvores de plástico, pressentir as aves agourentas, imaginar a insólita casa cor de mostarda. Será literatura fantástica? E as aves agourentas? E o “aerostato negro com as insígnias da República” que se desinfla e se estatela sobre os subúrbios? Será o colibri uma variação do corvo de Edgar Allen Poe? OMar de Sargaços, um dos capítulos, será uma homenagem ao reggae, uma alusão corsária, uma ondulada e ondulante meditação pós-colonial, uma paráfrase a Jane Rhys?

Devo dizer que não pretendo ter uma resposta nem julgo interessante essa cômoda classificação por gêneros ou atmosferas de alguma moda.

Este livro está cheio de sinais, de pontilhados exercícios de crueldade, a do mundo rarefeito onde estas personagens se movem. Alcandorado na irrevogável exigência de se demarcar de todas as antinomias, redutoras, enganosas, e alheio aos marcadores genéticos a que o câanon obriga para a jubilação identitária – moçambicaníssima, já se vê - João Paulo Borges Coelho prefere a cegueira dos sábios. No cabo do texto, avesso aos muitos ventos da História, conhecedor dela como é por ofício civil, olha o farol que, como dizia Sebastião Alba, “há séculos /que emite/ sinais indecifráveis”. Percebê-los, adivinhar-lhes ou inventar-lhes sentidos, vem sendo a empresa do autor de “As Visitas do Dr. Valdez”, desses majestosos Setentrião e Meridião onde um mesmo rio os une, masculino e feminino, como exemplarmente nos ensinou.

“Cidade dos Espelhos”. Côncavos? Convexos? Jogo de intersecções de refletidas imagens, floresta de enganos ou caminhos da floresta, os de Heidegger, recolhido na sua cabana depois da queda? Jogo e tensão do desejo como na sequência da Dama de Xangai, com um Orson Welles à procura da sua Rita Hayworth? Os espelhos…. Em Tlon, Uqbar, Orbis Tertius, de Jorge Luís Borges fala-se deles. “Devo à conjugação de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta de Uqbar”, confessa o autor de ficções, onde o texto se inclui. Estava o argentino com o amigo Bioy Casares. “Do fundo remoto do corredor, espreitava-nos o espelho. Descobrimos (a altas horas da noite esta descoberta é inevitável) que os espelhos têm algo de monstruoso. Então Bioy Casares – prossegue Borges – recordou que um dos heresiarcas de Uqbar havia declarado que os espelhos e a cópula eram abomináveis, porque multiplicam o número dos homens”. Também podia ir-se pela mão de Alice, mas deixemos Carroll e a sua dama de copas.

Porque tudo tem um começo, arregalamos os olhos, semi-cerramo-los, névoas e brilhos sucedem-se ante o insólito atentado às portas do Templo. Énoite, uma noite depois daquela, a antiquíssima, e deparamo-nos com o mais insólito atentado. Oautor descreve-o com alguma minúcia: umas bolinhas, que parecem de sabão, umas seringas e uma espécie de gosma, venenosa, presumimos, que três bradas – Caia, Laissone e Jeremias – sopram com uma cana. Terrorismo bacteriológico mas executado como se de uma brincadeira de crianças se tratasse. Em banda desenhada, com recorte ao fundo das colunas em sombra, veríamos a silhueta dos três da vida airada com as canas em pose e as bolinhas flanando – brilhantes ou brilhosas, como preferirem – em contraste com o escuro do mistério e o balão encimando o quadro com a onomatopeia “floc! floc!”. Éisto uma novela futurista?

E que cidade! Reduzida a si, sem topônimo, com uma parte alta, uma parte baixa, um subúrbio com paredes de chapas onduladas, ferinas, segundo o narrador. Um subúrbio assim descrito: “Os escanzelados candeeiros públicos delimitam no seu pé (o pé de Laissone) pequenas ilhas de luz sobre as quais esvoaçam, enlouquecidos, os insectos”.E, como se não bastasse, há ainda o som de um trompete. Énesta triangulação de percursos, com a sempre omnipresente avenida Louise – um achado, volto repetir – que as três personagens correm, fogem, deparam-se com gente estranha – não propriamente zombies – mas algo excêntricas, no sentido etimológico da palavra: avós desfiando o tempo, uma indefinida baba tecida agora de vazios, meninas e generais à varanda da sua obra de plástico. Caia, Laissne, Jeremias, são a única mobilidade acossada. E correm. Quando um deles é aprisionado e tropeça na palavra – para confessar, claro – a palavra é violentada. Apalavra não é da ordem da conotação. Querem-na confessional. O acontecimento tinha de ser com Jeremias. Ele faz, para si o filme breve da sua vida, mas, escreve o narrador, os torcionários “queriam dele uma torrente de palavras dóceis, que se dissolvessem numa certa lógica, mas o que o prisioneiro lhes entrega são palavras que engolem o acto, o transformam em algo que já não é acto mas uma qualquer delirante construção”. “Metáforas?”, pergunta ele, e a inquirição é-nos devolvida. Começamos a coçar a cabeça. Arre!, exclamariam, num certo antigamente da vida, os desaparecidos velhos de uma certa cidade que conhecemos. Mas Jeremias faz como Bartleby, embora o seu “preferia não… “ seja de outra ordem, porque impossível. Então, os “fragmentos de que falava – observa o narrador – são agora esquírolas que tomam conta das palavras, e as palavras são só letras soltas e sangue e guinchos e dentes e baba que excitam os torturadores, e por fim uma massa amorfa que flui devagar pelas comissuras dos lábios desfraldados, sem que seja necessário empurrá-la. Um cálido magma, quando muito um espaço mastigável”.

Grave circunstância nesta cidade futurada, a agrilhoada ou conspurcada condição das palavras. Talvez seja por isso que o som do trompete acentua a melancolia dos seres, enovelados numa espécie de tempo aracnídeo, onde há encarquilhadas mãos como raízes expostas segurando o fio, um fio de Ariadne que, suspeita-se, se perdeu.

Não obstante as vestes ditas futuristas, há nesta “Cidade dos Espelhos” a dimensão da catástrofe tal como a define Aristóteles na sua “Poética”. Cuja, consistia “numa acção perniciosa e dolorosa, como são as mortes em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes”. A catástrofe introduz a perturbação que prenuncia o desfecho, ou o desenlace. “O messias está exangue – escreve o narrador – sem condições para prosseguir o encantamento do mundo. A multidão murmura, relutante em dispersar.”

Desconfio que, no meio dela, anônimo e discreto, um certo poeta, tendo assistido ao julgamento dos personagens, percorrida a avenida Louise, constatado um inusitado frêmito nas estátuas perfiladas, escutado o “lamento sincopado das chapas onduladas”, percebida a seiva inquieta por dentro das árvores sintéticas da cidade alta, esse certo poeta com uma ideia de prosa, preferiu, apesar de tudo apiedar-se da “cidade dos espelhos”. “Por isso – condescende – ela ficará em suspenso, perdida neste jogo de reflexos, enquanto das falhas das paredes e dos passeios, dos frisos dos edifícios e dos castigados olhos das estátuas, não rebentarem novas ervas e destas surgirem as sementes de futuros personagens marchando lentamente em procissão até ao templo das colunas, com as suas cores e os seus rumores”.

Ele é a criança neotécnica, a pedamorfose, de que fala Giorgio Agamben, “a que pode dar atenção àquilo que não está escrito”. E prossegue: “Acultura e a espiritualidade genuína são aquelas que não esquecem esta originária vocação infantil da linguagem humana, enquanto uma cultura degradada caracteriza-se por tentar imitar um gérmen natural para transmitir valores imortais e codificados. (…) Em qualquer parte de nós o distraído rapazinho neotécnico continua o seu jogo real. (…) Só no dia em que essa originária não-latência infantil fosse verdadeiramente, vertiginosamente, assumida como tal, em que se recuperasse o tempo e o menino Aíon fosse distraído do seu jogo, os homens poderiam construir uma história e uma língua universais, já não diferentes, e pôr fim à sua errância nas tradições. Este autêntico apelo da humanidade em relação ao soma infantil tem um nome: o pensamento, ou seja, a política”.

Mas as crianças brincam e podem ser cruéis. Deste originalíssimo livro de João Paulo Borges Coelho, onde o puro jogo de muitos sinais mescla-se com a ironia, terna é ela, onde na rarefacção que o perpassa, a memória institui-se como ágon, e percebe-se uma visualidade que a arte da escrita nos oferece, entre a imobilidade misteriosa de certos quadros de Paul Delvaux e a convulsão interior da Cathédral Engloutie, de Débussy, deste livro pode-se dizer que é um dos mais originais da literatura moçambicana.

Razão tem Nazir Can quando observa que “ a chegada de JPBC produz um saudável abalo no universo literário moçambicano. Estamos certos que a sua escrita, como ocorre com todos os tremores, marcará uma época”.

O autor que me perdoe por citar e falar, não de livros e seus fazedores, mas, seguindo na esteira deste seu entusiástico e competente estudioso, o inclua onde ele, afinal, também está.

João Paulo Borges Coelho é hoje dono de uma obra que, como afirma Nazir Can, “faz da relativização ou mesmo da desmistificação de toda a certeza, principalmente das certezas históricas e causas ideológicas de sentido único, a sua pedra angular. Esta opção, de resto, permite ao autor projetar um olhar novo sobre a História de Moçambique, um olhar que transcende a fácil dicotomia (entre “bons” e “maus”, “colonizadores” e “colonizados”) e que, simultaneamente, evita a facilidade do “indiferenciado no diverso”. Finalmente, JPBC consegue encontrar um caminho original para desenvolver a sua escrita, sem ter que passar pelo filtro de justificações normalmente exigidas ao escritor africano: porta-voz autorizado do lugar; missão social e compromisso político, que sustentam e outorgam sentido à sua vida literária, etc.

Parafraseando Rimbaud, é na liberdade livre que está o compromisso do autor de “Cidade dos Espelhos”. Só me resta saudá-lo com admiração e amizade. E convidar-vos à leitura

Fonte:
Revista Literas (Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona). Maputo, 30 de agosto de 2011. ano 1. n.8. enviada por Amosse Mucavele (coordenador). Propriedade do Movimento Literário Kuphaluxa.

Bertold Brecht (Livro de Poemas)


Para se ler num primeiro dia de maio.

A EXCEÇÃO E A REGRA

Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.

NADA É IMPOSSÍVEL DE MUDAR

Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

TEMPOS SOMBRIOS

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes,
pois implica em silenciar
sobre tantos horrores.

PERGUNTAS DE UM OPERÁRIO QUE LÊ.

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros?

A grande Roma está cheia de arcos de triunfo.

Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes?

Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas

Fonte:
Boletim Guatá

Bertolt Brecht (Se os Tubarões Fossem Homens)


Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não morressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

Fonte:
Boletim Guatá.

Berthold Brecht (1898 – 1958)


Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.

Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. Sua praxis é uma síntese dos experimentos teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.

Brecht nasceu no Estado Livre da Baviera, no extremo sul da Alemanha, estudou medicina e trabalhou como enfermeiro num hospital em Munique durante a Primeira Guerra Mundial. Era filho de Berthold Brecht, diretor de uma fábrica de papel, católico, exigente e autoritário, e de Sophie Brezing (em solteira), protestante, que fez seu filho ser batizado nesta igreja.

Suas primeiras peças, Baal (1918/1926) e Tambores na Noite (1918-1920), foram encenadas na vizinha Munique. Em sua participação no teatro Brecht conhece o diretor de teatro e cinema Erich Engel, com quem veio a trabalhar até o fim da sua vida.

Depois da primeira grande guerra mudou-se para Berlim, onde o influente crítico, Herbert Ihering, chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno. Trabalha inicialmente com Erwin Piscator, famoso por suas cenas Piscator, como eram chamadas, cheias de projeções de filmes, cartazes, etc. Em Berlim, a peça Na Selva das Cidade, protagonizada por Fritz Kortner e dirigida por Engel, tornou-se o seu primeiro sucesso.

Com a eleição de Hitler, em 1933, Brecht exila-se primeiro na Áustria, depois Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e finalmente nos Estados Unidos. Recebeu o Prêmio Lênin da Paz em 1954.

Seus textos e montagens o fizeram conhecido mundialmente. Brecht é um dos escritores fundamentais deste século: revolucionou a teoria e a prática da dramaturgia e da encenação, mudou completamente a função e o sentido social do teatro, usando-o como arma de consciencialização e politização.

As suas principais influências foram Constantin Stanislavski, Vsevolod Emilevitch Meyerhold, Erwin Piscator e Viktor Chklovski.

Algumas de suas principais obras são: Um Homem é um Homem, em que cresce a ideia do homem como um ser transformável, Mãe Coragem e Seus Filhos, sobre a Guerra dos Trinta Anos, escrita no exílio, no começo da Segunda Guerra Mundial, e A Vida de Galileu.

Além dessas, escreveu também Seu Puntila e seu Criado Matti, A Resistível Ascensão de Arturo Ui, O Círculo de Giz Caucasiano, A Boa Alma de Setzuan, A Santa Joana dos matadouros e A Ópera dos Três Vinténs.

Teatro Épico

Não é simples falar sobre o conceito que Brecht tinha do teatro, apesar de ao longo de 30 anos haver escrito ensaios e comentários sobre este tema. Este autor era mais um pensador prático, que sempre recriava suas peças ou "experimentos sociológicos", como as preferia chamar, no intuito de aperfeiçoá-las. Pois era através delas que toda sua teoria, crítica e pensamento seriam expostos.

Além de dramaturgo e diretor, Brecht foi responsável por aprofundar o método de interpretação do teatro épico, uma das grandes teorias de interpretação do século XX. Uma das grandes influências no desenvolvimento desta forma de interpretação foi a arte do ator Mei Lan-Fang, que Brecht acompanhou numa representação em Moscou em 1935.

Descreve Brecht em Escritos sobre Teatro um relato deste ator chinês que informa muito sobre a forma de interpretação no teatro épico, ao representar papéis femininos. Mei Lan-Fang repetira várias vezes numa palestra, por seu tradutor, que ele representava personagens femininos em cena, mas que não era imitador de mulheres. Continua Brecht, descrevendo uma demonstração das técnicas deste ator num encontro, que este ator, de terno, executava certos movimentos femininos, ressaltando sempre a presença de duas personagens, um que apresentava e outro que era apresentado. Brecht sublinha que o ator chinês não pretendia andar e chorar como uma mulher, mas como uma determinada mulher (pg40, vol2).
[editar] Interpretação épica

Segundo Rosenfeld, "Foi desde 1926 que Brecht começou a falar de ‘teatro épico’, depois de pôr de lado o termo ‘drama épico’, visto que o cunho narrativo da sua obra somente se completa no palco" (ROSENLD, 1965, p. 146), é possível inferir, portanto, a importância que a encenação tem para os textos brechtianos. É só através da atitude dos atores, do cenário, da música, dos sons e até do silêncio que seu pensamento se completa, só através destes elementos que seu texto causará o efeito desejado, caso o contrário seu não causará o impacto devido.

No início de sua carreira Brecht estabelece os elementos de uma nova forma de interpretação para o ator. Em, a propósito dos critérios de apreciação da arte dramática, defende o ator Peter Lore de críticas negativas dizendo que uma interpretação gestual levará o público a exercer uma operação crítica do comportamento humano. Afirma que cada palavra deve encontrar um significado visual e através do gesto o espectador pode compreender as alternativas da cena (Peixoto, 1974, 2. edição, pg; 68).

Peixoto descreve que para Brecht a interpretação gestual deve muito ao cinema mudo, principalmente a Chaplin, que elaborara uma nova forma de figuração do pensamento humano (Peixoto, 1974, 2. edição, pg; 68). Esta preocupação levará a que Brecht defina o conceito de gestus na interpretação e montagem de suas peças.
[editar] Influências

Conforme destaca Fredric Jameson, em seu Método Brecht, algumas das inovações propostas pela cena brechtiana são similares àquelas propostas por importantes artistas modernistas no teatro ou em outras artes. Destacam-se entre eles a dramaturgia de Frank Wedekind, influência reconhecida pelo próprio Brecht, o romance Ulysses de James Joyce, as propostas cubo-futuristas de Maiakovski, ou construtivistas no cinema de Sergei Eisenstein e, principalmente, os postulados do diretor de teatro Meyerhold e os procedimentos de colagem nos trabalhos de Picasso.

Willet, por outro lado, reforça o aspecto da construção narrativa em seu trabalho: Com Brecht os mesmos princípios de montagem espalham-se ao teatro pois a forma narrativa do teatro épico seria mais adequada para se lidar com temas sócio-econômicos, evidenciando Willet que a montagem foi a técnica estrutural mais natural na prática artística brechtiana (1978, 110).

Algumas de suas Peças de teatro

Baal 1918/1923
Tambores na Noite 1918-20/1922
Os mendigos 1919/?
O Casamento do Pequeno Burgues 1919/1926
Na Selva das Cidades 1921-24/1923
A Vida de Edward II da Inglaterra 1924/1924
O Homem é um Homem (Mann ist Mann) 1924-26/1926
O Elefante Calf 1924-6/1926
Mahagonny 1927/1927
A Ópera dos Três Vinténs 1928/1928
O Vôo no Oceano 1928-29/1929
A Peça de Baden-Baden 1929/1929
Happy End 1929/1929
Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny 1927-29/1930
Aquele que diz Sim, Aquele que diz Não 1929-30/1930-?
A Decisão 1930/1930
Santa Joana do Matadouros 1929-31/1959
A Exceção e a Regra 1930/1938
A Mãe 1930-31/1932
Os Sete Pecados Capitais 1933/1933
Cabeças Redondas, Cabeças Pontudas 1931-34/1936
Horácios e Curiácios 1933-34/1958
Terror e Miséria no Terceiro Reich 1935-38/1938
Os Fuzis da Senhora Carrar 1937/1937
Galileo Galilei 1937-9/1943
Quanto Custa o Ferro 1939/1939
Mãe Coragem e seus Filhos 1938-39/1941
O Julgamento de Lucullus 1938-39/1940
O Sr Puntila e seu criado Matti 1940/1948
A Boa Alma de Sezuan 1939-42/1943
A Resistível Ascensão de Arturo Ui 1941/1958
As Visões de Simone Machard 1942-43/1957
Schweik na Segunda Guerra Mundial 1941-43/1957
O Círculo de Giz Caucasiano 1943-45/1948
Antígone 1947/1948
O Tutor 1950/1950
Coriolanus 1951-53/1962
O Julgamento de Joana D'Arc, 1952/1952
Turandot 1953-54/1969
Don Juan 1952/1954
Trompetes e Tambores 1955/1955

Fonte:
Wikipedia