domingo, 20 de maio de 2012

Esopo (Fábula 16: As Rãs Que Queriam Ter Um Rei)


Em tempos que já lá vão, quando as rãs viviam à solta nos lagos, elas cansaram-se de não terem governo e pediram a Júpiter que lhes desse um rei que pudesse dizer-lhes o que estava certo e o que estava errado, fazer leis e decretar recompensas e castigos.

Desdenhando a loucura delas, Júpiter atirou-lhes um pau, dizendo com a voz trovejante:

"Eis o vosso rei!"

O pau causou um tal reboliço ao cair na água que as rãs entraram em pânico e dirigiram-se para o lodo, a fim de se esconderem. Passado um momento, uma rã, mais destemida do que as outras, levantou a cabeça, à procura do novo rei.

Até subiu para cima do pau... e as outras seguiram-na. Em breve tinham perdido o medo e isto levou-as a desprezar o seu novo "rei".

"Este rei", disseram elas a Júpiter, "é muito frouxo. Por favor, manda-nos um que tenha autoridade."

Então, Júpiter mandou-lhe uma cegonha e, durante muito tempo, as rãs, vendo o seu longo pescoço, ficaram sem saber se seria uma serpente ou uma cegonha. Então, a cegonha começou a comer as rãs, que fugiram e foram queixar-se a Júpiter, pedindo-lhe que a levasse e lhes desse outro rei.

"Se não estão contentes quando as coisas correm bem", disse Júpiter, "têm de ter paciência quando as coisas correm mal."

Moral da história

Satisfaz-te com a tua situação atual, mesmo que seja má, porque uma mudança pode piorar as coisas ainda mais.

Fonte:
Fábulas de Esopo. Coleção Recontar. Ed. Escala, 2004.

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