sábado, 22 de dezembro de 2012

Antonio Brás Constante (Acredite, Você Também é uma Bomba)


A diferença entre você e uma bomba atômica é que você (até onde se sabe) não dispõe dos mecanismos necessários para partir ou unir os átomos que compõe este seu corpinho de primata com ares de inteligente, fazendo com que eles estourem (independente da quantidade de batata-doce ou repolho que você tenha comido) gerando toda aquela conhecida onda de devastações já apresentada ao mundo durante a segunda guerra mundial e em alguns filmes adorados pelo público e odiados pela critica entendida (composta por alguns poucos e pretensos iluminados que acreditam ter um gosto tão refinado e crítico, que parecem aos nossos olhos leigos como sendo um bando de chatos metidos a intelectuais).

De vez em quando aparece na história de nossa própria história humana algum indivíduo (geralmente ditador, rico e maluco) que, não satisfeito com a impossibilidade de utilizar seus próprios átomos para explodir as coisas, resolve dar ouvidos a sua megalomania interna e começa a brincar de fazer testes com seu arsenal nuclear de estimação, antes que as tais bombinhas percam a validade e tenham de ser jogadas fora, algo que poderia ser encarado com um desperdício do dinheiro público, seja ele ditatorial ou não.

Na teoria louca deste aprendiz de escritor, para poder unir seus átomos e gerar uma poderosa explosão, você teria que ser primeiramente recheado com isótopos de hidrogênio (deutério e trítio) e depois socado dentro de uma bomba atômica (cercado de urânio por todos os lados), e talvez quando ocorresse à explosão da bomba, devido aos fatores que causam a fissão nuclear do urânio, seu recheio de átomos poderia vir a se confundir e se fundir, buscando o caminho inverso da fissão, entrando nessa dança de destruição, desencadeando explosões do mesmo modo que fazem os átomos de hidrogênio digamos “tradicionais” de uma bomba H.

Um átomo de hidrogênio normal (daqueles que não apresentam distúrbios neurológicos por não terem neurônios) tem um próton e nenhum nêutron, já o seu similar, também conhecido como Deutério (que é na verdade um isótopo do hidrogênio), conta com um mesmo próton, porém, já vem equipado com um nêutron, e quanto ao trítio melhor você mesmo buscar informações sobre ele na internet. É justamente estes isótopos que, quando esmagados como se fossem uma banana com canela se unem gerando bem mais energia do que a da tal banana em nosso organismo. E o que sobra desta união, além da colossal energia liberada? Apenas o bom e pacato Hélio (ou algo parecido com isso), que quando utilizado para encher balões de aniversário faz a alegria da gurizada.

Mas quando digo que somos uma bomba, não quero dizer no sentido literal, mas sim no sentido comportamental. Criamos nossas crianças com pensamentos de segregação religiosa, patriótica, e social, entre outras, e ainda chamamos a isto de cultura?

Não nos contentamos em sermos todos terráqueos, temos que nos manter divididos, com divisões dentro de outras divisões, chamando-as de continentes, nações, estados, cidades, municípios, ruas, lares, indivíduos. Achamos-nos superiores as galinhas, vacas e porcos entre tantos outros animais, que sacrificamos todo dia para comer, vestir, caçar, testar medicamentos, de forma atroz e inconseqüente, levando muitos a derradeira extinção. Matamos florestas, pois somos os donos do planeta, ou seria melhor nos chamarmos de parasitas, que se mantêm vivos graças às insignificantes bactérias que residem aos milhares dentro de nós e nem percebemos sua salvadora existência.

Sequer admitimos a hipótese de vida em outra parte do universo, mas ao contrário, acreditamos piamente em reinos do além, feitos para nosso total prazer e felicidade, desde que consigamos fingir uma bondade que não combina com a quantidade de miséria e violência existente neste mundo.

Parece ser mais fácil acreditar em anjos com asas, que libertar dos grilhões da ignorância as asas de nossa própria imaginação, abrindo os olhos para entender o fato que somos filhos da evolução. Nossos átomos já existiam antes de nós e vão continuar imortalizados como poeira das estrelas muito depois de nossa morte.

Algumas religiões acreditam na imortalidade da alma, eu prefiro acreditar na imortalidade do átomo. Talvez você não tenha se dado conta, mas os átomos que compõe seu corpo existem desde os primórdios dos tempos. Lembra da frase: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, ela também diz respeito à matéria que compõe seu corpo. Parte desses átomos podem já ter estado presentes dentro do olho de um dinossauro, nas correntes marítimas, no tronco das árvores, nas patas de um albatroz. Você não foi o primeiro ser vivo a ter estes átomos e muito provavelmente não deverá ser o ultimo.

Enfim, seus átomos estão unidos de tal forma a garantir sua integridade física, se eles simplesmente se soltassem você se desintegraria, se dissolveria como se deixasse de existir, mas seus átomos mesmo pairando totalmente livres da influência do restante de você, ainda existiriam. Eles acabariam se misturando ao ar, as rochas, a relva. Flutuariam ao espaço, voltariam a ser poeira das estrelas.

Fonte:
Blog do Autor
http://abrasc.blogspot.com.br/

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