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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Alaíde Lisboa (1904 – 2006)

Alaíde Lisboa de Oliveira nasce em Lambari, Minas Gerais, em 22 de abril de 1904, filha do farmacêutico João de Almeida Lisboa, político atuante e de Maria Rita Vilhena Lisboa.
Teve 13 irmãos.

Na década de 10, conclui os estudos básicos em Lambari, para continuar sua formação em Campanha (MG). Retorna a Lambari, onde leciona no curso primário.

Em 1924, com a eleição de seu pai a deputado federal, a família muda-se para o Rio de Janeiro, onde realiza estudos da reforma do ensino que lá se processava, solicitada pelo governo de Minas. Alaíde e seus irmãos, especialmente os poetas Henriqueta e José Carlos, passam a frequentar a cena cultural do Rio dos anos 20, que tinha na literatura uma forte alavanca.

Em 1934, em Belo Horizonte, Alaíde diploma-se no Curso Geral da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria da Educação e Saúde Pública de MG, embrião do futuro curso superior de Pedagogia. Em 1936, casa-se com José Lourenço de Oliveira, advogado, professor e escritor, com quem teve quatro filhos. De 1937 a 1957, leciona língua portuguesa. 

O ano de 1938 marca a estreia na literatura infantil com as primeiras edições dos clássicos "A Bonequinha Preta" e "O Bonequinho Doce".  Em 1939 ela lança seu primeiro livro didático, “A Poesia no Curso Primário”, em co-autoria com Marieta Leite e Zilá Frota.

Durante a década de 1940, Alaíde Lisboa elege-se presidente da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais. Em 1947 eleita primeira suplente na Câmara Municipal de Belo Horizonte, assumindo o cargo em 1949, tornando-se a primeira mulher a exercer a vereança em Minas Gerais, apenas 17 anos após a conquista do voto feminino. Jornalista mais intensa desde 1948, à frente do Suplemento infanto-juvenil  “O Diário do Pequeno Polegar”, do jornal “O Diário”, de Belo Horizonte. Nessa época, lança a “Cartilha brasileira para adultos e adolescentes”.

Em 1951, leciona Didática na graduação da Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG. Em 1954 lança “Cirandinha”. Em 1957 conclui o Doutorado em Didática na Fafich/UFMG, assume a direção do Colégio de Aplicação (cargo exercido até 1971) e lança “Mimi Fugiu” e “Meu Coração”, e “Sugestões para divulgação do ensino primário no Brasil”, pela UFMG, além de traduzir e adaptar “Simbad, o Marujo”, para a coleção “As Mil e Uma Noites”.

Em 1959, ela obtém o primeiro lugar em concurso público de cátedra da Universidade de Minas Gerais, e exerce a cátedra de Didática Geral e Especial na Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG.

Na década de 1960, torna-se representante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em Minas Gerais e integra o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Em 1967 lança “Poesia na Escola” (antologia de poemas com orientação pedagógica), e em 1970 é homenageada pelo Colégio de Aplicação da UFMG, que tanta contribuição recebeu da mestra no período em que ela esteve à frente da instituição.

Em 1971, Alaíde organiza e coordena o Mestrado em Educação da UFMG, e lança o livro didático “Comunicação em Prosa e Verso”. Passa a lecionar Metodologia do Ensino Superior na pós-graduação das faculdades de Educação e Medicina da UFMG. Em 1975, ela assume o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação da UFMG. Em 1973, publica a tradução de “Invenção Dirigida – O Mecanismo Psicológico da Invenção”, de Edouard Claparède, pela Faculdade de Educação da UFMG em comemoração ao centenário do autor. Em 1976, sua atuação pública é reconhecida pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, que concede à educadora o título de Cidadã Belo-Horizontina.

Em 1978, lança “Nova Didática”, e no ano seguinte recebe o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na década de 80 lança “Edmar – esse menino vai longe” (1981) e “Gato que te quero gato” (1988), literatura infanto-juvenil; e tem re-editados “Ensino de língua e literatura” (1983), “Meu Coração” (1984) e “O Livro Didático” (1986).

Sua extensa e produtiva atuação como escritora, pedagoga, jornalista e política é bastante reconhecida durante essa década. Foram muitas as homenagens e condecorações, entre elas a Medalha do Mérito Educacional, ofertada pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (1984), a Medalha Helena Antipoff, pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (1985), a Medalha Santos Dumont, pelo Governo do Estado de Minas Gerais (1986) e a Medalha de Honra da Inconfidência Mineira, pelo Governo de Minas Gerais.

Em 1986, Alaíde é eleita membro da Academia Municipalista de Letras, e em 1988 da Academia Feminina Mineira de Letras.

Aos quase 90 anos, continua sua produção pedagógica. Em 1991, lança “Da alfabetização ao gosto pela leitura” pela Imprensa Oficial de Belo Horizonte. Em 1996 é a vez de “Impressões de Leitura”, vencedor do prêmio “Crítica e Interpretação” da União Brasileira de Escritores (1997), e “José Lourenço de Oliveira – Educador”.

Tanta atividade desperta mais homenagens: a Secretaria de Estado da Educação a homenageia com a Placa do Encontro Central de Alfabetização; o Governo de Minas, com a medalha “Centenário do Palácio da Liberdade”, a Fundação AMAE para Educação e Cultura, com a comenda “Lúcia Casassanta”; e a Federação das Indústrias de Minas Gerais, com a medalha “SESI 50 anos / Categoria Cultural”.

Em 1995 vem a consagração à sua atividade intelectual com a entrada para a Academia Mineira de Letras. São apenas quatro mulheres em quase 170 cadeiras, uma delas ocupada no passado por sua irmã, a poeta Henriqueta Lisboa.

Abre o novo milênio com o lançamento de seu livro de memórias: “Se bem me lembro...”, e recebe novas homenagens: a Medalha “Gustavo Capanema – Centenário”, pelo Governo de Minas Gerais, e a Medalha “Coronel Fulgêncio de Souza Santos”, Grau Prata, pela União do Pessoal da Policia Militar de Minas Gerais. Em 2001, a Editora Lê, de Belo Horizonte, lança novas edições de “A Bonequinha Preta”, “Ciranda”, “Cirandinha”, “Como se fosse gente”, “O Bonequinho Doce” e “Outras Fábulas”.

Em 2004, a Editora Peirópolis, de São Paulo, lança “Era uma vez um abacateiro” e “Histórias que ouvi contar”, textos selecionados do livro “Meu Coração”.

O centenário de Alaíde Lisboa vem sendo celebrado pelas mais diversas entidades, entre faculdades, escolas, bibliotecas, academias de letras e casas legislativas. Muitas delas, como a Faculdade de Educação da UFMG e a Academia Mineira de Letras, contaram com a atuação direta de Alaíde em sua vida institucional, enquanto outras se inspiraram em sua produção.

Falece em 4 de novembro de 2006, em Belo Horizonte com 102 anos.

Fonte:
http://alaidelisboa.fae.ufmg.br/conteudo.htm

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Wagner Marques Lopes/MG (Poema histórico: As gerais minas de uma estrada real)

Catas Altas – 
um das localidades da Estrada Real
(Instituto Estrada Real) 
foto Luiz Mascarenhas

Vem lá dos campos de Piratininga
um audaz bandeirante, intemerato:
Fernão Dias Paes Leme, um sonhador!...
Logo ao sul, o primeiro arraial vinga:
Ibituruna – o marco fundador.

Para além do Rio Grande, Paes avança
para alcançar ao norte o Sumidouro...
Esmeraldas!...  O sonho que trazia,
guardando para si toda a esperança
de se apossar da verde pedraria...

Eis a Vila Real de Nossa Senhora
da Conceição de Sabarabussu!...
Na Roça Grande de suaves colinas
a lei é Borba Gato, àquela hora
do nascer social de toda a Minas!...

Em solos de ouro, sob os mesmos céus,
gentes de muitas terras e etnias:
aportam os reinóis, com altas vistas...
São índios, angolanos e guineus...
Baianos, cariocas e paulistas...

Eis Ivituruí – o “Serro Frio” –
na língua dos indígenas locais!...
Lavras do Serro Frio!... Um sino em dobre!...
Há timbres de ouro nas fainas a fio!...
Eis a Vila do Príncipe, tão nobre!...

As bandeiras na Serra do Lenheiro:
lado norte – há ouro, e mais... Ao sul.
Avançam sobre o chão de Tomé Portes
Del Rey – quem por ali chegou primeiro...
Arraial Novo do Rio das Mortes!...

Serro, Diamantina, Pitangui...
Caminhos e picadas a ligá-los -
os núcleos do ouro e dos diamantes!...
Caminho do Sabarabussu ali...
Passagem de Caeté mais adiante.

Caminho Novo!... Ouro em nova estrada -
distante de São Paulo e Paraty.
Em tempo bem mais curto vai-se ao Rio.
Abrevia-se em muito as cavalgadas.
Mais depressa o metal chega aos navios!...

Fulguram Vila Rica, Mariana...
E a Barbacena de sustentação!...
Na Estrada Real, ouro a se escoar...
Lisboa... Londres... Muito se engalana -
“barões assinalados além-mar”!...

A Estrada Real que viu transitar
para o desterro nossos insurgentes,
agora, dá caminho à Humanidade,
que busca conhecer cada lugar
(que o ouro perdeu)... Não a liberdade!...

Fonte:
O Autor

sábado, 19 de abril de 2014

Clevane Pessoa (Diamantes de Trovas)


A arte é a essência plástica
a cada coisa do mundo
— a criatividade é elástica
faz o que é raso, profundo

A empregada, despedida,
Sai triste, trouxa na mão...
Leva no ventre, uma vida
Que é do filho do patrão...

A gestante, carinhosa,
"leva" o bebê, comovida...
Sensação maravilhosa:
Guarda, no ventre, UMA VIDA...

Ajudando a toda gente
amando sem distinção
é que ganha o presente
de ter céu com pés no chão...

A minha alma, em plenitude,
Cheia de luminosidade
Faz-se bela, na quietude
Do amor que se faz saudade...

Ao ver as meias, coitado
o vovô pensa:-"Já sei!
Essas, dei no ano passado
no retrasado, as ganhei..."

As duas rosas do teu rosto
De róseas, brancas ficaram,
Para mostrar teu desgosto
— Já que os olhos não choraram...

As notas interpretando
Com os pés, pernas, mãos, braços,
A moça que está bailando
Vai "escrevendo" com seus passos...

A solidão que me embala
Canta-me tristes cantigas...
Será que o silêncio fala?
Serão as sombras, amigas?

A verdade é mole ou dura
dependendo da impressão
— ou é Bem que assim perdura
ou demonstra a escuridão

Ciúme é flor que não se cheira
Por mera premonição,
— Ainda assim, erva traiçoeira
envenena o coração

Com lucidez peculiar
Quantos "doidos" são mais certos
Que os que pensam acertar
Julgando-se muito espertos...

Deus, que escuta toda prece
Atende meu jardineiro
A roseira floresce
E há gerânios, o ano inteiro...

É minha mãe quem me inspira
Os versos do coração:
De seu amor, sonora lira,
Eu tiro qualquer canção...

Em vão espera um brinquedo
um menininho de rua...
Risca no chão, com um dedo,
um foguete e vai prá lua…

Gatos à noite são bardos
E miam versos para a lua
Dizem que então ficam pardos
Parecem da cor da rua…

Há muito "louco" no hospício
Fazendo tanto escarcéu
Por ter passe vitalício
Nos auditórios do Céu...

Impossível conhecer
Mesmo o presente obscuro:
Tudo pode acontecer
Sem fantasiar o futuro

Meu canto é de Amor e Paz
— Sou humilde passarinho
Que trovas, num leva-e-traz
Sai espalhando, de mansinho...

Meu mar de amor se renova...
— Será que vou conseguir
Na gota de orvalho — A TROVA —
Pôr meu jeito de o sentir?...

Minha rua, que se aclara
Com a luz do sol, nascente,
À tardinha se prepara
E vai dormir com o poente...

Nada é somente difícil
Tudo, mesmo, pode ser.
— O impossível só é incrível
Até quando acontecer...

Não há mulher que não minta
Nos diz um velho refrão...
— Tem gordura sob a cinta
E diz "sim" quando diz "não"...

Nossas máscaras do dia
nem sempre nos fazem mal
a esconder dor ou alegria
de um eterno carnaval...

Nos teus olhos, a luz que arde
Faz meu espírito brilhar...
Fui entendê-los tão tarde!
Agora não posso voltar...

Num mundo de faz-de-conta
O insano, bem contente
Parece dançar na ponta
De uma lança incandescente

Olhando fotos antigas
Tenho saudades de mim:
— Hoje, maduras espigas
Ontem, um frágil jardim...

O peru tomou cachaça
para ficar bem macio...
Borracho, quebrou a vidraça
e fugiu, quente no frio…

Peço a Deus que me transporte
Para uma outra dimensão...
— Aqui, despida da sorte
Sigo só, na multidão...

Qual um cavaleiro errante
Condenado a não parar
O meu sonho é bom viajante
Corre o mundo sem cessar...

Sobe o morro o caixãozinho
Levando o recém-nascido
Morreu sem nenhum carinho
Volta ao céu, sem ter vivido...

Tanta criancinha faminta
estende a mão sem lograr
tocar alguém que não sinta
Asco, sem sequer a olhar...

Veja o riacho, que andando,
Deseja chegar ao mar...
Coitado! Ao mar chegando
Nunca mais há de voltar!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Dáguima Collection - Trova 2

Fonte:
Facebook da autora

Antologia Poética do Jovem Escritor II

Poemas do Ensino Médio

ANTÔNIO DUARTE CABRA
Ensino Médio da Escola Particular Pequeno Príncipe

E se o mundo acabasse amanhã?

Ainda que tentássemos fazer a nossa parte
Ainda que pudéssemos ajudar esse planeta tênue
Mesmo que os insolentes homens se conscientizassem
Será que o planeta permaneceria incólume?

Será que nós poderíamos suscitar uma nova força
Transformar essa humanidade pernóstica
Garantir um futuro melhor para todos?
Ainda assim, seria um grande desafio
É! Desafio! É o que a humanidade realmente precisa
Buscar novos horizontes, dar a volta por cima.
Mostrar que temos o poder para mudar o mundo
E na maior expectativa, poder perscrutar o que é realmente perene.
Podendo assim ser dignos de viver nesse mundo.
Isso mesmo! Tente, faça, e mesmo que não consiga, continue tentando.
Dê o seu melhor
Não deixe que o ambiente em que vive acabe assim tão facilmente.

Afinal, quem ama, preserva!

MARIA LUIZA GUIMARÃES COELHO
Ensino Médio da Escola Particular Pequeno Príncipe

Apenas recordações

Saudades de um tempo que jamais voltará.
Onde os pastos eram verdes,
E ouvíamos pássaros cantantes
As florestas vívidas
E uma natureza exuberante.

O ar puro e limpo
As árvores e a sombra fresca
A água doce e cristalina
A flora bela, a fauna rica,
Retratam sua beleza.

O homem possui desejos
E por estes o ambiente desmata.
Constrói casas e edifícios
E com seu egoísmo,
Não pensa em mais em nada.

O meio ambiente,
Por cuidados hoje implora
Será que o homem não percebe?
Deste, ele só explora.

As paisagens já não são belas
Os pássaros, hoje já não cantam,
As matas já não são mais verdes,
A fauna rica? Hoje não existe mais.
A poluição tomou conta.
A natureza de antes, não voltará jamais.

Agora, o que nos resta,
É o pouco que temos de preservar
Para que este bem tão precioso
De vez não se acabar!

PEDRO QUEIROZ
Ensino Médio da Escola Técnica de Formação Gerencial

Aclamação à natureza

Oh natureza!
Quão triste estás tu
Sem teu verde e o azul
Do teu rio seminu.

Que triste que é ver
Tuas matas à mercê
Do homem na ganância
No dinheiro, sua ânsia.

Sem limites ou compaixão,
Tua vida é exterminada
Com dor e ambição
No princípio da alvorada.

Mas alguns se erguem
Da defesa se servem
Em busca da condenação
Aos que ferem teu coração.

Oh natureza chorosa!
Não lance sobre os inocentes,
A ira de perda dolorosa
Criada pelos homens imprudentes.

Enquanto os homens se esquecem
Que do teu fogo é que se aquecem
Suplica–lhes paciência
E que nossa lição se dê com clemência.

Por fim, eu te faço
A última confissão
Que por Deus eu trago
Teu amor no coração!

BRENDA BATISTA BURMANN
Ensino Médio da Escola Estadual Ione Lewick Cunha Melo

A criação de Deus
 

Deus criou o mundo
Com toda perfeição
O homem com toda sua ignorância
Está destruindo tudo
Sem dar satisfação.

O homem sem perceber
Esta grande perfeição
Não está enxergando o meio ambiente
Acabando com tudo
Para satisfazer a sua ambição.

Criou Deus também os animais
Com infinita inspiração
Cada um para servir o outro
Tornando assim
Uma boa habitação.

Os pássaros voam no céu
Alegrando–nos com sua melodia
As flores com toda sua beleza
Vêm nos trazer harmonia.

Muitos benefícios o meio ambiente nos traz
Por isso não vamos o destruí–lo
Vamos cuidar bem dele
Porque sem ele
Não iremos resistir.

Fonte:
3a. Antologia Jovem Escritor. Academia de Letras de Teófilo Ottoni.
Participação dos estudantes do ensino fundamental, médio e superior classificados no 3º Prêmio Jovem Escritor promovido, em 2013, pela Academia de Letras de Teófilo Otoni, União Estudantil de Teófilo Otoni e o Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Dáguima Verônica (Aquarela de Trovas)

Dáguima Verônica de Oliveira (Santa Juliana/MG)
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A folha seca do galho
promove a sabedoria,
tece a colcha de retalho
no vagar do dia a dia.

A gente sempre se engana,
muitas vezes eu falhei,
esquecia que era humana
e em meu limite esbarrei.

“Água mole em pedra dura,”
- nos ensina a paciência -
“tanto bate até que fura”:
É um tesouro da Ciência.

Amor, senhor da utopia;
tempo, senhor da razão.
Mas, nessa eterna porfia,
sempre vence o coração,

Alargue seu horizonte,
empregue sua alegria,
atravesse a sua ponte
e renasça em poesia!

Analisa a própria crença,
veja a beleza da flor,
sinta seu perfume e pensa:
- A minha essência é o amor!

A noite caminha torta,
sem estrelas, sem luar...
Mesmo assim eu abro a porta,
querendo te ver chegar.

A rosa mais se perfuma
quando o vento a despetala...
Veja, perturbada, a bruma,
simplesmente ela se cala.

A saudade traz nos fios
velha malha já vestida,
de tão gasta pelos “frios”
não mais serve, está perdida.

A vida é uma escola de arte
onde o tempo é o professor
e cada etapa é uma parte
para o artista botar cor.

Com o andar cambaleante
fiz a trilha verdadeira;
não sei dar passo gigante,
porém, sei chegar inteira.

Como o pingo da goteira
a despencar fora de hora,
eu carrego a vida inteira
os sonhos que o peito chora.

Com pincel remanescente
- que  a saudade me legou,
pinto a vida sem presente
que o passado me roubou.

Controlei meu pensamento
e tracei uma divisa,
prendi a força do vento
e dei asas para a brisa.

Dizem:  “Depois da tormenta
sempre aparece a bonança”.
Pense bem e vê se aguenta,
“quem espera sempre  alcança”

Do vale emergi ao topo
da relva virei madeira
do poço fui ao escopo
e em tudo fui verdadeira.

E desde o raiar do dia,
entre rocha, musgo e lua,
vou te fazendo poesia,
morta de saudade sua.

“É na hora da aflição
que  todos lembram  de Deus.”
Veja quanta ingratidão
presente nos filhos Teus!

É na  margem do atoleiro”,
- no ponto de provação,
“que  conhece o cavaleiro”
sem nenhuma distorção.

E “não adianta chorar
sobre o leite derramado”,
aproveite e vá cobrar
de você,  aprendizado.

Eu me lembro, com saudade,
da madrugada de outrora,
mamãe, na extrema bondade:
-“ Filha acorda, está na hora.”

Eu tenho aqui na garganta
o meu grito aprisionado,
não sai porque não adianta
gritar ao velho passado.

Folhas migradas de outono
como os meus sonhos trincados
num chão dormente, sem sono...
vagam, buscando outros prados.

Fugir de mim mesma, ousei,
não pensei nas consequências;
chegando lá não me achei,
eu não tinha referências.

Fui dando tudo que tinha
e como o surrar de um sino
a dor foi somente minha,
nunca culpei o destino.

Injustiça é nosso avesso,
fazemos tudo escondido:
na aparência um endereço
e por dentro o do bandido.

Lágrimas são confissões,
do coração, extirpadas,
rendidas nas emoções,
pelos olhos libertadas.

Na competição da vida
ganha quem sabe parar,
parando,  ganha a corrida
que te leva a caminhar.

Na manhã cinzenta e  fria
um lenço acena no cais,
outro alguém de mão vazia
colhe ao vento os meus sinais.

“Não conte  ovo na barriga
 da galinha” sem saber,
pois  pode haver é lombriga
fazendo-te empobrecer.

Não quero viver em vão,
quero o avesso dessa malha,
tricotar com minha mão
o reverso da medalha.

Não seja sempre medroso,
“se cair, do chão não passa”,
pode até ficar bolhoso,
mas quem ousa não fracassa.

Na paineira do sertão,
- muito longe da cidade,
sabiá, na solidão,
canta o choro da saudade.

No meu rosto que envelhece
vejo um sorriso brilhando
toda mudança é uma prece
que jovem se faz chorando.

No palco rude da vida
é preciso ser palhaço:
Ver chegada em despedida,
 puxar a sorte no laço.

No silêncio do meu grito
ouço a voz da solidão...
Nos meus versos deixo escrito
como está meu coração.

O mal nunca vence a vida,
mesmo que ele a desarrume,
mesmo a rosa fenecida,
Deus recolhe o seu perfume.

Ponha luz no seu caminho,
pinte a estrada de alegria,
deixe um rastro de carinho,
faça um mundo de poesia!

Prenda o mal com sua dor,
faça do fraco o seu forte,
transforme um espinho em flor,
plante a vida onde haja morte.

Quando eu era ainda criança,
inocente, na janela,
eu comprava uma esperança
com uma flor amarela.

Que importa se é noite ou dia?
Olvida, serve e perdoa,
acenda a luz da alegria,
 descubra que a vida é boa!

Saudade barco vazio,
abrigo sem proteção,
esquenta fazendo frio...
É presença sem visão!

Saudade que rasga trilho,
-na cidade eu não me encerro,
me arranque desse cadilho
e me leve a um trem de ferro.

Se eu pudesse rasgaria
a cortina da saudade,
que me impede, noite e dia,
de viver a minha idade.

Se pergunto o que é saudade
quem dela sabe responde:
-  uma dor com caridade,
ora vem ora se esconde.

Serenata tão singela,
fez pra mim, ao fim do dia,
um sabiá, na janela,
celebrando a nostalgia.

Somente “na adversidade
que se conhece os amigos”.
Quando se quer caridade
muitos viram inimigos.

Sou de fases como a lua:
Posso vestir de incerteza,
mas também sei ficar nua,
ao cobrir-me de firmeza.

Tem que existir o conflito
para discernir a paz
não tem silêncio sem grito
nem ordem sem capataz.

Tive o trem como uma escolta:
Da esperança preso ao trilho,
bem mais tarde ele me volta,
no brinquedo do meu filho.

Um grande amor escondido
em cada frase não lida,
em cada letra um pedido:
- Não me tranque eu sou a vida!

GRINALDA DE TROVAS

Analisa a própria crença,
veja a beleza da flor,
sinta seu perfume e pensa:
A minha essência é o amor.

A minha essência é o amor,
meu viver não tem descrença,
tendo Deus como Senhor,
Ele faz a diferença!

Ele faz a diferença,
é campeão de valor;
com AMOR faço presença,
eu sou afeto e calor!

Eu sou afeto e calor
e traço a minha sentença:
- No meu mundo não tem dor,
isso eu herdei de nascença.

A minha essência é o amor,
ele faz a diferença!
Eu sou afeto e calor,
isso eu herdei de nascença.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Clevane Pessoa (Trovas)

A arte é a essência plástica
a cada coisa do mundo
— a criatividade é elástica
faz o que é raso, profundo

A empregada, despedida,
Sai triste, trouxa na mão...
Leva no ventre, uma vida
Que é do filho do patrão...

A gestante, carinhosa,
"leva" o bebê, comovida...
Sensação maravilhosa:
Guarda, no ventre, UMA VIDA...

A honestidade aprendi
com meu pai, honrado e forte
— igual a ele, nunca vi
ser sua filha, é uma sorte...

Ajudando a toda gente
amando sem distinção
é que ganha o presente
de ter céu com pés no chão...

Ajudar a cada irmão
Fazer tudo o que pudermos
— Pois essa é a nossa missão,
Se o crescimento quisermos...

A minha alma, em plenitude,
Cheia de luminosidade
Faz-se bela, na quietude
Do amor que se faz saudade...

Amo com tal amplitude
Que nem tempo, nem espaço
Reduzem a completude
Transmitida quando abraço

Ao bom Deus, Mariazinha
Pede para devolver
Sua Santa mamãezinha
Que morreu pr’a ela nascer...

Ao ver as meias, coitado
o vovô pensa:-"Já sei!
Essas, dei no ano passado
no retrasado, as ganhei..."

Apesar das tempestades
Meu espírito cansado
Tem reservas de amizade
Pra cada momento errado.

A primeira vez da gente
É gravada por demais!
Mas é como estrela cadente
Que ao céu não volta jamais...

As duas rosas do teu rosto
De róseas, brancas ficaram,
Para mostrar teu desgosto
— Já que os olhos não choraram...

As notas interpretando
Com os pés, pernas, mãos, braços,
A moça que está bailando
Vai "escrevendo" com seus passos...

A solidão que me embala
Canta-me tristes cantigas...
Será que o silêncio fala?
Serão as sombras, amigas?

Às vezes, o Amor, querida
Pode matar a ilusão...
O sol, que dá luz e vida
Traz desgraças ao sertão...

Às vezes, te trato mal
Por coisas tolas, banais
— E até zangada, afinal
Te quero cada vez mais...

A verdade é mole ou dura
dependendo da impressão
— ou é Bem que assim perdura
ou demonstra a escuridão

Ciúme é flor que não se cheira
Por mera premonição,
— Ainda assim, erva traiçoeira
envenena o coração

Com lucidez peculiar
Quantos "doidos" são mais certos
Que os que pensam acertar
Julgando-se muito espertos...

Com uma luz interior
que os "normais" não podem ver,
o cego tem um pendor
para "enxergar" o prazer...

Deixe o orgulho, minha gente...
Abandonem tal pecado!
— No acerto, é ficar contente!
No erro, entender o recado!...

Dentro de mim, choro tanto
— E sorri tanto, o meu rosto!
— Em riso, torno meu pranto,
Para ocultar meu desgosto...

Deus, que escuta toda prece
Atende meu jardineiro
A roseira floresce
E há gerânios, o ano inteiro...

Deve-se amar aos doidinhos
São filhos de Deus, também
Agem como os passarinhos
Não fazem mal a ninguém...

É minha mãe quem me inspira
Os versos do coração:
De seu amor, sonora lira,
Eu tiro qualquer canção...

Em vão espera um brinquedo
um menininho de rua...
Risca no chão, com um dedo,
um foguete e vai prá lua…

Eu fico presa, extasiada,
Nas folhas daquele galho,
Pois amo o que é quase nada
Como o cristal do orvalho...

Eu sou sempre adolescente
Recriando quase tudo
— Inquieta, mas resiliente:
Aço puro, com veludo...

Eu vivo há uns tantos anos
— De angústia, seculares –
Sofri tantos desenganos
Que fiquei imune aos pesares...

Fui "bruxa", ou fada, sabendo
Com as ervas curar doentes,
Bebês à luz, vim trazendo
Fiz brotar muitas sementes...

Gato pardo e belicoso
Arqueia o corpo robusto,
Projeta as unhas, raivoso
Vira um puma no seu susto

Gatos à noite são bardos
E miam versos para a lua
Dizem que então ficam pardos
Parecem da cor da rua…

Há gente que vale nada
— Rouba ideias, trai amigos
Fazendo os outros de escada,
Ocupando seus abrigos...

Há muito "louco" no hospício
Fazendo tanto escarcéu
Por ter passe vitalício
Nos auditórios do Céu...

Há no mistério da fome
este mistério profundo:
É Cristo quem se consome
Em cada pobre do mundo...

Impossível conhecer
Mesmo o presente obscuro:
Tudo pode acontecer
Sem fantasiar o futuro

Jamais terei um presente
qual o que desejo mesmo:
a presença que está ausente
porque no céu caminha a esmo…

Jardineiro os segredos
Das rosas, tem o ceguinho
— "Eu tenho olhos nos dedos
Sei contornar cada espinho"...

Mentiste sempre, é verdade
— Nunca me amaste, afinal!...
Mas não quero a realidade
Mente mais, que não faz mal!...

Meia dúzia de gatinhos,
uns nos outros, enroscados,
são novelos bem quentinhos
parecem interligados

Meu canto é de Amor e Paz
— Sou humilde passarinho
Que trovas, num leva-e-traz
Sai espalhando, de mansinho...

Meu coração galopante
Deixa-me às vezes, sem ar
Por tudo que é discrepante
Do meu jeitinho de amar...

Meu Deus, por que sofro assim,
Pardal em boca de gato?
Se não tens pena de mim,
Como ser intimorato?...

Meu mar de amor é abissal
Insondável, pois profundo:
— Esconde-me assim do Mal
E das invejas do mundo...

Meu mar de amor se renova...
— Será que vou conseguir
Na gota de orvalho — A TROVA —
Pôr meu jeito de o sentir?...

Meu pai, menino crescido
Brinca mais que meus irmãos
— Meu coração, comovido
Vê os calos em suas mãos...

Meu pai tem vista apurada
excelente pontaria...
mas jamais matava nada,
pela sua filosofia...

Meu sobrenome é pessoa
— Uma luz a me nortear:
Ser leal, ser muito boa,
a ninguém prejudicar...

Minha mãe!... Quanta saudade
Da passagem, pela Terra,
De quem me ensinou a bondade
E o perdão – que a paz encerra...

Minha rua, que se aclara
Com a luz do sol, nascente,
À tardinha se prepara
E vai dormir com o poente...

Nada é somente difícil
Tudo, mesmo, pode ser.
— O impossível só é incrível
Até quando acontecer...

Nada pode contestar
O poder da natureza
— Nem o homem a reinventar
O que Deus fez com certeza!

Não desejo nunca o Mal,
mesmo a quem mal me trouxe
A bondade é bambuzal
de mil folhas e som doce...

Não fiquei gorda, nem chata
Ao passar para a meia-idade
Sonho sempre — e intimorata
Sigo, sem indignidade…

Não há mulher que não minta
Nos diz um velho refrão...
— Tem gordura sob a cinta
E diz "sim" quando diz "não"...

Não me atingem as palavras
De calúnia ou de desdém...
Infâmia, tu não me cravas
As invejas de ninguém...

Não tendo, medo de nada,
Vivo porém escondida,
Ocultando essa espada
Que faz-me sangrar a vida...

Na tristeza da saudade,
O coração faz queixume:
Fugiu-me a felicidade
Vai-me chegando o ciúme...

Nenhum carnaval da Terra
traz de volta os que se vão
-a saudade nos encerra
em um fechado salão…

Nesse muros, tão pixados,
Vejo os conflitos do povo
— E sinto que os desgraçados
Querem ser "homens"... De novo!

No mistério dos vitrais
Há captação da energia
Que o Cosmos, às catedrais
Manda em plena luz do dia...

Nos opostos, a atração
Forma, às vezes, completude
Mas noutras, há combustão
Ou barulho em plenitude...

Nossas máscaras do dia
nem sempre nos fazem mal
a esconder dor ou alegria
de um eterno carnaval...

Nossos erros nos apontam
Novas trilhas nos caminhos
E os acertos só despontam
Se afastamos os espinhos

Nos teus olhos, a luz que arde
Faz meu espírito brilhar...
Fui entendê-los tão tarde!
Agora não posso voltar...

No verão, canta a cigarra.
Hino à vida, sem razão,
Pois a vida a que se agarra
Finda em meio da canção

Num mundo de faz-de-conta
O insano, bem contente
Parece dançar na ponta
De uma lança incandescente

O amor materno é meu ninho
— É fogo que não se acaba
— É canto de passarinho
Mesmo se a chuva desaba...

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http://issuu.com/wichaska/docs/trova_brasil_15_-_clevane_pessoa

Clevane Pessoa (1947)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes, nasceu em São José do Mipibu, Rio Grande do Norte, em 1947, filha de Lourival Pessoa da Silva e Terezinha do Menino Jesus da Silva.

Trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-Mg, nos Anos de Chumbo, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária Clevane Comenta, entre outras- na Gazeta Comercial.

Aos dezesseis/dezessete anos, foi a redatora chefe de Voz das Mil, jornal Literário do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Sua  primeira resenha foi publicada na Revista da Presidência, em 1964. Depois, escreveu em jornais por onde passou.

Radicou-se em Belo Horizonte ao se casar com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, que então trabalhava na Via Expressa em viadutos e passarelas.

Tendo iniciado Psicologia no CES (Centro de Ensino Superior) de Juiz de Fora, então formou-se na FUMEC desta capital (Belo Horizonte).

Acompanhou o marido a S. Luiz/MA, São Paulo/SP, depois a Belém/PA.

Retornou a Belo Horizonte em 1990.

Foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, entre outros, como A Voz de Rio Branco, de Visconde de Rio Branco, MG, onde mantinha “A Voz da Mulher”.

Escreveu na revista "o Lince" e em outras. Atualmente, é psicóloga, ilustradora, palestrista e oficineira de Poesia e Conto.

Até aposentar-se, trabalhou na Casa da Crinaça e do Adolescente do HJK, que fundou e coordenou (SAISCA-Serviço de Atendimento Integral ao Adolescente, seu projeto criado em S.Luiz Maranhão , encampado pelo Ministério da Saúde, tornado OS a posteriori) e levado a Belém , Pará, de 1996 a 1990, quando retornou a BH/MG).Esse projeto, alcança Poesia e Artes, crianças, adolescentes e família, além de atendimento à saúde.

Em 1993, participa intensamente, pelo HJK, com a seção de Psicologia, da organização do Congresso Internacional L’espoir sem Frontiers(Esperança Sem Fronteiras).No evento, desenvolveu uma oficina sobre família e participou de mesas.

Tem livros de poemas publicados:
Sombras Feitas de Luz ;
"Asas de Água"( pela Plurarts),
"A Indiazinha e o Natal"( Edições Haruko) ;
"Partes de Mim"( R & S Gráfica e Editora) ;
"Olhares teares,saberes",(Edit.Popular, S,Luiz-MA);
Erotíssima (selo Catitu);

Seu livro Mulheres de Sal, Água e Afins, publicado pela Urbana Editora, RJ/Libergráfica BH.), reúne contos com protagonismo feminino.

Seu livro "O Sono das Fadas" (selo Catitu-BH) foi lançado na Bienal do Rio em 2009 e em vários espaços e cidades. Em 2011, foi relançado na Livraria Leitura do BH Shopping. Nesse ano, pela Pragmatha, do RS, publicou CENTAURA-poemas .

É verbete no Dicionário de Afrânio Coutinho e no Dicionário de Mulheres de Hilda Huber Flores(RS)

Possui capítulos em co-autoria (Homossexualidade e sexualidade do Adolescente,no compêndio "Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais", Edit Arte Med(RS).

Em novembro de 2011, nos III Juegos Florales do aBrace, lança "Lírios sem Delírios", com poemas e desenhos, alguma poesia em espanhol, a maioria em Português, Editora aBrace.

É consultora de teatro, revisora de textos, roteirista de peças teatrais.

No ano de 2007, completou 50 anos de Poesia, pois começou a escrever, publicar e fazer saraus aos dez .

Foi, pela” excelência da obra”, agraciada com o título de” Poeta Honoris Causa", do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa, para oito países lusófonos. O título foi concedido por sua Presidenta, a poeta Silvia de Araújo Motta e entregue por Conceição Piló (curadora do Palácio da Liberdade, nesta capital e diretora, em MG, da IWA), no evento “Poesia é Ouro”, em sua homenagem, que aconteceu no Centro de Cultura Belo Horizonte Março/2007), organizado por Karina Campos.

Em maio de 2009, recebe o título de Doutora Honoris Causa em Filosofia (Ph.I.), em sua posse na ALB/Mariana.

Pertence à REBRA, Rede Brasileira de Escritoras, tendo sido convidada por Joyce Cavalccante, sua presidente, para representar a REBRA em MG.

É patronesa da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, do virARTE.

Membro da IWA (Estados Unidos) .

Pertence à Rede Catitu de Cultura, é colaboradora da ONG Alô Vida. Por premiações em concursos, pertence ao CLESI(Clube dos escritores de Ipatinga);

Chanceler da Arcádia Litterária de Aracaju. , Membro Honorário de Mulheres Emergentes, Conselheira do Instituto Imersão Latina.

Estudou na SBAAT – Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras, aluna de Clério de Souza, o presidente da entidade. Ilustrava seus textos e de outros autores, em sua página na Gazeta Comercial (Juiz de Fora, MG).

Ilustrou, a bico de pena, "100 Trovas de Juiz de Fora" – Programa Contraponto.

Participou da primeira mostra de arte da FUMEC, quando concluía a faculdade de Psicologia.

Em eventos na Semana da Mulher e da criança, expôs no HJK, em Belo Horizonte, posteres e poemas ilustrados.

Fez 30 capas de pano para a edição artesanal de "Maldita Perfeição", de Jairo Rodrigues.

Ilustrou, revisou e fez a divulgação de "Estalo, a revista", onde escrevia .Ilustrou ainda o espetáculo “Completa Ceia", de poesia erótica, "Brincando de representar', de Virgilene Araújo e outros.

Fez 25 desenhos para a III Edição do "Original-Livro de Artistas", no tema "A Forma do Pote vazio, tendo um dos desenhos apresentado no Palácio Galveias, em Lisboa, em maio de 2010.

Ilustrou seus livros "Asas de Água", Poesias-Edit.Plurart e "Mulheres de Sal, Água e Afins"(contos-Edit.Urbana , Rio de Janeiro/Libergráfica.).

Em 2011, lançou, pela Editora aBrace – da qual é representante em Belo Horioznte-MG- "Lírios sem Delírios, de Poemas, que também traz suas ilustrações.

Desde março de 2009, a mostra Graal Feminino Plural, com seus desenhos e poemas, sobre questões do gênero feminino, circula, a partir da Galeria da Árvore (MUNAP_Parque Municipal Américo Renê Gianetti) , para os Centros Culturais de Belo Horizonte(Pref.Munic.) e Regional Oeste.

A mesma também faz parte, em 2010, do festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, no largo das Forras-Espaço Cultural. Banco do Brasil.

Participa de recitais, saraus com leituras e performances de textos.

Humanista, sempre lutou pela criança, família, mulher e adolescentes, sendo pioneira nas ações brasileiras pelo atendimento integral, multidisciplinar à criança e à adolescência (desde os Anos 80).

Pelo Ministério da Saúde, ministrou oficinas em vários Estados brasileiros, quando trabalhava no Hospital Júlia Kubitscheck, no Barreiro de Cima, onde coordenou e criou a Casa da Criança e do Adolescente, com equipe multidisciplinar. A pedido do MS, organizou no HJK, o I Seminário Brasileiro de Saúde Reprodutiva e Sexualidade na Adolescência, no qual foi ainda palestrista, mediadora, debatedora e oficineira de sexualidade humana..

Possui vinte e dois e-books, quatro dos quais infantis, um de memórias, um ensaio, os demais de poesias, gêneros vários ( os e-books podem ser baixados gratuitamente no Recanto das Letras, no site da AVBL e na Vila das Artes, além de Cá estamos Nós e recentemente, no ISSUUM, disponibilizou , pela Catitu, seus livros Erotissima e O sangue das Fadas.

Participa ocasionalmente ou com frequencia dos jornais e revistas virtuais zaP (São Paulo) , DESTAQUE,Revista Nota Independente, Guatá, Gaceta Literália, Isla Negra (Argentina) , aBrace, Varanda das Estrelícias (Portugal) ,Caderno Literário (Pragmatha/RS) ,entre outros.

Possui uma antologia poética em www.direitoepoesia.com e participa de várias coletâneas virtuais , inclusive várias de BLOCOS ON LINE, entre as quais, por três vezes, da SACIEDADE DOS POETAS VIVOS.

Seus textos e poesias estão hospedados em revistas e jornais brasileiros e no Exterior. As páginas mais recentes foram o mini-conto "O Gato", na revista internacional ABRACE (Uruguay- Brasil), artigo sobre Cecília Meirelles ; ensaio A Casta da Dança ,entre outros.

A convite, seu artigo "A Casta da Dança", foi publicado no no Caderno de Dança 2, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora,em Portugal.

Colabora e é colunista virtual , inclusive possui uma escrivaninha em www.recantodasletras.com, onde disponibiliza seus textos. Seu site pessoal é http://www.clevanepessoa.net.blog.php

Luta pelos Direitos Autorais, pela propriedade imaterial, pelas minorias carentes, pela ecologia, e, sobretudo, pela PAZ em todos os níveis.

É Dama da Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze, delegada de “A palavra do Século XXI, membro da SPVA(Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, do RN) , do virArte, acadêmica correspondente de várias academias e outras instituições.

Gravou 48 horas de vídeos para o Projeto Educativo” Saúde, Vida , Alegria, CECIP /Kellog”, sendo responsável por Metodologia Participativa e pelas oficinas com adolescentes de várias classes sociais, institucionalizados, feirantes, mães –meninas, moradores de favelas, classe A etc.

Participa de mais de cem antologias, por mérito em concursos , convite ou por cooperativismo entre escritores e editoras.

No início de 2007, duas mais recentes são Letras de Babel e CuentoGotas, da editora ABRACE, lançadas no VIII ENCONTRO INTERNACIONAL ABRACE (março 2007), em Montevidéu (UY), onde esteve com Ricardo Evangelista e Sueli Silva com o espetáculo “Poetas Quae será Tamen", no qual apresentou, com os artistas, a performance “Predição”. Depois , em Roda ao Mundo 2007, Poetas do Brasil,– Antologia do Proyecto Sur (RS) – neste ano de 2009,participa das antologias aBrace, inclusive a comemorativa dos dez anos desse Movimento Cultural, tendo recebido o troféu aBrace ( pelo ano de 2008), por sua atuação pela cultura e modus vivendi.

Em 2007, comparece com vinte e cinco desenhos no "Livro dos Artistas", projeto de Regina Mello, chamado ORIGINAL . Em 2009, realiza a mostra "Graal Feminino Plural", de desenhos e poemas, atualmente em circuito pelos Centros Culturais de Belo Horizonte.

Em 2011 participa de coletiva do SIAPEMG_Sindicato dos Artistas Plásticos de MG, a convite da organizadora, Iara Abreu, com poemas e desenhos a bico de pena.

Premiada no Brasil e no Exterior em versos e prosa.

Entre os muitos prêmios, destacam-se:
primeiro lugar de Crônica, Troféu Dormevilly Nóbrega ;
Primeiro Lugar de Conto Livre, prêmio Ex-Aeqüo, no ALGARVE, em Portugal, XXIII Jogos Florais.
Recebeu em 2009 o Prêmio mais importante do aBrace, pelo seu trabalho cultural .
Em 2009, teve o poema "O Chão da Nossa terra" classificado em primeiro lugar no FESTINVERNO (Ouro Preto, Mariana).

Em 2010, foi a escritora convidada para o I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Nartal/RN e recebeu uma placa pela sua contribuição à Língua Portuguesa (UCCLA e Capitania das Artes). A seguir, foi homenageada na Câmara Municipal de São José de Mipibu, sua cidade natal.

Em 2009, tomou posse na ALB, Mariana, na qualidade de acadêmica fundadora, Cadeira 11, Laís Corrêa de Araújo, quando recebeu o título de Filósofa Imortal, Doutora Honoris Causa, PH.I, pela ALB/CONALB. E, no mesmo ano, também tomou posse na cadeira n.5, Cecília Meirelles, na AFEMIL, (Academia Feminina de Letras-Belo Horizonte, MG), para a qual foi votada em novembro de 2008.

Integra a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, de Natal/RN e tem acervo no Memorial da Mulher, da mesma capital, tendo sido convidada para em breve tomar posse na Academia Feminina de Letras do RN.

Em 2010 tomou posse como Acadêmica Correspondente na ALTO-Teófilo Otoni-MG.

Em 2011, tomou posse nas Academias Menotti del Picchia (membro correspondente), no PEN Clube de Itapira, na academia Pré Andina de Artes, Cultura y Heráldica .

Em novembro, tomou posse na AILA, Academia Itapirense de Letras e Artes, na qualidade de Membro Correspondente Titular, cadeira 05, patronímica de Luiza da Silva Rocha Rafael

Em 2009, lançou Olhares, Teares Saberes, pela Edit.Popular, de S.Luiz, Maranhão, que foi apresentado na Bienal do Livro-Rio de Haneiro/2009.

Também lançou O Sono das Fadas (já em e-book), nesse evento, para crianças de todas as idades e Erotíssima, ambos pelo selo Catitu.

Representa a Rede Catitu, o Alô Vida, Mulheres Emergentes.

Em 2010/abril recebeu placa da UCCLA/Capitania das artes, em Natal, RN, no I Encontro de escritores de Língua Portuguesa, sendo a única mulher dos quatro autores homenageados.

Em junho 2010, foi personalidade do Ano-Taubaté/SP e em novembro, Destaque Brasil 2010.

Em novembro de 2010, recebeu a Medalha Tiradentes/FALASP/JF.

Faz parte dos Poetas pela Paz e Pela Poesia e é Consultora de Arte da AMI (Associação Mineira de Imprensa).

Em 2011, recebe a Medalha de Recompensa à Mulher-GOB-RJ, através da ALB/Mariana;

Vem participando de Poetas do Brasil do Proyecto Sur, nos números pares.Por premiação, seletiva ou cooperativismo, participa de mais de noventa antologias.

Cônsul Poeta Del Mundo,
Embaixadora Universal da Paz (Cercle Univ.de Les Ambassadeurs de la Paix-Genebra, Suiça) ;
Poeta Honoris Causa pelo CBLP,para oito países Lusófonos , Patroness da AVSPE ;
Diretora regional do inBrasCi (Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais) em Belo Horizonte ,integra a rede Catitu” na “Núcleo de Entrevistas Clevane Pessoa entre Pessoas,
Representante do Movimento Cultural aBrace (Uruguai Brasil), na capital mineira
Delegada da ALPAS XXI por MG e Bahia.
Presidiu, a convite do fundador da UBT , Luiz Otávio, a seção de Juiz de fora, MG, nos Anos 60, onde também foi empossada no NUME, Núcleo Mineiro de Escritores, após receber seu primeiro prêmio Literário (primeiro lugar de crônica, Troféu Domervilly Nóbrega, )
Pertence à Academia de Trovas do RN desde 1968
e a outras Academias Literárias , na qualidade de Membro Correspondente.

Mantém dez blogs de divulgação culturais, alguns específicos(por ex, para indígenas, para crianças, entrevistas,e tc)

Alguns Livros publicados:

Poesia:
Sombras Feitas de Luz (editora Plurarts);
Asas de Água (Editora Plurarts);
A Indiazinha e o Natal (Ed.Haruko);
Partes de Mim ( RGD Ed.)

Prosa:
Mulheres de sal, Água e Afins – de Contos, em editora do Rio de Janeiro (Urbana) e Libergráfica Editora em Belo Horizonte.
Olhares, Teares, Saberes (selo edit.Popular-S.Luiz-MA)- lançado na Bienal do Livro/Rio
Erotíssima (Selo Catitu) -lançado na Bienal do do Livro /Rio
O Sono das Fadas (Selo Catitu), para crianças até 100 anos-Lançado na Bienal do Livro do Rio.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Wagner Marques Lopes (Esgrima da Trova Contra A Dengue)

Lata e vidro a céu aberto...
Tempo de chuva que vem:
Triste cenário!... por certo,
Algo que à dengue convém!
-
São criatórios – mais nada –
Donde a dengue tem partida:
Caixa  dágua destampada
E uma piscina esquecida.
-
Escolha o destino exato
Para os  montes de sucata;
Ou a dengue, sem recato,
Vem até nós...  e nos mata!
-
Aquele que sempre joga
O lixo em qualquer lugar
É o desleixado que roga:
“ – Venha, dengue, me atacar!”.
-
Saneando nossas casas,
Sem lixo na vizinhança,
Mosquito não cria asas,
A dengue jamais avança.
-
Sucata empoçando chuvas -
à dengue, bom ambiente,
onde ela cresce... E põe luvas
para atacar muita gente!
-
Fonte:
O Autor
Imagem =montagem por José Feldman com imagens obtidas na internet

domingo, 8 de dezembro de 2013

Folclore de Minas Gerais (Lenda da Serra do Caraça)

O cacique Ubiratã, cujo nome designava o branco lenho com que os índios fabricavam lanças, ao morrer, deixara dois intrépidos e robustos filhos — Ubajara, o canoeiro, e Tatagiba, o braço de fogo.

A viúva adoecera de desgosto pela morte de Ubiratã. Os filhos tinham ido aos pajés rogar lenitivo para a mãe doente, e não houve remédios de plantas que a curassem. E era o anjo daquela taba.

— Há um só meio de restabelecer-se — advertiu o mais velho dos pajés. Ir à região das abelhas sabarás e, nas cercanias, procurar três coisas: ouvir a árvore que tem harmonias, ver o pássaro azul que diz coisas misteriosas e trazer um pouco d’água das fontes de ouro. Têm essas águas a propriedade mágica de curar as doenças mais rebeldes. Mas cuidado ali porque há monstros que encantam a gente!

Tatagiba, o mais moço, partiu à procura do remédio aconselhado pelo pajé.

Atravessou as matas. Veio surgir onde sabia existirem as abelhas sabarás. Num recanto, sobre um arbusto que se debruçava para o rio de águas doces, descobriu Tatagiba uma araquara, o esconderijo dos papagaios. E, com surpresa, viu o papagaio azul indicado pelo ancião. Realmente, aquele pássaro conhecia a língua dos tupis.

— Deve ser esta a região maravilhosa! — exclamou Tatagiba enlevado, porque ali também via as fontes de água de ouro. De cansado sorveu um pouco daquela água. E o murmúrio do vento lhe trouxe aos ouvidos sons delicadíssimos, partidos do seio da floresta.

Acompanhou aqueles sons misteriosos, com o intuito, igualmente, de apanhar alguma caça furtiva, e de súbito sentiu-se agarrado por grande mão de monstro, que o fazia crescer, crescer desmesuradamente como outro gigante e o prostrou de costas para o chão, encantado em enorme serra cor do céu — o morro da Piedade. Montanha de ferro, porque forte como ferro ou itaúna fora a resistência de Tatagiba. Ficou resplandescendo ao longe. E mais tarde chamaram-lhe, por isso, monte do Sabarabuçu — ou grande montanha brilhante.

Ubajara notou que o irmão havia três meses não regressava à taba.

— Pajé, meu irmão desapareceu…

— Bem o previ — acudiu o velho mago. Ficou talvez transformado em montanha, como sucedeu a tantos guerreiros que para ali partiram. E tu tens coragem?

— Tenho.

— Pois bem, vou dar-te um óleo perfumado que te livrará de todo o perigo e poderá encantar o monstro mais astuto. Basta derramar uma gota e o perigo ficará inteiramente afastado.

Ubajara partiu. Muniu-se da clava, da flecha ligeira e do óleo mágico, dado pelo pajé. Chega ao local das abelhinhas sabarás. E admira-se: o lindo pássaro azul que fala em lingua tupi! Vê em frente a si onça feroz. Mas, a uma gota de óleo derramado, o jaguar escapa num relance.

— Ah! exclamou contente. Deve estar aqui perto meu irmão Tatagiba, porque vejo o pássaro azul e lhe escuto a fala misteriosa. Às praias deste rio acorrem fontes de água puríssima, de sabor inigualável.

Nota grupiaras e percebe brilhar entre os cascalhos algumas pepitas de ouro. Esta água seria, por certo, a água salvadora.

Nisto, uma voz ressoa do bosque:

— Ubajara, sou teu irmão Tatagiba. Aqui estou, encantado nesta serra enorme, depois de tornado gigante pelas mãos daquele monstro que viste deitado, na tua viagem. Costuma ficar com o rosto para o alto. Na volta, põe-lhe por cima teu óleo perfumoso, e êle ficará para sempre ali petrificado, como eu.

Ubajara chorou de saudades e não teve palavras para responder! Toma daquela água das fontes de ouro e ruma com destino à taba de seus pais. Ao transpor a montanha derrama uma gota do misterioso óleo, sobre o monstro que dormia, e o Caraça fica transformado em rocha imóvel. Parecia um grande rosto de pedra voltado para o azul.

* * *

A mãe de Ubajara conseguiu restabelecer-se com a água trazida pelo filho. E resolveu morar ao pé do Sabarabuçu, para escutar o doce marulho das águas, como ecos de saudades.

Quiseram fazer-lhe companhia duas velhas indias. Acomodaram-se nas fraldas da serra, na enseada do cruzamento dos rios. E os posteros deram àquele rio o nome de Rio das Velhas. Significaria o rio das águas de ouro, cujas margens falava misteriosamente o pássaro azul, em sons divinais da mata.

Parecia à boa mãe de Ubajara rever a Tatagiba, quando faiscavam raios de ouro sobre o dorso da serra de cor cinza, e considerava o filho, petrificado, num repouso de relvas.

Todos que dali passavam viam, naquele famoso recanto, o símbolo monumental de um coração de ouro em peito gigantesco de ferro.

Essa região devia retratar mais tarde o caráter meigo de um povo enérgico.

Fonte:
Pe. Armando Guerazzi: Lendas e Fábulas Indígenas. Revista de Cultura, Ano XII, 1938, Rio de Janeiro. In Anísio Mello (seleção). Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 1962

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Oswaldo Abritta (Jardim)

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Oswaldo Abritta (1908-1947)

Nasceu no distrito de Cataguarino, município de Cataguases, filho de Boaventura José Abritta e Ana Lopes do Nascimento.

Fez o curso médio no Ginásio Municipal de Cataguases, hoje Escola Manuel Inácio, onde teve intensa atividade literária no Grêmio Literário Machado de Assis e publicou poemas em vários jornais da cidade.

Participou em 1927 da criação da Revista Verde, como poeta. Formou-se em Direito, exerceu a advocacia e foi juiz de direito em Guarani e Carandaí (MG).

Obra póstuma: Versos de ontem e de hoje (editado por seu filho Luiz Carlos em 2000) escrito em 1931.

Fonte:
http://joaquimbranco.blogspot.com.br/2008/02/oswaldo-abritta.html

Luiz Carlos Abritta (Caderno de Trovas)

As tuas mãos - que brancura
 -que bonito de se ver,
 pois elas têm a ternura
 dos lírios do amanhecer.

Aos jovens dou um conselho,
 nesta vida tão incerta:
 não se olhem tanto no espelho
 pois Narciso é morte certa!

Ao teu prazer eu me entrego
 - seja lá o que quiseres –
 pois te escolhi, eu não nego,
 entre todas as mulheres.

Casaste. Triste eu sofria,
pois vestiste, bem contente,
a camisola macia
que eu te dera de presente!

Com seu amor eu me aqueço
 e sempre me recomponho;
 só por isso eu lhe ofereço
 a vigília do meu sonho.

Desde que tu foste embora,
 tua saudade é açoite
 que já começa na aurora
 e dói mais durante a noite !

Dessa forma Cristo pensa:
"maior será o perdão
quanto maior for a ofensa".
- Que bela e sábia lição!!

De todo "não" que me deste,
 o que mais triste me fez
 foi aquele que disseste
 disfarçado num "talvez".

Do meu verso é sempre a fonte
 essa cidade lendária
 chamada Belo Horizonte,
 a Capital centenária!

Do simples pó eu procedo,
 sei que a ele hei de voltar;
 a vida não tem segredo:
 é um eterno retornar.

Em cada nota eu receio,
 na pauta que a vida escreve,
 que transformem nosso enleio
 numa simples semibreve 

É muito estranho, meu bem,
 o relógio do destino:
 vai de manso, vai e vem,
 depois bate em desatino !

Essa vitória alcançada
 nos obriga a meditar:
 sem o povo não há nada,
 que verdade singular!

Eu bem sei que tu me esperas
 e, se te vejo, ao sol-posto,
 projeto um céu de quimeras
 na moldura do teu rosto !

Eu confesso abertamente,
 e disso não me envergonho,
 que tu foste, simplesmente,
 o amplo portal do meu sonho.

Eu sei que o belo e a verdade
 caminham juntos na vida
 e atinjo a felicidade
 se a ternura é dividida.

Eu te amo tanto, mas tanto
que já pus num pedestal
toda a glória desse encanto,
que se tornou imortal.

Eu te digo, com alegria,
e a realidade comprova
que o melhor da poesia
é a beleza de uma trova.

Eu tenho perseverança
 e à tristeza me anteponho:
 garimpeiro da esperança,
 sempre vivi do meu sonho.

Jamais eu temo o fracasso
 pois me deste o teu amor
 e a simples força do abraço
 me transforma em vencedor!

Não me queres...pouco importa.
 Só penso no amanhecer,
 pois ele sempre abre a porta
 à sedução de viver !

Na magia desse sonho,
 nessa noite calma e pura,
 a sonata que componho
 tem as notas da ternura.

Na tessitura do sonho,
 vou cortar, sem mais tardança,
 esse nó górdio que imponho
 a um amor sem esperança.

Navegador solitário,
singrando as águas do mar,
jamais pensa em numerário,
mas conjuga o verbo amar !

Nem o sofista profundo
 esta verdade falseia:
 quem se julga rei do mundo
 é um pequeno grão de areia!

Nenhum amor se constrói
 só com flores e ternura,
 pois aquele que mais dói
 certamente é o que mais dura.

Nesse exílio que me imponho,
 não senti que era miragem
 e dos pedaços de sonho
 eu recompus tua imagem.

Nosso amor já teve história
 e, por isso, eu te proponho
 seja posto na memória
 do relicário do sonho.

Novo estatuto vigora
 nas leis do amor hoje em dia:
 sei que vale mais o agora
 do que a mais bela utopia!

Numa alquimia de nume,
 à tristeza me anteponho,
 transformando teu perfume
 no perfume do meu sonho!

O açougueiro viu passando
 a mulher que é só pele e osso
 e disse, a faca afiando:
 "Isso é carne de pescoço".

Olhando o tempo passar,
no relógio da memória,
eu senti coisa invulgar,
pois revivi nossa história!

O que conta nessa vida
não é tempo nem idade,
mas a procura renhida
da deusa felicidade.

Passa o tempo num instante
e dele jamais se esquece,
pois fica sempre o importante:
o velho amor permanece.

Quando o cãozinho e o menino
se abraçam por um segundo,
solto o canto peregrino:
- Há salvação para o mundo!

Quis esquecer-te...não pude:
 a saudade é traiçoeira
 e ela sempre nos ilude,
 pois nos prende a vida inteira !

Quis retratar um romance
 que fosse mesmo um primor,
 e fiz, com tinta e nuance,
 uma aquarela de amor.

Sempre foste minha amada
e, no doce cativeiro,
sem algema e sem mais nada,
tu me prendes por inteiro.

Se navegar é preciso
e viver nem tanto assim,
vou partir com teu sorriso,
em busca do mar sem fim!

Se todos temos defeitos,
 se o mistério vem de Deus,
 se nem os bons são perfeitos,
 o que dizer dos ateus?

Somos poeira que a vida
 sempre leva de roldão;
 em sua sanha atrevida,
 ela não vê coração

Só se louva a juventude,
porém jamais alguém disse
que só se atinge a virtude
quando se alcança a velhice

Todos querem sufocar,
 com disfarces atrevidos,
 e sordidez invulgar,
 o grito dos excluídos .

Tudo ele faz com amor
e traz o céu na bagagem;
na verdade, o trovador
de Deus na Terra é a imagem

Tu partiste... e essa magia
 que deixaste no meu peito
 vai fazer que certo dia
 tu voltes de qualquer jeito.

Vejo o mar em ondas mansas
- foto de rara beleza -
e, reforçando as lembranças,
um céu chamado Veneza !

"Veredas, grandes sertões"...
 a nossa vida é uma estrada
 toda cheia de senões,
 do início ao fim da jornada.

Vou definir a saudade
e não sei se estarei certo:
saudade é aquela vontade
de que o longe fique perto.

Fontes Principais:
http://www.ubtnacional.com.br/
http://singrandohorizontes.blogspot.com.br/
Boletins da UBT – Nacional
Boletins de vários Concursos.