quinta-feira, 29 de maio de 2008

Entrevista com Cecim Calixto

A Revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores”, tendo por representante o grande trovador Lairton Trovão de Andrade tem o imenso prazer de entrevistar o eminente escritor Cecim Calixto que enriquece, com galhardia, o universo literário paranaense, trazendo à luz preciosos sonetos e trovas, poemas de elevado brilho literário, além de ser um dos expoentes raros da UBT-Paraná, o que muito nos orgulha e nos honra.

Lairton: Prezado Cecim, queira nos dizer onde nasceu e reside?

Cecim: Nasci no dia 17 de julho de 1926, em Pinhalão, conforme consta em todas as minhas publicações; terceiro filho de Abrão Calixto e Izahia Cecim, libaneses que constituíram uma prole de onze filhos.
Resido em Tomazina, onde iniciei a minha vida profissional, recentemente formado em Técnico em Contabilidade, pela faculdade de Ciências Econômicas “Plácido e Silva” de Curitiba.

Lairton: Apesar de ter nascido na vizinha cidade de Pinhalão, por que adotou Tomazina como sua cidade natal?

Cecim: Não tive sucesso profissional em Pinhalão, bem por isto eu com meu irmão mais velho, prático em contabilidade, transferimo-nos para a vizinha cidade de Tomazina. Na época a primeira Comarca da região, com nível social acima das outras. Com circunstâncias favoráveis: Banco comercial, algumas indústrias, Coletoria Estadual e Federal, sede de Juiz de Direito e Promotor Público. A prefeitura local administrava as vizinhas cidades de Pinhalão, Jaboti e japira. Na época, Tomazina registrava um volume de 28 mil habitantes (hoje com nada mais que 10 mil). Atualmente, outras cidades da região têm a primazia do desenvolvimento, como Ibaiti, Siqueira Campos, Wenceslau Braz etc.. Mesmo assim, perdurou nossa querência por Tomazina, por fatos de natureza fraterna. Nesta cidade, conheci minha atual esposa, criatura única e divina, a razão da minha vida e a minha eterna inspiradora - companheira inseparável que me deu, ainda nesta cidade, três filhos maravilhosos nascidos na terra da amada mãe.
Nunca deixei de amar e de criar especial afeto pela terra que me viu nascer, onde meus pais viveram por cinqüenta anos. Inesquecível minha infância em Pinhalão, onde fiz o curso no Grupo Escolar, andei descalço, nadei pelado na abençoada água desse ribeirão. Andei de calças curtas e de suspensórios feitos por minha mãe. E aí também conheci e gozei as alegrias do primeiro amor na puberdade.

Lairton: Fale-nos algo mais sobre a cidade de Tomazina.

Cecim: Necessário dizer que toda a beleza de Tomazina foi engenhosamente criação exclusiva da providência de Deus. É a beleza natural e deslumbrante.
Aqui me casei, aqui construí meu primeiro lar. Aqui tive a felicidade de conhecer o maior banqueiro deste país: Avelino A. Vieira, um idealista que fundou um pequeno Banco que se tornou o terceiro do Brasil, e que o deixou aos herdeiros com 1.340 agências espalhadas pelo território nacional. O mundo inteiro ouviu falar o nome desse humilde tomazinense e também o nome de sua cidade natal.

Lairton: Hoje, você curte a vida na turística cidade de Tomazina. Entretanto, por muitos anos, residiu em Curitiba, capital do Estado do Paraná. O que o levou a viver tanto tempo naquela Metrópole?

Cecim: Não vivi tanto na Capital. A minha vida foi reservada ao pioneirismo em Norte Novíssimo do Paraná. Ocupei a gerência do primeiro departamento bancário naquela região. Agi e administrei várias agências. Abri incontáveis departamentos nas cidades daquela região, muitas recentemente fundadas e invadidas por plantadores de café. Ocupei e administrei a maior região produtora de café do Brasil. Todos obtiveram espetaculares sucessos. Pelo êxito obtido, fui promovido a Diretor Regional. Em seguida, Diretor de um novo banco adquirido pelo Bamerindus. Atuei no setor de Crédito Imobiliário, no de Turismo e em muitos ligados à alta Direção do Banco.

Lairton: Como foi o início da sua vida no mundo fantástico das musas?

Cecim: Eu nasci poeta. Sempre vi a beleza de forma especial. Tudo da criação do Onipotente me deslumbrava. Minha aposentadoria e a minha maturidade fizeram-me voltar todo meu potencial de criação para as harmoniosas e divinas letras poéticas. Gostava de ler e, com tempo disponível, apenas lia e escrevia. Sempre tive às mãos um livro de poesia. Adorava os sonetistas e foi por aí que eu resolvi adotar a forma mais difícil na literatura poética: Sonetos.
Meu primeiro livro veio à luz nas vésperas do meu casamento. Recebi elogios e conselhos benéficos. No período bancário, nada publiquei, mas não deixei de rabiscar e guardar belos pensamentos. Aposentado, voltei à lide dos livros de poesias. Publiquei EMOÇÕES – A VOZ DO AMOR – LAMPEJOS – SETE POETAS (Antologia) e, por último, TENDA DE ESTRELAS, todos com noventa e nove sonetos. Meu último livro ultrapassou as minhas expectativa. Verdadeiro sucesso. Tenho ainda, na gaveta, para serem publicados, o livro de sonetos ecológicos e também o de trovas – Quadras e Sonhos.

Lairton: O primeiro livro marca sempre o início de possível caminhada no fantástico mundo da Literatura. Que lembrança incentivadora conserva sobre “Ninfas”, seu primeiro livro publicado?

Cecim: Foi maravilhoso ter em mãos o meu primeiro livro. Publiquei-o sem conhecer a técnica engenhosa da poesia. Recebi muitos elogios, conselhos e ensinamentos.

Lairton: Que importância tem a trova no contexto da Literatura Portuguesa?

Cecim: A trova é e será sempre sublime. Definitivamente vencedora. O resumo e a sua sensibilidade impressiona o mais insensível coração. No contexto da literatura, a trova ultrapassou as barreiras da predileção, levando em conta as características de pureza, inspiração e seu predicado maior: simplicidade.

Lairton: A UBT – União Brasileira de Trovadores – é o abrigo natural dos trovadores. Como ingressou na UBT ?

Cecim: O aroma exalado da casa dos trovadores inebria todo o poeta que ousar adentrá-la, mesmo por simples curiosidade. Assim aconteceu comigo.

Lairton. Que avaliação faz da UBT-Paraná?

Cecim: É a mais atuante do Brasil. A Presidente Vânia Ennes a elevou aos píncaros da sublimidade. Sou fã incondicional do seu eminente trabalho e capacidade de compor.

Lairton: Cecim Calixto foi sempre de incrível responsabilidade em tudo. Diante disso, que instituições literárias têm-no como membro atuante?

Cecim: CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ, ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA, UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES, CENTRO DE ESTUDOS BANDEIRANTES.

Lairton: Do movimento trovista do Brasil, sobretudo da UBT – o que mais lhe agrada?

Cecim: Agrada-me o entusiasmo marcante dos trovadores do Paraná, mormente os residentes no interior: Dedicados, operantes, inspirados e, sobretudo, amistosos.

Lairton: O poeta não é dono de si mesmo. De quando em quando, sente necessidade de manifestar suas inspirações. Por isso, que projeto literário tem para o futuro?

Cecim: Muitos. Alguns surgirão brevemente.

Lairton: Neste número, a revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores” presta homenagens ao grande escritor pinhalonense, Elias Domingos. Você o conheceu muito bem. Fale-nos algo sobre Elias Domingos.

Cecim: Graças a Deus, Pinhalão se lembrou do seu filho mais ilustre. Notável professor da língua portuguesa. Autoditada por excelência. Perfeito conhecedor do idioma pátrio. Poucos escritores conheci com o potencial lingüístico de ELIAS DOMINGOS (Aliês A. Muchaile Mereb). Não deverá jamais ser olvidado pelos nossos conterrâneos dessa cidade que eu amo, como ele próprio a amava.

Lairton: Cecim Calixto escreveu muito sobre os mais diversos temas. Valeu a pena ter escrito tantos poemas, tantos sonetos, tantas trovas?

Cecim: A resposta a este item revela-se pelos prêmios inumeráveis pendurados nas paredes do meu escritório (minha preciosa TENDA). Em destaque, prêmios:
CONCURSO NACIONAL DE POESIA “HELENA KOLODY” – premiado duas vezes; CÂMARA MUNICIPAL CTBA – “MEDALHA DE MÉRITO FERNANDO AMARO”; ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA – CADEIRA Nº11; PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – CONCURSO “PINHEIRO DO PARANÁ” – primeiro lugar (soneto); CENTRO DE INFORMÁTICA DEFICIENTES VISUAIS – HONRA AO MÉRITO – inclusão de sonetos em obra editada em braille-Projeto luz e saber; UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES – NOMEADO DELEGADO EM TOMAZINA; ROTARY CLUBE ALTO DA GLÓRIA – Melhor livro do ano “LAMPEJOS”; BRASIL TELECON- PRÊMIO RECEBIDO REPRESENTADO POR 40.000 CARTÕES TELEFÔNICOS ESPALHADOS POR TODO O BRASIL (trova). Outros que serão enumerados oportunamente.

Lairton: A revista “Falando de Trovas e de Trovadores” é editada, através do Portal CEN – Cá Estamos Nós – uma extraordinária ponte literária entre Portugal e o Brasil, cujo presidente é o escritor Carlos Leite Ribeiro. Gostaria de conhecer melhor o Portal CEN? Para tanto, forneça-nos seu endereço eletrônico (e-mail).

Cecim: Gostaria muito de conhecer e manter contato com autores portugueses. Parabéns aos mantenedores dessa inteligente revista “FALANDO DE TROVAS E DE TROVADORES DO PORTAL CEN – CÁ ESTAMOS NÓS”. Um cordial abraço ao confrade e delegado da UBT de Pinhalão.
E-mail – cecim@ifinit.com.br

Lairton: Agradecemos a atenção que nos deu nesta entrevista e solicitamos algumas trovas de sua autoria. Um grande e fraterno abraço.

Cecim:

Se me tens em teu regaço,
no descanso desta lida,
invalidas meu cansaço
e os fracassos desta vida.

Sei agora onde é a nascente
da almejada inspiração.
Nasce e chega de repente
dos filões do coração.

No horizonte da fazenda,
quando a lua apareceu
todo o céu se fez em renda
e cobriu o colo teu.

Nunca vi tanta beleza
estampada num só rosto.
Quem o vê tem a certeza
ser de Deus tamanho gosto.

A tudo que hoje acontece
vale o ditado que aplico:
de fome o pobre padece
e o rico fica mais rico.

Fonte:
http://www.caestamosnos.org/

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