quinta-feira, 6 de março de 2014

Dáguima Verônica (Aquarela de Trovas)

Dáguima Verônica de Oliveira (Santa Juliana/MG)
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A folha seca do galho
promove a sabedoria,
tece a colcha de retalho
no vagar do dia a dia.

A gente sempre se engana,
muitas vezes eu falhei,
esquecia que era humana
e em meu limite esbarrei.

“Água mole em pedra dura,”
- nos ensina a paciência -
“tanto bate até que fura”:
É um tesouro da Ciência.

Amor, senhor da utopia;
tempo, senhor da razão.
Mas, nessa eterna porfia,
sempre vence o coração,

Alargue seu horizonte,
empregue sua alegria,
atravesse a sua ponte
e renasça em poesia!

Analisa a própria crença,
veja a beleza da flor,
sinta seu perfume e pensa:
- A minha essência é o amor!

A noite caminha torta,
sem estrelas, sem luar...
Mesmo assim eu abro a porta,
querendo te ver chegar.

A rosa mais se perfuma
quando o vento a despetala...
Veja, perturbada, a bruma,
simplesmente ela se cala.

A saudade traz nos fios
velha malha já vestida,
de tão gasta pelos “frios”
não mais serve, está perdida.

A vida é uma escola de arte
onde o tempo é o professor
e cada etapa é uma parte
para o artista botar cor.

Com o andar cambaleante
fiz a trilha verdadeira;
não sei dar passo gigante,
porém, sei chegar inteira.

Como o pingo da goteira
a despencar fora de hora,
eu carrego a vida inteira
os sonhos que o peito chora.

Com pincel remanescente
- que  a saudade me legou,
pinto a vida sem presente
que o passado me roubou.

Controlei meu pensamento
e tracei uma divisa,
prendi a força do vento
e dei asas para a brisa.

Dizem:  “Depois da tormenta
sempre aparece a bonança”.
Pense bem e vê se aguenta,
“quem espera sempre  alcança”

Do vale emergi ao topo
da relva virei madeira
do poço fui ao escopo
e em tudo fui verdadeira.

E desde o raiar do dia,
entre rocha, musgo e lua,
vou te fazendo poesia,
morta de saudade sua.

“É na hora da aflição
que  todos lembram  de Deus.”
Veja quanta ingratidão
presente nos filhos Teus!

É na  margem do atoleiro”,
- no ponto de provação,
“que  conhece o cavaleiro”
sem nenhuma distorção.

E “não adianta chorar
sobre o leite derramado”,
aproveite e vá cobrar
de você,  aprendizado.

Eu me lembro, com saudade,
da madrugada de outrora,
mamãe, na extrema bondade:
-“ Filha acorda, está na hora.”

Eu tenho aqui na garganta
o meu grito aprisionado,
não sai porque não adianta
gritar ao velho passado.

Folhas migradas de outono
como os meus sonhos trincados
num chão dormente, sem sono...
vagam, buscando outros prados.

Fugir de mim mesma, ousei,
não pensei nas consequências;
chegando lá não me achei,
eu não tinha referências.

Fui dando tudo que tinha
e como o surrar de um sino
a dor foi somente minha,
nunca culpei o destino.

Injustiça é nosso avesso,
fazemos tudo escondido:
na aparência um endereço
e por dentro o do bandido.

Lágrimas são confissões,
do coração, extirpadas,
rendidas nas emoções,
pelos olhos libertadas.

Na competição da vida
ganha quem sabe parar,
parando,  ganha a corrida
que te leva a caminhar.

Na manhã cinzenta e  fria
um lenço acena no cais,
outro alguém de mão vazia
colhe ao vento os meus sinais.

“Não conte  ovo na barriga
 da galinha” sem saber,
pois  pode haver é lombriga
fazendo-te empobrecer.

Não quero viver em vão,
quero o avesso dessa malha,
tricotar com minha mão
o reverso da medalha.

Não seja sempre medroso,
“se cair, do chão não passa”,
pode até ficar bolhoso,
mas quem ousa não fracassa.

Na paineira do sertão,
- muito longe da cidade,
sabiá, na solidão,
canta o choro da saudade.

No meu rosto que envelhece
vejo um sorriso brilhando
toda mudança é uma prece
que jovem se faz chorando.

No palco rude da vida
é preciso ser palhaço:
Ver chegada em despedida,
 puxar a sorte no laço.

No silêncio do meu grito
ouço a voz da solidão...
Nos meus versos deixo escrito
como está meu coração.

O mal nunca vence a vida,
mesmo que ele a desarrume,
mesmo a rosa fenecida,
Deus recolhe o seu perfume.

Ponha luz no seu caminho,
pinte a estrada de alegria,
deixe um rastro de carinho,
faça um mundo de poesia!

Prenda o mal com sua dor,
faça do fraco o seu forte,
transforme um espinho em flor,
plante a vida onde haja morte.

Quando eu era ainda criança,
inocente, na janela,
eu comprava uma esperança
com uma flor amarela.

Que importa se é noite ou dia?
Olvida, serve e perdoa,
acenda a luz da alegria,
 descubra que a vida é boa!

Saudade barco vazio,
abrigo sem proteção,
esquenta fazendo frio...
É presença sem visão!

Saudade que rasga trilho,
-na cidade eu não me encerro,
me arranque desse cadilho
e me leve a um trem de ferro.

Se eu pudesse rasgaria
a cortina da saudade,
que me impede, noite e dia,
de viver a minha idade.

Se pergunto o que é saudade
quem dela sabe responde:
-  uma dor com caridade,
ora vem ora se esconde.

Serenata tão singela,
fez pra mim, ao fim do dia,
um sabiá, na janela,
celebrando a nostalgia.

Somente “na adversidade
que se conhece os amigos”.
Quando se quer caridade
muitos viram inimigos.

Sou de fases como a lua:
Posso vestir de incerteza,
mas também sei ficar nua,
ao cobrir-me de firmeza.

Tem que existir o conflito
para discernir a paz
não tem silêncio sem grito
nem ordem sem capataz.

Tive o trem como uma escolta:
Da esperança preso ao trilho,
bem mais tarde ele me volta,
no brinquedo do meu filho.

Um grande amor escondido
em cada frase não lida,
em cada letra um pedido:
- Não me tranque eu sou a vida!

GRINALDA DE TROVAS

Analisa a própria crença,
veja a beleza da flor,
sinta seu perfume e pensa:
A minha essência é o amor.

A minha essência é o amor,
meu viver não tem descrença,
tendo Deus como Senhor,
Ele faz a diferença!

Ele faz a diferença,
é campeão de valor;
com AMOR faço presença,
eu sou afeto e calor!

Eu sou afeto e calor
e traço a minha sentença:
- No meu mundo não tem dor,
isso eu herdei de nascença.

A minha essência é o amor,
ele faz a diferença!
Eu sou afeto e calor,
isso eu herdei de nascença.

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