Poesias vencedoras por ordem alfabética
André Foltran
São José do Rio Preto/SP
POEMINHO
Reparei
que todo sabiá
que é de gaiola
pela manhã
antes de tudo
canta a Canção
do exílio.
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André Luís Soares
Vila Velha/ES
BEM-TE-VI
Bem te vejo,
bem te digo,
bem te quero,
benfazejo
sempre aqui.
Bendito fruto,
Deus te guarde
nas florestas,
onde, entre réstias,
bem te vi.
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Alfredo Guimarães Garcia
Ananindeua/PA
Sussurros da terra
Entre os caminhos da chuva:
De repente, a flor.
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Alvaro Posselt
Curitiba/PR
Nem cofres nem gavetas
Tudo que me vale cabe no olhar
Voam borboletas
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Ana Luiza von Döllinger de Araújo
Belo Horizonte/MG
POEMA LÓGICO
Enxaguar no balde ou bacia
manter a torneira fechada
reflorestar as margens dos rios.
São bons conselhos, porém
o que têm a ver com poesia?
Acontece que a natureza
pode trazer dor ou beleza.
E a escolha entre errado ou certo
é que define se haverá versos
ou o silêncio infinito do deserto.
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Anderson Gibathe
Saudade do Iguaçu/PR
SOBRE GAIVOTAS E HUMANOS
Requebra em voo a gaivota
Pelos ares praianos
Quiçá estará morta
Ou viva por mais um ano.
Humanos sujam mares
Com lixo na calçada
Humanos poluem ares
Vidas são ameaçadas
Se continuar o ritmo insano
Nem gaivotas, nem humanos.
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Carlos Pessoa Rosa
Atibaia/SP
NATUREZA MORTA
morta natureza
que o homem resenha com seus pincéis afiados
em lâminas e dentes
morta natureza
que serve ao poema pela falta e pela ausência
e inspira o poema pela estranheza
morta natureza
que poetiza a agonia e a perda
daqueles que destroem o próprio oxigênio
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Bruna Rodrigues Tschaffon
Niterói/RJ
POESIA RECICLÁVEL
No meio do caminho tinha uma lixeira, avisaria Carlos, mas ninguém reparou
e Gonçalves sonhava com a terra de palmeiras que a construtora derrubou
Manuel quer ir embora para Pasárgada, nos rios daqui não pode se banhar
já Casimiro, da aurora da vida saudoso, inspira dióxido de carbono no ar
Olavo dizia ouvir estrelas, até que o arranha-céu lhe interpôs a visão
Não seja do contra, Mário, passará mesmo um dia toda esta [poluição?
O trânsito de carro após carro não mais cabe no poema do Zé Gullar
O meio-ambiente, Vinícius, só é infinito enquanto dure. Faça-o durar.
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Catarina Maul
Petrópolis/RJ
Fotografei
Na lentes do olhar
O que a tecnologia
Não foi capaz de dimensionar.
O balançar do coqueiro
O odor de maresia
Exalado em sintonia
Com a dança do mar
Sob o sol, que nenhum projetor
Foi capaz de copiar.
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Cris Dakinis
Cabo Frio/RJ
NOTURNO
O céu desenhou
um palco na lagoa:
Grilos estrelam!
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Domingos Freire Cardoso
Ílhavo/Portugal
VOZ
Uma voz nos arrebata
Passa por vales e montes
Dorme no abrigo da mata
Chora no cantar das fontes;
É voz que sopra dos mares
Dominando as latitudes
Soltando no azul dos ares
Prece de urgente clareza:
Mudem vossas atitudes
E salvem a Natureza!
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Eduardo F. F. de Abreu
Cachoeiras de Macacu/RJ
Lixo no chão
sente-se gente:
Por solidão
volta pra gente
na primeira enchente.
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Fábio D. A. L. Silva
Florianópolis/SC
PITANGUEIRO
Da altíssima, verdejante árvore
Vem a sombra
Que me acolhe
Nutre-me desde pequeno
Rubro, forte, ileso
Eu, hoje
Vasto homem
Repleto de litoral
Incólume, inteiro
Pitangueiro.
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Flavio Machado
Cabo Frio/RJ
ATAQUE AÉREO
o dia claro inventa o poema
as andorinhas tomam de assalto a cidade
na desordem dos acontecimentos
como um movimento popular de ocupação
para reinaugurar a república
propor uma ordem econômica mais justa
na inversão dos valores
do tempo em que água vale
mais do que ouro.
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Francisco Ferreira
Conceição do Mato Dentro/MG
SILÊNCIO
Calaram-se para sempre
na queda da última árvore
a motosserra, as aves
e o meu coração.
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Frederico Flósculo Pinheiro Barreto
Brasília/DF
PASTEL DE TRAGÉDIA
Mar marrom
Céu cinza
Terra pastel
Recheada de azeitonas de caroços duros
Cercada de carne triturada moída e tostada
Num óleo antigo como aquele velho vendedor
Em seu caldeirão cheio daquele mar particular
Que chia e sobe em nuvens pesadas de vapor
Transformando o horizonte em aventura crocante
Fazendo minha fome passageira de tragédia ambiental
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Geraldo Trombin
Americana/SP
PRIMAVERA
Aonde você flor,
eu... beija-flor!
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Giana Guterres
São José dos Pinhais/PR
O QUE SOBRA?
A araucária embelezou o caminho
E o tapete de pétalas no chão
Floresceu dentro de mim
O mar gigante e azul
E a gaivota que cortou o céu
Mergulhou dentro de mim
E se cortarem a floresta?
E se sujarem o mar?
O que sobra?
O que resta dentro de mim?
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Hélio Pedro Souza
Natal/RN
Para um caminho seguro
temos que agir no presente,
zelando o meio ambiente,
com vistas para o futuro;
sem horizonte obscuro
que nos trate feito algoz,
bom mesmo é ser porta-voz,
dizendo daqui pra frente:
Natureza é permanente,
passageiros somos nós.
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Julieta de Souza
Divinópolis/MG
RETROCESSO
Nasci verde!
Respirava feliz até o dia
em que lavaram minha cor
e me pintaram de cinza.
Hoje, o ar me sufoca,
a pressa me comprime
e a paisagem desbotada embaça meus olhos.
É o progresso engolindo
a seiva do meu coração!
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Líam Naví
Biguaçu/SC
MENTE TECNOLÓGICA
Olhe à janela!...
O mundo cresce, globaliza, tecnologiza!
Você se conforta, eu me conforto, nos saciamos;
Um clique, um touch, uma passagem...
E tudo o mais nos parece sorrir!
Olhe à janela!...
Dentro em pouco a contradição.
Mude a lente que mente e verás,
Quem sabe, se assim o quiseres,
Nossos restos pelo chão!
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Lunara
São Leopoldo/RS
CINZA
O amanhã
chegou
cinzento...
... despido de verde...
e de folhas...
e não coloriu
minha alma...
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Marlene Gil
Itararé/SP
PROPOSTA
De ponto em ponto,
De ponte a ponte,
De ponta a ponta.
Aperte o freio,
Veja a flor,
Olhe o bosque,
Sinta o calor
De ponta a ponta,
De ponte a ponte,
De ponto em ponto.
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Ricardo Gualda
Niterói/RJ
DOIS TRECHOS DE UMA CANÇÃO QUE SE EXTINGUE
Minha terra tem _______
Onde canta o ________:
As _______ que, aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais _____,
Nossas _________ tem mais _______.
Nossos _________ tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
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Ricardo Mainieri
Porto Alegre/RS
BIODIVERSIDADE
dor me atinge
ao ver a mata devastada
enlaça
todos os seres vivos
uma epiderme
invisível & contínua
nos une
implacavelmente.
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Rodolfo Minari
Rio Branco/AC
PRISÃO
Passarim, na gaiola de ouro,
agradece a migalha de pão.
Menino pensa ele cantar,
escuta encantado,
na tarde de sol.
Isso não é canto, menino!,
é choro…
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Rosmari Aparecida Capella Fernandes
Araraquara/SP
POLUIÇÃO NÃO
Rasga o véu negro de fumaça
Que rouba,
Que esconde o ar
E o tempo dos seres.
Corta o véu,
E leva ao léu
O que mata
O que rompe
E suga a vida
Que ainda resta.
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Silvio Valentin Liorbano
Osasco/SP
ROTA DE ESTRELAS
A árvore olha o passageiro
A vida é um vulto
Que passa ligeiro.
A abelha distraída
Beijou a flor
Numa lata de bebida.
Pelas janelas do coletivo
Cardumes de estrelas
Boiam no mar ao vivo.
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Solange Firmino
Rio de Janeiro/RJ
REDOMA
O verde viçoso que brilha
no olho de cada bicho,
na folha de cada árvore,
no meio ambiente
que o homem insiste em empobrecer
é de esperança -
para que um dia se lembre
que a natureza, os animais
e a humanidade são um só,
conectados.
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Ulisses Tavares
São Paulo/SP
QUEM AMA CUIDA
Gosto de passarinho.
Em homenagem ao seu voo,
Abro a gaiola e, dentro,
Coloco vento.
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