domingo, 13 de outubro de 2019

Flávio Roberto Stefani (Querência de Trovas)


A gatinha, de bom tom,
só quer mesmo, no seu ninho,
em vez de um baita edredom
um musculoso gatinho...

A gatinha, na balada,
viu seu gato, com um "cacho",
e partiu para a "porrada",
mostrando quem era o macho...

Ah, se eu pudesse, faria,
tudo de novo outra vez,
estudava economia,
pro salário dar pro mês...

A vergonha foi demais
no casório da velhinha:
a velha queria mais
e mais o velho não tinha…

Caiu a casa do gato
da madame 'socialite'
depois ela viu um rato
desfilando no seu 'site'...

Chuta o balde a dona Mima
porque o marido, Vavá,
em vez de partir pra cima,
vai pra baixo do sofá...

Desesperado, o ladrão,
vendo que vítima orava,
roubou-lhe a própria oração
só pra dizer que roubava...

É político de escol,
sabe tudo, até no escuro,
faça chuva ou tenha sol,
não sai de cima do muro...

Esse inverno tudo arrasa
e a gente agora aconselha
ter sempre guardado em casa
um bom cobertor de orelha...

Morre a sogra... e no velório,
aparece, no cantinho,
o genro com o foguetório
já prontinho... já prontinho...

Na jogada de furor,
a galera aperta o passo,
quando o urso driblador
faz o gol sai pro abraço...

Na sociedade mais rica,
preguiça é 'doença rara'
que o médico diagnostica
somente olhando na cara...

No balcão do botequim,
o bebum tenta falar,
mas gasta todo o latim...
e não consegue explicar…

No desespero, o casal
vestiu a roupa ao contrário,
e o flagrante foi fatal:
"casal mal vestido e otário..."

O barulho na cozinha
denunciou mais um duelo:
o gordo atrás da sardinha,
a esposa atrás do chinelo...

O jogo foi traiçoeiro,
e foi expulso o infeliz,
porque o chute foi certeiro
bem nas partes do juiz...

O pijama de bolinha,
não anima nada, nada…
e o coronel perde a linha,
a vontade, o jeito, a espada...

O sabonete caiu
e o desespero da Bruna,
não foi tanto o que ela viu,
mas o drama da coluna...

O soldado trapaceiro
vai pra banda, e, como tal,
'ta’ treinando dia inteiro
para ser o general...

O velho fica feliz
pois há tempos não namora,
mas a velha acorda e diz
- "Muita calma nessa hora...”

Passa a noite no batuque,
mas, na volta, muda o tom:
ele, atrás de um novo truque,
mas ela, atrás do batom…

Põe pijama, baixa o som...
E o meu compadre, na cama,
bem na hora do "bem bom"
só quer mostrar o pijama…

Pra sogra que mora ao lado,
tem um remédio chinfrim:
fazer um muro elevado,
igualzinho ao de Berlim...

Toda vez que o time afunda,
deixando a torcida à míngua,
a rima, rica e profunda,
esta na ponta da língua...

Trabalhando a noite inteira
na boate, a Leonor
não entra na bebedeira,
pois só toma... suador!...

Vendo a grave situação,
o padre ao casório vem,
e aproveita a ocasião
para o batismo também...

Fonte:
Flávio Roberto Stefani. Novas andanças: trovas & poemas. Cachoeirinha/RS: Texto Certo, 2013.

Um comentário:

Unknown disse...

Faça chuva ou Sol,
jamais atrás do Rosário,
reza de Elfuni Zaniol,
acompanhar Pavilhão Literário...