segunda-feira, 7 de junho de 2021

Nilsa Alves de Melo (Trovas Temáticas) 4

MADRUGADA

Na madrugada que passa,
não chore, guarde a saudade
e se inspire. Ela é de graça,
e tão doce e é de verdade!
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São as horas perdidas;
aquelas da madrugada,
em que foram as queridas
inspirações esperadas!
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MÃE

A cada tranco da vida
minha mãe vem me avisar:
- Coragem, cabeça erguida,
isso também vai passar.
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Coloque um bem alto preço
ao pagar, com gratidão,
a mãe que lhe teve o apreço
que ultrapassa a imensidão.
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Com certeza, mãe querida,
terás os cuidados meus,
agora e por toda a vida,
até dizermos: - Adeus!
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Mãe, jardim, duas palavras
que digo em grande emoção.
Ela, a mãe de muitas lavras,
cultivou-o naquele chão.
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Mãe, olhe o ninho vazio,
ficou grande para mim;
nele o pranto silencio
numa saudade sem fim!
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Minha mãe, que, de cuidados
cercou-me desde o nascer,
depois, em tempos mudados,
dela fui mãe, com prazer!
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Não posso queixar da vida,
tesouro de valor tive;
minha mãe, a mais querida.
lembrança que em mim revive.
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Que mulher esta, tão linda,
nos braços te segurando?
– Minha mãe, jovem ainda,
aqui, na foto me olhando!
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MULHER

Cada mulher traz, latente,
coração de trovadora;
pode dizer o que sente
numa rima encantadora.
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Com mania de limpeza
e com vassoura na mão,
mulher desfaz da beleza
Das flores que ornam o chão.
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Enigma dos mais incríveis,
só decifra quem puder,
com esforços indizíveis,
ler uma alma: - a da mulher.
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PAI

Ao dizer o nome "Pai"
uno os lábios como que
a dizer: este, que aí vai
é um beijo para você.
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Mesmo com a dor da ausência
do pai, no curso da vida,
A fé diz que, na sequência,
o verei no fim da lida.
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Minhas células, trilhões,
trazem, pai, seu DNA;
riquezas em carrilhões.
- Herança maior não há!
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PÃO


O pão doce ou pão salgado,
sem açúcar ou sem sal,
é um alimento sagrado,
saboroso, sem igual.
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Pai do Céu, como meninos,
ensinai-nos repartir
nosso pão aos pequeninos,
com espontâneo sorrir.
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PAUSA

A mais feliz pausa é aquela
para um sono ao fim da vida,
retornando à outra, mais bela,
de alma leve e agradecida.
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Após a bendita pausa,
novas forças, novos rumos;
Em verdade ela foi causa
deste efeito: - Meus aprumos.
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Na música, a pausa fica
ali, quieta, sem o som;
em nossa vida, ela indica:
- Este tempo é um grande dom!
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PROFESSOR

Já conviveste com um santo,
sábio, de real valor?
Eu sim. E lhe devo tanto:
foi meu grande professor!
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Pai, padrinho, professor,
de pequena já aprendi
a respeitar, dar valor:
- Lição que nunca esqueci.
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Passou pela minha vida,
do saber vi o encanto.
Hoje sei, em meio à lida:
meu professor era um santo.
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Professa tão grande crença
como um profeta em clamor.
Profissão? Palavra densa
que resume: - Professor.
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PREGUIÇA

A preguiça, a dita cuja
só te faz desanimar,
As juntas ela enferruja,
leva tudo a desandar.
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Se alguém vires paradão,
não vás fazendo premissa.
- Anemia, amarelão,
se confundem com preguiça.
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ROSA

A rosa, fixa no herbário,
de nada lembra o frescor
das que levo ao santuário
relembrando nosso amor.
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Rosa, digo bem baixinho:
– Não estamos longe assim.
eu também trago um espinho
que me fere em dor sem fim.
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Rosa, Rosa, nome terno
da minha fada formosa.
que ensinou-me o amor eterno
e a plantar um pé de rosa.
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Sê como a rosa que enflora,
lá do esterco, ao sol sorrindo.
- Paciência, já chega a hora
que ao mundo estarás florindo!

Fonte:
Nilsa Alves de Melo. Temas, versos e trovas. Maringá/PR: Massoni, 2018.
Livro entregue pela trovadora.

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