sábado, 25 de abril de 2009

Dalton Trevisan (Uma Vela para Dario)


Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

Fontes:
SALES, Herberto (org.). Antologia de Contos Brasileiros. 2. Ed. SP: Ediouro, 2005.
Imagem = http://www.globoonliners.com.br

Aniversário de Nascimento

Janete Clair (1925 – 1983)



Janete Clair, nome artístico de Jenete Stocco Emmer Dias Gomes (Conquista, 25 de abril de 1925 — Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1983) foi uma escritora brasileira, autora de folhetins para rádio e televisão.

Biografia

Batizada Jenete (o escrivão não entendeu o sotaque árabe de seu pai).
A Maga das Oito, como ficou célebre, graças aos frequentes sucessos no horário das 20 horas, na Rede Globo, teve início a sua carreira em 1943 como radioatriz, na Rádio Tupi. Adotou o sobrenome artístico Clair em homenagem ao compositor francês Debussy e a obra Clair de Lune. Nos anos 50, incentivada pelo marido, o também dramaturgo Dias Gomes, passou a escrever radionovela e teve grande sucesso com Perdão, Meu Filho (Rádio Nacional, 1956). Com Dias, Janete teve quatro filhos: Guilherme, Alfredo, Denise e Marcos Plínio, falecido ainda criança com dois anos e meio.

Na década de 1960 iniciou a produção para a televisão, com as telenovelas O Acusador e Paixão Proibida, ambas pela TV Tupi. Em 1967, recebeu a incumbência de alterar a trama da telenovela Anastácia, a Mulher sem Destino, da Rede Globo, para reduzir drasticamente as despesas de produção. Ela, então, inseriu na história um terremoto que matou a metade das personagens e destruiu a maior parte dos cenários (Em 1969, um incêndio na Rede Excelsior de São Paulo destruiu cenários e grande parte do acervo). Depois disso, ficou em definitivo na Rede Globo, onde escreveu algumas telenovelas como Sangue e Areia,Passo dos Ventos,Rosa Rebelde e Véu de Noiva.

Nos anos 70 escreveu algumas das telenovelas de maior sucesso, como Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e Pecado Capital (1975), período este em que passou a ser chamada de "a maga das oito", por garantir grandes índices de audiência nas telenovelas exibidas neste horário. Em 1978, parou o Brasil com a telenovela O Astro, em torno do mistério de "quem matou Salomão Hayala?" , interpretado por Dionísio Azevedo. Janete Clair se tornou a maior autora popular da história do Brasil, a única a alcançar 100 pontos de audiência.

Ao morrer, vitimada por um câncer no intestino, escrevia a telenovela Eu Prometo, que deixou inacabada, sendo concluída pela colaboradora Glória Perez, que viria a tornar-se novelista, e pelo seu viúvo Dias Gomes.

Carreira no rádio
1944 - Teatrinho das Cinco Horas - Rádio Difusora de S. Paulo
1948 - Rumos Opostos - Rádio América de São Paulo
1950 - Pausa para Meditação - Rádio América de São Paulo
1952 - Ana Karenina - Rádio Clube do Rio de Janeiro
1956 à 1969 - Perdão Meu Filho, Alba Valéria, Amar Até Morrer, A Canção do Fugitivo, A Canção do Rio, O Canto do Cisne, Concerto de Outono, A Deusa do Rio, Ela se chamava Esperança, Uma Escada para o Céu, A Estrada do Pecado, Um Estranho na Terra de Ninguém, A Família Borges, A Imagem de Rosana, Inocente Pecadora, Uma Mulher contra o mundo Intreiro, A Mulher Marcada, Noite Sem Fim, A Noiva das Trevas, Nuvem de Fogo, O Orgulho de Mara, Pérolas de Fogo, Poema de um Homem Só, Rosa Malena, O Sorriso da Imagem de Pedra, Sublime Pecadora, A Sultana do Grande Lago, A Taça do Pecado, Vende-se um Véu de Noiva (todas na Rádio Nacional (RJ).)

Carreira na televisão

No Brasil
SBT
2009 Vende-se um Véu de Noiva (remake de Vende-se um Véu de Noiva escrito por Irís Abravanel)
TV Tupi
1963 Vesperal Troll
1967 Paixão proibida
1966 Vesperal Troll
1964 O Acusador
TV Rio
1963 Nuvem de Fogo (baseada em radionovela da Rádio Nacional)
1966 O Porto dos Sete Destinos (segundo informações veiculadas no orkut)
1966 Show sem Limites (esquetes)
1969 Acorrentados
TV Itacolomi (Belo Horizonte)
1965 Estrada do Pecado
Rede Globo
Pecado Capital - 1998 (remake escrito por Glória Perez)
Irmãos Coragem - 1995 (remake escrito por Dias Gomes e Marcílio Moraes)
Direito de Amar - 1987 (radionovela A Noiva das Trevas, adaptada por Walter Negrão)
Selva de Pedra - 1986 (remake escrito por Eloy Araújo e Regina Braga)
Eu Prometo (terminada por Glória Perez) - 1983/1984
Sétimo Sentido - 1982
Jogo da Vida - 1981 (argumento desenvolvido por Sílvio de Abreu)
Coração Alado - 1980/1981
Pai Herói - 1979
Dancin' Days - 1978 (baseada no argumento de A Prisioneira)
O Astro - 1977/1978
Duas Vidas - 1976/1977
Caso Especial - 1975
Pecado Capital - 1975/1976
Bravo! - 1975/1976
Corrida do Ouro - 1974 (supervisão)
Fogo sobre Terra - 1974
O Semideus - 1973/1974
Meu Primeiro Baile - 1972 (Caso Especial)
Selva de Pedra - 1972/1973
O Homem que Deve Morrer - 1971/1972
Irmãos Coragem - 1970/1971
Véu de Noiva - 1969/1970
Rosa Rebelde - 1969
Passo dos Ventos - 1968/1969
Sangue e Areia - 1967/1968
Anastácia, a Mulher sem Destino (inicialmente escrita por Emiliano Queiroz) - 1967
E mais alguns programas para a série Caso Especial, na década de 1970.

No exterior
Telesistema Mexicano (México)
Vielo de Novia - 1971
Televisa San Angél (México)
Dos Vidas - 1988
Vielo de Novia - 2003
TV Panamericana (Peru)
Hermanos Corajea - 1972 (uma co-produção dos canais TV Panamericana (Peru), TV Saci (Argentina) e TIM (México). Gravada em Buenos Aires.)
El Hombre que debe Morrir - 1989 (O Homem que Deve Morrer)
TV Universidad Católica (Chile)
Semidiós - 1987 (O Semideus)
Bravo - 1989
Top Secret - 1994 (Eu Prometo)
TV Nacional (Chile)
Juegos de Fuego - 1995 (Coração Alado)

Curiosidades
- Janete Clair foi a única autora a conquistar 100 pontos de audiência, isto é, todos os televisores estavam sintonizados na novela "Selva de Pedra" no capítulo 152 em que Simone (interpretada por Regina Duarte) foi desmascarada.
- As telenovelas Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Pecado Capital ganharam novas versões após a morte de Janete, em 1995, 1986 e 1998, respectivamente. Embora não registrassem os índices de audiência da versão original, o remake de Selva de Pedra conseguiu entusiasmar o público - ao contrário dos outros dois, que não tiveram repercussão.
- A telenovela Fogo sobre Terra é baseada em um romance de um escritor mexicano chamado Luis Spota, intitulado Las Grandes Águas. Foi deste livro que a escritora tirou a idéia de fazer uma telenovela retratando a catástrofe que é a construção de uma barragem hidroelétrica. Em 1988, quando Dias Gomes vendia a obra de sua falecida mulher para países da América Latina, tentou vender Fogo sobre Terra para uma nova versão, mas os produtores mexicanos considerararam a semelhança da obra da escritora brasileira e o escritor mexicano e resolveram fazer uma adaptação direta do livro de Luis Spota.
- Além das obras próprias, Janete escreveu o argumento de Jogo da Vida, de Sílvio de Abreu (1981). E o autor Walter Negrão se baseria numa antiga radionovela sua, A Noiva das Trevas, para escrever Direito de Amar, em 1987.
- Em 2005, o autor Ricardo Linhares apresentou à Rede Globo uma sinopse de um remake de Fogo sobre Terra para 2006, às 18h, mas o projeto foi adiado para que o autor co-escrevesse Paraíso Tropical. Ainda em 2005, o diretor Herval Rossano, que na época estava implantando um novo núcleo de dramaturgia na TV Bandeirantes, negociou os direitos autorais de Véu de Noiva, mas não chegou a um acordo sobre o valor da obra.
- O SBT adquiriu toda a obra radiofônica de Janete Clair, e a partir de 2009, 35 novelas serão adaptadas e produzidas para a TV. A maior parte é composta por histórias inéditas na tela, mas há também radionovelas que deram origem, em outras emissoras, a grandes sucessos. O SBT afirmou ainda que vai realizar o remake dessas novelas: Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e Pecado Capital (1975) estão entre os maiores sucessos de Janete Clair na TV.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org
http://www.teledramaturgia.com.br

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Jorge de Lima (Aniversário de Nascimento)

Jorge de Lima (1893 - 1953)

Observação: O aniversário deste grande poeta que foi Jorge de Lima foi no dia 23 de abril. Infelizmente, como todos os brasileiros estive enrolado em meu imposto de renda, e a data passou em branco. Por isso, deixo hoje a minha homenagem a este genial poeta. (José Feldman)
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O médico e poeta alagoano Jorge de Lima (1893-1953) é dono de uma das obras mais profundas e, ao mesmo tempo, menos exploradas da poesia brasileira. Com um tom marcadamente enigmático e místico, seu texto exibe apurado rigor e requer leitura cautelosa.

Por causa dessa dificuldade, praticamente só se conhece o Jorge de Lima mais palatável, de poemas como "Essa Negra Fulô" e "G.W.B.R", bem marcados pelo espírito do primeiro modernismo, nos anos 1920. No entanto, na década seguinte, a partir do livro Tempo e Eternidade (1935), escrito em parceria com o mineiro Murilo Mendes, Jorge de Lima dá início a essa fase mais densa que define a maior parte de seu trabalho.

Católico — mas não carola, porque seu elevado nível de elaboração poética passa a quilômetros de um versejador papa-hóstia —, ele se torna um mestre da poesia metafísica.

O texto abaixo é o bloco 25 do longo poema "Anunciação e Encontro de Mira-Celi", publicado no livro Obra Poética, em 1950. Ao folhear um álbum de retratos, encontra-se uma família cheia de mistérios, violências, incestos... Na opinião do crítico e poeta Mário Faustino, se esse texto tivesse sido escrito originalmente numa língua mais divulgada, já seria o suficiente para inscrever Jorge de Lima entre os grandes poetas internacionais do século 20.

25.

O avô tinha sido um ancião convencional,
que se enterrou de sobrecasaca, e polainas;
e a avó — uma menina pálida que morreu ao pari-la;
o pai fez algumas baladas;
contam que tinha uma luneta para olhar ao longe.
Daí — a mão dobra a página do livro,
e a história da tetraneta finda com uma estocada no ventre:
há destinos travados, lenços quentes de lágrimas,
algum incesto, uma violação sobre um sofá antigo.—
Quando a mão dobra a página, há rastros de sangue no soalho.
Esta é a mais nova das cinco.
Veja que os seios são como neve que nós nunca vimos
e ninguém nunca viu o pai que lhe fez um filho;
e o filho desta menina é este moço de luto.
Agora vire a página e olhe o anjo que ele possuiu,
veja esta mantilha sobre este ombro puro,
e estes olhos que parecem contemplar as nuvens
através da luneta avoenga. Veja que sem o fotógrafo querer
as cortinas dão a impressão de caras impressionantes
por detrás da gravura: um estudante de cavanhaque e outro de capa.
Repare bem o braço que ninguém sabe de onde
circunda o busto da moça e a quer levar para um lugar esconso.
Fixe bem o olhar com o ouvido à escuta para perceber a respiração grossa,
os gritos, os juramentos... A saia negra parece um sino de luto,
e o decote é a nau que a levou para sempre. E este fundo de água
pode ser o mar muito bem; mas pode ser as lágrimas do fotógrafo
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Biografia de Jorge de Lima = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/07/jorge-de-lima-1893-1953.html
Poemas: Anjo Daltônico - O Acendedor de Lampiões - Caminhos de Minha Terra - Essa Negra Fulô - Invenção de Orfeu XXIX = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/07/jorge-de-lima-anjo-daltnico-o-acendedor.html
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Fonte:
Carlos Machado.In http://www.algumapoesia.com.br/

Jorge de Lima (Antologia Poética)

Casa Memorial Jorge de Lima (Alagoas)
INVERNO

Zefa, chegou o inverno!
Formigas de asas e tanajuras!
Chegou o inverno!
Lama e mais lama
chuva e mais chuva, Zefa!
Vai nascer tudo, Zefa,
Vai haver verde,
verde do bom,
verde nos galhos,
verde na terra,
verde em ti, Zefa,
que eu quero bem!
Formigas de asas e tanajuras!
O rio cheio,
barrigas cheias,
mulheres cheias, Zefa!
Águas nas locas,
pitus gostosos,
carás, cabojés,
e chuva e mais chuva!
Vai nascer tudo
milho, feijão,
até de novo
teu coração, Zefa!
Formigas de asas e tanajuras!
Chegou o inverno!
Chuva e mais chuva!
Vai casar, tudo,
moça e viúva!
Chegou o inverno
Covas bem fundas
pra enterrar cana:
cana caiana e flor de Cuba!
Terra tão mole
que as enxadas
nelas se afundam
com olho e tudo!
Leite e mais leite
pra requeijões!
Cargas de imbu!
Em junho o milho,
milho e canjica
pra São João!
E tudo isto, Zefa...
E mais gostoso
que tudo isso:
noites de frio,
lá fora o escuro,
lá fora a chuva,
trovão, corisco,
terras caídas,
córgos gemendo,
os caborés gemendo,
os caborés piando, Zefa!
Os cururus cantando, Zefa!
Dentro da nossa
casa de palha:
carne de sol
chia nas brasas,
farinha d'água,
café, cigarro,
cachaça, Zefa...
...rede gemendo...
Tempo gostoso!
Vai nascer tudo!
Lá fora a chuva,
chuva e mais chuva,
trovão, corisco,
terras caídas
e vento e chuva,
chuva e mais chuva!
Mas tudo isso, Zefa,
vamos dizer,
só com os poderes
de Jesus Cristo!
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PELO SILÊNCIO

Pelo silêncio que a envolveu, por essa
aparente distância inatingida,
pela disposição de seus cabelos
arremessados sobre a noite escura:

pela imobilidade que começa
a afastá-la talvez da humana vida
provocando-nos o hábito de vê-la
entre estrelas do espaço e da loucura;

pelos pequenos astros e satélites
formando nos cabelos um diadema
a iluminar o seu formoso manto,

vós que julgais extinta Mira-Celi
observai neste mapa o vivo poema
que é a vida oculta dessa eterna infanta.
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ESSA INFANTA

Essa infanta boreal era a defunta
em noturna pavana sempre ungida,
colorida de galos silenciosos,
extrema-ungida de óleos renovados.

Hoje é rosa distante prenunciada,
cujos cabelos de Altair são dela;
dela é a visão dos homens subterrâneos,
consolo como chuva desejada.

Tendo-a a insônia dos tempos despertado,
ontem houve enforcados, hoje guerras,
amanhã surgirão campos mais mortos.

Ó antípodas, ó pólos, somos trégua,
reconciliemo-nos na noite dessa
eterna infanta para sempre amada.
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ESSA PAVANA

Essa pavana é para uma defunta
infanta, bem-amada, ungida e santa,
e que foi encerrada num profundo
sepulcro recoberto pelos ramos

de salgueiros silvestres para nunca
ser retirada desse leito estranho
em que repousa ouvindo essa pavana
recomeçada sempre sem descanso,

sem consolo, através dos desenganos,
dos reveses e obstáculos da vida,
das ventanias que se insurgem contra

a chama inapagada, a eterna chama
que anima esta defunta infanta ungida
e bem-amada e para sempre santa.
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MULHER PROLETÁRIA

Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
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CANTIGAS

As cantigas lavam a roupa das lavadeiras.
As cantigas são tão bonitas, que as lavadeiras ficam tão tristes, tão pensativas!
As cantigas tangem os bois dos boiadeiros! ¬
Os bois são morosos, a carga é tão grande!
O caminho é tão comprido que não tem fim.
As cantigas são leves ...
E as cantigas levam os bois, batem a roupa das lavadeiras.
As almas negras pesam tanto, são
Tão sujas como a roupa, tão pesadas como os bois ...
As cantigas são tão boas ...
Lavam as almas dos pecadores!
Lavam as almas dos pecadores!
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VINHA BOIANDO O CORPO ADOLESCENTE...

Vinha boiando o corpo adolescente,
belo pastor e sonho perturbado.
Deus abaixou-lhe os cílios alongados
para que ele dormindo flutuasse.

Ressuscita-o, Senhor, essa medusa
de sangue juvenil em rosto impúbere,
desterrado da vida, flor perdida,
irmão gêmeo de Apolo trimagista.

Seca-lhe a espuma que lhe inunda o peito
e as convulsões mortais que o imolaram
às Sodomas ardidas em seu leito.

Anjo adoecido, alheio dançarino
que dançasse em Gomorras incendiadas,
estás cansado; deita-te, menino!
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A TRISTEZA ERA TANTA, TANTA A MÁGOA...

A tristeza era tanta, tanta a mágoa
que seu anjo da guarda resolvera
lutar com ele, lutar para lutar,
que o interesse da vida perecera.

Ave e serpente, círculo e pirâmide,
os olhos em fuzil e os doces olhos,
os laços, os vôos livres e as escamas.
Que doida simetria nesses ódios!

Que forças transcendentes aros e ângulos
alguém quis que lutassem nesse dia!
Ave e serpente, círculo e pirâmide:

Que divina constante simetria
nessa luta soturna, nessa liça
em que Deus reconstrói o eterno cisne!
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CRISTO REDENTOR DO CORCOVADO

O avô
de minha avó
Morreu também corcovado
Carregando um cristo de maçaranduba
Que protegia os passos vagarosos da família.

Arranjei velocidade.
Virei homem de cimento armado.

Adoro esse Cristo turista
De braços abertos
Que procura equilíbrio
Na montanha brasileira.

Os homens de fé têm esperança n Ele,
Porque Ele é ligeiro, porque Ele é ubíquo,
Porque Ele é imutável.

Ele acompanha o homem de cimento armado
Através de todas as substancias,
Através de todas as perspectivas,
Através de todas as distancias
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MADORNA DE IAIÁ

Iaiá está
na rede de tucum.
A mucama de Iaiá tange os piuns,
Balança a rede,
Canta um lundum
Tão bambo, tão molengo, tão dengoso,
Que Iaiá tem vontade de dormir

Com quem?

Rem-rem.

Que preguiça, que calor!
Iaiá tira a camisa,
Toma aluá
Prende o cocó,
Limpa o suor
Pula pra rede.

Mas que cheiro gostoso tem Iaiá!
Que vontade doida de dormir,,,

Com quem?

Cheiro de mel da casa das caldeiras!
O saguim de Iaiá dorme num coco.

Iaiá ferra no sono
Pende a cabeça,
Abre-se a rede
Como uma ingá.

Para a mucama de cantar,
Tange os piuns,
Cala o ram-rem,
Abre a janela,
Olha o curral:
- um bruto sossego no curral!

Muito longe uma peitica faz si-dó....
Si-dó.....si-dó......si-dó....

Antes que Iaiá corte a madorna
A moleca de Iaiá
Balança a rede,
Tange os piuns,
Canta um lundum
Tão bambo,
Tão molengo,
Tão dengoso,
Que Iaiá sem se acordar,
Se coça,
Se estira
E se abre toda, na rede de tucum.

Sonha com quem?
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MINHA SOMBRA

De manhã
a minha sombra
Com meu papagaio e o meu macaco
Começam a me arremedar.
E quando saio
A minha sombra vai comigo
Fazendo o que eu faço
Seguindo os meus passos.

Depois é meio-dia.
E a minha sombra fica do tamaninho
De quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
Brinca de pernas de pau.

Minha sombra , eu só queria
Ter o humor que você tem,
Ter a sua meninice,
Ser igualzinho a você.

E de noite quando escrevo,
Fazer como você faz,
Como eu fazia em criança:
Minha sombra
Você põe a sua mão
Por baixo da minha mão,
Vai cobrindo o rascunho dos meus poemas
Se saber ler e escrever.
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POEMA RELATIVO

Vem, ó
bem-amada
Junto à minha casa
Tem um regato (até quieto o regato).

Não tem pássaros que pena!

Mas os coqueiros fazem,
Quando o vento passa,
Um barulho que às vezes parece
Bate-bate de asas.

Supõe, ó bem-amada,
Se o vento não sopra,
Podem vir borboletas
À procura das minhas jarras
Onde há flores debruçadas,
Tão debruçadas que parecem escutar.

Todos os homens têm seus crentes,
Ó bem-amada:
- os que pregam o amor ao próximo
e os que pregam a morte dele.

Mas tudo é pequeno
E ligeiro no mundo, ó amada.
Só o clamor dos desgraçados
É cada vez mais imenso!

Vem, ó bem-amada.
Junto à minha casa
Tem um regato até manso.
E os teus passos podem ir devagar
Pelos caminhos:
- aqui não há a inquietação
de se atravessar o asfaalto

Vem, ó bem-amada,
Porque como te disse
Se não há pásssaros no meu parque,
Pode ser, se o vento
Não soprar forte
Que venham borboletas.
Tudo é relativo
E incerto no mundo.
Também tuas sobrancelhas
Parecem asas abertas.
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Olga Savary (Teia de Poesias)



QUERO APENAS

Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.

Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.

ÁGUA ÁGUA

Menina sublunar, afogada,
que voz de prata te embala
toda desfolhada?

Tendo como um só adorno
o anel de seus vestidos,
ela própria é quem se encanta
numa canção de acalanto
presa ainda na garganta

PEDIDO
A Manuel Bandeira

Quando eu estiver mais triste
mas triste de não ter jeito,
quando atormentados morcegos
– um no cérebro outro no peito –
me apunhalarem de asas
e me cobrirem de cinza,
vem ensaiando de leve
leve linguagem de flores.
Traze-me a cor arroxeada
daquela montanha – lembra?
que cantaste num poema.
Traze-me um pouco de mar
ensaiando-se em acalanto
na líquida ternura
que tanto já me embalou.

Meu velho poeta canta
um canto que me adormeça
nem que seja de mentira.

O LAGO EM CAIEIRAS
A Jack Dubbel

O lago ocultou um corpo livre
em abraço oco
como faca cortando espelhos.
Veio a vontade de ser esse lago
esse lago lago, que se permitia
magoar desejo há muito aprisionado.
Alguma coisa cresceu dentro de mim,
me fez virar o rosto para o outro lado.
Queria ser esse lago lago lago
– só isto –
debaixo do céu inutilmente azul
por ninguém se importar com ele
porque essa foi a mais selvagem,
a mais bela coisa que já vi.

DEPOIS
A Carlos Drummond de Andrade

Depois da confidência
me retirei da tarde.
O céu ficou vazio
vazio

onde era vôo de pássaros
(os pássaros estavam quietos).
Uma febre roía meus ouvidos:
voltei mais velha (exilada)
com um toque de infância entre meus dedos,
reserva de sal dentro dos olhos.

LIMITE

Ausente e lassa, queria
Estar pisando
A areia fina de Arraial do Cabo
A areia grossa de Amaralina
Em Goiás Velho urdir a tarde
Com Bernardo Élis e Cora Coralinda,
Fareja
Cheiro de candeia por toda Ouro Preto...
Mas estou presa às molduras
De todos os meus retratos.

RESUMO

Palavras, antes esquecê-las,
Lambendo todo o sal do mar
Numa única pedra.

UM DIA, OSSOS

A manhã trouxe surpresa de ossos
Guardados em gavetas
Ou organizados atrás de opalescentes,
Dourados vidros,
No corredor propício ao mistério.
Então é o susto nos olhos
E o medo nas mãos inábeis
Tocando toda essa precária matéria
Antiga e clara
E tirando no toque o som de uma música
Escondida
Nessa antiquíssima,
Milenar memória.

HORA DO RECREIO

Comer, quero comer
O bicho de três patas:
Roe-lo até o osso.

CANTIGA DE RODA PARA ADULTOS

Anel de fogo para teu dedo sou.
Adivinhem que anel
E qual o dedo.

DESCOBERTA

Digamos que só
Heráldica é o mar.
Vassalagem o resto.

PÁSSARO

A noite não é tua
Mas nos dias
- curtos demais para o vôo –
amadureces como um fruto.
Tuas asas seguem as estações.
É tua a curvatura da terra.

NUA E CRUA

Não tendo pra onde voltar é que me largo pra rua,
Eu que seria leito de rio, leito de mar, maré,
Sem porto ou barco, peixe fora d´água, pássaro no vôo
Mas quede a asa?

NOME

Eu disse o nome do amor muito sem cuidado.
Disse o nome do amor quase por acaso.
Disse o nome do amor como por engano. Ainda assim
Meu corpo ficou cheio como um rio, da terra o coração habitando.

GEMINIANA

Esta quase sempre correu, fugiu da armadilha,
De ser prendida descobre o encanto. Amor
Que faz desta que sendo caça é caçador
E ama de maneira clara porque pertence aos ares.

AMURUPÉ

Ao mar, ao mar – diz o velame à nave que o conduz
E à confundida cabeça geminiana: eu não te amo
Amo só o prazer que tu me dás.

NOME

E este amor doido,
Amor de fera ferida,
É esse amor, meu amor,
O proprio nome da vida

PÁSSARO

A noite não é tua mas nos dias – curtos demais para o vôo –
Amadureces como um fruto. Tuas asas seguem as estações.
É tua a curvatura da terra.

CERNE

Nada a ver com fonte mas com a sede
Nada a ver com repasto mas com a fome
Nada a ver com plantio mas com a semente.

O DESEJO ABSOLUTO

Criar o amado
Sem a injustiça da forma
Sem o egoísmo do nome.

ENQUANTO

Sou inconstante como o vento
Sou inconstante como a vaga
Por isso fica enquanto estou desvelada
Enquanto eu não for vento ou vaga.
-------------------
Fontes:
SAVARY, Olga. Hai Kais. São Paulo: Roswitha Kempf, 1986.
http://varejosortido.blogspot.com/
http://www.palavrarte.com/

Olga Savary (1933)



Olga Savary (Belém, 21 de maio de 1933)

Filha única do engenheiro eletricista russo Bruno Savary e da paraense Célia Nobre de Almeida, Olga estudou em Belém, Fortaleza e no Rio de Janeiro.

Olga Savary nasceu em Belém, Pará, 21 de maio de 1933, Filha única de pai russo, Bruno Savary, engenheiro eletricista e mãe brasileira, Célia Nobre de Almeida, paraense de Monte Alegre, de origem pernambucana, descendentes de portugueses e com uma bisavó índia.

Na infância, absorveu fortemente os elementos da cultura da terra onde nasceu, transmitidos por sua família materna. Até os três anos de idade, teve a vida dividida entre Belém e Monte Alegre, no interior do Pará, cidade de seus avós maternos. Em 1936 seu pai, por motivo de trabalho, leva a família para o Nordeste, onde fixa moradia em Fortaleza.

Em 1942 os pais de Olga se separam, e ela vai para o Rio de Janeiro onde passa a morar com um irmão de sua mãe, começando a desenvolver suas habilidades literárias.

Sua mãe, no início, recriminava a vocação da filha, pois queria que ela se dedicasse à música, coisa que Olga detestava. Nesse tempo ela começa a escrever e a guardar seus escritos em um caderninho preto, que sempre era deixado com o bibliotecário da ABI para que sua mãe não o destruísse.

Começou a escrever aos 10 anos em 1943, quando produziu um jornal artesanal, com poemas textos e desenhos. Publicou muitos de seus poemas em jornais e revistas do Rio, Belém e Minas Gerais, assinando alguns como Olenka.

Aos 18 anos, Olga volta a Belém, indo morar com parentes e estudando no Colégio Moderno. Posteriormente decide voltar para o Rio, onde começa a alavancar sua carreira de escritora.

O primeiro livro, Espelho Provisório, foi publicado pela editora José Olympio em 1970, recebendo, em 1971, o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo.

Compositores de música erudita de vanguarda ( como Aylton Escobar, Guilherme Bauer, Ricardo Tacuchiam, Vânia Dantas Leite e Guerra Peixe) usaram poemas de Espelho Provisório, de Sumidouro, de Altaonda e de Magma, em mais de 40 concertos do Rio e também no exterior, a partir de 1972, sob o patrocínio do Departamento de Cultura do Rio de Janeiro.

Seus poemas também foram utilizados como material de palestras e cursos de Literatura ( Gilberto Mendonça Teles, na PUC-RJ, Angélica Soares e Dalma Nascimento, na UFRJ, Lucila Nogueira, na UFPE, Marlene Paula Marcondes e Ferreira de Toledo, na USP), Psicanálise (Wilson de Lyra Chebabi) e Astrologia (Martha Pires Ferreira), entre outros.

Olga Savary dirigiu o setor de Literatura da Casa do Estudante do Brasil, no Rio, a convite do Embaixador Paschoal Carlos Magno.

Colabora em quase todos os jornais e revistas do Brasil e do exterior como poeta, ficcionista, crítica, jornalista e tradutora.

Em suas atividades jornalísticas, iniciou a coluna As Dicas (notícias culturais, comentários e sugestões) no jornal O Pasquim, onde se manteve de 1969 a 1982 como colaboradora, entrevistadora e tradutora. Exerce jornalismo literário há mais de 40 anos, tendo recebido em 1987 o Prêmio Assis Chateaubriand da Academia Brasileira de Letras para a Coletânea de Artigos Literários publicados na Imprensa com o livro As Margens e o Centro.
Integra antologias de poesia brasileira contemporânea no Brasil e no exterior.

Fez parte de júris (julgando letra) de vários Festivais de Canção Estudantil, a partir de 1972. Fez parte do júri dos Carnavais de 1975, 1983, 1984, 1986, 1988 e 1990, julgando letra de sambas-enredo das Escolas de Samba do I Grupo, no Rio e em São Paulo. Participou do júri do Festival de Música Popular Brasileira (1980) da TV Globo.Também participou de vários movimentos de poesia como Ex-Poesia 1 (PUC, Rio, 1973), Ex-Poesia 2 (Curitiba, Paraná, 1973), PoemAção (Museu de Arte Moderna, Rio, 1974), sob organização do poeta e professor Affonso Romano de Sant’Anna etc.

Em 1975 foi escolhida Mulher do Ano em Literatura pelo jornal O Globo, Rio de Janeiro.

Poemas seus foram publicados em Buenos Aires (Revista Crisis), em Lisboa (Revista Colóquio/Letras), em jornais e revistas de Londres, em Copenhague (Dinamarca), nos Estados Unidos (Poema Convidado da Universidade de Georgetown, e Universidade de Indiana, a partir de 1973), na Revista Via, em 1977, na revista II Cavalo de Troia (Milão, Itália, 1982), em Zerstreuung des Alphabets (Alemanha), Canadá e Japão.

Seu 2° livro , Sumidouro (Massao Ohno, João Farkas/Editores, SP, 1977), foi escolhido Melhor Livro do Ano pelo Jornal do Brasil (Rio) e ganhou o prêmio Poesia 1977 da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte.

Tradutora de mais de 40 títulos dos principais escritores hispano-americanos, recebeu o Prêmio Odorico Mendes 1980 de Tradução, da Academia Brasileira de Letras, com Conversa na Catedral, romance de Mario Vargas Llosa.
Participou da VI Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, em 1980, no I Seminário de Literatura Brasileira.
Juntamente com Walter Clark, Muniz Sodré e Jose Wilker, fez parte do I Debate Cultural, organizado por Gustavo Barbosa e promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian / Soart e TV Educativa, no Rio, 1981.

Participou do Projeto Escritor 1981, realizando dois depoimentos como escritora na Biblioteca de Santana e na Biblioteca de Pinheiros, promovidos pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, sob a gestão do poeta Mario Chamie.

Altaonda ( Edições Macunaíma / Massao Ohno Editor, 1979), seu 3° livro, recebeu o Prêmio Lupe Cotrim Garaude de Poesia (1981) da União Brasileira de Escritores de São Paulo.

Seus poemas foram apresentados no espetáculo Fala Poesia, durante dois meses, no Teatro Brasileiro de Comédia, mais tarde levados em cinco bibliotecas e no Teatro Ruth Escobar, sob o patrocínio da Secretaria da Cultura de São Paulo, musicados por Déa Bertran, interpretados por atrizes: Isadora de Faria e Núbia de Oliveira.

Mais sete compositores de música popular (Paulo Ciranda, Irinéa Faria, Rosa Passos, Mirabô, Flávio Pantoja, Madan e José Luiz Nogueira) musicaram poemas de Olga Savary.

Participou do I Festival da Mulher nas Artes, organizado por Ruth Escobar e pela Editora Abril em São Paulo, 1982, ano em que Natureza Viva: Uma Seleta dos Melhores Poemas de Olga Savary é editado pelas Edições Pirata, no Recife. No mesmo ano sai Magma ( Massao Ohno-Roswitha Kempf/ Editores), saudado pela imprensa e pela crítica como o primeiro livro todo em temática erótica escrito por mulher no Brasil, Prêmio Olavo Bilac 1983 da Academia Brasileira de Letras.

Visando a um benefício coletivo para escritores e tradutores, num esforço individual através de cartas à Prefeitura do Rio de Janeiro, de 1982 a 1984, conseguiu abolir o imposto de ISS para as duas categorias.
Em 1984 foi eleita Membro Titular do PEN Clube, associação de escritores ligada ao PEN Internacional/UNESCO.

Também em 1984 lança Carne Viva – I Antologia Brasileira de Poesia Erótica, sob sua organização, reunindo 77 dos melhores poetas de todo o Brasil, Ed. Anima, RJ.

Abre a I Semana do Japão, proferindo a palestra: Hai-Kai, a poesia clássica japonesa, no auditório da Associação Comercial do Rio de Janeiro, realizada pelo Consulado Geral do Japão, Câmara do Comércio e Indústria Japonesa, e Instituto Cultural Brasil-Japão.

Representou o Brasil no Poetry International 1985 de Roterdan, Holanda, importante congresso europeu de poesia (convidada, junto com João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e Lêdo Ivo, em homenagem à poesia de língua portuguesa e na primeira vez em que o Brasil foi convidado), sendo a única mulher entre a delegação portuguesa e brasileira. De volta, apresentou-se no Restaurante Botanic, em duas noites de agosto, lendo 20 poemas dos que apresentou na Holanda em português e a correspondente tradução para o holandês feita pelo prof. August Willemsen, da Universidade de Amsterdam.

Saturnal, poema seu musicado por Paulo Ciranda, é apresentado em vários shows de São Paulo e no projeto Pixinguinha, da Funarte, no Rio, no teatro Glauce Rocha e no circo Voador, pela cantora e atriz paulista Maricene Costa, com um conjunto de músicos e de bailarinos.

Em agosto de 1986, lança Hai-Kais, 100 hai-kais pinçados de seus livros anteriores e parte inédita (Rowitha Kempf Editores), prefácio de Gerardo Mello Mourão e capa de Sun Chia Shin, no Espaço Cultural Pasárgada (Casa de Manuel Bandeira), no Recife. Em seguida, é homenageada, como Poeta do Ano, com a Caminhada Poética, poetas e artistas dizendo seus poemas pelas ruas do centro da cidade do Recife, parando literalmente o trânsito durante 2 horas, a convite da Fundarpe, Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, União Brasileira de Escritores e Sindicato de Jornalistas.

Poema seu foi dito pela atriz Neila Tavares no espetáculo Eu sou uma mulher, no Bar O Viro do Ipiranga e no Centro Cultural Laura Alvim, no Rio de Janeiro, durante meses.

Em novembro/dezembro de 1986 participa do seminário Erotismo, Psicanálise e Cinema, com três psicanalistas da Letra Freudiana – Eduardo Vidal, Elisabeth Tolipan e Paulo Becker-, a artista plástica Vilma Pasqualini, os cineastas Arnaldo Jabor, Nagisa Oshima e Roger Vadim, no III FestRio de Cinema , realizado no Hotel Nacional/RJ.

Ainda em dezembro faz a palestra: Hai-Kai e Cultura Japonesa e é jurada do I Encontro de Hai-Kais, no Centro Cultural São Paulo, a convite da Fundação Japão e do jornal Portal, SP.

Em 1987, sai Linha d’água (Massao Ohno / Hipocampo, Editores, SP/RJ), prefácio de Felipe Fortuna e apresentação de Antonio Houaiss, com capa e ilustrações de Kazuo Wakabayashi.

Cria, com Virgínia Lombardi, o projeto Ver Ouvindo (gravações de livros em cassete para cegos, livros seus e de autores, lançando-os na Biblioteca de Jacarepaguá, com atrizes interpretando poemas: Maria Helena Dias, Martha Overback e Sonia Santos).

Em outubro faz parte do jurí do II Encontro de Hai-Kais, no Centro Cultural São Paulo, julgando e apresentando poemas de poetas japoneses em tradução sua.

Em novembro, recebe em Salvador o Prêmio Nacional de Poesia Artur de Sales 1987 da Academia de Letras da Bahia, por unanimidade do júri, entre centenas de concorrentes de todo o Brasil, com o livro inédito Berço Esplêndido.

Em dezembro, na ABI – Associação Brasileira de Imprensa e no Espaço Cultural Sérgio Porto é apresentada Fotopoesia, exposição de fotos de Ruy Lisboa com poemas de Olga Savary.

Recebe o Prêmio Eugênia Sereno 1988, com livro de contos inéditos, pelo Instituto de Estudos Valeparaibanos, em Guaratinguetá, SP. No mesmo ano, este livro é premiado na Academia Brasileira de Letras.

Convidada pela Bienal Nestlé de Cultura, em julho de 1988, participa com o tema Erotismo na Literatura e leitura de poemas seus.

Em maio de 1989, é homenageada pela Secretaria de Estado da Cultura- Museu de Literatura Casa Mario de Andrade, por 15 dias, por serviços prestados à cultura do País, e 40 anos de ofício (com palestras, vídeos, depoimentos, recitais com o ator Felipe Martins e a atriz Isadora de Faria e duas exposições de desenhos sobre seu trabalho de Amélia Martins Rodrigues e Suely Regina Avelar). Convidada a dar entrevista a Jô Soares, no SBT.
Jurada do III Encontro Portal de Hai-Kais, realizado no Centro Cultural São Paulo, faz palestra sobre poesia japonesa, com leitura de haikaísistas japoneses e brasileiros. Participa do IV e V Encontro Portal de Hai-kais nos anos de 1988,1989 e 1990, onde é homenageada como a primeira mulher a publicar hai-kais entre nós e a grande divulgadora da cultura japonesa no Brasil.

Em 1989, é editado Retratos.

Em 1991, é homenageada pela Fundação Biblioteca Nacional, RJ, gestão de Affonso Romano de Sant’anna, com dramatização de atores da TV Globo (Ary Coslov, Dedina Bernadelli e Mayara Magri) e música (flautista Helder Parente) no Teatro do Texto.

Em 1992 lança a Antologia da Nova Poesia Brasileira, organização sua, considerada pela imprensa e crítica a maior antologia feita no Brasil, com 334 poetas de todo o país, edição da Fundação RioArte / Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro/Editora Hipocampo.

Em 1994 saem dois livros seus de poesia: Rudá e Éden-Hades. Participa da Poesia 1994, 1995 e 1996, série de palestras que dá em São Paulo, a convite da Secretaria Municipal de Cultura, sobre poesia brasileira e a sua própria.
Homenageada em 1995 com o título de Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, pelas mãos da escritora-deputada Heloneida Studart, na ALERJ- Assembléia Legislativa do RJ, no Plenário do Palácio Tiradentes, tendo como presidente Sérgio Cabral Filho. Onze atores e atrizes interpretam seus poemas no final da cerimônia, entre os quais Alessandra Hatkopf, Denise e Cairo Trindade, Salgado Maranhão, Sandra Barsotti e Zezé Polessa.

Em 1996, sai Morte de Moema (edição de arte). Participa, a convite da Secretaria Municipal da Cultura de SP, do Congresso Internacional de Literatura do Mercosul.

Mulher do Ano -1996 pela Secretaria Municipal de Cultura e Departamento e Bibliotecas Públicas de São Paulo, gestão de Rodolfo Konder/Cláudio Willer, na Biblioteca Mario de Andrade, SP.

Em 1997 é editado seu 1° livro de contos: O Olhar Dourado do Abismo.

Da década de 80 até 1997, saem vários discos e CDs com poemas de Savary, musicados por Vânia Dantas Leite, Flávio Pantoja, César Guerra-Peixe, Madan, entre outros compositores de música erudita e MPB.

Faz parte do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. É Membro Titular da Comissão da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Eleita presidente do Sindicato de Escritores do Estado do Rio de Janeiro/ Casa de Cultura Lima Barreto/ Teatro TESE, primeira mulher na presidência, de 1997 a 2000. Todos esses títulos honoríficos, pois, estas entidades culturais são de utilidade pública e não visam fins lucrativos.

Indicada para o Prêmio Machado de Assis/Conjunto de Obra 1997 pela Academia Brasileira de Letras.

Em 1998, com 15 livros publicados, tem mais 15 no prelo e a sair ( poesia, conto, novela, crítica, ensaio, jornalismo literário), somando agora 23 prêmios nacionais de literatura.

Aníbal Machado, Carlos Drummond de Andrade, Marlos Nobre, Murilo Mendes, Sylvio Meira, Virgínio Santa Rosa, entre outros, são intelectuais dos quais se orgulha ser parente. E por casamento, fazendo parte da família de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, também ficou parente (e amiga) de Rachel de Queiroz, Pedro Nava e José de Alencar.

Em novembro de 1996, candidata-se pela primeira vez à ABL (Academia Brasileira de Letras), obtendo expressiva votação dos escritores da entidade.

Casada há 50 anos com a literatura, Repertório Selvagem – Obra Reunida (12 livros de poesia), editada em 1998 pela Biblioteca Nacional / Universidade de Mogi das Cruzes/ MultiMais, comemora este longo caso de amor que de ambas as partes deu certo.

Livros:
Espelho Provisório (poemas) 1970,
Sumidouro (poemas) 1977,
Altaonda (poemas) 1979,
Magma (poemas) 1982,
Natureza Viva (poemas) 1982,
Hai-kais (poemas) 1986,
Linha d'água (poemas) 1987,
Berço Esplendido (poemas) 1987,
Retratos (poemas) 1989,
Rudá (poemas) 1994,
Éden Hades (poemas) 1994,
Morte de poema (poemas) 1996,
Anima Animalis (poemas) 1996,
O Olhar Dourado do Abismo contos) 1997, e
Repertório Selvagem (poesia reunida) 1998.

Fontes:
http://varejosortido.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org
http://www.palavrarte.com/

quinta-feira, 23 de abril de 2009

23 de Abril - Dia Mundial do Livro

Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral


O livro constitui um meio fundamental para conhecer os valores, os saberes, o senso estético e a imaginação humana. Como vetores de criação, informação e educação, permitem que cada cultura possa imprimir seus traços essenciais e, ao mesmo tempo, ler a identidade de outras. Janela para a diversidade cultural e ponte entre as civilizações, além do tempo e do espaço, o livro é ao mesmo tempo fonte de diálogo, instrumento de intercâmbio e semente do desenvolvimento.

Por todos esses motivos, a UNESCO celebra a cada dia 23 de abril o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, do qual, anualmente, participam uma centena de países e vários milhões de pessoas. O Dia, dedicado a promover o universo da leitura e da escrita e o do direito de autor, intimamente relacionado com ambas, busca valorizar as múltiplas dimensões do livro: criativa, industrial, normativa, política, nacional e internacional.

O livro e o direito de autor ilustram de maneira exemplar os dois grandes eixos identificados pela UNESCO para celebrar o Ano do Patrimônio Cultural: "Patrimônio e Diálogo" e "Patrimônio e Desenvolvimento". Como protetor da memória e vetor da criatividade, o livro é ao mesmo tempo depósito de palavras e um mecanismo para o intercâmbio de idéias. Peça única e, ao mesmo tempo, objeto reproduzível, criadora de sentido e geradora de receitas, obra original e espelho da sociedade, constitui um patrimônio que, partindo das raízes próprias de uma determinada tradição cultural, não pára de crescer, por meio da interação com outras tradições, na relação e no diálogo permanente com o Outro.

A celebração deste Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor representa uma excelente oportunidade para refletir sobre a contribuição dos livros ao patrimônio cultural, com vistas a desenvolver novas iniciativas baseadas na fecunda interação entre as páginas, impressas em papel ou em novos meios, e a riqueza cultural, tangível e intangível, da humanidade.

Proteger e enriquecer o patrimônio cultural da humanidade é manter uma sinergia da qual o livro é, essencialmente, um dos melhores artífices.

Fonte
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor (Resultado da 2a. Etapa)



2ª Etapa 1° Concurso

Tema: Sinceridade


GRUPO 1 NACIONAL


1° LUGAR

Quem em todos os momentos
age com sinceridade,
revela bons sentimentos
e preza o bem e a verdade.
Leonilda Yvonneti Spina (Londrina/PR)

2° LUGAR

Se existe sinceridade,
dói menos a aceitação
quando se diz a verdade,
seja qual for... a um irmão!
Alba Helena Corrêa (Niterói/RJ)

3° LUGAR

Quero dar-te, ó sepultura,
dois bens que os vermes não comem:
sinceridade e lisura,
dois tesouros num só homem!
Humberto Rodrigues Neto (Pirituba/SP)

MENÇÃO HONROSA

1.
Franqueza e sinceridade
são coisas bem diferentes:
uma é dizer a verdade.
outra é dizer o que sentes
Alba Christina (São Paulo/SP)

2.
Vendo tanta falsidade
presente na nossa fala,
já sinto a sinceridade
mais perto de quem se cala.
Josafá Sobreira da Silva (Rio de Janeiro/RJ)

3.
Mais vale a sinceridade
nas horas de nossa lida,
do que a ausência da verdade
na trajetória da vida.
Wilton Di Cali (São Paulo/SP)

4.
Prefira a sinceridade
e faça o bem nesta vida.
Quem usa de falsidade
torna a existência sofrida...,
Geraldo Lyra (Recife/PE)

5.
Toda criatura honesta
leva a vida sem maldade
e, em seus atos, manifesta
o dom da sinceridade.
Hélio Pedro Souza (Natal/RN)

MENÇÃO ESPECIAL

1.
Num arbítrio de questão,
é amigo de verdade
quem, de fato, dá razão
usando sinceridade.
Ruth Farah Nacif Lutterback (Cantagalo/RJ)

2.
Prefiro a meia verdade,
cuja metade eu componho,
à crua sinceridade
que, cruel... mata meu sonho!
Divenei Boseli (São Paulo/SP)

3.
Sinceridade faz lavra
muito mais bem sucedida
quando se planta a palavra
no solo fértil da vida.
Marcos Antônio de Andrade Medeiros (Natal/RN)

4.
Ao contrário da mentira,
é reta a sinceridade;
aquela desperta a ira,
esta, a credibilidade.
Lairton Trovão de Andrade (Pinhalão/PR)

5.
Melhor seria que os versos,
com as asas da verdade,
voassem pelo universo
a espalhar sinceridade.

Myrthes Mazza Masiero (São José dos Campos/SP)


GRUPO 2 NACIONAL

1° LUGAR

Acho que a sinceridade
permeia nosso viver.
Está em cada verdade
que não tememos dizer.
Márcia Sanchez Luz (Araras/SP)

2° LUGAR

Sinceridade eu diria,
com toda força e razão...
é a transparência do dia,
no trato com o teu irmão.
João Roberto Cônsoli (Belo Horizonte/MG)

3° LUGAR

Vamos todos dar as mãos
agir com sinceridade,
para sermos bons irmãos
em qualquer atividade.
Maria Diva Fontes Rico (São José dos Campos/SP)

MENÇÃO HONROSA

Quem passa o tempo vivendo
plantando apenas verdade,
todo dia vai colhendo,
a flor da sinceridade.
Jair Maciel De Figueiredo (Candelária/RN)

2.
Sinceridade não cala
ante um mal que se conhece:
amigo é aquele que fala,
perdoa e depois esquece.
Maria Cecilia Graner Fessel (Piracicaba/SP)

3.
Entre as humanas virtudes
destaco a sinceridade
que norteia as atitudes
dos amigos de verdade
Cyro Mascarenhas Rodrigues (Brasília/DF)

4.
Cultive a sinceridade
com amor e com carinho
pois ela traz amizade
e paz em nosso caminho
Wanda Duarte Da Silva (Ribeirão Preto/SP)

5.
Falar com sinceridade
é requisito maior
para se agir sem maldade,
por uma vida melhor.
Arnaldo Pereira Ribeiro (São Paulo/SP)

MENÇÃO ESPECIAL

1.

Se alguém tem sinceridade
no diálogo com os seus
há grande felicidade
e sintonia com Deus.
Barão de Jambeiro (Jambeiro/SP)

2.
O Homem com sabedoria,
amor e sinceridade,
vai alcançar cada dia
a luz da felicidade.
Dirce Montechiari (Nova Friburgo/RJ)

3.
A paz com sinceridade
não se faz por mutirão,
depende mais da vontade
só de cada cidadão!
Genilton Vaillant de Sá (Vitória/ES)

4.
Em contraposta à mentira,
somente a sinceridade;
mesmo quando também fira,
nada melhor que a verdade.
Diamantino Ferreira (Campos dos Goytacazes/RJ)

5.
Sinceridade é uma estrela
que embeleza o firmamento.
Precisamos sempre vê-la
no nosso comportamento.
Jair Pereira da Silva (Pilar do Sul/SP)

GRUPO INTERNACIONAL
Paises participantes: Portugal ; Canadá; México; USA; Colômbia; Espanha; Argentina; França; Peru; Japão; Suiça; Porto Rico.

1° LUGAR

Não pode existir verdade
em tudo que nós fazemos,
sem haver sinceridade
nos atos que cometemos!
Fernando Reis Costa (Coimbra/Portugal)

2° LUGAR

Com toda a sinceridade
te juro que não me irrito:
podes mentir-me à vontade
que eu finjo que te acredito…
Fernando Máximo (Avis/Portugal)

3° LUGAR

Usar de sinceridade
é para a vida um valor
que nos traz felicidade
e dá mais força ao amor.
Célia Maria da Cunha Sanches (Góis/ Portugal)

MENÇÃO HONROSA

Não poderão existir
um amor ou amizade,
se não se podem medir
com total sinceridade.
Elena Guede Alonso (San Juan/ Porto Rico)

MENÇÃO ESPECIAL

1
Diz-me com sinceridade
se teu amor me pertence,
diz-me em breve essa verdade,
pois meu ser fica em suspense.
Jamil William Piscoya Ayala (Ferreñafe /Region Lambayeque/Peru)

2
Eu louvo a sinceridade
que encerra grande virtude
de quem só diz a verdade
e os amigos não ilude.
Maria José Viegas da Conceição Fraqueza (Fuseta/Olhão/ Portugal)

3
A nossa sinceridade
não deve morrer à míngua...
Para termos a verdade
sempre na ponta da língua!
Judite Raquel das Neves Fernandes (Góis/ Portugal)

4.
Sinceridade te cala
se é um amigo quem a diz,
dói muito, como uma bala:
mas é Deus quem te bendiz!
Olga Maricela Treviño (Guadalupe, N.L/México)


GRUPO 3: ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E ENSINO MÉDIO

1° LUGAR

Nem sempre a sinceridade
causa o bem que deveria.
Há casos em que a verdade
tem sabor de grosseria.
Hugo Paes Bezerra (Maceió/Alagoas)

2° LUGAR

Se houver a sinceridade
saberemos nos amar
dizendo sempre a verdade
para o mundo melhorar.
Andréia de Fátima (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

3° LUGAR

Uso de sinceridade
com amigos e meus pais
Não é só questão de idade
da vida quero bem mais!
Patrícia Camilla de Souza Moraes (Colégio Agnes Eskine [Recife/PE])

MENÇÃO HONROSA

1.
Sempre com sinceridade
procuro me conduzir
Acho que já tenho idade
de saber por onde ir.
Bruna Marina de Souza Moraes (Colégio Agnes Eskine [Recife/PE])

2.
Viver é ter uma vida
sem estresse e sem maldade.
Ela deve ser vivida
com muita sinceridade.
Josiléa de Oliveira (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

3.
O amor é um grande bem
que nasce no coração.
Sinceridade também
faz parte dessa emoção.
Daniela Santos Dias (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

4.
Amigos eu sempre tive
amigos que quero ter.
sinceridade se vive
praticando o bem viver.
Gabriel Vinicius de Souza Garcia (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

5.
Sinceridade é tão rara
mas não pode magoar.
É preciso dar a cara
e até saber perdoar.
André Luiz Santos (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

MENÇÃO ESPECIAL

1.
Venci um torneio com
sinceridade e razão.
Aprendi a achar o tom
na paciência e emoção.
Letícia Maria Martins Sakamoto (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

2.
Eu não tenho paciência
mas tenho a felicidade;
vivo com a convivência
de sua sinceridade.
Débora Evelim Silva de Souza (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

3.
Se não formos verdadeiros
não teremos a verdade;
todos os bons companheiros,
vivem com sinceridade.
David Silva do Amaral (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

4.
Sinceridade não é
só pensar, mas o agir;
é ter na verdade, fé
e ao amigo não trair.
Fabrício Batista de Lima (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

5.
Amo com sinceridade
vivo com muita alegria.
Amo este pais – verdade
sou alegre dia-a-dia.
João Pedro Castilho Braz (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

COMISSÃO JULGADORA:
Adamo Pasquarelli (SP); Cláudio De Morais – (SP); Maria Aparecida Stinglin – (PR); Mariléa Mendes Hipólito -(SP); Ademar Macedo (RN); Delcy Rodrigues Canales (RS); Francisco Garcia (RN); José Valdez Castro Moura (SP); Arlindo Tadeu (MG); Cidinha Frigeri (PR); Gislaine Canales (SC); Luiz Antonio Cardoso (SP); Zélia Maria Carvalho De Figueiredo (RN); Myrthes Mazza Masiero (SP)
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Fonte:
Maria Inez Fontes Rico. UBT-Paraibuna/SP

quarta-feira, 22 de abril de 2009

II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras - Abril 2009

Montagem = José Feldman

II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras - Abril 2009

ENCONTRO LITERÁRIO DE MULHERES IBERO-AMERICANAS / I ENCONTRO DE REDES DE ESCRITORAS

Para o evento a entrada será gratuita, basta contatar a organização para obter o convite.

I ENCONTRO LITERÁRIO DE MULHERES IBERO-AMERICANAS
I ENCONTRO DE REDES DE ESCRITORAS
“A IGUALDADE NÃO É UMA UTOPIA”
São José do Rio Preto - São Paulo - Brasil
23, 24 e 25 de Abril de 2009

Acontecerá em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o evento II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras, nos dias 23, 24 e 25 de abril de 2009.

O objetivo desse acontecimento é reunir mulheres escritoras de diferentes localidades, de variados estilos literários, de todas as classes sociais, em torno de um mesmo propósito: comunicar-se, expor e intercambiar seus pensamentos, conhecimentos e sentimentos por meio de seus textos.

A criação e elaboração desse projeto estão a cargo de Isabel Ortega, gestora cultural, rio-pretense residente na Espanha, que ao trazer para essa cidade um evento dessa envergadura, almeja inserir na agenda cultural dessa cidade mais um acontecimento de nível internacional a exemplo do Festival Internacional de Teatro.

ENCONTRO DE REDES

1. REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras (3.040 associadas) Brasil - Joyce Cavalcante, fundadora e presidente
2. RELAT - Rede de Escritoras Latino-americanas Argentina - Patrícia Suárez, membro da Relat
3. REI - Rede de Escritoras Indígenas - Brasil - Eliane Potiguara, fundadora e coordenadora
4. ANIDE - Asociación Nicaragüense de Escritoras - Nicarágua - Isolda Furtado - presidente executiva
5. LAC - Red de Mujeres Rurales de América Latina e del Caribe - Brasil - Maria Vanete Almeida, fundadora
6. AEH - Asociación de Mujeres Escritoras de Honduras - Honduras - Waldina Mejía, fundadora e presidente

PAISES PARTICIPANTES
Argentina – Brasil – Chile - Costa Rica – Espanha Honduras - México – Peru – Portugal - França

NOMES CONFIRMADOS
Os nomes já confirmados são: SILVIA PLAGER (Argentina) – NILZA AMARAL (Brasil) – ANA MARIA MARTINS (Brasil) - LYGIA FAGUNDES TELLES (Brasil) - ROSALIE GALLO Y SÁNCHES (Brasil- São José do Rio Preto) - “PIA BARROS”(Chile) - PIEDAD BONNET (Colômbia) - FERNANDO VARELLA MATEO (Editora Lengua de Trapo –Espanha) - DOMINIQUE KOOP (França) - AMADA PAREDONES (Jornalista – México) - WALDINA MEJÍA (Nicarágua) GLORIA DÁVILA (Peru).

A Jornada é um evento de mulheres escritoras, jornalistas, crítico-literária, mulheres que se dedicam à escrever e à comunicar. Especialistas na arte de cristalizar idéias e desenvolver a imaginação expressas em versos, narrativas, contos, dramaturgia, pesquisas, romances e todas as formas de composições literárias.

A originalidade está em uma Jornada que congrega mulheres escritoras, oferecendo-lhes um espaço para reflexão, discussão e intercâmbio, viabilizados pelo diálogo e pelo conhecimento de realidades e vivências entre escritoras de classes diversificadas e de lugares distintos do Brasil e do exterior.

Uma tribuna aberta para conhecer, mais de perto, mulheres que escrevem a memória histórica de sua gente, que poderão interagir com o público de jovens universitárias, com mulheres do campo, representantes dos setores representativos da sociedade local e regional.

Uma contribuição para aproximar escritoras já conhecidas da mídia e as ainda não tão conhecidas, mulheres premiadas e com muito sucesso no exterior, a seus atuais e futuros leitores, por meio de suas palestras e debates.

A Jornada tem a parceria do Sesc, Serviço Social do Comércio, Prefeitura de São José do Rio Preto, UNESP, Universidade estadual Sao Paulo, apoio de Rebra, Rede de Escritoras brasileiras, Academia Riopretense de Letras.

Os livros se farão presentes, mas os objetivos do projeto são: a interação e comunicação e a integração social das mulheres, escritoras, leitoras e futuras escritoras.

O espaço existirá com o intuito de: romper silêncios, criar possibilidades para novas perspectivas, pensar como agente transformador por uma sociedade mais dialogante e comunicativa. Indicar a necessidade de priorizar critérios de justiça e eqüidade social. Posto que:
“A igualdade não é uma utopia.”

Proposta

Reunir em São José do Rio Preto, estado de São Paulo, Brasil, mulheres escritoras de países de Ibero - América, com a finalidade de apresentarem seus trabalhos literários umas às outras e ao público presente.

• Encontros e intercâmbios de experiências entre mulheres escritoras do Brasil, de países ibero - americanos e de países convidados, visando criar mecanismos de efetiva comunicação através das redes de escritoras, editoras, tradutoras, pesquisadoras, jornalistas, educadoras, leitoras e futuras escritoras.

• Entender como escritoras às mulheres que escrevem, que são as jornalistas, pesquisadoras, críticos literários e culturais, pedagogas, etc.

• Conferências, teleconferências, mesas redondas e debates sobre temas relacionados com o universo literário feminino e temas pertinentes a todas as mulheres e homens dentro do âmbito literário, social, cultural e trabalhos de pesquisa.

• Promover eventos paralelos, conferências, vivências e mesas redondas nos auditórios da UNESP-IBILCE (campus S. J. Rio Preto). Com a participação da comunidade acadêmica na qualidade de convidada especial nas mesas redondas e outras atividades, recebendo certificado de participação no evento.

• Promover o primeiro “Encontro de Redes”, Abrindo caminho ao diálogo através da linguagem cultural dos países Ibero-americanos, fomentando os possíveis encontros e intercâmbios, nacionais e internacionais das mulheres e suas diversidades culturais e sociais.

O evento da Jornada, tem uma proposta firme, que é do intercambio cultural literário. Não cogitamos o evento dentro de um modelo comercial, ainda.

Cada escritora participante, poderá: trazer alguns de seus livros que podem ser vendidos pela equipe do evento, na área de convivência do Sesc, fazer lançamento de livros, no Sesc e no Shopping da Cidade. Cada participação tem 40 minutos.
Cada escritora convidada, deverá enviar o seu CV resumido, uma foto de alta resolução.

A Jornada este ano cria o Prêmio Lygia Fagundes Telles, a qual fará a abertura do evento, na quinta feira, às 10hs, no SESC

O evento recebe apoio do SESC, da UNESP-IBILCE, e principalmente do governo municipal através das Secretarias da Cultura, do Turismo, da Educação e da Mulher.

Há também equipes de apoio técnico e administrativo formado por membros da comunidade local para divulgação e suporte e, o Instituto Práxis: Alternativa de Sustentabilidade que presta consultoria e faz a produção do evento.

Estão apoiando o evento a REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras, e a UBE, União Brasileira de Escritores.

Paralelamente ao evento acontecerá o encontro de Redes, com a participação das seguintes redes: REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras, RELAT - Rede de Escritoras Latino-americanas, REI - Rede de Escritoras Indígenas, ANIDE - Asociación Nicaragüense de Escritoras.

Fontes:
Isabel Ortega (Riopretense que reside em Madrid) – Diretora e idealizadora do evento.
Ana Paula Dias Rodrigues

Anayde Beiriz (Carta de Amor)



A carta é de 4 de julho de 1926.

“(...) O amor que não se sente capaz de um sacrifício não é amor; será, quando muito, desejo grosseiro, expressão bestial dos instintos, incontinência desvairada dos sentido, que morre com o objetivar-te, sem lograr atingir aquela atura onde a vida se torna um enlevo, um doce arrebatamento, a transfiguração estética da realidade... E eu não quero amar, não quero ser amada assim... Porque quando tudo estivesse findo, quando o desejo morresse, em nós só ficaria o tédio; nem a saudade faria reviver em nossos corações a lembrança dos dias findos, dos dias de volúpia de gozo efêmero, que na nossa febre de amor sensual tínhamos sonhado eternos.

Mas não me julgues por isto diferente das outras mulheres; há, em todas nós, o mesmo instinto, a mesma animalidade primitiva, desenfreada, numas, pela grosseria e desregramento dos apetites; contida, nobremente, em outras, pelas forças vitoriosas da inteligência, da vontade, superiormente dirigida pela delicadeza inata dos sentimento ou pelo poder selético e dignificador da cultura.

Não amamos num homem apenas a plástica ou o espírito: amamos o todo. Sim, meu Hery, nós, as mulheres, não temos meio termo no amor; não amamos as linhas, as formas, o espírito ou essa alguma coisa de indefinível que arrasta vocês, homens, para um ente cuja posse é para vocês um sonho ou raia às lides do impossível. Não, meu Hery, não é assim que as mulheres amam. Amam na plenitude do ser e nesse sentimento concentram, por vezes, todas as forças da sua individualidade física ou moral.

É pois assim que eu te amo, querido; e porque te amo, sinto-me capaz de esperar e de pedir-te que sejas paciente. O tempo passa lento, mas passa...

...E porque ele passa, e porque a noite já vai alta, é-me preciso terminar.

Adeus. Beija-te longamente, Anayde”
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Uma das cartas de Anayde Beiriz a Heriberto Paiva é bastante revelador da personalidade ao mesmo tempo romântico e ousada da professora paraibana.

Fontes:
http://www.meiotom.art.br/
Imagem = http://www.aceav.pt/

Anayde Beiriz (1905 – 1930)



Anayde Beiriz (João Pessoa, 18 de fevereiro de 1905 — Recife, 22 de outubro de 1930) foi uma professora e poetisa brasileira.

O seu nome está ligado à História da Paraíba, devido à tragédia em que foi envolvida, juntamente com o advogado e jornalista João Duarte Dantas, com quem mantinha um relacionamento amoroso.

Poetisa e professora, ela escandalizou a sociedade retrógrada da Paraíba com o seu vanguardismo: usava pintura, cabelos curtos, saía às ruas sozinha, fumava, não queria casar nem ter filhos, escrevia versos que causavam impacto na intelectualidade paraibana e escrevia para os jornais.

Anayde Beiriz nasceu em 1905 em João Pessoa. Diplomou-se pela Escola Normal em 1922, com apenas 17 anos, destacando-se como primeira aluna da turma. Passou, assim, a lecionar, alfabetizando os pescadores da então vila de Cabedelo. Além de normalista, era poeta e amante das artes. Logo que se formou, passou a lecionar na colônia de pescadores perto de sua cidade natal. Em 1925, ganhou um concurso de beleza. Circulava também nos meios intelectuais, onde declarava-se publicamente a favor da liberdade e da autonomia feminina. Chamavam a atenção os seus olhos de cor negra, que lhe valeram o apelido, em seu círculo de amizades, de "a pantera dos olhos dormentes".

Sendo uma mulher emancipada para os costumes do seu tempo, Anayde perturbou a sociedade conservadora da Paraíba, nos anos 30. Ousou exprimir uma sensibilidade que chocou o modelo de moralidade prevalente: sua maneira de se vestir (o uso dos decotes), o corte dos cabelos, "à la garçonne", que eram pintados, as suas idéias políticas (quando as mulheres não tinham sequer o direito ao voto) e a maneira de vivenciar o amor livre causaram escândalo.

Em 1928, iniciou seu romance com o deputado João Dantas, que era adversário de João Pessoa, candidato à presidência da Paraíba. Em 1930, o Brasil sofreu reviravoltas importantes. A chamada política do "café com leite" centralizava o poder entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. O bloco político, do qual a Paraíba fazia parte, interveio nas disputas políticas, que se tornaram violentas e as questões pessoais se misturaram às questões da vida pública.

A ligação amorosa entre João Dantas e Anayde Beiriz não era bem vista pela hipocrisia social, uma vez que não eram casados. Prato feito para os inimigos políticos de João Dantas, que sob as ordens de João Pessoa, arrombaram a casa, apropriaram-se da correspondência erótica do casal e publicaram-na nos jornais da cidade. Sensual e libertária, Anayde foi duramente exposta à sociedade paraibana. O que era uma invasão de cunho político, mobilizou todo o Brasil ao ganhar o contorno de uma grande paixão, vivida às escondidas.

No dia 26 de julho, João Dantas, furioso com a publicação de suas cartas de amor, correu pela cidade atrás do mandante e ao encontrá-lo disse: "Sou João Duarte Dantas, a quem tanto injuriaste e ofendeste". Matou com três tiros João Pessoa e logo em seguida foi preso. Este ocorrido serviu de pivô para uma convulsão nacional que sucumbiu na Revolução de 30. A morte de João Pessoa comoveu todo o Brasil, pois ele nesta época já era muito famoso, ao ter concorrido à presidência como vice de Getúlio Vargas. Em outubro daquele ano o movimento revolucionário foi deflagrado e Anayde passou a ser perseguida e apontada na rua como "a prostituta do bandido que matou o presidente."

Ela abandona sua casa e vai morar em um abrigo na cidade de recife. Lá passa a visitar João Dantas, preso imediatamente após o crime. Este é achado morto nos primeiros dias da Revolução, supostamente por suicídio, mas em circunstâncias pouco claras. A própria Anayde é encontrada morta em 22 de outubro daquele ano, supostamente por envenenamento, sendo enterrada como indigente no cemitério de Santo Amaro, e sua memória foi renegada durante anos pelos paraibanos. Sua imagem só se tronou emblemática quando foi elegida como uma das personagens míticas da história do Brasil, pelo movimento feminista. Mas, até hoje, sua memória causa desconforto naquela região.

Quase todas as cartas do diário deixam explícitas que a grande paixão de Anayde não foi o advogado João Dantas, mas o médico paraibano, que foi morar no Rio de Janeiro, e a quem ela chamava de “Hery”. Já o nome “Panthera dos olhos dormentes” era como amigos de Anayde já a chamavam antes dela conhecer Heriberto. Eles justificavam a designação porque diziam que, em seus contos, Anayde sempre colocava uma mancha de sangue e porque ela gostava de tudo que era vermelho. Tanto que, em carta, cujo teor completo está no livro de Marcus Aranha, Anayde revelou a Heriberto Paiva: “Crêem eles que eu sou trágica, que gosto desse amor que queima, dessa paixão que devora, dessa febre amorosa que mata...”.

Heriberto passou a chamá-la também de “pantera”, desde que ela lhe escreveu: “A pantera é bem humana, não é verdade, amor? Mansa, dócil, amorosa, em se tratando de ti; mas, para os outros. Eu queria poder esmagá-los, a todos... Contudo, gostei desse título de fera que eles me deram; escrevi um conto com esse nome e enviei-o para a ‘Tribuna do Pará’. Creio que brevemente será publicado”.

Hoje, a sua história, tematizada no teatro, no cinema e na literatura, instiga a pensar sobre a intersecção entre os fatos da vida privada e da vida pública, no contexto da história nacional. A encenação da vida de Anayde Beiriz nos chama a atenção para as "dobras do lado de dentro" da história oficial, isto é, a dimensão do intimismo no contexto da experiência pública. Ficou conhecida como a "Paraíba masculina, mulher-macho sim senhor".

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/
Mariana Várzea. em http://www.meiotom.art.br/
http://crazymann.kit.net/
http://www.memorialpernambuco.com.br/

Cultura na Cultura

Veja o local dos eventos, pois alguns são realizados em outras cidades e estados.
A Livraria Cultura participa da programação do ano França no Brasil com uma série de eventos. No dia da abertura oficial das comemorações, 22 de abril, a designer Sheila Dryzun lança os livros ‘O Pequeno Príncipe me disse’, inspirado no clássico de Antoine de Saint-Exupéry, que reúne impressões sobre a obra do autor, recolhidas em 37 depoimentos de personalidades brasileiras, entre elas Rita Lee, Luana Piovani e Luis Fernando Veríssimo, e a biografia do autor francês, registrada em ‘Antoine de Saint-Exupéry: a história de uma história’. Dryzun também inaugura uma mostra de fotos e filme inédito sobre vida do escritor de um dos livros mais traduzidos no mundo no espaço de exposições da Cultura do Conjunto Nacional. François d´Agay, sobrinho de Saint-Exupéry, virá ao país especialmente para prestigiar o evento e participar de bate-papo sobre a vida deu seu tio e a relação com ele no mesmo dia.

22 de Abril

18h30 – Palestra
Tema Antoine de Saint-Exupéry - A história de uma história
Palestrante Sheila Dryzun e François d´Agay
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

18h30 – Noite de Autógrafos
Livro O PEQUENO PRÍNCIPE ME DISSE
Autor Sheila Dryzun
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

18h30 – Noite de Autógrafos
Livro ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
Autor Sheila Dryzun
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

19h00 – Noite de Autógrafos
Livro CONVERSAS E VERSOS.COM.MARIA
Autor Maria José Barboni de Godoy
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Pompéia (São Paulo)

Em cada pincelada, um poema. Em cada verso, uma pintura. É assim, mesclando duas formas de expressão que Maria José Barboni de Godoy mergulha no autoconhecimento com foco nas experiências vividas, trazidas no livro ‘Conversas&Versos.com.Maria’, que será autografado nesta noite na Livraria Cultura. Na obra, o leitor capta em cada página os sentimentos da autora, expressos de maneira peculiar.

19h00 – Cinema
Tema Cineclube Cultura - "Arca russa"
Local Livraria Cultura Paço Alfândega (Recife)

Nesta noite, será exibido o filme ‘Arca russa’, obra filmada em um único plano-sequência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas de um dos maiores museus do mundo, o Hermitage, em São Petersburgo, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por onde desfilam personagens importantes da história da Rússia; Pedro, o Grande; Catarina, a Grande; Catarina II, Nicolau e Alexandra.

19h30 – Palestra
Tema Hollywood CEO – Napoleão
Palestrante Ricardo Jordão Magalhães
Local Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (São Paulo)

Nesta quarta-feira, com base no filme ‘Napoleão’, Ricardo Jordão Magalhães estará na Livraria Cultura para uma palestra em que falará sobre liderança, tomada de decisão, comunicação e coragem. Por meio da história de Napoleão Bonaparte, o palestrante mostrará o que ele pode ensinar aos gerentes da era moderna sobre como engajar funcionários, mostrando que o papel do líder é influenciar as pessoas a se moverem em uma direção particular para atingir metas, missões e estratégias de empresa.

23 de abril

19h00 Noite de Autógrafos
Livro 154 SONETOS DE WILLIAM SHAKESPEARE
Autor Thereza Cristina Rocque da Motta
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

A edição comemora os 400 anos do lançamento da primeira edição dos sonetos em 1609, no aniversário do Bardo, dia 23 de abril, também dia de São Jorge, patrono da Inglaterra. A tradução feita de forma livre, visa captar o sentido dos sonetos de Shakespeare, independente de sua métrica e forma, mantendo o conteúdo em primeiro lugar. A tradução completa dos sonetos veio em continuação ao trabalho iniciado em 2006 com a publicação de ‘44 Sonetos Escolhidos’, em que Thereza Christina Motta procurou aproximar a fala de Shakespeare ao linguajar em português moderno, mas guardando a expressão poética.

19h30 – Palestra
Tema Dia mundial do livro - Começar a escrever
Palestrantes Marcelo Carneiro, Nelson de Oliveira e Marcia Tiburi
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Pompéia (São Paulo)

24 de Abril

19h00 – Noite de Autógrafos
Livro É DO DENDÊ!
Autor Valéria Gomes Costa
Local Livraria Cultura Paço Alfândega (Recife)

25 de Abril

14h 30
Tema: Ópera e literatura - "A dama das camélias"
Palestrantes: Cláudio Picollo, Sonia Albano de Lima e Espaço Cultural Via das Artes
Local: Livraria Cultura Shopping Center Iguatemi - Av. Iguatemi, 777 - Lojas 04 e 05 - Piso 1 - Vila Brandina (Campinas)

A Livraria Cultura, em parceria com o Centro Universitário UNISAL e o Espaço Cultural Via das Artes, promove o projeto ‘Ópera e literatura’. No evento, os professores Cláudio Picollo e Sonia Albano de Lima apresentarão a obra ‘A dama das camélias’, e o Espaço Cultural Via das Artes promove um pocket show com o mesmo tema.

27 de abril

19h30 – Palestra
Tema: O centenário de Euclides da Cunha - A epopéia de Canudos
Palestrantes Antonio Hohlfeldt, Antonio Sanseverino,Luis Augusto Fischer, Marcia Ivana de Lima e Silva e Maria Regina Bettiol (mediação)
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Country (Porto Alegre)

Em 15 de agosto de 1909, uma das maiores promessas da literatura brasileira teve a vida interrompida por uma tragédia. Neste dia morria, no Rio de Janeiro, Euclides da Cunha. Escritor, funcionário público, repórter de guerra, poeta, sociólogo, cronista, engenheiro e viajante, escreveu a obra clássica ‘Os sertões’, que lhe rendeu fama internacional. Nesta segunda-feira, a Livraria Cultura recebe Antonio Hohlfeldt, Antonio Sanseverino,Luis Augusto Fischer, Marcia Ivana de Lima e Silva e Maria Regina Bettiol para uma palestra sobre o centenário do autor que, ao embrenhar-se na epopéia de Canudos, no arraial liderado por Antônio Conselheiro, rompe com antigas idéias sobre a região e redescobre um Brasil diferente da representação usual que dele se fazia em sua época. Os palestrantes irão revisitar o tema do livro sob, apresentando não apenas os aspectos tratados pelo autor como a geologia, botânica, zoologia e hidrografia, os costumes e a religiosidade sertaneja da região, mas sublinhando também a teoria literária.

28 de Abril

19h
Livro: NIETZSCHE E A AURORA DE UMA NOVA ÉTICA
Autor: Vânia Dutra de Azeredo
Local: Livraria Cultura Shopping Center Iguatemi - Av. Iguatemi, 777 - Lojas 04 e 05 - Piso 1 - Vila Brandina (Campinas)
Nesta terça-feira, a Livraria Cultura recebe a pesquisadora da PUC-Campinas, professora Dra.Vânia Dutra de Azeredo, para uma sessão de autógrafos do livro ‘Nietzsche e a aurora de uma nova ética’. Na obra, a autora propõe uma visão de conjunto da obra do filósofo alemão, partindo do pressuposto de que o móvel condutor das análises de Nietzsche está determinado pela afirmação incondicional da vida. É nessa afirmação que julga encontrar elementos para sustentar a hipótese da presença de uma ética no conjunto de sua obra afirmativa, que se inicia com “Assim falava Zaratustra”.

Fonte:
Informativo da Livraria Cultura