sábado, 2 de maio de 2009

José de Alencar (1829 – 1877)

José Martiniano de Alencar (Fortaleza, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro. Filho de influente senador, José de Alencar formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária através dos jornais Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.

Vida

José Martiniano de Alencar nasce no dia primeiro de maio de 1829, na localidade de Mecejana no Ceará, filho do senhor José Martiniano de Alencar (deputado pela província do Ceará). É o fruto de uma união ilícita e particular do pai com a prima Ana Josefina de Alencar. Nos anos de criança e adolescente, é tratado dentro da família pelo apelido de Cazuza.

O pai de José de Alencar assume o cargo de senador do Rio de Janeiro em 1830, obrigando a família a se mudar para a capital federal. Com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Terminado o período preparatório, Alencar matricula-se em 1844 na Faculdade de Direito de São Paulo, começando em 1846. Com os seus dezessete anos incompletos, o jovem já ostenta uma barba cerrada que jamais será raspada. Com ela, a seriedade de seu rosto torna-se ainda mais evidente.

Aos dezoito anos Alencar esboça o seu primeiro romance - Os Contrabandistas. Segundo depoimento do próprio escritor, um dos inúmeros hóspedes que freqüentam sua casa, usa as folhas manuscritas para acender charutos.

Um dos números do jornal Correio Mercantil de setembro de 1854 traz uma seção nova de folhetim - Ao Correr da Pena - assinada por José de Alencar, que estreia como jornalista. O folhetim, moda na época, é uma mistura de jornalismo e Literatura: narrativas leves, tratando de acontecimentos sociais, artísticos, políticos, enfim, coisas do cotidiano da vida e da cidade.

Alencar, aos vinte e cinco anos, obtém um sucesso imediato no jornal onde trabalharam anteriormente o mestre Machado de Assis e Joaquim Manuel de Macedo. Sucesso rápido, porém de curta duração. Tendo o jornal proibido um de seus artigos, o escritor decepcionado desliga-se de sua função.

Depois da decepção o escritor começa uma nova empreitada no Diário do Rio de Janeiro, no passado um jornal bastante influente, que passa naquele momento por uma séria crise financeira. Alencar e alguns amigos resolvem comprar o jornal e tentar ressuscitá-lo, investindo dinheiro e muito trabalho.

No Diário do Rio de Janeiro acontece sua estreia como romancista: em 1856 sai em folhetins, o romance Cinco Minutos. Ao final de alguns meses, completada a publicação, juntam-se os capítulos num só volume que é oferecido como brinde aos assinantes do jornal.

Com Cinco Minutos e, logo em seguida, A Viuvinha, Alencar inaugura uma série de obras em que busca retratar (e questionar) a forma de vida na Corte.

Lucíola, finalmente, resume toda a questão de uma sociedade que transforma amor, casamento e relações humanas em mercadoria: o assunto do romance, a prostituição, obviamente mostra a degradação que o dinheiro pode levar o ser humano a fazer.

Entre Cinco Minutos (1856) e Senhora (1875), decorrem quase vinte anos e muitas situações polêmicas, entretanto ocorreram.

Alencar estreia como autor de teatro em 1857, com a peça Verso e Reverso, na qual focaliza o Rio de Janeiro de sua época. Alencar fica furioso, acusando a Censura de cortar sua obra pelo simples fato de ser ''... produção de um autor brasileiro...'' Mas a reação mais concreta virá quatro anos mais tarde, por intermédio do romance em que o autor retoma a mesma temática: Lucíola.

Imensamente decepcionado com os acontecimentos, Alencar declara que vai abandonar a Literatura para dedicar-se exclusivamente ao Direito. É claro que isso não acontece, escreve ainda o drama Mãe; o mesmo é levado ao palco em 1860, ano em que morre seu pai. Para o teatro, produz ainda a opereta A Noite de São João e a peça O Jesuíta.

O debate em torno de As Asas de Um Anjo não é a primeira nem será a última polêmica enfrentada pelo autor. De todas, a que mais interessa para a Literatura é anterior ao caso com a Censura e relaciona-se ao aproveitamento da cultura Indígena como tema literário. Segundo os estudiosos, é este o primeiro debate literário realmente brasileiro.

Em 1859, tornou-se Chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 José de Alencar havia ingressado na política, como deputado.

Quando resolve assumir o Diário do Rio de Janeiro, Alencar pensa também num veículo de comunicação que lhe permita expressar livremente suas idéias. É nesse jornal que trava sua primeira polêmica literária e política. Nela, o escritor confronta-se indiretamente com o imperador D. Pedro II.

Seja qual for o motivo, essa polêmica tem interesse fundamental. De fato, nessa época discute-se o que será o verdadeiro nacionalismo na Literatura Brasileira, que até então tinha sofrido grande influência da Literatura Portuguesa.

Alencar considera a cultura indígena como um assunto primordial que, na mão de um escritor inteligente, poderá tornar-se a marca registrada da autêntica Literatura Nacional. Note-se: na mão de um escritor hábil e inteligente...

O veto do imperador impulsiona Alencar para a produção literária. Escreve mais e mais romances, crônicas, teatro: Guerra dos Mascates, Til, O Tronco do Ipê, Sonhos D'Ouro, O Gaúcho, A Pata da Gazela, Senhora, livros publicados entre 1870 e 1877. Muitas polêmicas envolvem José de Alencar, polêmicas em que ele critica e polêmicas em que é criticado por suas idéias políticas e opiniões literárias. Com relação à literatura, duas delas ficam famosas: a primeira, em 1856, em torno do livro A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães. Alencar se manifesta duramente contra o indianismo do poeta. A segunda, em 1873, em debate com Joaquim Nabuco no jornal O Globo, na qual defende o fato de o público revelar-se desinteressado pelo escritor nacional. Falecido em 1877, José de Alencar deixa como legado uma obra de extraordinária importância e, principalmente, a realização de um projeto que sempre acalentou: o abrasileiramento da literatura brasileira.

Abrasileirar a Literatura Brasileira é o intuito de José de Alencar. Iracema, um de seus romances mais populares (1865), é um exemplo profundo dessa ansiosa mudança desejada pelo autor. A odisséia da musa Tupiniquim combina um perfeito encontro do colonizador português com os nativos da terra. Iracema é uma bela virgem tabajara e esta tribo é amiga dos franceses na luta contra os portugueses que tem como aliados os índios pitiguaras. Porém Martim, o guerreiro português, nas suas investidas dentro da mata descobre Iracema, e ambos são dominados pela paixão.

José de Alencar assim nos conta o primeiro encontro entre a musa Tupiniquim e seu príncipe lusitano:

"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.

Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste.

A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.

Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.

Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo
.”

De Iracema, dirá Machado de Assis no Diário do Rio de Janeiro:

"Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo, e dão plena fiança do futuro… Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lhe-á obra-prima”.

Aos vinte e cinco anos, Alencar apaixona-se pela jovem Chiquinha Nogueira da Gama, herdeira de uma das grandes riquezas da época. No entanto o interesse da moça é outro: um rapaz carioca também vindo da burguesia. Desprezado pela moça, custa muito ao altivo Alencar recuperar-se do orgulho ferido. Somente aos trinta e cinco anos ele irá sentir o sabor, de fato, da plenitude amorosa que tão bem soube criar para o final de muitos dos seus romances. Desta vez sua paixão é correspondida, o namoro e matrimônio são rápidos. A moça é Georgina Cochrane, filha de um rico inglês. Conheceram-se no bairro da Tijuca, para onde o escritor se retirara para se recuperar de uma das crises de tuberculose que teve na época. Casam-se em 20 de junho de 1864.

Alencar não se limita aos aspectos documentais como autor. Na verdade o que vale de fato em suas obras é, sobretudo, o poder criativo e a capacidade de construir narrativas muito bem estruturadas. Os personagens são heróis regionais puros, sensíveis, honestos, educados, muito parecidos com os heróis de seus romances indianistas. Mudavam as feições, mudava a roupagem, mudava o cenário. Porém, na invenção de todos esses personagens, Alencar busca o mesmo objetivo: chegar a um retrato do homem totalmente brasileiro.

Não cessa por aí a busca do escritor: servindo-se de fatos e lendas de nossa história, Alencar inventará ainda os chamados romances históricos.

No romance Guerra dos Mascates, personagens fictícios escondem alguns políticos da época e até o próprio imperador. As Minas de Prata é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance é imaginado pelos ficcionistas de então. A ação passa-se no século XVIII, uma época marcada pelo espírito aventureiro. É considerado seu melhor romance histórico.

Com as narrativas históricas, Alencar cria o mapa do Brasil que desejara desenhar, fazendo aquilo que sabe fazer: a verdadeira Literatura.

Nos trabalhos de Alencar há quatro tipos de romances: indianista, urbano, regionalista e histórico. Evidentemente, essa classificação é muito esquemática, pois cada um de seus romances apresenta muitos aspectos que merecem ser analisados separadamente: é fundamental, por exemplo, o perfil psicológico de personagens como o herói de O Gaúcho, ou ainda do personagem central de O Sertanejo. Por isso, a classificação acima se prende ao aspecto mais importante (mas não único) de cada um dos romances.

Em 1868, tornou-se Ministro da Justiça e, em 1869, candidatou-se ao Senado.

Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro.

No ano de 1876, Alencar vende tudo o que tem e vai com Georgina e os seus filhos para a Europa, buscando tratamento para sua saúde precária. Tinha programado uma estada de dois anos. Durante oito meses visita a Inglaterra, a França e Portugal. Seu estado de saúde se agrava e, mais cedo do que pensava, retorna ao Brasil.

Apesar dos pesares, ainda sobra tempo para atacar D. Pedro II. Alencar publica alguns números do semanário O Protesto durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 1877. Nesse jornal, o escritor deixa vazar todo o seu velho ressentimento contra o imperador, que não o havia indicado para o Senado em 1869.

Em 1877 viria a ocupar um ministério no governo do Imperador.

O escritor já com a saúde um tanto abalada, morre no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1877.

Coube-lhe a homenagem de ser patrono da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. Nas discussões que antecederam a fundação da academia, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono, ou seja, nominar a cadeira 1. Mas não poderia haver hierarquia nessa escolha, e resultou que Adelino Fontoura, um autor quase desconhecido, veio a ser o patrono efetivo.

Produziu romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Característica de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erigida uma estátua no Rio de Janeiro.

Características da obra de Alencar

José de Alencar é o grande nome da prosa romântica brasileira, tendo escrito obras representativas para todos os tipos de ficção românticos: passadista e colonial (O Guarani, 1857), indianista (Iracema, 1865), sertaneja (O Sertanejo, 1875).

Pode-se dividir, didaticamente, a obra de Alencar em indianista (O Guarani, 1857; Iracema, 1865; Ubirajara, 1874); urbana (Lucíola, 1862; Diva, 1864; Senhora, 1875), regionalista (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates (primeiro volume), 1873).

Seus grandes mestres são o francês Chateubriand e o escocês Walter Scott. Mas também o influenciaram muito os escritores Balzac e Alexandre Dumas.

A obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos


Quanto ao espaço geográfico
O sertão do Nordeste - O Sertanejo
O litoral cearense - Iracema
O pampa gaúcho - O Gaúcho
A zona rural - Til (interior paulista), O Tronco do Ipê (zona da mata fluminense)
A cidade, a sociedade burguesa do Segundo Reinado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais romances urbanos.

Quanto à evolução histórica
O período pré-cabralino - Ubirajara.
A fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani.
A ocupação do território, a colonização e o sentimento nativista - As Minas de Prata (o bandeirantismo) e Guerra dos Mascates (rebelião colonial).
O presente, a vida urbana de seu tempo, a burguesia fluminense do século XIX - os romances urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros.

Obras

Romances
Cinco minutos, 1856
A viuvinha, 1857
O guarani, 1857
Lucíola, 1862
Diva, 1864
Iracema, 1865
As minas de prata - 1º vol., 1865
As minas de prata - 2.º vol., 1866
O gaúcho, 1870
A pata da gazela, 1870
O tronco do ipê, 1871
Guerra dos mascates - 1º vol., 1871
Til, 1871
Sonhos d'ouro, 1872
Alfarrábios, 1873
Guerra dos mascates - 2º vol., 1873
Ubirajara, 1874
O sertanejo, 1875
Senhora, 1875
Encarnação, 1893

Teatro
O crédito, 1857
Verso e reverso, 1857
Demônio familiar, 1857
As asas de um anjo, 1858
Mãe, 1860
A expiação, 1867
O jesuíta, 1875

Crônica
Ao correr da pena, 1874

Autobiografia
Como e por que sou romancista, 1873

Crítica e polêmica
Cartas sobre a confederação dos tamoios, 1856
Ao imperador:cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo, 1865
Ao povo:cartas políticas de Erasmo, 1866
O sistema representativo, 1866

Fontes:
http://www.vidaslusofonas.pt/jose_alencar.htm
http://pt.wikipedia.org/

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Paulo Leminski (Ali)

ali

ali
se

se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse

se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce

ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece

Kathryn VanSpanckeren (Panorama da Literatura dos Estados Unidos – Parte II)


O Período Romântico, Ficção

Walt Whitman, Herman Melville e Emily Dickinson — assim como seus contemporâneos Nathaniel Hawthorne e Edgar Allan Poe — representam a primeira geração literária importante dos Estados Unidos. No caso de escritores de ficção, a visão romântica tendia a se expressar na forma que Hawthorne chamava de “romance”, uma forma sofisticada, emocional e simbólica da narrativa ficcional. Segundo a definição de Hawthorne, os “romances” não eram histórias de amor, mas literatura de ficção séria que recorria a técnicas especiais para comunicar significados complexos e sutis.

Em vez de definir cuidadosamente os personagens de forma realista por meio da riqueza de detalhes, como fazia a maioria dos romancistas ingleses ou continentais, Hawthorne, Melville e Poe construíram figuras heróicas maiores do que a vida, impregnadas de significados míticos. Os protagonistas típicos do chamado romance americano são pessoas atormentadas e isoladas. Arthur Dimmesdale ou Hester Prynne, de Hawthorne, em A Letra Escarlate, Ahab, de Melville, em Moby Dick, e muitos dos personagens segregados e obcecados dos contos de Poe são protagonistas solitários jogados ao destino sombrio e impenetrável que, de alguma maneira misteriosa, se sobrepõem ao seu “eu” inconsciente mais profundo. As tramas simbólicas revelam ações ocultas do espírito angustiado.

Uma razão para essa exploração ficcional dos recôncavos da alma era a ausência na época de uma comunidade estabelecida. Os romancistas ingleses — Jane Austen, Charles Dickens (o grande favorito), Anthony Trollope, George Eliot e William Thackeray — viviam em uma sociedade tradicional, bem articulada e complexa, além de compartilhar com seus leitores atitudes que embasavam sua ficção realista.

Os romancistas americanos enfrentavam uma história de conflito e revolução, uma geografia de vastos ermos não desbravados e uma sociedade democrática fluida e relativamente sem classes. Muitos romances ingleses mostram um personagem principal pobre que galga os degraus da escada social e econômica, talvez devido a um bom casamento ou à descoberta de um passado aristocrata desconhecido. Mas essa trama não desafia a estrutura social aristocrática da Inglaterra. Ao contrário, ela a confirma. A ascensão social do personagem principal satisfaz a realização do desejo dos leitores que na Inglaterra daquela época eram principalmente de classe média.

O romancista americano, ao contrário, tinha de adotar uma estratégia própria. Os Estados Unidos eram, em parte, uma fronteira indefinida, em constante movimento, habitada por imigrantes que falavam diversos idiomas e cujo estilo de vida era estranho e rude. Portanto, o personagem principal de uma narrativa americana poderia se encontrar sozinho entre tribos canibais, como em Taipi – Paraíso de Canibais, de Melville, ou explorar terras selvagens, como os caçadores de peles de James Fenimore Cooper, ou ter visões de sepulcros isolados, como os personagens solitários de Poe, ou encontrar o demônio durante uma caminhada pela floresta, como o jovem Goodman Brown de Hawthorne. Praticamente todos os grandes protagonistas americanos são “solitários”. O americano democrático teve, por assim dizer, de se “inventar” a si mesmo. O romancista americano sério também precisou criar novas formas: daí o formato disperso e idiossincrático do romance Moby Dick de Melville e a narrativa em clima de sonho e divagação de Poe, O Relato de Arthur Gordon Pym.

Herman Melville (1819-1891)

Herman Melville era descendente de uma família antiga e abastada que caiu repentinamente na pobreza com a morte do pai. Apesar de sua criação, das tradições familiares e do trabalho árduo, Melville não teve educação universitária. Aos 19 anos, foi para o mar. Seu interesse pela vida dos marinheiros foi uma conseqüência natural de suas próprias experiências e seus primeiros romances foram em grande parte inspirados em suas viagens. Seu primeiro livro, Taipi, foi baseado no tempo em que viveu entre o povo taipi, nas Ilhas Marquesas, no Sul do Pacífico.

Moby Dick; ou, A Baleia, obra-prima de Melville, é um épico sobre a história da baleeira Pequod e de seu capitão, Ahab, cuja busca obsessiva pela baleia branca, Moby Dick, leva o barco e seus homens à destruição. Essa obra, romance de aventura aparentemente realista, contém uma série de reflexões sobre a condição humana.

A pesca da baleia, que percorre todo o livro, é uma grande metáfora da busca por conhecimento. Embora a busca de Ahab seja filosófica, ela é também trágica. A despeito de seu heroísmo, Ahab é condenado e talvez amaldiçoado no final. A natureza, ainda que bela, é misteriosa e potencialmente fatal. Em Moby Dick, Melville desafia a idéia otimista de Emerson de que os seres humanos podem entender a natureza. Moby Dick, a grande baleia branca, representa a existência cósmica e impenetrável que domina o romance, da mesma maneira que obceca Ahab. Os fatos sobre a baleia e sua pesca não podem explicar Moby Dick; ao contrário, os próprios fatos tendem a se dissolver em símbolos. Por trás do conjunto de fatos relatados por Melville está uma visão mística — mas se essa visão é do mal ou do bem, humana ou desumana, não é explicado.

Ahab insiste em imaginar um mundo de absolutos atemporal e heróico. Insensatamente, ele exige um “texto” acabado, uma resposta. Mas o romance mostra que, assim como não existem formas acabadas, não há respostas definitivas exceto, talvez, a morte. Algumas referências literárias ressoam pelo romance. Ahab, cujo nome vem de um rei do Antigo Testamento, deseja o conhecimento absoluto, faustiano e divino. Como Édipo na peça de Sófocles, que paga de forma trágica pelo conhecimento equivocado, Ahab é atingido pela cegueira antes de ser morto no final.

O nome do barco de Ahab, Pequod, refere-se a uma tribo indígena extinta da Nova Inglaterra; assim, o nome sugere que o barco está fadado à destruição. A pesca da baleia, na verdade, foi uma indústria importante, em especial na Nova Inglaterra: ela fornecia óleo de baleia como fonte de energia, principalmente para lamparinas. Portanto, a baleia literalmente “lança luz” sobre o universo. O livro tem ressonância histórica. A pesca da baleia era inerentemente expansionista e ligada à idéia histórica de um “destino manifesto” para os americanos, já que exigia que navegassem ao redor do mundo em busca de baleias (de fato, o atual estado do Havaí caiu sob o domínio americano porque era usado como importante base de reabastecimento de combustível para os navios baleeiros). Os membros da tripulação do Pequod representam todas as raças e várias religiões, sugerindo a idéia de um Estados Unidos como um estado de espírito universal, bem como de um caldeirão cultural. Finalmente, Ahab incorpora a versão trágica do individualismo americano democrático. Ele afirma sua dignidade como indivíduo e ousa se opor às inexoráveis forças externas do universo.

A Ascensão do Realismo

A Guerra Civil Americana (1861-1865) entre o Norte industrial e o Sul agrícola e escravagista foi um divisor de águas na história dos EUA. Antes da guerra, os idealistas defendiam os direitos humanos, especialmente a abolição da escravidão; depois da guerra, os americanos passaram a idealizar cada vez mais o progresso e o “self-made man”, como chamam as pessoas que conseguem vencer na vida pelo próprio esforço. Essa foi a era dos industriais e dos especuladores milionários, quando a teoria de Darwin sobre a evolução biológica e a “sobrevivência dos mais aptos” entre as espécies foi aplicada à sociedade e parecia sancionar a falta de ética ocasional nos métodos utilizados pelos magnatas empresariais de sucesso.

Os negócios prosperaram rapidamente após a guerra. O novo sistema ferroviário intercontinental, inaugurado em 1869, e o telégrafo transcontinental, que começou a operar em 1861, deram à indústria acesso a materiais, mercados e comunicações. O ingresso constante de imigrantes propiciou o fornecimento aparentemente interminável de mão-de-obra barata. Mais de 23 milhões de estrangeiros — alemães, escandinavos e irlandeses nos primeiros anos e, a partir de então, cada vez mais imigrantes da Europa Central e do Sul — entraram nos Estados Unidos entre 1860 e 1910. Em 1860, a maioria dos americanos vivia em fazendas ou pequenos povoados, mas em 1919 metade da população estava concentrada em cerca de 12 cidades.

Surgiram os problemas da urbanização e da industrialização: habitações pobres e superlotadas, falta de saneamento, baixos salários (chamados de “escravidão assalariada”), condições de trabalho difíceis e controle inadequado dos negócios. Os sindicatos trabalhistas cresceram, e as greves levaram ao conhecimento da nação a difícil situação da classe trabalhadora. Os agricultores também se viram lutando contra os “interesses monetários” do Leste. De 1860 a 1914, os Estados Unidos passaram de ex-colônia agrícola a uma imensa nação industrial moderna. A nação endividada de 1860 havia se transformado no Estado mais rico do mundo em 1914. Na época da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham se tornado a maior potência mundial.

A industrialização cresceu e, com ela, cresceu também o distanciamento. Dois grandes romancistas desse período — Mark Twain e Henry James — reagiram cada um à sua maneira. Twain voltou-se para o Sul e o Oeste no coração dos Estados Unidos rurais e fronteiriços para encontrar seu mito definidor; James voltou-se para a Europa a fim de avaliar a natureza dos novos americanos cosmopolitas.

Samuel Clemens (Mark Twain) (1835-1910)

Samuel Clemens, mais conhecido por seu pseudônimo Mark Twain, cresceu à beira do Rio Mississippi, na cidade fronteiriça de Hannibal, no Missouri. Ernest Hemingway disse que toda a literatura americana vem de um grande livro, As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. No início do século 19, os escritores americanos tendiam a ser demasiadamente rebuscados, sentimentais ou pomposos — em parte porque ainda tentavam provar que poderiam escrever de forma tão elegante quanto os ingleses. O estilo de Twain, baseado na fala americana vigorosa, realista e coloquial, deu aos escritores do país uma nova valorização de sua voz nacional. Mark Twain foi o primeiro autor importante do interior do país. Ele captou suas gírias peculiares e humorísticas e o espírito iconoclasta.

Para Twain, assim como para outros escritores americanos do final do século 19, o realismo não era apenas uma técnica literária: era uma maneira de falar a verdade e detonar antigas convenções. Portanto, era profundamente libertador e potencialmente hostil à sociedade. O exemplo mais conhecido é a história de Huck Finn, menino pobre que decide seguir a voz da consciência e ajudar um escravo negro a fugir para a liberdade, apesar de pensar que isso o condenaria ao inferno por infringir a lei.

A obra-prima de Twain, lançada em 1884, tem como cenário a aldeia de St. Petersburg, às margens do rio Mississippi. Filho de um vagabundo alcoólatra, Huck acabara de ser adotado por uma família respeitável quando seu pai, em estupor alcoólico, o ameaça de morte. Temendo por sua vida, Huck foge, fingindo estar morto. Nessa fuga, junta-se a ele outro marginal, o escravo Jim, cuja dona, senhorita Watson, está pensando em vendê-lo rio abaixo para a escravidão mais empedernida do extremo Sul. Huck e Jim descem o majestoso Mississippi em uma canoa, mas ela é abalroada por um barco a vapor e afunda; eles se separam e mais tarde voltam a se encontrar. Os dois passam por muitas aventuras cômicas e perigosas à margem do rio mostrando a variedade, a generosidade e, às vezes, a irracionalidade cruel da sociedade. No final, descobre-se que a senhorita Watson já havia libertado Jim, e uma família respeitável está cuidando do rebelde Huck. Mas Huck não se adapta à sociedade civilizada e planeja fugir para “os territórios” — terras indígenas.

O final dá ao leitor outra versão do clássico mito da “pureza” americana: a estrada aberta levando a terras ermas intocadas, longe das influências moralmente corruptas da “civilização”. Os romances de James Fenimore Cooper, os hinos de Walt Whitman à estrada livre, O Urso de William Faulkner e On the Road — Pé na Estrada de Jack Kerouac são outros exemplos literários.

Henry James (1843-1916)

Henry James certa vez escreveu que a arte, especialmente a literatura, “faz a vida, faz o interesse, faz a importância”. A ficção de James é a mais consciente, sofisticada e difícil de sua época. James se destaca pelo “tema internacional” — ou seja, as complexas relações entre americanos ingênuos e europeus cosmopolitas.

O que seu biógrafo, Leon Edel, chama de primeira fase ou a fase internacional de James inclui obras como The American [O Americano] (1877), Daisy Miller (1879) e sua obra máxima, Retrato de uma Senhora (1881). Em The American, por exemplo, Christopher Newman, industrial milionário que venceu por seu próprio esforço, ingênuo, mas inteligente e idealista, vai para a Europa em busca de uma noiva. Quando a família da moça o rejeita por não ser aristocrata, ele tem a oportunidade de vingança; ao decidir nada fazer, mostra sua superioridade moral.

A segunda fase de James foi experimental. Ele explorou novos temas — feminismo e reforma social em The Bostonians [Os Bostonianos] (1886) e intriga política em The Princess Casamassima [A Princesa Casamassima] (1885). Em sua terceira fase, ou a “principal”, James volta aos temas internacionais, mas os trata com crescente sofisticação e profundeza psicológica. O complexo e quase mítico As Asas da Pomba (1902), Os Embaixadores (1903) — que James considerava seu melhor romance — e A Taça de Ouro (1904) datam desse importante período. Se o tema principal da obra de Mark Twain é a diferença sempre cheia de humor entre a falsa aparência e a realidade, a preocupação constante de James é a percepção. Em James, só a autoconsciência e a clara percepção do outro levam à sabedoria e ao amor altruísta.

Modernismo e Experimentação

Muitos historiadores caracterizaram o período entre as duas guerras mundiais como o “amadurecimento” traumático dos Estados Unidos, apesar do fato de que o envolvimento direto dos americanos foi relativamente curto (1917-1918) e com muito menos mortos do que seus aliados e inimigos europeus. Chocados e para sempre transformados, os soldados americanos retornaram à sua pátria, mas nunca mais puderam recuperar a inocência. Tampouco os soldados provenientes da zona rural do país conseguiram voltar facilmente às suas raízes. Depois de conhecer o mundo, muitos deles agora ansiavam por uma vida moderna e urbana.

No “grande boom” do pós-guerra, os negócios floresciam e os bem-sucedidos prosperavam além do que podiam imaginar em seus sonhos mais desvairados. Pela primeira vez, muitos americanos entraram no ensino superior — na década de 1920 as matrículas universitárias dobraram. A classe média prosperou; os americanos começaram a desfrutar da renda média nacional mais alta do mundo dessa época.

Os americanos dos chamados “loucos anos 20” se apaixonaram pelos entretenimentos modernos. A maioria das pessoas ia ao cinema uma vez por semana. Embora a Lei Seca — proibição nacional da venda de álcool instituída por meio da 18º Emenda à Constituição do EUA — tenha começado em 1919, bares ilegais, conhecidos como “speakeasies”, e nightclubs proliferaram, oferecendo jazz, bebidas e maneiras ousadas de vestir e dançar. Dançar, ir ao cinema, fazer passeios de carro e ouvir rádio eram manias nacionais. As mulheres americanas, em particular, se sentiram liberadas. Elas cortaram o cabelo curto (“a la garçonne”), usavam vestidos curtos estilo “melindrosa” e vibraram com o direito ao voto garantido pela 19a Emenda à Constituição, aprovada em 1920. Falavam o que pensavam com ousadia e ocupavam funções públicas na sociedade.

Apesar dessa prosperidade, os jovens ocidentais na “vanguarda” cultural encontravam-se em um estado de rebelião intelectual, enfurecidos e desiludidos com a guerra selvagem e com a geração mais velha que responsabilizavam. Ironicamente, as condições econômicas difíceis do pós-guerra na Europa permitiam que os americanos endinheirados — como os escritores F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Gertrude Stein e Ezra Pound — vivessem no exterior confortavelmente com pouquíssimo dinheiro e absorvessem a desilusão do pós-guerra e também outras correntes intelectuais européias, em particular a psicologia freudiana e, em menor grau, o marxismo.

Diversos romances, em especial O Sol Também se Levanta (1926), de Hemingway, e Este Lado do Paraíso (1920), de Fitzgerald, evocam a extravagância e a desilusão do que a escritora americana expatriada Gertrude Stein chamou de “a geração perdida”. Em “A Terra Desolada” (1922), longo e influente poema de T.S. Eliot, a civilização ocidental é simbolizada por um deserto desolado necessitando desesperadamente de chuva (renovação espiritual).

Modernismo

A grande onda cultural do modernismo, que surgiu na Europa e depois se espalhou para os Estados Unidos nos primeiros anos do século 20, expressava um sentido de vida moderna pela arte como uma ruptura brusca com o passado. À medida que as máquinas modernas mudavam o ritmo, a atmosfera e a aparência da vida diária no início do século 20, muitos artistas e escritores, com graus variados de sucesso, reinventavam formas artísticas tradicionais e buscavam radicalmente outras novas — eco estético do que as pessoas haviam passado a chamar de “era da máquina”.

T.S. Eliot (1888-1965)

Thomas Stearns Eliot recebeu a melhor educação em comparação a qualquer outro grande escritor americano de sua geração. Freqüentou a Faculdade de Harvard, a Sorbonne e a Universidade de Oxford. Estudou sânscrito e filosofia oriental, o que influenciou sua poesia. Como seu amigo, o poeta Ezra Pound, foi para a Inglaterra cedo e se tornou figura de destaque no mundo literário inglês. Um dos poetas mais respeitados de sua época, sua poesia iconoclasta modernista, aparentemente ilógica ou abstrata teve impacto revolucionário.

Em “A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock” (1915), o impotente e velho Prufrock acha que “mediu sua vida em colherinhas de café” — a imagem das colherinhas de café refletindo uma existência enfadonha e uma vida desperdiçada. A famosa abertura de “Prufrock” convida o leitor para vielas urbanas de mau gosto que, como a vida moderna, não oferecem respostas às questões da vida:

Sigamos então, tu e eu,
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa...
(Tradução de Ivan Junqueira)

Imagens semelhantes permeiam “A Terra Desolada” (1922), que ecoa o “Inferno” de Dante para evocar as ruas apinhadas de Londres na época da Primeira Guerra Mundial:

Sob a fulva neblina de uma aurora de inverno,
Fluía a multidão pela Ponte de Londres, eram tantos,
Jamais pensei que a morte a tantos destruíra... (I, 60-63)

(Tradução de Ivan Junqueira)

Robert Frost (1874-1963)

Robert Lee Frost nasceu na Califórnia, mas foi criado em uma fazenda no nordeste dos EUA até os 10 anos. Como Eliot e Pound, foi para a Inglaterra, atraído por novos movimentos poéticos. Escreveu sobre a vida nas fazendas tradicionais da Nova Inglaterra (no nordeste dos Estados Unidos), mostrando nostalgia pelo estilo de vida do passado. Seus temas são universais — colheita de maçã, muros de pedra, cercas, estradas rurais. Embora sua abordagem fosse clara e acessível, seu trabalho muitas vezes só é simples na aparência. Muitos poemas sugerem um sentido mais profundo. Por exemplo, uma noite tranqüila e nevosa pode sugerir, por meio de uma combinação de rimas quase hipnótica, a aproximação não de todo indesejada da morte. De “Stopping by Woods on a Snowy Evening” [“Parado no Bosque Numa Noite de Neve”] (1923):

De quem é esse bosque acho que sei.
Sua casa, no entanto, fica na aldeia;
Ele não me verá parado aqui
Olhando seu bosque se cobrir de neve.

Embora a prosa americana no período entre guerras tenha feito experimentações relativas ao ponto de vista e à forma, de modo geral os americanos escreviam de maneira mais realista do que os europeus. A importância de enfrentar a realidade tornou-se tema dominante nas décadas de 1920 e 1930: escritores como F. Scott Fitzgerald e o dramaturgo Eugene O’Neill retrataram diversas vezes a tragédia que aguardava aqueles que vivem de sonhos frágeis.

F. Scott Fitzgerald (1896-1940)

A vida de Francis Scott Key Fitzgerald parece um conto de fadas. Durante a Primeira Guerra Mundial, Fitzgerald se alistou no Exército americano e se apaixonou por uma moça rica e bonita, Zelda Sayre, que morava em Montgomery, no Alabama, onde ele estava estacionado. Depois de ter sido dispensado no fim da guerra, foi em busca de sua fortuna literária na cidade de Nova York para poder se casar com ela.

Seu primeiro romance, Este Lado do Paraíso (1920), se tornou um best-seller, e aos 24 anos se casou com Zelda. Nem um dos dois estava preparado para lidar com as pressões do sucesso e da fama, e acabaram dissipando o dinheiro que tinham. Em 1924, mudaram-se para a França para economizar e retornaram sete anos depois. Zelda tornou-se mentalmente instável e precisou ser internada; Fitzgerald virou alcoólatra e morreu jovem como roteirista de cinema.

Fitzgerald garantiu seu lugar na literatura americana principalmente com seu romance O Grande Gatsby (1925), história escrita com brilhantismo e economicamente estruturada sobre o sonho americano do homem que se fez sozinho (self-made man). O protagonista, o misterioso Jay Gatsby, descobre o preço devastador do sucesso em termos de realização pessoal e do amor. Mais do que qualquer outro escritor, Fitzgerald captou a vida de esplendor e desespero dos anos 1920.

Ernest Hemingway (1899-1961)

Poucos escritores tiveram um vida tão intensa quanto Ernest Hemingway, cuja carreira poderia ter saído de um de seus romances de aventura. Como Fitzgerald, Dreiser e muitos outros romancistas do século 20, Hemingway veio do Meio Oeste dos EUA. Apresentou-se como voluntário para trabalhar como motorista de ambulância na França durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi ferido e ficou hospitalizado por seis meses. Depois da guerra, como correspondente de guerra baseado em Paris, encontrou os escritores americanos expatriados Sherwood Anderson, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald e Gertrude Stein. Stein, em particular, influenciou seu estilo conciso.

Depois de ficar famoso com o romance O Sol Também se Levanta, ele continuou a trabalhar como jornalista, cobrindo a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a luta na China na década de 1940. Durante um safári na África, feriu-se em um acidente com seu pequeno avião; apesar disso, continuou gostando de caçadas e da pesca esportiva, atividades que inspiraram alguns de seus melhores trabalhos. O Velho e o Mar (1952), breve romance poético sobre um pobre e velho pescador, cujo peixe imenso pescado em mar aberto é devorado por tubarões, rendeu-lhe o Prêmio Pulitzer em 1953; no ano seguinte, recebeu o Prêmio Nobel. Acossado por um histórico familiar problemático, doenças e por acreditar que estava perdendo o dom de escrever, o escritor se matou com um tiro em 1961. Hemingway é considerado o mais popular romancista americano. Seus interesses são basicamente apolíticos e humanísticos, e nesse sentido ele é universal.

Como Fitzgerald, Hemingway se tornou porta-voz de sua geração. Mas ao invés de retratar seu glamour fatal, como fez Fitzgerald, que nunca lutou na Primeira Guerra Mundial, Hemingway escreveu sobre a guerra, a morte e a “geração perdida” de sobreviventes desiludidos. Seus personagens não são sonhadores, mas toureiros, soldados e atletas durões. Se intelectuais, são profundamente marcados e desiludidos. Sua marca registrada é o estilo claro desprovido de palavras desnecessárias. Usa com freqüência a contenção. Em Adeus às Armas (1929) a heroína morre ao dar à luz dizendo: “Não tenho medo. É só um golpe baixo.” Certa vez comparou sua produção literária a icebergs: “Para cada parte que se revela, há sete oitavos debaixo d’água.”

William Faulkner (1897-1962)

Nascido em uma antiga família sulista, William Harrison Faulkner foi criado em Oxford, no estado do Mississippi, onde viveu grande parte de sua vida. Faulkner recria a história da terra e das várias raças que nela viveram. Escritor inovador, Faulkner fez experimentações brilhantes com a cronologia narrativa, diferentes pontos de vista e vozes (inclusive a de párias, crianças e analfabetos) e um rico e absorvente estilo barroco, constituído de frases extremamente longas.

Entre os melhores romances de Faulkner estão O Som e a Fúria (1929) e Enquanto Agonizo (1930), duas obras modernistas que fazem experimentações com pontos de vista e vozes para explorar fundo o drama de famílias sulistas sob a tensão de perder um membro da família; Luz em Agosto, sobre as relações complexas e violentas entre um mulher branca e um homem negro; e Absalom, Absalom! (1936), talvez seu melhor livro, sobre a ascensão de fazendeiro que subiu na vida por seu próprio esforço e sua trágica queda.

Dramaturgia americana no século 20

A dramaturgia americana foi uma imitação do teatro inglês e europeu até o século 20. Foi somente no século 20 que peças sérias americanas tentaram fazer inovações estéticas.

Eugene O'Neill (1888-1953)

Eugene O’Neill é a grande figura da dramaturgia americana. Suas diversas peças combinam enorme originalidade técnica com visão renovada e profundidade emocional. As primeiras peças de O’Neill tratam da classe trabalhadora e dos pobres; trabalhos posteriores exploram o mundo subjetivo e destacam sua leitura de Freud e a tentativa angustiada de aprender a conviver com as mortes da mãe, do pai e do irmão.

Sua peça Desejo sob os Ulmeiros (1924) recria as paixões escondidas de uma família. Suas peças posteriores incluem as reconhecidas obras-primas The Iceman Cometh (1946), obra cabal sobre o tema da morte, e Longa Jornada Noite Adentro (1956) —poderosa autobiografia em forma dramática, enfocando a própria família e sua deterioração física e psicológica, com a ação transcorrendo no período de uma noite.

Fonte:
http://embaixadaamericana.org.br/HTML/literatureinbrief/

Blog da Escritora Paranaense Andréa Motta


Conheça o blog da escritora paranaense Andréa Motta, http://simultaneidades.blogspot.com/

Vídeos, eventos, poesias, lançamento de livros, trovas, enfim tudo que acontece no estado do Paraná.

Até o momento 50 postagens.

Vale a pena conferir!

▼ Maio

Programação da Semana: de 04.05 a 09.05.09
O Casarão de Sylvio Magellano
Quarto Paranaense a ocupar Cadeira de Imortal na Academia de Letras do Brasil
Instituto Memória Convida para o lançamento do livro PARANÁ: Das Cadeias Públicas às Penitenciárias, do sociólogo Alcione Prá
Poeta paranaense arrebata prêmios literários na Itália
Bienal Internacional do Livro em Curitiba

▼ Abril
Durante a tarde de Música e Poesia...
Tarde de Música e Poesia
Almoçando com Música e Poesia
Janske Niemann Schlencker
Revista literária homenageia quatro irmãs, trovadoras da UBT-Curitiba
Raulison Mendonça e Banda Innexo apresentam: Rock de Responsa
Blablablogue: crônicas e confissões
"Os Alemães no Paraná - Livro do Centenário" - Lançamento
Progaramação Cultural de 20.04 a 30.04.09
União Brasileira de Trovadores – Seção de Curitiba
Raulison Mendonça declama Navios Negreiros
Lucy Salete Bortolini Nazaro - Recebe Homenagem da Câmara Municipal de Palmas
Lançamento do Romance: Solidão Calcinada
Programação Academia Paranaense da Poesia – De 13.04 a 18.04
Paulo Setúbal
UBT- Seção Curitiba - Reunião Mensal 18 de abril
Matizes do Céu - Lygia Lopes dos Santos
Páscoa (Roza de Oliveira)
Exposições - cultura
Izabel Liviski escreve sobre o Livro Solidão Calcinada da Paranaense Bárbara Lia
XXVI Jogos Florais de Bandeirantes (PR)
Academia Paranaense da Poesia

▼ Março
Programação da semana – 30.03 a 04.04.09
Antologia de Curitiba (Paulo Roberto Karam)
Curitiba: 316 Anos de História, Tradição e Identidade
Curytiba Curitiba
Curitiba, 316 anos - 29 de março
Haicais em homenagem a Curitiba
No aniversário de Curitiba: Trovas!
Poesia para Curitiba (Deisi Perin)
Poesia para Curitiba (Constância Nery/Portugal)
Curitiba Cidade Sorriso (Mamed A. Zauith)
Curitiba...(Paulo Walbach Prestes)
Curitiba, Mocidade! (Nei Garcez)
Túlio Vargas (1929 - 2008)
Maringaense Antonio Augusto de Assis vence o Concurso de Trovas do Rotary Club
Programação da semana – 22 a 28.03.09
Antologia Poesia do Brasil – Poetas Paranaenses participantes do vol. 7
Haicais
Academia Paranaense da Poesia
Centro de Letras do Paraná
UBT - Curitiba
Academia Feminina de Letras do Paraná
Haikai: Cidade Repouso

Fontes:
http://simultaneidades.blogspot.com/
Comentários = José Feldman

Poeta Paranaense Fabio Sexugi arrebata Prêmios na Itália


O Poeta Paranaense Fábio Sexugi, 28 anos, Professor do Departamento de Letras da Fecilcam, educador da Escola São José de Peabiru, além de atuar como professor de italiano no Celin e na Wizard em Campo Mourão está comemorando a obtenção, de dois prêmios literários: um promovido por Castello di Fondi, no Lácio, e o segundo com a chancela da Universidade de Salento, na cidade de Lecce.

Fábio reside em Peabiru/PR. No segundo concurso ele foi classificado em primeiro lugar e é ele próprio quem conta: “Em menos de uma semana, fui contemplado duas vezes com prêmios literários na Itália. O resultado do primeiro aconteceu no dia 4 de abril, quando fui selecionado pelo conjunto da obra para integrar a Antologia Comemorativa dos 40 Anos do Prêmio Literário Júlia de Gonzaga, promovido pelo Castello di Fondi, no Lácio, região central da Itália. Trata-se de uma antologia bilíngüe que reúne poetas contemporâneos com composições em italiano ou espanhol (no meu caso, italiano).”

Segundo Fábio, entre os jurados “estava o fundador do prêmio, Luigi Muccitelli, escritor e artista plástico do famoso selo italiano Edizioni Lo Spazio. Além da publicação do livro, os poetas selecionados receberão uma medalha de prata, um diploma assinado pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano, além de outros prêmios ofertados por entidades públicas e privadas.”

Fábio conta que na Sexta-Feira Santa foi comunicado pela Presidente da Terceira Circunscrição da cidade de Lecce, no sul da Itália que recebeu a primeira colocação no Prêmio Primaverart, promovido pelo Assessorato alla Cultura, Università del Salento e pela Associazione culturale Accademia Salentina Delle Lettere", na categoria Literatura.

O poeta explica que pelo regulamento, o Prêmio da Crítica é dado à melhor composição de todas as subcategorias (ou seja, conto, poesia, reflexão, aforismos e romances). Portanto, em Lecce, recebeu o 1º lugar na categoria poesia e o Prêmio da Crítica, como a melhor produção literária do certame em 2009. Além de escritores, também são premiados artistas no Cinema (curta-metragens, video clips e spots publicitários), na Música (piano, violino, canto lírico e opereta) e nas Artes Plásticas (pintura e escultura).

A cerimônia de entrega dos prêmios “Gran Galà di Chiusura” aconteceu em 19.04, às 20h (horário local), no Chiostro dei Domenicani, com a presença de várias personalidades do mundo da cultura italiana, com transmissão ao vivo pela TV italiana.

O seu poema “Tazzina” foi declamado dia 09.04 no Teatro Paisiello, quando aconteceu a leitura das poesias vencedoras na categoria “Poesie in Lingua Italiana”.

Além das premiações mencionadas, Fábio já recebeu outros prêmios importantes. Entre estes:
1º lugar no I Concurso Internacional de Poesia Caleidoscópio, do Projeto Poesia Pública de Belo Horizonte - poema “Xícara” (Outubro de 2008);

1º lugar no IV Concurso Internacional de Poesía Latinoamericana, categoria espiritualidade, Projecto Poemía de Las Piedras (Uruguai) - Poema “Parafina” (Fevereiro de 2009);

3º lugar no XXVII Concurso Internacional Literário das Edições A.G. de São Paulo – poema “Bússola” (Março de 2009); Participação na Antologia “Parole e Poesia” / Edizioni Il Fiorino di Módena (Itália) - poemas “Nascondiglio” e “Nostalgie Brasiliane” (Março de 2009).”

Para Fábio, “dividir um livro com Antonio Maglio, Luigi Muccitelli, e outros grandes nomes da poesia italiana contemporânea é surreal. Acho que vencer concursos literários na Itália era um feito inédito para paranaenses até agora. Realmente, estou muito satisfeito. Nunca pensei que minha poesia, que fala de coisas simples e corriqueiras da vida, me levaria tão longe.”

Fontes:
Andréa Motta. In http://simultaneinades.blogspot.com/
http://www.insieme.com.br/portal/conteudo.php?sid=188&cid=2214&parent=0
http://www.jornalshowriso.com.br/vermaismateriasfabiosexugi.php

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Paulo Leminski (O Hóspede Despercebido)


Deixei alguém nesta sala
que muito se distinguia
de alguém que ninguém se chamava,
quando eu desaparecia.
Comigo se assemelhava,
mas só na superfície.
Bem lá no fundo, eu, palavra,
não passava de um pastiche.
Uns restos, uns traços, um dia,
meus tios, minhas mães e meus pais
me chamarem de volta pra dentro,
eu ainda não volte jamais.
Mas ali, logo ali, nesse espaço,
lá se vai, exemplo de mim,
algo, alguém, mil pedaços,
meio início, meio a meio, sem fim.

[LEMINSKI, Paulo. Distraídos Venceremos. Ed. Brasiliense]

Marcos Aurélio Gomes de Carvalho (Cordel para Anayde)



Cordel pelo Centenário de Anayde Beiriz, em 2005.

18 de fevereiro
mil novecentos e cinco
Anayde veio ao mundo
e só hoje é que sinto
a história de seu nome
e por não ter sido homem
vou narrar e eu não minto.

Uma luz alumiou
as terras da Parahyba
quase alumiava
as terras de mais de riba
mas foi aqui que nasceu
criou-se e assim cresceu
que nem meio caraíba.

Menina simples, formosa
de olhar por sobre a proa
brincava mirando as águas
de nossa linda Lagoa
pousada qual borboleta
no remanso do planeta
como uma nuvem que voa.

Alegria era seu nome
altivez seu alazão
crescia contando os dias
de um futuro vulcão
na leitura sua mente
no coração a semente
de sentimento e razão.

Bonita moça se fez
de olhos amendoados
e na escola normal
entre todos diplomados
de sua turma a primeira
deu seu passo de carreira
de formal professorado.

Tinha 17 anos
em maio de vinte e dois
se formando professora
que seu desejo não foi
pois queria medicina
o verso mudou de rima
o rumo foi outro pois.

Foi plantar em Cabedelo
sua sublime missão
professora do ABC
em alfabetização
crianças fazendo ler
adultos no anoitecer
aproveitando a lição.

O mundo arroseou-se
nos olhos dessa menina
não o mundo do comum
não seria a sua sina
tomou-se por ideal
e meio intelectual
fez verso de outra rima.

Apoderou-se do vento
da escrita fez pincel
construiu o seu castelo
e encheu o seu farnel
botou-se de mundo afora
despojou-se da espora
incorporou seu corcel.

Arrodeava o coreto
enamorados flertavam
a poesia de bom gosto
em mil saraus recitava
crônicas lindas fazia
o deleite de quem lia
palavras que lhe brotavam.

Um dia, sem se saber
seu coração deu ouvidos
ao amor que irrompeu
de emoção e sentido
seu anjo caiu do céu
embriagado de mel
na flecha de um cupido.

Viajou sem viajar
num campo sem tanta flor
com espinhos pra contar
a fundura de uma dor
afoitou-se em ganhar
uma alma de abraçar
numa história de amor.

O seu nome era João
Dantas era o sobrenome
o anjo de seu desejo
doce pão de sua fome
um favo cheio de mel
um facho vindo do céu
iluminado de homem.

Essa nossa ninfa alada
Anayde era Beiriz
só queria desse mundo
o querer de ser feliz
pousando seu coração
em uma pura paixão
de poderosa raiz.

Viveu tão docemente
seu romance mais vivaz
em corpos não dizíveis
de deleites não formais
pele e alma ascendentes
num vulcão incandescente
de guerra brotando paz.

Essa alcova especial
era chão de oratório
era puro paraíso
sem ter carta de cartório
era sangue, coração
brancura de uma paixão
um altar de ofertório.

Lua, rua e estrelas
assistiram o casal
em passeio de mãos dadas
em noites longe do mal
trocando duas mil juras
sintonia de alvura
que nem roupa no varal.

Foi na Rua Sto Elias
o painel de tal pintura
a natureza nutria
o amor das criaturas
sob o olhar da esperança
que no brincar de crianças
vinham trocar suas juras.

Mas o destino mudou
com sua mão tão cruel
como vassoura varreu
o chão pintado do céu
os ideais se confrontam
e a beleza desmonta
com o amargor de seu fel.

Perrepistas, Liberais
sua fronteira encerra
déias de intenção
de comandar sua terra
e o eito republicano
entorna o caldo insano
alimentando tal guerra.

Numa investida atroz
de uma depredação
se resolve de peitada
partir pr´uma invasão
e foi nesse promotório
invadir o escritório
de João Dantas cidadão.

Esperava-se encontrar
um erro de sua lavra
um documento, um papel
ou uma coisa mais brava
e o resultado ruim
o rescaldo do butim
foi de amor pela palavra.

Nessa manhã tenebrosa
numa briga de partidos
suas entranhas tomadas
derramadas sem sentido
esparramadas no chão
e o escritório de João
injustamente invadido.

Publicou-se n´A União
sem medir qualquer pudor
o que foi particular
d´um cidadão de valor
e por três ou quatro dias
na Parahyba se lia
as suas cartas de amor.

No poder o presidente
fez de conta que não viu
se espalhar pela cidade
e assim tudo assistiu
em seu belo camarote
um cruel infame trote
frente a isso se omitiu.

Na sarjeta enlameada
uma graça de valor
uma história sublime
uma história de amor
sofria seu alto preço
com o pior endereço
origem de seu furor.

Com sua honra ferida
o seu amor maculado
João Dantas enfurecido
e não se deu por rogado
em um caminho sem volta
procurou de porta em porta
o que queria tombado.

Na Confeitaria Glória
com seu coração pungente
na cidade do Recife
o desafeto presente
liquidou sua cobrança
em um tiro que alcança
quem não era inocente.

Foi preso após o crime
não tinha como voltar
viver o que lhe fizeram
não é viver, é penar
engrandeceu seu amor
perdido em plena flor
sofrendo por mais amar.

No dia 6 de outubro
na cela de seu presídio
último quartel de 30
no sofrer de seu exílio
sua vida foi ceifada
numa história mal contada
duvidoso suicídio.

Anayde amargou
o seu derradeiro fel
acuada e fugitiva
do mundo o pior réu
a 22 de outubro
foi o seu dia mais rubro
partindo pro mesmo céu.

Restou um mundo tão vil
de cartório a delegado
de abutres carniceiros
de documentos roubados
de anarquia de rua
debaixo da mesma lua
de amor-papel queimado.

A Parahyba perdeu
no século do alvorecer
por tanta alma mesquinha
rodiziando o poder
o estado é uma intriga
pela mesma rapariga
se enfrentam sem saber.

Diferente do amor
de João por Anayde
um amor personalista
que o coração incide
que sem ele não se tem
o saber de querer bem
verde-azul de um Caribe.

Esse amor que lhe falei
esse amor de querer bem
não se mistura a Estado
nem a cargo de ninguém
é um amor de estrelas
um fogaréu de centelhas
somente vistas do além.

Dantas foi aviltado
o inimigo assim o quis
Anayde humilhada
perseguidos os Beiriz
criaturas inocentes
numa história recente
de desejar ser feliz.

Rogo minha homenagem
para este centenário
de Anayde Beiriz
sua vida, seu calvário
esperando que no céu
se ouça esse cordel
no alto do campanário.

Com tinta rubra se escreva
que nos anais desse templo
a figura de Anayz
não se desmanche no vento
a liberdade da vida
é nessa história contida
acima de qualquer tempo.

Acima de nós, de vós
acima mesmo do nexo
a liberdade do ser
não tem nada de complexo
o amor tem a medida
do continente da vida
não tem a ver com o sexo.
––––––––––––––––––––––
Marcos Aurélio Gomes de Carvalho é cordelista e poeta. Pernambucano de Bodocó - PE, vive na Paraíba há bastante tempo.
----------
Fontes:
LIVRE PENSAR
Do ponto mais Oriental das Américas - João Pessoa - Paraíba - Brasil
Número 625 - 28 de fevereiro de 2005
http://www.triplov.com/livre_pensar/janeiro_maio/625.html
Imagem = http://www.memorialpernambuco.com.br/

Vanessa Vicente (Coisas da Vida)


Até hoje sinto o seu cheiro puro,
Um odor que me atrai
O amor puro e sincero
Que tu tens por mim
Fez com que eu aceitasse
A metamorfose da minha imagem
Um simples toque seu
Aumentou o calor da minha
Luta para viver
Folhas em branco
De minha vida
Ficaram para trás
Hoje, num novo parágrafo
Estou desabrochando
Para um novo amanhã
Mas nunca esquecerei
Da tua imagem
Pois a tua luz
Me guia
Até o topo
Da mais alta montanha.
––––––––––––––––––-

A autora Vanessa Vicente ajudou a fundar o Clube de Escritores de Alvorada (CEA). Na atualidade mora em Viamão, mas continua a manter contato com o CEA.
* Este poema foi retirado do livro "Só Para Mulheres" - outono de 2004.

Fonte:
Clube dos Escritores de Alvorada.
http://www.clubedosescritoresdealvorada.blogspot.com/

PROVOCARE TV destaca a contação de histórias



Nesta semana, o Programa PROVOCARE TV, traz como assunto principal o projeto “Violas, causos e crendices”, desenvolvido em Votorantim. O entrevistado da apresentadora Míriam Cris Carlos é o contador de histórias Zé Boca, coordenador do projeto. Ele é votorantinense e desde criança já contava causos. É conhecido em diversas regiões do Brasil pelo talento e pelos projetos culturais que desenvolve relacionados à contação de histórias.

O projeto “Violas, causos e crendices” existe há seis anos e é uma atividade de lazer e aprendizagem que visa incentivar o hábito da leitura e potencializar a imaginação e criatividade dos participantes. Traz à região artistas de todo o Brasil, em eventos com entrada gratuita que une diversas manifestações culturais, como a oralidade, a música e culinária. É realizado pela Secretaria de Cultura de Votorantim e neste ano, através da aprovação pela Lei Rouanet, conta com patrocínio concedido pela Votorantim Cimentos e o Instituto Votorantim.

No programa, Zé Boca conta o histórico do projeto e fala quais são as novidades desta edição. Também serão exibidas imagens das ultimas apresentações.

O PROVOCARE TV é gravado no Transamérica Flats The First e é exibido pela TV COM (Canal 7 – NET- Sorocaba) . Vai ao ar nesta quinta-feira (30/04), às 22h30, com as seguintes reprises: sexta-feira às 9h30, sábado às 14h, terça-feira às 13h30 e quarta-feira às 17h30. Também será exibido pela ”VTV” (Canal10 - Supermídia –Votorantim).

O programa tem a direção do jornalista Werinton Kermes, apresentação da doutora em comunicação Míriam Cris Carlos, produção de Luciana Lopez, assistência de produção de Edgar Gonçalves, imagens de Fábio Costa e Jorge Silva e edição de Flávia Karam.

http://provocaretv.blogspot.com
http://www.portalprovocare.com.br

Fonte:
Luciana Lopez. Provocare TV, por e-mail.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Paulo Leminski (Um Homem com uma Dor)

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra

Richard Wagner (O Anel do Nibelungo: Parte III: Siegfried)


Siegfried é uma ópera de Richard Wagner, a terceira parte de quatro que compõem a tetralogia O Anel do Nibelungo. Sua estréia ocorreu no Bayreuth Festspielhaus, Bayreuth, em 16 de agosto de 1876, como parte da primeira apresentação completa da Saga do Anel.

Ato I

Cena I

Irmão de Alberich, Mime, está forjando uma lâmina de espada em sua caverna no meio da floresta. Enquanto trabalha, reclama sobre não conseguir forjar os pedaços de uma certa espada, e sonha com o tesouro almejado anteriormente por seu irmão. O nibelungo tem como objetivo obter o Anel para si, tendo criado o orfão Siegfried para matar Fafner por ele. O gigante estava com posse do Anel e do elmo mágico Tarnhelm, e havia transformado-se em dragão com os poderes do elmo. Mime precisava da espada para que Siegfried usasse, mas o jovem quebrava facilmente todas as lâminas forjadas.

Siegfried retorna de suas caminhadas na floresta com um urso encoleirado, o que apavora Mime, que pede a retirada do animal. O jovem atende o pedido e solta o urso, que sai pela floresta. Ele incomoda-se com a falta de progresso de Mime na forja da espada. O velho então o apresenta sua nova produção, que assim como todas as anteriores, é destruída por Siegfried, já enfurecido. Mime tenta acalmá-lo, lembrando-o sobre a gratidão que o jovem o deve pela tutoria durante tantos anos. Entretanto, o jovem não o suporta. Siegfried exige saber sobre seus pais; nas suas caminhadas ele havia percebido que todos entre os animais os filhos possuem pai e mãe, e estes são parecidos com a cria. Mime era nada parecido com Siegfried, mas o velho explica que é tanto pai quanto mãe do garoto. Ameaçado por Siegfried, Mime é forçado a ceder e explicar sobre a mãe do jovem, a moribunda Sieglinde. Ela morrera durante o parto do filho, não antes de confiar ao nibelungo os cuidados do bebê. Perguntado sobre seu pai, Mime explica possuir total desconhecimento, exceto pelo fato dele ter morrido em combate, como informado por Sieglinde. Como prova do que havia acabado de contar, ele também mostra ao jovem os estilhaços da espada Nothung, e Siegfried o ordena a reforjá-la, animando-se com o potencial dessa arma de verdade. Siegfried então deixa o local.

Cena II

Mime está desesperado: estava acima de sua capacidade consertar a Nothung. Um velho homem (a platéia percebe ser Wotan) aparece abruptamente na residência. Sua presença não é positiva ao nibelungo, que deseja a retirada do sujeito, apesar da insistência. O andarilho propõe a aposta de sua cabeça em um jogo de três charadas para Mime, que aceita a fim de dispensar o sujeito mal vindo. Ele pergunta ao andarilho o nome das raças que vivem abaixo do solo, na superfície e nos céus. O andarilho responde corretamente os nibelungos, os gigantes e os deuses, respectivamente. Mime então pede que o sujeito se retire, mas, não se dando por vencido, Mime é então forçado pelo sujeito a apostar sua cabeça para responder charadas. Ele é perguntado sobre a raça mais amada por Wotan (ainda que tratada cruelmente), o nome da espada que pode destruir Fafner e a pessoa que pode fabricar a lâmina da espada. Mime responde corretamente as duas primeiras perguntas, os Volsungas e Nothung respectivamente. Entretanto, ele é incapaz de responder a última charada. Wotan livra Mime, explicando-o que somente quem não conhece o medo pode reforjar Nothung, declara que sua cabeça pertence à tal pessoa sem medo e deixa a residência.

Cena III

A essas alturas Mime já está alucinado. Siegfried retorna, exigindo a reparação da espada estilhaçada. Mime percebe que a única coisa que não havia ensinado a Siegfried durante sua criação foi o medo. Ao saber disso, Siegfried se mostra interessado em aprender sobre o medo, e Mime promete ensiná-lo ao levá-lo para o dragão Fafner.

Como o nibelungo não consegue forjar a espada por conta própria, Siegfried decide realizar a tarefa sozinho, tendo sucesso na tarefa apesar da descrença de Mime. Nesse meio tempo, Mime percebe que, com o acordo com o andarilho, sua cabeça agora pertence a Siegfried. Ele então prepara uma bebida envenenada para oferecer ao jovem logo após ele derrotar o dragão. Ao terminar a forja, o jovem demonstra o poder de sua lâmina ao partir uma bigorna ao meio, impressionando o nibelungo.

Ato II

Cena I

É noite e se está na saída da caverna do gigante Fafner, que, sob forma de dragão por conta do elmo mágico, guarda consigo o elmo, o Anel e o tesouro obtido com o contrato de Wotan. O andarilho chega ao local, onde Alberich mantém vigia esperando a oportunidade de reaver o Anel que anteriormente já teve posse. Os dois inimigos logo se reconhecem (ao contrário de Mime, que em nenhum momento percebe que o andarilho é Wotan). Alberich conta seus planos para dominar o mundo assim que o Anel retorne para si. Calmamente, Wotan alega que não deseja obter o Anel, estando ali somente como observador. Alberich não acredita nas intenções de Wotan, alegando que o herói livre era a forma indireta de Wotan obter o Anel, então ele ainda estava interessado. Wotan então o alerta, dizendo que Mime é que esta usando o jovem Siegfried para obter o anel, era com seu próprio irmão que Alberich deveria se preocupar. Ele termina, dizendo que logo o jovem chegaria ao local com seu tutor a fim de matar o dragão.

Para surpresa do nibelungo, Wotan acorda Fafner e o informa sobre o herói que está chegando para lutar contra ele. Ele propõe que ele ceda o Anel pacificamente para sair ileso. Sem se importar, o dragão recusa-se a entregar o anel e retorna ao sono. Wotan parte e Alberich esconde-se em uma fenda das rochas do local.

Cena II

Ao amanhecer, Siegfried e Mime chegam ao local, e Mime decide recuar enquanto Siegfried confronta o dragão. Enquanto o jovem espera o Fafner aparecer, divaga sobre seus verdadeiros pais e percebe um pássaro da floresta em uma árvore. Amigável ao ser, ele tenta imitar seu canto usando um pífaro talhado na hora, sem sucesso. Ele então executa uma nota em sua trompa, acordando Fafner e levando-o para fora de sua caverna. Apesar da fúria de Fafner, Siegfried age como de costume, atrevido. Após discussão, eles lutam, e Siegfried fere o coração do inimigo com Nothung.

Em seus últimos momentos, Fafner toma conhecimento do nome de Siegfried, diz um pouco de sua história e que havia matado seu irmão Fasolt. Por fim, o alerta sobre traição. Quando Siegfried remove sua espada do cadáver, suas mãos são queimadas pelo sangue do dragão, e ele instintivamente as coloca em sua boca. Ao provar o gosto do sangue, ele percebe que agora consegue entender a língua do pássaro da floresta (Segundo a mitologia, beber sangue de dragão torna a pessoa clarividente e apta a entender a língua dos pássaros).. O pássaro lhe revela os poderes do Anel e do elmo mágico, e Siegfried entra na caverna para procurar tais tesouros.

Cena III

Mime retorna para assegurar a morte do dragão, Alberich também chega ao local e os dois discutem sobre o direito a posse do Anel. Com o retorno do jovem os dois irmãos cessam a discussão e deixam o local. Seguindo suas instruções, ele toma para seu o anel e o elmo mágico da residência de Fafner, e ignora o resto de tesouro. O pássaro então o alerta sobre as intenções de Mime, e avisa que agora o jovem possuía o dom da clarividência por conta do sangue do dragão. Mime reaparece, e Siegfried reclama que ainda não havia aprendido o significado do medo. Mime então o oferece a bebida envenenada com um jeito amigável, mas Siegfried consegue ler os pensamentos de cobiça, ódio e assassinato na mente do velho nibelungo. Siegfried então mata o nibelungo com um golpe de sua espada. Ele então atira o corpo de Mime na caverna de Fafner, assim como o cadáver de Fafner.

Após pedido de Siegfried, que lamentava sua solidão o pássaro da floresta então começa a cantar sobre uma mulher dormindo em uma rocha rodeada por fogo mágico, e cujo herói que, salvando-a, tornar-se-ia noivo da dama. Imaginando se finalmente poderia entender o significado do medo, Siegfried parte para a montanha sendo guiado pelo pássaro.

Ato III

Cena I

Ainda sob forma de andarilho, Wotan aparece no caminho da rocha onde repousa Brünnhild e invoca Erda, deusa da terra. Aparentando estar confusa e questionando o motivo de ter sido acordada, ela emerge da gruta onde se encontrava. Wotan se identifica e pede conselhos, mas Erda o sugere procurar suas filhas nornas. Wotan insiste, mas Erda faz nova sugestão: que ele procurasse Brünnhild, uma das valquírias filhas de Erda com Wotan.

Ele responde alegando que era justamente sobre ela o assunto, e descreve a situação atual da valquíria, que estava condenada a sono profundo por sua desobediência. Apesar do espanto de Erda, Wotan continua, dizendo a ela que seu período de sabedoria estava chegando ao fim. Ele a informa que não teme mais o destino final dos deuses; é inclusive seu desejo que isso ocorra. Sua herança seria deixada para o Volsunga Siegfried, e sua filha Brünnhild trabalharia nas tarefas que ainda assolavam o mundo. Dispensada, Erda mergulha novamente às profundezas da terra.

Cena II

Wotan permanece no local. Siegfried chega auxiliado pelo pássaro da floresta, que parte ao ver o andarilho. Wotan pergunta o destino do jovem, e pensando que aquela pessoa poderia ajudá-lo, Siegfried responde que procurava uma rocha sobre a qual repousava uma mulher. Segue um interrogatório de Wotan ao jovem, que por sua vez começa a se irritar. Em uma discussão agora acalorada, o andarilho adverte Siegfried para que ele não desafiasse, mas o jovem, que ainda não conhecia o medo, age atrevidamente como de costume. Ele responde insolentemente e direciona-se a caminho da rocha de Brünnhild.

Wotan bloqueia a passagem de Siegfried através da lança dos tratados, e o diz que a mesma lança já havia no passado quebrado a espada que o jovem tinha em punho. Percebendo então que aquele sujeito era o responsável pela morte de seu pai, o dono original da espada, Siegfried quebra a lança com um golpe da Nothung. Wotan então calmamente reúne os estilhaços de sua arma, e deixa o local. Siegfried chega às rochas e observa o círculo de fogo que enfrentará. Ele sopra sua trompa e avança sobre o fogo, que é rapidamente amenizado.

Cena III

Siegfried encontra Brünnhild e seu cavalo. Primeiramente pensa tratar-se de um homem, por causa da armadura típica das valquírias. Entretanto, remove a armadura com sua espada e encontra a mulher por trás do equipamento. Incerto sobre como agir por nunca antes ter visto uma mulher, clama por sua mãe e experimenta o medo pela primeira vez. Desesperado, ele a beija, acordando-a do sono mágico. Questionando quem ser aquela pessoa que a havia acordado, ele se apresenta. Ela responde, dizendo que já havia cuidado do jovem antes mesmo dele ter nascido. Confuso, Siegfried chega a cogitar ser ela sua mãe, mas Brünnhild responde que não, e que sua mãe nunca mais voltaria.

Siegfried começa a atrair-se pela moça, sendo repelido por ela. Brünnhild está triste por ter perdido a condição de valquíria, mas acaba cedendo e entrega-se ao amor de Siegfried, renunciando o mundo dos deuses.
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Parte I: O Ouro do Reno = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/02/richard-wagner-o-anel-do-nibelungo.html
Parte II: A Valquíria = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/04/richard-wagner-o-anel-do-nibelungo.html
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Fontes:
http://pt.wikipedia.org
http://operapertutti.blogspot.com

Balaios de Trovas VI


O céu deve estar cheinho
de madrinhas, mães e avós...
– Têm lá, em dobro, o carinho
com que cuidaram de nós!
A. A. de Assis – PR

Tem visita que aconchega,
tem outra que não me atrai;
não empolga quando chega...
mas alegra quando sai!
Ademar Macedo – RN

Num clima emocionante
do mar na arrebentação
o teu beijo cativante,
viajou no meu coração.
Agostinho Rodrigues

“Via de regra” – essa é boa! –
não é uma regra geral;
é a via por onde escoa
certo incômodo mensal...
Antônio da Serra – PR

Quando o peixeiro passava
com sua noiva faceira,
a vizinha comentava:
- Vai ter piranha na feira...
Antonio Juraci

Chegar mais cedo é proeza
que assusta muito marido,
pois quem chega de surpresa
costuma ser surpreendido!
Arlindo Tadeu Hagen – MG

Da singeleza eu me ufano,
da minha rua escondida,
que tem mais calor humano
que a mais central avenida.
Conceição de Assis – MG

Quando o chão foge dos pés,
(seu amor é minha rima...),
feliz, vejo no convés,
o Vapor trazendo estima.
Dáguima Verônica

Escrevem tanta besteira!
Parem com isso, de vez!
Pois quem des...fralda bandeira
de... frauda o bom português!...
Diamantino Ferreira – RJ

Embora sendo poeta,
foi com você que aprendi,
Isadora, minha neta,
que Amor começa com I.
Eliana Palma – PR

Pouco importa que tu venhas
apressado, em teu fulgor,
pois trazes contigo as senhas
para os feitiços do amor!
Elisabeth Souza Cruz – RJ

Na roça não se complica
a higiene rotineira:
começa na velha bica
e um gamelão é banheira!
Fernando Vasconcelos – PR

No avarandado da casa,
que a rodeia feito abraço,
quanta vez, o corpo em brasa,
tornamos pequeno o espaço!...
Flávio Stefani – RS

Deus, em toda a sua glória,
com tanta grandeza e brilho,
pra completar sua história,
quis ter mãe e quis ser filho!
Gislaine Canales – PR

O forte nó da saudade
amarra o tempo num laço,
e aprisiona a mocidade
nas trovas de amor que eu faço.
Héron Patrício – SP

Alvo da própria pirraça,
o Zé caiu do cavalo;
em vez de ganhar a taça,
na testa ganhou um galo.
Istela Marina – PR

Numa espera doce e mansa,
qual zelosa tecelã,
bordo rendas de esperança
pra enfeitar nosso amanhã!
Jeanette De Cnop – PR

Leve a vida sem queixume,
plante amor por onde andar:
– Seja a fé o seu perfume.
– Seja a paz o seu altar!
Joamir Medeiros – RN

Deus me dê a boa sorte
de, na hora da partida,
ser esperado na morte
por quem me esperou na vida.
José Fabiano – MG

"Humildade" e "aceitação",
sempre na exata "medida",
são a melhor "solução"
para os percalços na vida.
José Ouverney

Embora o dia me açoite
com seus barulhos brutais,
lá no silêncio da noite...
a solidão bate mais!
Maria Madalena Ferreira – RJ

A saudade é um bem guardado
que nos volta, de repente,
num presente do passado,
quando o passado é presente.
Maria Nascimento - RJ

A criança tem direito:
lar, carinho e educação
pra conduzir com respeito
o futuro da nação.
Neiva Fernandes –- RJ

Por vaidosa a tartaruga
olha no espelho e faz planos
de remover uma ruga
surgida aos 200 anos!
Pedro Ornellas – SP

Na minha dúvida atroz,
pra evitar vexame e enrosco,
não direi “arroz com noz”,
direi sempre “arroz conosco”...
Osvaldo Reis – PR

Posso reclamar de tudo...
Direito que me convém!
Mais fico todo “sisudo”
quando reclamas também.
Roberto Pinheiro Acruche -RJ

Ao que pede, à tua porta,
dá, também, tua afeição!
Um pouco de amor conforta
mais que um pedaço de pão!
Rodolpho Abbud – RJ

Mil calçados! Ser multípede
que até me dá cefaleia!
Casei-me com uma bípede...
Vivo com uma centopeia!!!
Roza de Oliveira – PR

Tive um trabalho danado
com a vaca hoje cedinho:
não deu leite empacotado
nem quis sentar no banquinho...
Ruth Farah Lutterback – RJ

A vida, em sua beleza,
deu-me tantas emoções,
que, mesmo ao sentir tristeza,
há doces recordações.
Vanda Alves da Silva – PR

Se, sendo mãe, a mulher
diviniza os seus anseios,
mais nobre ainda é quem quer
ser mãe de filhos alheios.
Vanda F. de Queiroz – PR

Dos meus tempos de experiência,
na vida, trânsito e estrada,
deixo aqui uma advertência:
respeito... não custa nada!
Vânia Ennes – PR

Toda virtude e ternura
é conteúdo do bem.
Leve a vida com doçura,
não faça mal a ninguém.
Vidal Idony Stockler – PR

Canto meu canto de amor,
canto meu canto de paz!
– é próprio do trovador
pôr no verso o que lhe apraz...
Zenaide Marcal – CE
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Fontes:
ACRUCHE, Roberto Pinheiro. Trovas e Poemas – n.2 – abril 2009
ASSIS, Antonio A. de. Revista Mensal Trovia – ano 10 – n.113 – maio 2009.

Dicionário de Folclore (Letra I)



IAIÁ-DE-OURO. 1. Era como se chamava uma famosa feiticeira que morava no largo do Forte das Cinco Pontas, no Recife, e que viveu nos fins do século XIX e começos do século XX. Quando faleceu, deixou uma considerável fortuna, graças aos seus clientes ricos; 2. Iaiá-de-ouro era também um tecido, uma chita vermelha, enfeitada com bolas amarelas e Iaiá-de-prata era o mesmo tecido, azul, com rodelas brancas, preferido pelas mulheres ciganas, com o qual se faziam as fantasias nos carnavais do passado.
IAIÁ-IOIÔ. 1.Tratamento dado pelos escravos, significando senhora e senhor; 2. Ioiô também é um brinquedo que consiste num pedaço redondo de madeira ou plástico que sobe e desce num cordão.
IALORIXÁ. É a mãe-de-santo, mãe-de-terreiro, sacerdotisa e governadora de candomblé.
IANSÃ. É um orixá (do Sudão, na África), dos ventos e da tempestade, uma das várias mulheres do Xangô. Também é conhecido por Oiá, na Bahia e Oxum. Sexta-feira é o seu dia, dia de Xangô, e vermelho e branco são as suas cores.
IAÔS. Assim são denominadas as filhas-de-santo quando estão cumprindo os deveres e encargos do curso de iniciação.
IAPINARI. Diz uma lenda da região do Rio Negro, Amazonas, que Iapinari era filho de uma mulher virgem. Nasceu cego, tendo recuperado a visão depois que esfregou nos olhos o sumo dos olhos de um cancão. Voltaria a ficar cego se sua mãe contasse, a outra pessoa, como ele ficou bom, vendo tudo. Apaixonada por um homem, a mãe de Iapinari contou-lhe o segredo da cura do filho, que ficou cego novamente e se atirou no rio onde se transformou numa pedra, o mesmo acontecendo com outras pessoas que também se atiraram no rio.
IARA. A iara é a mãe-d’água, a rainha das águas. Metade mulher, metade peixe, a iara é uma índia muito bonita, que enfeitiça os homens entoando canções mágicas, atraindo-os para a profundeza dos rios, dos lagos ou do mar, onde se afogam. Os caboclos dizem que a iara fica deitada nos bancos de areia dos rios, brincando com os peixes, penteando seus longos cabelos com um pente de ouro. A iara se confunde com a sereia européia.
IEMANJÁ. Iemanjá é a mãe de todos os orixás. É a mãe-d’água dos iorubanos e a entidade que goza de maior prestígio nos candomblés baianos. Ela recebe, no seu dia, comemorado com muita festa, muitos presentes de flores, animais vivos (e até crianças como acontecia antigamente), que são atirados no mar. Iemanjá é a padroeira dos amores, encontrando solução para os problemas amorosos. É, também, a protetora das viagens e é conhecida por outros nomes: Janaína, Dona Janaína, Princesa do Mar, Princesa do Aiocá ou Arocá, Sereia, Sereia do Mar, Olôxúm, Dona Maria, Rainha do Mar, Sereia Macuná, Inaê, Marbô, Dandalunda e outros mais. Quem vive no mar (marinheiros e pescadores) é devoto de Iemanjá. Ela representa a água salgada; a concha do mar é o seu fetiche. Tem o leque e a espada como insígnias. Seus alimentos sagrados são o pombo, o milho, o galo, o bode castrado. Suas cores são vermelho, azul escuro, e cor-de-rosa. As pulseiras são de alumínio. Sábado é o seu dia sagrado. Iemanjá, na religião católica, corresponde a Nossa Senhora. Ela tanto protege, como defende, castiga e mata. Às vezes se apaixona e leva seus amantes para o fundo do mar, de onde nunca mais voltam. É ciumenta, vingativa, cruel. Na cidade de Salvador sua festa acontece no dia 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora do Rosário.
IERÊ. É uma semente parecida com a do coentro, muito usada na culinária baiana para temperar o caruru, o peixe, a galinha.
ILU. Tambor grande, atabaque grande usado nos candomblés da Bahia.
IMBU ou UMBU. O imbu ou umbu é um fruto muito amigo dos sertanejos. É muito gostoso. Dos frutos que estão querendo amadurecer é feito um doce em calda muito apreciado. Faz-se, também, a imbuzada ou umbuzada da seguinte maneira: espremem-se os frutos maduros e junta-se o caldo com leite e açúcar, pondo-se ao fogo até engrossar. O imbu ou umbu é uma fruta amiga dos sertanejos porque, durante as secas, as pessoas retiram de suas raízes umas batatas para matar a sede. Quando o sertão está seco, com todas as árvores sem folhas, o imbuzeiro ou umbuzeiro está sempre verde porque guarda água necessária em suas batatas e com ajuda delas, da água que contêm, o imbuzeiro ou umbuzeiro consegue ficar sempre verde e sobreviver às secas. Os gramáticos dizem que o nome certo é imbu, palavra tupi, i-mb-u, "a árvore que dá de beber".
INAMBU. Também conhecido por inamu, inhambu, enambu, nhambu e nambu, nome como é conhecida, no Nordeste, esta ave cujo canto é o relógio do sertanejo, avisando que são seis horas da tarde, hora de largar o trabalho. Trata-se de uma caça muito apreciada.
INDEZ. É o ovo que se bota no ninho das galinhas quando elas estão demorando a pôr.
INFERNO. O povo acredita que o inferno é o lugar onde mora o Diabo e pra lá vão as almas das pessoas que morreram em estado de pecado mortal, sem fazer as pazes com Deus. No inferno, o Diabo e seus companheiros castigam as almas dos pecadores, que são metidas em caldeirões enormes, com água fervendo, ou tomando banho de fogo, ou sendo espetadas por garfos de ferro. Na linguagem popular o povo usa muito a palavra inferno, quando quer se referir a um lugar ruim, a uma situação difícil.
INHAME. É um tubérculo comestível, trazido da África pelos escravos. Algumas pessoas chamam o inhame de cará, tubérculo também comestível. Os inhames, durante a colonização, eram comidos apenas pelos negros e pelos colonos brancos, enquanto que o cará era preferido pelos índios. Na primeira sexta-feira de setembro tem lugar, nos candomblés da Bahia, a festa do inhame-novo, em homenagem a Oxalá.
INCELÊNCIAS. Orações cantadas nos velórios. Veja EXCELÊNCIAS.
INVERNO, SINAIS DE. Os agricultores do Nordeste sabem se o inverno vai ser bom ou não, observando o seguinte: 1. Na madrugada de 25 de dezembro, observa-se a faixa que fica no horizonte formada pelas nuvens e o sol que vem nascendo. Quando as nuvens são pesadas formam uma barra, que é sinal de um bom inverno no ano próximo. A experiência pode ser repetida no dia 1° de janeiro; 2. Relâmpago para o lado do sertão, no dia 2 de fevereiro, é sinal de que o ano vai ser bom de inverno; 3. Relâmpago, na direção do sertão, no dia de São José, 19 de março, é sinal de ano bom de inverno; 4. Se o círculo do sol for branco, é sinal de sol e, se for roxo, é sinal de chuva; 5. Se o círculo da lua for grande, é sinal de chuva e se for pequeno, é sinal de sol; 6. Quando a ponta da lua nova estiver voltada para o Norte, é sinal de chuva; 7. Nas noites escuras, nuvens fechadas fazem listras largas e longas no céu. Os agricultores dizem que são os carreiros, sinal bom de chuva; 8. Redemoinhos fortes levantando folhas secas – sinal de trovoada, de chuva; 9. Quando o arco-íris aparece, é sinal de chuva; 10. Quando faz muito calor durante a noite, pode esperar que vai chover; 11. Quando faz frio durante a noite, é sinal de que o dia vai ser ensolarado; 12. Quando a fuligem do fogão de lenha começa a escorrer, é sinal de chuva; 13. Todo ano bissexto terminado em 4, é bom de chuva; 14. Todo ano terminado em 5 e 7 tem inverno fraco, de pouca chuva; 15. Quando o formigueiro muda os filhos para outro buraco, é sinal de chuva; 16. Quando a formiga de asa aparece ao anoitecer, a chuva está bem próxima; 17. Quando a caranguejeira sai de sua toca e vai passear, é sinal de chuva; 18. Quando a aracuã canta em pau seco, é sinal de sol. Em pau verde, é sinal de chuva; 19. Cobra esquentando ao sol, é sinal de que o inverno está acabando; 20. Quando as cobrinhas novas saem de suas tocas, é sinal de que o inverno está terminando; 21. Quando o gado está correndo e jogando as patas traseiras para os lados (escamurçando, como dizem) é sinal de trovoada próxima; 22. Quando a arribaçã ou avoante vai embora é sinal de seca; 23. Quando as abelhas fazem enxame é sinal de fim de inverno; 24. Barata voando à noite, é sinal de chuva; 25. Quando o teiú ou teijú desaparece, é sinal de que o inverno vai começar; 26. Quando a galinha está se espreguiçando, é sinal de chuva; 27. Quando o vagalume voa baixo, é sinal de chuva. Quando voa alto, vai fazer sol no dia seguinte; 28. Quando o mandacaru flora, é sinal de chuva; 29. Quando a barriguda flora, o próximo ano será bom de inverno, principalmente se o fruto sustentar; 30. Fumo bravo, florando, é sinal de fim de inverno; 31. Camará florando, é fim de inverno; 32. Cipó de se fazer cesta florando, é sinal de inverno; 33. Quando uma cicatriz antiga, sarada, coça, é sinal de chuva; 34. Quando o calo começa a latejar, é chuva na certa; 35. Quando a mulher sente muito calor, a chuva está próxima.
INVOCO. É o mesmo que feitiço, muamba, cangerê, em Sergipe, principalmente.
IPETÊ. Prato da culinária afro-baiana feito com inhame que, depois de cortado bem miúdo e fervido até ficar como uma papa, é temperado com azeite-de-dendê, cebola, pimenta e camarão.
IR-A-VACA-PARA-O-BREJO. Quando se bota tudo a perder, diz o povo na sua maneira de falar.
IR-COBRIR-O-PILÃO. Na linguagem popular significa esquecer as mágoas.
IR-COMER-CAPIM-PELA-RAIZ. Morrer.
IR-PARA-O-ENGENHO-DO-PESTANA. Dormir, pegar no sono.
IR-VER-A-COR-DA-CHITA. Tomar conhecimento da verdade, do fato como realmente ele é, registra a sabedoria popular.
ISOLA. Com os dedos indicador e mínimo estirados, faz-se o isola, um amuleto contra o mau-olhado. O povo bate na madeira com os nós dos dedos, proferindo a palavra isola, para que as coisas ruins não aconteçam.
ISQUEIRO. É feito da parte mais fina de um chifre, no qual os fumantes colocam um pouco de algodão. Atritando duas pedras (fuzil e pederneira), a faisca inflama o algodão e os fumantes acendem seus cigarros. Também tal isqueiro era conhecido como pai-de-fogo. Hoje, os isqueiros são pequenos, funcionam com gasolina, cujo pavio se inflama ao receber a faísca da "pedra de isqueiro".

Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

terça-feira, 28 de abril de 2009

Convite para Solenidade de Posse de Membros da ALB - Mariana/MG


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Everaldo Cerqueira (O Poeta no Papel)


BAHIA

Tanta música, tanto ritmo em todo canto,
Tanta magia, tanta alegria em todo recanto...
Bahia que transcende a história do Brasil,
É terra cheia de fantasia e de povo febril!

O teu nome é um grande motivo para um sorriso,
Raças, credos e costumes vivem em harmonia...
Terra de encantos e desencantos em todos cantos,
Tudo é fantasia e toda festa é coroada de alegria.

Da Bahia nasceu e cresceu o Brasil,
Com tanta beleza e muita riqueza!...
De negras lindas de natureza gentil!

Viva a Bahia da poesia e da magia!...
Viva a Bahia das tradições e das canções!...
E louvada seja a Bahia da eterna alegria!...

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A VIDA

A vida é a vida,
Que Deus fez boa...
Que Deus abençoa...
Que a sorte reboa...
Que poucos vivem numa boa...
Que muitos vivem à toa...

A vida é a vida,
Como o tempo que se escoa...
Como um pássaro que voa...
Como uma graça boa...
Como uma canção que soa...
Como uma paixão que se afeiçoa...

A vida é a vida,
Como um caso que se escoa...
Que Deus não fez à toa...
Como um fazer que se aperfeiçoa...
É sermos um amor de pessoa...
É vivermos numa boa...

E o que é a vida?
A vida é a sua pessoa...
E o que é a vida?
A vida é a vida...
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SER PROFESSOR

Ser professor
É ter o cotidiano de se reeducar,
E viver do oficio para educar.

Ser professor
É ser um devoto de fervor do saber,
E um conselheiro diante dos erros.

Ser professor
É ser resignado e ter paciência,
Na esperança de dias melhores.

Ser professor
É ser um incentivador de um futuro feliz,
E um multiplicador de sonhos.

Ser professor
É ser um transmissor de valores,
E um modelo exemplar de bem viver.

Ser professor
É ser artista motivador da reflexão e da razão,
E ter na sua obra de arte o aprendizado.

Ser professor
É ser um grande construtor de sonhos,
E ver nos olhos do alunado um futuro feliz

Ser professor
É ser mediador do conhecimento,
E saber a ensinar a pensar no aprender.

Ser professor
É ser sacerdote de pregação da igualdade social,
E receber pouco e retribuir com muito amor.

Ser professor
É ser movido por impulsos, razões e emoções,
E ensinar um bem maior: um amar ao outro.
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SALVADOR

Cidade de magia de todos os sonhos e encantos,
O canto de São Bartolomeu é também dos Orixás,
Recanto e encanto de ebós e de todos os Santos,
Paraíso de mãe de Santo e também dos Orixás.
Em todo motivo se faz festa com alegria,
Regadas com bebidas e cantos de preceitos.
Cidade de todas as crenças e encantos,
De pecados e tradições em boa harmonia.
Cidade de beleza histórica e bonita por natureza,
De ladeiras e construções barrocas multicoloridas.
Nasceu e cresceu beirando os morros da natureza,
Em um lindo dia de pôr-do-sol de nuvens coloridas.
Num sonho de inspiração poética me disse o poeta:
A minha Castro Alves é praça. E é do povo...
É a ágora da liberdade e sonho eterno do poeta.
Nas águas do Dique do Tororó,
Vem a crença nos Orixás...
Do som dos tambores do Pelourinho,
Vêem as tradições...
Da voz do vento dos coqueiros de Itapoã,
Vêem as canções...
Da colina sagrada da igreja do Senhor do Bomfim,
Vem a fé, as promessas e as orações...
Das obras sociais - Irmã Dulce,
Vem à caridade, fruto das doações...
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Sobre o Autor
Everaldo Cerqueira nasceu na pequena cidade de Itiúba, no sertão da Bahia, com cerca de 6.000 mil habitantes, rodeada de serras que impedem o crescimento natural da cidade. Reside em Salvador. Bacharel em Geografia pela UFBA - Universidade Federal da Bahia, licenciado em História pela UCSAL - Universidade Católica do Salvador e Pós Graduado em Docência do Ensino Superior pela UCAM - Universidade Candido Mendes. Trabalhou na área bancária, no setor de câmbio, por um bom período de tempo e atualmente na área de educação. Adora rabiscar e ler poemas e é na poesia que expõe todos os seus sentimentos que brotam da sua velha alma, que se descobre e encontra como Ser.

Fontes:
http://www.paralerepensar.com.br/

Jandeilson Galvão (Teia de Poesias)


Poesia

Salve dia glorioso,
de cantos inefáveis,
de Poetas reunidos,
aos montes declamando, cantando.
É a Poesia baluarte,
da Paz, da Vida, da Arte,
é ela o começo, o fim, Marte.
Saudai a Poesia poeta,
Cantai hinos de louvor,
só ela conseguiu traduzir,
o Horror, a Alegria e o Amor.
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Poetrix - Poesia

Poesia
Amor ardente,
Declamado,
Meu expoente
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Passarinho

Passarinho
Sou só um passarinho,
Tão triste e tão sozinho,
Sou só um passarinho,
Voando buscando ninho,
Passarinho, sozinho, sozinho.

Canta passarinho para ador aliviar,
Canta passarinho pro sofrimento acabar.
Passarinho, tão triste e tão sozinho.

Sou só um passarinho,
Voando e tão sozinho,
Só um passarinho,
Sem amor para curar,
Passarinho, tão triste, sozinho.

Sou só um passarinho,
Voando pra alivar,
Toda dor, buscando um amor.

Voa passarinho,
Para a dor alivar,
Essa que não se vai,
Busca a cura lá no cais.

Passarinho, tão triste e sozinho.
Busca passarinho,
Um amor tão sonhador,
Para o teu canto
Complementar com tanto amor.

Passarinho, tão triste e sozinho.

Esse passarinho
Que chorando quer cantar,
Ele busca seu amor,
E um dia encontrará....

Há passarinho, tão triste e sozinho.
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E se eu morrer

E se eu morrer,
Cantes canções de amor,
Eleves a Deus um louvor,
Por te eu na terra passado,
E deixado um pouco de mim.

E se eu morrer,
Não levo muito comigo,
Apenas umas pequenas vestes,
E no rosto um belo sorriso.

E se eu morrer,
Tudo aqui deixarei,
Meus poemas, canções, frustrações,
Deixarei ainda você,
Que fará conhecer por todo o mundo,
Como um dia sonhei.

E se eu morrer,
Viverei,
Viverei,
Viverei,
Pois sei que de tua memória não sairei.
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Fonte:
http://www.jandeilson.com/