quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores (A Natureza em Versos)


Clique sobre a figura para acessar o índice dos sonetos sobre a natureza, da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores (AVSPE).
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A poesia é a esperança que arquivamos em nós, para poder recuperar no Homem, o que de mais verdadeiro ele possui: os sentimentos.Mesmo diante deste mundo moderno, em meio a tanta impaciência, que por vezes se apossa de todos, este Evento 1000 Sonetos, surge para mostrar que o ser humano consegue ainda deter-se e refletir, dando sentido ao significado da vida dentro da poesia.

Este poder de transformação, inerente ao dom de criar, conscientiza o Poeta de sua arte maior. Não nego que foram 45 dias de muito trabalho, pois nossa AVSPE é um Site feito artesanalmente, página por página, usando métodos ainda antigos, requerendo muito esforço e concentração. Quem conhece, sabe bem o que estou tentando explicar.

Contudo, reconhecendo a força da palavra poética, coloca-se acima de qualquer valor menor, porque mais que do que ninguém, sente-se a grandiosidade e a importância. A emoção, de poder estar aqui com todos vocês, é o traço essencial e inegável destes Eventos editados, conduzindo o Poeta à percepção do mundo que o cerca.

Um mundo que nada mais é senão a exterioridade, mas que, mesmo à distancia tenta interagir com o seu Eu Poético!Minha gratidão para com todos que de uma forma e outra colaboraram para o sucesso pois unidos somos um exercito!

Minha gratidão a todos pela participação nestes eventos de nossa Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores

Efigênia Coutinho
Presidente Funddora
www.avspe.eti.br/

Academia Sorocabana de Letras (Convocação para Reunião de Outubro)

Nossa reunião de outubro será realizada neste sábado, dia 31, às 10 horas, na Praça Carlos Drummond de Andrade, coincidindo com a solenidade em que a Prefeitura de Sorocaba ali inaugura o marco que assim a denomina.

A presença da Academia traduz o agradecimento da entidade à iniciativa de nosso Sócio Honorário, Vereador Paulo Francisco Mendes que, por solicitação desta entidade, apresentou à Câmara o Projeto de Lei 195/2009, e ao Prefeito Vitor Lippi promulgou a Lei nº 8.808, de 13 de julho do corrente ano, dando àquele logradouro o nome de um dos maiores poetas da Língua Portuguesa.

Será uma honra contar com sua presença e, com antecipados agradecimentos, valho-me do ensejo para apresentar-lhe cordiais

Saudações Acadêmicas!

LEI Nº 8.808, DE 13 DE JULHO DE 2009.

Dispõe sobre denominação de “CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE“ a uma praça pública de nossa cidade e dá outras providências.

Projeto de Lei nº 195/2009 – autoria do Vereador PAULO FRANCISCO MENDES.

A Câmara Municipal de Sorocaba decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º Fica denominada “Carlos Drummond de Andrade“ a praça localizada na rotatória existente na Avenida São Paulo, na altura do cruzamento dessa via pública com o córrego do Jardim Piratininga, nesta cidade.

Art. 2º A placa indicativa conterá, além do nome, a expressão: “Emérito Poeta Brasileiro 1902-1987“.

Art. 3º As despesas com a execução da presente Lei correrão por conta das verbas próprias consignadas no orçamento.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Tropeiros, em 13 de julho de 2009, 354º da Fundação de Sorocaba.

VITOR LIPPI
Prefeito Municipal

LAURO CESAR DE MADUREIRA MESTRE
Secretário de Negócios Jurídicos

MAURÍCIO BIAZOTTO CORTE
Secretário do Governo e Planejamento

RICARDO BARBARÁ DA COSTA LIMA
Secretário da Habitação e Urbanismo

Publicada na Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais, na data supra.

SOLANGE APARECIDA GEREVINI LLAMAS
Chefe da Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais
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Fonte:
Colaboração de Douglas Lara

domingo, 25 de outubro de 2009

Folclore em Trovas 9 (Mula sem-cabeça)

Folclore Brasileiro (Mula-sem-cabeça)



A Mula-sem-cabeça é uma antiga lenda dos povos da Península Ibérica, que foi trazida para a América pelos espanhóis e portugueses. Esta história também faz parte do folclore mexicano (conhecida como "Malora") e argentino (com o nome de Mula Anima). Pressupõem-se que este mito tenha nascido no século doze, época em que as mulas serviam de transporte para os padres.

No Brasil, a lenda disseminou-se por toda a região canavieira do Nordeste e em todo o interior do Sudeste. A Mula-sem-cabeça, representa uma espécie de lobisomem feminino, que assombra povoados onde existam casas rodeando uma igreja.

Segundo esta lenda, toda a mulher que mantivesse estreitas ligações amorosas com um padre, em castigo ao seu pecado (aos costumes e princípios da Igreja Católica), tornar-se-ia uma Mula-sem-cabeça. Esta história tem cunho moral religioso, ou seja, é uma repreensão sutil ao envolvimento amoroso com sacerdotes e também com compadres. Os compadres, eram tidos como pessoas da família, e qualquer tipo de relação mantida entre eles, era considerada incestuosa.

A metamorfose ocorreria na noite de quinta para sexta-feira, quando a mulher, em corpo de mula-sem-cabeça, corre veloz e desenfreadamente até o terceiro cantar do galo, quando, encontrando-se exaurida e, algumas vezes ferida, retorna a sua normalidade. Homens ou animais que ficarem em seu trajeto seriam despedaçados pelas violentas patas. Ao visualizar a Mula-sem-cabeça, deve-se deitar de bruços no chão e esconde-se "unhas e dentes" para não ser atacado.

Uma versão é que, se um padre engravidasse uma mulher e a criança fosse do sexo feminino viraria mula-sem cabeça e se fosse menino seria um lobisomem.

Para que ela não se manifeste, o padre deve amaldiçoá-la antes de celebrar cada missa. Segundo Pereira da Costa, isso deve ser feito antes de tocar a hóstia, no momento da consagração. Em alguns lugares, basta causar-lhe um ferimento, tirando-lhe sangue. Ao encontrar uma mula, é preciso esconder as unhas a fim de não atrair a sua ira.

A Mula-sem-cabeça sai pelos campos soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter cabeça. Ela é descrita como um animal negro, com pelos brancos na cabeça, olhos cor de fogo, pata na forma de lâminas afiadas, com um relincho apavorante (Que seria um misto de relincho com gemido humano) e solta fogo pelas ventas. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida.

Diz a lenda que, se escutares na madrugada o cavalgar da mula-sem-cabeça, confirmado pelo som aterrorizante emitido por ela, jamais deve olha-la, nem ao menos espia-la, pois, aquele que a espiar, será surpreendido com a mesma vindo em sua direção.

Também há uma versão mais antiga ainda, que conta que em um certo reino, a rainha tinha a mania de ir certas noites ao cemitério, sem permitir que ninguém a acompanhasse. O rei, então, decidiu seguir sua mulher, secretamente, durante uma dessas saídas, e encontrou-a debruçada sobre uma cova, que abrira com as próprias mãos cheias de anéis, devorando o cadáver de uma criança, enterrada na véspera. O rei, então, soltou um berro horrível, e quando sua mulher viu que fora pega em flagrante, soltou um berro mais terrível ainda, se transformando assim na Mula-Sem-Cabeça.

Dizem também, que se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece.

A mula-sem-cabeça também é conhecida como a burrinha-do-padre, ou simplesmente burrinha.

A Mula-sem-cabeça, possuiria as seguintes características:

1. Apresenta a cor marrom ou preta.
2. Desprovida de cabeça e em seu lugar apenas fogo.
3. Seus cascos ou ferraduras podem ser de aço ou prata.
4. Seu relincho é muito alto que pode ser ouvido por muitos metros, e é comum a ouvir soluçar como um ser humano.
5. Ela costuma aparecer na madrugada de quinta/sexta, principalmente se for noite de Lua Cheia.
6. Segundo relatos, felizmente existem maneiras de acabar com o encantamento que fez a mulher virar Mula-Sem-Cabeça, uma delas consiste em uma pessoa arrancar o cabresto que ela possui, outra forma é furá-la, com algum objeto pontiagudo tirando sangue (como um alfinete virgem). Outra maneira de evitar o encantamento é de que o amante (padre) a amaldiçoe sete vezes antes de celebrar a missa.

Para se descobrir se a mulher é amante do padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em linha com o nome dela e reza-se por três vezes a seguinte oração:

"A mulher do padre
Não ouve missa
Nem atrás dela.
Há quem fique ...
Como isso é verdade,
assa o ovo
e a linha fica..."

SIMBOLISMO

A Mula-sem-cabeça é oriunda do lado sombrio do inconsciente coletivo, seria talvez, o próprio arquetípico das criaturas que povoam as florestas, representando as camadas profundas do inconsciente e do instinto. Assim como o lobo, a mula-sem-cabeça aqui, nos induz ao desencadeamento dos instintos selvagens. Sob a influência do moralismo judaico-cristão, esta tendência se ampliou e levou ao horror da caça às bruxas e da Inquisição. Os relatórios dos "processos" de feitiçaria contêm obras-primas de animalidade mais crassa.

O animal representado nesta lenda, nos faz alusão então, uma valorização negativa, o conjunto de forças profundas que animam o ser humano e, em primeiro lugar, o libido (tomado em sua significação sexual), que desde a Idade Média se identifica principalmente com o cavalo, ou em nosso caso, com a mula.

O animal já aparece não portando a cabeça, tal fenômeno, pode ser entendido em sentido metafórico como ausência de razão e da própria consciência, predomínio, portanto, das paixões, dos impulsos sexuais de imediato atendidos, do domínio do inconsciente pessoal e coletivo.

A Mula-sem-cabeça é uma mulher amaldiçoada, pecaminosa, que teve o atrevimento de desejar o santo padre, representante de Deus e Cristo na terra. Este relato nos faz repensar no quanto os homens da Igreja, daquela época (Idade Média) tinham medo do poder feminino de sedução. Tais medos, os levaram a atitudes de desespero, que os fizeram a abster-se de qualquer contato com o sexo oposto, além de fantasiarem e criarem assombrações para incutir maior receio.

O que fica de lição desta lenda é que todos nós devemos nos integrar com nossos instintos. "O animal, que no homem é sua psique instintual, pode tornar-se perigoso quando não é conhecido e integrado à vida do indivíduo. A aceitação da alma animal é a condição para a unificação do indivíduo e para a plenitude de seu desabrochar."

Cada animal, simbolicamente faz eco à natureza profunda do ser humano.

Fontes:
http://www.rosanevolpatto.trd.br/
http://pt.wikipedia.org/

Clério José Borges (A Trova Folclórica Capixaba)



Um dos mais importantes pesquisadores do Folclore do Estado do Espírito Santo foi o Professor Guilherme Santos Neves. Nascido a 14 de Setembro de 1906 e já falecido, o Professor Guilherme nasceu no Espírito Santo e foi membro da Academia Espirito-Santense de Letras. Publicou os livros “Cantigas de Roda”, em 1948 e “Cancioneiro Capixaba de Trovas Populares”, em 1949, entre outros livros.

GUILHERME SANTOS NEVES nasceu no dia 14 de setembro de 1906, na cidade de Baixo Guandu, ES. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, exerceu as funções de Juiz do Trabalho e Professor da Universidade Federal do Espírito Santo. Dedicou-se, de corpo e alma, ao estudo do Folclore, havendo publicado mais de cem livros e folhetos, entre os quais Cancioneiro capixaba de trovas populares (1949), Alto está e alto mora (1954), História popular do convento da Penha (1958), Folclore brasileiro: Espírito Santo (1959), Romanceiro capixaba (1980), Cantigas de Roda I e II (s/d), além de artigos e ensaios publicados em jornais e revistas especializadas. Foi membro do Conselho Nacional de Folclore. Faleceu em Vitória, ES, no dia 21 de novembro de 1989.

Antes de falecer, já bastante idoso, o professor Guilherme Santos Neves, no período de 1980 a 1989, participou de algumas promoções do Clube dos Trovadores Capixabas, CTC, chegando a prefaciar o livro “O Trovismo Capixaba”, de Clério José Borges, publicado em 1990.

Na Revista “Folclore”, órgão da Comissão Espirito-Santense de Folclore, número 92, publicada em agosto de 1979, o Professor Guilherme conta a história de Dalmácia Ferreira Nunes, uma mulher nascida em Caçaroca, pequena vila do interior de Cariacica, Espírito Santo que fôra trabalhar como empregada doméstica em sua casa.

Conta ele que Dalmacinha ou Macinha foi trabalhar em sua casa em março de 1946, ou seja três anos antes do professor Guilherme publicar o seu livro “Cancioneiro Capixaba de Trovas Populares.”

Dalmácia Ferreira Nunes era dotada de excelente memória. Humilde e de pouca instrução, tinha o privilégio, isto é, a qualidade de gravar com facilidade as cantigas e os versos que ouvia. Ouvira as cantigas e as Trovas de sua mãe e de suas tias, quando de noite se reuniam para conversar. Como naquele tempo as pessoas do interior não possuíam rádio e a televisão ainda não existia, pois só chegou no Brasil em 1950, o maior divertimento eram as reuniões que se faziam com as famílias durante a noite, no quintal das casas do interior do Brasil.

Assim as histórias, as cantigas e as Trovas eram contadas e cantadas pelos mais velhos e Dalmacinha, em Caçaroca, ainda criança, ia gravando-as na memória.

Literatura Oral era a forma praticada pelos antigos que contavam histórias e recitavam Trovas para os mais novos, numa época em que os livros eram raros, ou seja, quase não existiam. Assim Dalmacinha e muitas outras mulheres idosas e os conhecidos “pretos velhos” deste país, portadores de excelente memória, são os que dão excepcional contribuição para os pesquisadores, formando a Literatura Oral Brasileira.

Dalmácia faleceu a 13 de Agosto de 1968, sendo enterrada, junto aos seus parentes, no cemitério de Barra do Jucu, então um povoado, hoje bairro importante e turístico de Vila Velha, Município da Grande Vitória.

Na Revista já citada “Folclore”, de 1979, o artigo do professor Guilherme Santos Neves ocupa oito páginas. Ali estão 76 Trovas. Três estórias. Vinte e nove superstições e crendices, onde constam mais três Trovas e cinco Advinhas. O título é “Folclore de Caçaroca” e traz uma foto de uma senhora com um lenço na cabeça e a legenda: “Informante Dalmácia Ferreira Nunes.”

A primeira Trova refere-se ao fato de que, segundo o Professor Guilherme, Dalmácia: “Para comentar um fato, registrar um instante, para fixar um sentimento, dizia sempre uma Trova. Alguém falava em viajar, e logo, lá vinha a Trova adequada:

Adeus, minha sempre-viva,
até quando nos veremos.
As pedras do mar se encontram,
assim nós também seremos...”

Eis algumas Trovas Populares, resgatada do passado graças a oportuna pesquisa do Professor Guilherme Santos Neves e a memória de Dalmacinha e que constam do artigo publicado na Revista “Folclore”:

De correr venho cansada,
de cansada me assentei,
achei o que procurava,
agora descansarei...

Abacate é fruta boa
enquanto não apodrece.
O amor é muito bom
enquanto não aborrece...

Atirei um limão doce
na menina da janela.
Ela me chamou de doido,
doidinho estava eu por ela.

Eu não quero Santo alheio
dentro do meu oratório.
Eu só quero meu santinho
prá fazer meu peditório...

Eu perguntei à Fortuna
de que é que eu viveria.
Ela foi me respondeu
que o tempo me ensinaria.

Eu plantei um pé de cravo
na janela do meu bem.
Todo mundo passa e cheira,
eu não sei que cheiro tem...

Menino se tu soubesses
o bem com que eu te adoro,
fazia dos braços remo,
remavas prá onde eu moro...

Já fui amada e querida
até das flores do campo.
Hoje me vejo desprezada
de quem eu queria tanto.

Quando eu entrei nesta casa,
logo vi cheia de rosa,
meu coração logo disse
que aqui tem moça formosa...

Uma velha muito velha,
de tão velha se curvou.
Ouviu falar em casamento
a velha se endireitou...

Tanto verso que eu sabia,
veio o vento, carregou.
Só ficou-me na memória
o que meu bem me ensinou...

Vamos dar a despedida
como deu cachorro magro,
que encheu sua barriga
e foi sacudindo o rabo.

Fontes:
– Clério José Borges. Origem Capixaba da Trova. Serra, ES: 2007.
http://www.clerioborges.com.br/

Pedro Du Bois (Nada)


Nada somos
sem as tragédias
diárias: ínfimas
apequenadas
quase nada diante do despropósito.

Diariamente nos destruímos
em sobrevivências
e afagamos animais
estimados. Choramos
nossas crianças. Cultivamos
crenças destinadas
ao ocaso.
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Fontes:
Colaboração do autor.
Imagem - http://semprenalua.blogspot.com

Primeira Edição do Prêmio Talentos de Poesia (Resultado Final)

A primeira edição do Prêmio TALENTOS de Poesia foi realizada entre o final de abril e o início de agosto de 2009. Reuniu 664 poetas de todo o País, que postaram 1.252 poesias ao longo de todo o período.

Uma coincidência entre os três vencedores: nenhum deles havia participado de um concurso de poesias antes.

TALENTOS contabilizou grandes números ao longo da disputa. O site chegou a manter média superior a 50 mil acessos únicos por mês e teve picos de quase 70 mil acessos em 30 dias corridos. A média de páginas visitadas a cada acesso (13,48) e o tempo médio dedicado por cada visitante no site (6,41 minutos), ficaram muito acima das médias registradas na internet. Ao longo dos quatro meses de concurso, o site recebeu visitantes de 74 países e a inscrição de brasileiros que moram em Portugal e na Suíça. A interatividade proporcionada pela introdução do Júri Popular e dos comentários nas poesias garantiu a alta freqüência. Durante o período de realização, foram postados, nas poesias publicadas, exatos 9.051 comentários.

OS VENCEDORES
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1.
As Últimas Horas do Galo José, primeira colocada em TALENTOS, é obra de um jovem sul-mato-grossense de 22 anos: Ivan Marinho de Souza, que usou o nickname Eriol. Escritor, redator e roteirista profissional, Ivan escreveu sua primeira poesia aos dez anos, por uma causa nobre: queria dar um presente aos pais e, como não tinha dinheiro, sentou e escreveu seus primeiros versos. Ivan se inspirou num fato do seu cotidiano para compor As Últimas Horas do Galo José. “Minha vizinha tinha um galo que costumava cantar sempre à 1 hora da madrugada, um horário meio incomum”, contou ele, em entrevista por e-mail para TALENTOS. “Certo dia, ele não cantou mais, e então resolvi eternizá-lo em uma poesia que mostra que devemos valorizar cada hora da nossa vida como se fosse a última”. Ivan mora em Campo Grande e, se fosse um dos jurados, escolheria como vencedora Ipê Verde, de autoria de Estrela, codinome da jornalista Albina Morais Cordella, de Santos (SP).

As Últimas Horas do Galo José

Às cinco horas da matina
O Galo José afinou o gogó
Para entoar um sol sustenido

Às onze horas do almoço
Alongou as afiadas esporas
Para disputar a pipoca de cada dia

Às quatro horas da tarde
Desfilou pelo terreno da Carijó
Para mostrar quem era o "bom de bico"

Às sete horas do jantar
Tomou um rápido banho de lua
Para ir ciscar nos braços de Morfeu

À meia-noite dos lobisomens
Buscou um galho mais seguro
Para não virar despacho de encruzilhada

Às cinco horas da matina
O Galo José não afinou o gogó
Mas as últimas horas valeram à pena

2.
Remorsos, segunda colocada em TALENTOS, foi escrita por Odir Milanez da Cunha (foto), um paraibano de 53 anos que participou pela primeira vez de um concurso de poesias usando o nickname de OKLIMA. Auditor fiscal aposentado, Odir descobriu-se um poeta tardiamente, aos 36 anos, quando compôs Minha Rua, inspirada por uma bela mulher que morava nas vizinhanças. Remorsos foi escrita, segundo contou Odir em entrevista por e-mail a TALENTOS, “em um instante de reflexão sobre o que fiz da minha vida até agora, o que eu sonhava ser quando criança e os meus sonhos atuais sobre o que poderia ter sido e não fui”. Neste sentido, Remorsos, está inserida dentro da própria definição que ele dá a poesia: “É um sussurro da alma que a mente fértil do poeta percebe, congrega letras, concebe palavras e as transmuda em sentimentos por ele inspirados”. Odir mora em João Pessoa, e foi lá que articulou a edição de seu primeiro livro, lançado em julho de 2009, A Odisséia de Xexéu, Xana e Xibina – Uma Saga do Cotidiano, em parceria com o sul-matogrossense Rubenio Macedo e com o paraibano Fernando Cunha Lima. Ele aponta um de seus concorrentes no turno final, DVILLON – codinome do redator publicitário Daniel Retamoso Palma, de Santa Maria (RS) – como o autor da poesia que mais lhe agradou no concurso: Colheita no Silêncio.

REMORSOS

Que fiz da vida que nasceu comigo?
Por que o remorso pesa em meu passado?
Por que não me arrisquei ante o perigo,
para criar o que não foi criado?

Poderia ter sido mais amigo,
amar demais e ser bem mais amado,
poderia ter dito o que não digo
ou, em vez de dizer, ficar calado...

Dos dias me esqueci do entardecer.
Agora só me resta conhecer
que o futuro presente me reclui.

Se nas horas dos dias de crescer
eu sonhava com o que queria ser,
hoje sonho em ter sido o que não fui.

3.
Vampiro, terceira colocada em TALENTOS, é de autoria do psicanalista paulista Paschoal Di Ciero Filho (foto), de 66 anos, que assinou com o pseudônimo SATURNO. Nascido em Itu, no interior de São Paulo, Ciero mora na Capital desde os 18 anos. Em São Paulo escreveu, aos 20 anos, sua primeira poesia. “Foi no dia do meu aniversário. Pela primeira vez eu estava sozinho para comemorar a data, o que me deixou muito triste”, contou ele em entrevista por e -mail para TALENTOS. Segundo ele, “a poesia foi o modo que encontrei para expressar essa tristeza, mesmo sabendo que corria o risco de não ter um leitor”. Em 2003, Ciero, publicou o livro Primavera Fenecida. Vampiro, a poesia que deu a ele a terceira colocação do concurso, foi inspirada pela ideia de “descontruir um fato, uma coisa e reconstruir à sua maneira pessoal”. Ciero, que também escreve contos, teve uma de suas obras agraciadas com menção honrosa em concurso literário da Academia Brasileira de Letras do Rio de Janeiro.

VAMPIRO

Escuras ondas
Labaredas.

Serpentes silvam,
Silenciosas.

Lascas, estacas,
Exangues faces.

Bater de asas
Que se afastam.
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Outras poesias do Concurso mencionadas acima

Albina Moraes Cordella
IPÊ VERDE

Ipê amarelo, roxo, rosa, branco!
Esse era um especial Ipê.
Cobria-se de flores verdes,
onde já se viu???
Na porta da minha casa!

Um dia...
O vento, naqueles dias de mau humor,
num sopro zangado, derrubou a arvorezinha.
E ela ficou deitada, ali na calçada, quietinha!
Esperando, com olhinhos de anjinho de igreja,
que alguém fizesse alguma coisa.

As raízes expostas sangraram todo o verde
usado para tingir as flores.

Veio a chuva, veio o Sol, veio a noite.
Vieram os pássaros, aflitos.
Vieram os insetos, velozes.
Vieram as crianças, ingênuas, curiosas.
E os homens não vieram, insanos, cruéis.

Esperou por dias a fio. Agonizante...
Em vão!

Sua alma verde foi para o céu.
Enfeitar a entrada do paraíso.

Aqui jaz o Ipê Verde.
Ainda tinha muito o que fazer na Terra.

Aqui jaz o Ipê Verde.
Ainda tinha muito o que fazer pela Terra.
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Daniel Retamoso Palma
COLHEITA NO SILÊNCIO

colher
verbenas dos campos
do silêncio
colher
verbenas dos campos
minados pelo silêncio
ofertar seu pólen
aos fantasmas do vento
que erguem poemas
do que não tem verbo
colher
verbenas dos campos
de concentração do silêncio
e ofertá-las ao tempo
que cala no verbo
a flor do poema
colher
verbenas
dos campos de batalha
entre flores de silêncio
e sangue
e aos desertores do ab-surdo
ofertá-las
em vez das medalhas
colher
verbenas
dos campos-santos
consagrados ao silêncio
exumar a voz dos corpos
que é nosso também o grito
estrangulado em nossos mortos
colher
verbenas
dos campos de fantasmas
exilados no silêncio
e ofertá-las ao balé
do vento sem pátria
colher
verbenas
dos campos do silêncio
e ofertá-las, sem esperança
ofertá-las, apenas

Fontes:
Colaboração de Douglas Lara.
http://www.talentos.wiki.br/PremioTalentos/

Oscar Bertholdo e sua Poesia



Oscar Bertholdo é poeta de húmus fértil, denso. Sua poesia é constituída por flamejante associação lexical, de rara beleza. As metáforas saltam em seus textos com grande força expressiva, com genial inventividade. Nesse aspecto, ressoa nessa poesia um certo toque de surrealismo, bem ao estilo de um Jorge de Lima. Aliás, são muitos os parentescos, apesar das singularidades de cada um, entre Bertholdo e o grande autor de A túnica inconsútil. Ambos têm um senso do sagrado apuradíssimo: a poesia lhes serve como uma força mística capaz de transfigurar o real comezinho, abrindo-nos a constante e sempre renovável possibilidade do mistério, fincado, cravado, no chão banal do cotidiano. Também como Jorge de Lima, Bertholdo incendeia a palavra com uma espécie de sonambulismo eletrizante, de iluminado delírio. É o que podemos verificar nesse notável poema, o canto 7 de Ave, Árvore:

As folhas caídas ao chão pouco a pouco
as mais antigas cantigas desnudam,
as nuvens espantam os barcos de caronte
e tão penosamente chegarás a outra margem
sem as anônimas palavras de tua casa

As árvores aqui persistem acostumadas
ao êxodo cheio de obstácula morte sem fôlego,
serpente de pólen das distâncias, orla
das nossas faces, abóbada quase pingente
As árvores existem aqui tão evanescentes...

Por isso escreves: antes do teu rosto
exposto está o chão de pedra das palavras,
desabrigado é o código que tu lembras
ainda aquém dos portões mecânicos.
Foi feito de mudanças o teu rosto.

Apenas a palavra é o lugarejo lembrado
de perguntas e o ar à beira dos acenos
sem susto sobrevive contigo,
tu que trazes o ciclo inquisidor
e o fragmentado anjo da trombeta.

Os campos, com suas vinhas, seu gado manso, seus vales repletos de sereno e frias madrugadas, são talhados, plasticamente, como em aquarela, na obra desse poeta que, ao lado de Mário Quintana, Carlos Nejar e Heitor Saldanha, constitui-se uma das grandes vozes da poesia gaúcha (e brasileira, antes de tudo) da modernidade. Nesse sentido, a geografia campesina incendeia e irriga essa palavra, revelando-nos poemas de acentuado esplendor cósmico. A natureza, com sua profusão de cores e cheiros, desponta, nessa lírica, com o seu encanto edênico, inaugural, primevo:

SOUVENIR

A aldeia alonga a alameda
sem cansaço e simetria.
Em verdade, que saudades eu tenho
da minha aldeia querida à sombra
das ave-marias. Tenho flores
para as abelhas, tenho gotas de sereno
e umas borboletas azuis, eu te juro.
Eram tão ingênuas as campinas
e as folhas secas do outono
cirandando noite e dia
os cantares que não voltam mais.
Oh! aldeia de minha infância,
Oh! céu que cai de bruços –
não tenho rimas plangentes
encobrindo os braços nus.
Quero pedir aos bois tão mansos
em que tapetes de musgo
os sonhos vão e não vêm?
Mas depois quando souber provar
o sabor de outros frutos
além de minha aldeia querida,
o cansaço não passa, em verdade
o cansaço não passa.

A alameda, as flores, as abelhas, o musgo, são expressões do real, mas de um real sempre recortado, transfigurado em poesia. Às vezes, em alguns poemas, a natureza é desfeita em caos. Não podemos nos esquecer que, em Bertholdo, o existente é modulado pela “rainha das faculdades”, ou seja, por aquela importante fantasia baudelairiana, força capaz de inventar uma terceira dimensão, a pátria do devaneio poético, raiz arquetípica de uma infância que não se finda nunca, pois o poeta acorda sempre o lume vivo da palavra, como a criança que faz do mundo um jogo:

Paciente salgueiro, tua umidade é um poço.
Ao íntimo do teu oco desces para ver
o desconsolo havido depois da infância.
E, rente às fontes, ninguém mais te espera
e lembras a fundura de todas as coisas.

A duração de tanta mágoa inesperada
move-se em ti, em teu sangue todo,
tão nodoso és ao redor do corpo
que anjo nenhum é espantalho da seiva
arável em cada árvore em pleno outono.

Entretanto o exílio existe ao mesmo tempo
em que a palavra faz-se forma
da hora. Desde ontem o silêncio principiou
colhendo a lume e amalgamando
em confidências as tuas lúdicas perguntas.

Junto aos rios das cicatrizes
vêm beber os leões da minha alma.
Quando eu morrer estarei perdoado
de demora. Um poço é tão pouco
mas tua água em mim é sempre gênese.

A força trituradora de toda essa metaforização desvela a importante e singular forma como Bertholdo se expressa . O poeta segue os ritmos instintivos da palavra, fecundando-a através do ritmo dos signos. Ao elaborar o poema, o autor deixa-se, na verdade, escrever pela poesia. As forças genesíacas da palavra explodem na alma do escritor que, como um arauto, um vidente, segue o fluxo rítmico dos vocábulos, deflorando a linguagem numa espécie de cópula, pela qual a subjetividade de poeta é transposta pela concretude da expressão verbal. Nessa entrega irrestrita à poesia, o autor, inclusive, não teme criar metáforas de mau gosto, como, no exemplo acima, “os leões da alma”. A palavra de Bertholdo, portanto, é sonambúlica e intuitiva, reacendendo as forças míticas da escritura poética. Nesse aspecto, é bom lembrar o crítico Antonio Hohlfeldt: “Com uma forte criação metafórica, Bertholdo utiliza as sugestões mais imediatas do mundo que o rodeia – isto é, a paisagem de montanhas e vales – e sobre este tema tece as suas considerações, elevando-as à categoria simbólica da vida e das vicissitudes humanas”. A paisagem, portanto, é desfigurada pela força lírica. Eis um belo exemplo:

As raízes de mim estão tão próximas
que eu passei toda uma vida para esperar
o gosto das maçãs de minha terra.
Rápido o sol conduz ao outono
a placidez de um animal dormindo.

As macieiras te pressentem como este sonho
conclui a noite igual ao rosto,
assim a liberdade aguarda o vestígio
de quem não tem outra hora
senão o início da sombra à beira do caminho.

Os cinamomos ao redor da casa ainda
angulam nossos rostos ao hálito
de parar as serventias de tácitos
desejos. Vemos deixar em paz
os pesadelos anteriores aos objetos caseiros.

Faltam muitos pássaros que podem
voltar contigo. Em cada êxodo arde
uma resina vestal. Verdadeiramente são
vastos os numes procelosos que apascentam
o dia de nossa morte, descanso infindo.

A natureza, portanto, seve como mediadora simbólica entre o poeta e as suas indagações existenciais. Poeta da verve mística, de profundo questionamento perante a condição humana, a palavra de Bertholdo reluz, ainda que esquecida, em nossa literatura, como um achado repleto de grandes belezas. Para encerrar esse breve comentário, deixo ao leitor esse belo poema, jóia preciosa a reluzir todo o fulgor da escrita de Bertholdo:

TEMPO DE VINDIMA

Perdoa-me continuar impossuído como antes,
trago para os vãos da aldeia a nitidez dos frutos.

Estávamos tão próximos que outono tatuou
o fiel silêncio bordando as vinhas do orvalho.

Havia solicitude para a seiva desfeita
sem disfarces na íntima alucinação da colheita.

A vindima trouxe do outono as horas retidas
na quase imperfeita esperança decisiva.

Para enfrentar as lembranças que a vida deixou
a solidão lenta das coisas incompreendidas.

Agora posso inventar em aceno o doce hálito
enquanto as calmas uvas batem palmas pelos vales.


Fontes:
Oscar Bertholdo. Ave, Árvore. Caxias do Sul: Educs, 1981.
Oscar Bertholdo. Molho de chaves. Caxias do Sul: Educs, 2001.
Antonio Hohlfeldt. Antologia da literatura rio-grandense contemporânea. Porto Alegre: L&PM, 1979. Volume 2.

Oscar Bertholdo (1935 – 1991)



Uma poesia voltada para a colonização italiana, para as dificuldades encontradas por quem vive da terra e para a produção do vinho, além da utilização do vinho como metáfora. Assim é a obra de Oscar Bertholdo, padre, cronista e poeta.

Oscar Bertholdo nasceu no ano de 1935, em Nova Milano, e foi assassinado durante um assalto a sua residência, em fevereiro de 1991.

Vencedor do prêmio do Instituto Estadual do Livro (IEL) de 1973 por Poemimprovisos e do I Concurso Nacional de Literatura da Caixa Econômica de Goiás, em 1974, por Lugar, Bertholdo obteve ainda dois segundos lugares em importantes concursos literários: no “II Concurso Nacional de Poesia Sobre o Vinho” e “Prêmio Master de Literatura/1986”.

Considerado a voz mais expressiva da poesia da Serra Gaúcha e um dos maiores poetas contemporâneos do Rio Grande do Sul, Bertholdo surgiu no cenário literário em 1967, participando da antologia Matrícula. Foi o primeiro livro de poesias editado no interior a ganhar espaço nas páginas dos jornais da Capital. O poeta foi um dos maiores incentivadores do movimento cultural da Serra Gaúcha. A Prefeitura de Farroupilha promove, inclusive, um concurso literário com seu nome, de contos e poesias.

Depois publicou: “As Cordas” (168), “O Guardião das Vinhas” (1970), “A Colheita Comum” (1971), “Poemimprovisos” (vencedor do prêmio do Instituto Estadual do Livro/1973), “Lugar” (vencedor do I Concurso Nacional de Literatura da Caixa Econômica de Goiás/1974), “Vinte e Quatro Poemas” (1977), “Árvore & Tempo de Assoalho” (1980), “Informes de Ofício e Outras Novidades” (1982), “Canto de Amor a Farroupilha” (1985), “C’Antigas” (1986) e “Momentos de Intimidade”. Participou de inúmeras antologias, entre elas: “Histórias de Vinho”, “Vinho dá Poesia”, “Arte & Poesia” e “Poetas Contemporâneos Brasileiros – Volume 1”, esta a primeira antologia publicada pelo Congresso Brasileiro de Poesia.

Após sua morte foram publicados: “Amadas Raízes”, “Poemas Avulsos”, “Boca Chiusa” e “Molho de Chaves”, além de poemas nas seguintes antologias: “Poeta Mostra a Tua Cara – Volume 4”, “Medida Provisória 161”, “Poesía de Brasil – Volumen 1”, “Poesía Brasileña para el Nuevo Milenio”, “Poésie Du Brésil – volume 1” e “Poesia do Brasil – volume 1”, livro que inaugurou a série de antologias oficiais do Congresso Brasileiro de Poesia.

Foi um dos maiores incentivadores do movimento cultural da Serra Gaúcha, exercendo forte influência em todos os movimentos literários surgidos entre os anos 1960 e 1990. Teve decisiva participação na criação do Congresso Brasileiro de Poesia, do qual foi uma das grandes atrações em sua primeira edição, vindo a ser assassinado poucos meses antes da realização do segundo evento.

Fontes:
Ademir A. Bacca. In http://poetasdobrasil.blogspot.com/
Antonio Hohlfeldt. Antologia da literatura rio-grandense contemporânea. Porto Alegre: L&PM, 1979. Volume 2.

Goulart Gomes (Minimal)


VÔO

Ícaro arde
em meio às chmas
só a Phoenix renasce

POETRIX PARA AQUELES QUE LEVANTAM ÀS 11 DA MANHÃ (OU MAIS)

o sol arde;
antes tarde
que nunca

CULTO AO CORPO

teúdos e manteúdos:
quem só busca a forma
não tem conteúdo

BAILARINA

na ponta dos pés
rodopiam
o mundo e nós, juntos

DITADO IMPOPULAR 21

quem ama o feio
de bonito
não carece

QUATRO ELEMENTOS

tu, no ar; eu, na água
ambos, na terra
em brasa

ANTES QUE O SOL NASÇA

imagine um dia assim
luzes rasgando a aurora
a manhã, embriagada, perdendo a hora

IRONMAN

nova tecnologia:
por falta de peças
morreu de anemia.

AUTOFILIA

toda poesia é minha
minha mania de louco
tudo é muito, muito pouco

BULA

contra a indicação
você é meu remédio
lástima...injeção

CLÃ

somos iguais
menos normais
a cada manhã

CAPÍTULO

onde termina onde
começa onde começa
parágrafo: é a pressa

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Sobre poetrix, neste blog:

O Que é Poetrix?
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Poetrix: uma linguagem para o novo milênio