segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

André Giusti (Caderno de Poesias)


OS FILMES EM QUE MORREMOS DE AMOR.

Noite de Domingo
Morre pesada
Em pratos do almoço
Ainda na pia.

Ainda insisto
Em alguma vida na casa:
Abro-fecho sites
Com os dedos no telefone
Procuro pessoas
Mas não todas:
Apenas as que me falem
De dias na praia,
De filmes em que
Morremos de amor.

Mas como a noite
Pode ser nave imensa
Que não pousa,
Desisto de buscas,
Rendo-me calado
No primeiro quarto
Que encontro.

Nos grotões da sala apagada
Sherryll Crow canta
Algo que tocava em novela,
Sem bem me lembro.

Ah, as músicas e minha
Inconformada relação
Com o tempo!

O problema
É que o CD gira sem consolo
No fim de outra noite,
Em 1995 talvez.

CASAS EM PLANALTINA DE GOIÁS.

Essa luz da tarde seca não nos espanta:
É sempre o mesmo infortúnio
Para os olhos pesados do almoço.

Novidade também não é
O morto antigo que assunta do retrato.

Os mais novos não têm certeza
De quem foi.

Talvez tenha sido o último
A mexer nessas telhas
Por cujas rachaduras o sol se atreve.

Periga voltarmos ao século XVIII
Se, desavisados,
Suspirarmos fundo
Vencidos por um cochilo.

POR VOCÊ
Para M ª. Beatriz.

O meu amor é tão grande
Que logo quando nasceu
Já não cabia mais no peito.

O meu amor é tão grande
Que há muito tempo
Já não cabe mais no céu de Brasília
E nem em todas as praias do Rio.

O meu amor é tão grande
Que quanto mais se torna imenso,
De mais imensidão ele precisa
Para não me sufocar.

O meu amor é tão grande,
Que já não cabe mais
Dentro dele mesmo.

SEM TÍTULO I

‘Inda pouco eram sete horas
Agora são quase dez.
A semana já está acabando
E sábado-e-domingo também é tão rápido.
O ano passou do meio
E minha vida, da metade.
Logo é outro natal
Teu aniversário é mês que vem
Qualquer dia, a nossa morte.

Apenas a gradual angústia das horas
É lenta,
Lenta feito um visgo-movediço-vagaroso
Nos subindo pelas pernas,
Passando da cintura
Até nos roubar inteiramente o ar.

BRASÍLIA EM JANEIRO

Árvores tortas
Decalcam o maior céu do mundo:
Penso nelas como gestos
de quem se afoga,
de quem dá adeus da plataforma.

O sol prateia nuvens musculosas.
Atravessando o Lago,
A vela persegue
Lembrança de baía.

Em algum lugar
Bem próximo
Do horizonte
A tempestade
Espreita o fim da tarde.

HOJE FOI SEXTA-FEIRA

Passei o dia inteiro correndo atrás da vida
com o mundo no meu pé
e agora à noite fiquei só,
curtindo a liberdade de não ter pra onde ir.
Arrastei meus vinte e poucos anos pelos bares
e reconheci rostos de velhos desconhecidos.
Quis fugir do barulho lá fora,
me tranquei num caixa eletrônico
e tentei cortar os pulsos
com o cartão magnético.
Abandonei mais tarde a TV ligada
e, louco, cometi poemas desatentos,
com todos os cuidados
em não fumar a caneta
e escrever com o cigarro.
Depois de tudo me sentei na poltrona
feito um anônimo passageiro do oculto
lobo com medo da floresta.
Se ela não ligar até o fim da vida
talvez eu vá à casa de alguma ex-namorada
para ver se ainda pego as sobras do jantar.

MENDIGO

Nos últimos dias
meu coração anda dormindo
debaixo das marquises
da tua rua.
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André Giusti (O Mais Novo Grande Senhor do Tempo)


Por que resolvera, de repente, a caminho dos 40 anos, usar relógio, era para ele mesmo um mistério daqueles encruados nas cavernas das razões desconhecidas. Em toda a vida tivera um único relógio. Em algum natal bem remoto, talvez no princípio da adolescência, o pai dera-lhe um bem vistoso, a pulseira cromada, o fundo azul perolado, os minutos e os ponteiros amarelos que brilhavam com a luz apagada para que fosse possível olhar as horas até mesmo no escuro. Usou um, dois meses se tanto. Um dia foi jogar futebol no intervalo rápido do recreio na escola, uma pelada daquelas bem improvisadas com bola feita de papelão amassado e grudado com durex. Tomou um toco de um moleque maior e o pulso em que estava o relógio foi beijar a fria dureza do chão de cimento. Sobraram apenas os estilhaços do vidro. O ponteiro das horas pulou longe, jamais foi encontrado.

Nunca mais, nunca mais te dou outro, o pai sentenciou sem raiva, embora não disfarçasse a pequena mágoa pelo descaso com o presente. Se aquilo foi trauma de infância, acabou virando peculiaridade bem resolvida de adulto: cresceu com os pulsos livres, vazios daquele peso, aprendendo a calcular as horas pelo sol, feito um índio urbano. Nos dias de chuva, perguntava as horas aos apressados que perseguiam o tempo. As vitrines das joalherias nunca roubaram seus olhos. Com o passar dos anos, não usar relógio afigurou-se como um ato reservado de rebeldia. Enquanto amigos erguiam modelos caros e robustos a prova d’água, a prova de choque, a prova de tudo, ele levantava o braço, deslizava as mãos pelo cabelo, indicava com o dedo um ponto distante, enfim, fazia qualquer movimento que permitisse aos curiosos reparar em seu pulso vazio. De vez em quando pendurava ali um elástico desses de embrulho. Fazia isso para debochar não sabia exatamente do quê. Quando um primo da namorada, sujeito com quem ele não ia muito, apareceu ostentando um modelo dourado desses que valem um carro semi-novo, comprou uma fita do Senhor do Bonfim e usou-a até que praticamente virasse pó.

Portanto, qual não foi o impacto de ver e sentir aquele peso sobre o pulso que julgava fino, que em tempo algum combinou com uma pulseira ateada a uma forma esférica de metal e vidro. Por um instante teve a impressão de que não era dele o próprio braço, e sim que o membro de outra pessoa fora-lhe enxertado às pressas, trazendo de brinde o elegante modelo suíço de pulseira de couro marrom e algarismos romanos. Presente da mulher, que pousava nele uns olhos amorosos, e que no fundo eram também os olhos doces do pai, concedendo-lhe uma segunda chance. Enquanto a esposa risonha estendendia-lhe a mão para que saíssem da joalheria, o ponteiro veloz dos segundos deixava cada vez mais longe o rapaz que gastava o dinheiro apenas em livros de sebo e discos de rock. Ficara sozinho - cismado em um mundo triste e apressado - o adulto que adquirira a mania de chegar na hora, encurralado pelo horário de entrar no trabalho e deixar o filho na escola.

Quarenta, cinqüenta minutos andaram pelas galerias do shopping. Ele sentindo-se um comunista aceitando idéias liberais, um ateu que tenha recebido provas da existência de Deus. Ia a passos lentos e medrosos ao lado da esposa. Disfarçadamente, sem que ela percebesse, tirou o relógio do pulso esquerdo e colocou no direito para que mesmo dentro do enquadramento social pudesse ainda existir um resto de transgressão. Estranho objeto o relógio, que para ser contrário ao padrão comum precisa estar na direita.

O senhor pode me dizer que horas são? Uma gorduchinha de seus vinte e poucos anos perguntou quando encostaram em um balcão para tomar café. Olhou-a e a princípio pensou que havia engano. Deu-se conta, afinal, e disse as horas sem muita certeza do que via nos ponteiros. Quando saíram dali, ele conferiu as horas, mais calmo, reparando melhor no mostrador, no brilho dos metais e do vidro, e caminhou um pouco mais depressa como um perfeito e grande senhor do tempo.

Fonte:
http://www.andregiusti.com.br/
Colaboração de Andrey do Amaral

André Giusti (1968)



Andre Luis de Almeida Giusti nasceu em 11 de maio de 1968 em uma maternidade no subúrbio carioca de Cascadura. Passou a infância, a adolescência e boa parte da vida adulta no eixo subúrbios/zona norte do Rio de Janeiro, universo que levou para seus contos, criando personagens quase sempre filhos da classe média de bairros dessa área da cidade.

Entrou na literatura como tantos autores: pela porta da poesia, na adolescência vivida entre o futebol e o rock brasileiro dos anos 80. Na segunda metade da década, publicou dois livros independentes no gênero, que não aparecem em seu currículo literário.

No começo dos anos 90, começou a escrever contos, o que veio exatamente ao encontro de seus anseios literários. Entre 1992 e 1994, escreveu os contos de seu primeiro livro, Voando Pela Noite (até de manhã), publicado em 1996 pela Editora 7Letras. No ano seguinte, o livro foi indicado ao Prêmio Jabuti.

Em 1998 o autor mudou-se para Brasília.

O isolamento oferecido pela cidade o aproximou mais da literatura. Impregnado de saudades do Rio, escreveu Eu nunca fecharei a porta da geladeira com o pé em Brasília, uma novela quase autobiográfica de seus primeiros meses na capital do país. O livro, no entanto, é o terceiro do autor a ser publicado (LGE, 2004).

Antes, em 2003, também pela 7Letras, André Giusti lançou A solidão do livro emprestado, que apesar das inúmeras referências à cidade natal, já carrega elementos da atmosfera do Planalto Central.

Entre 2005 e 2006, editou o site messaginabótou, ao lado do poeta e doutor em literatura Alexandre Pilati, voltado para o conto, a poesia e a crítica literária.

Após quase três anos afastado da literatura, voltou em 2009 com seu quarto livro: A liberdade é amarela e conversível, o terceiro pela 7Letras, e no qual André Giusti se consolida como escritor urbano, em que a grande cidade é o palco de situações vividas pelo homem dessa primeira década do século.

André Giusti também é jornalista, com passagens por diversas rádios e TVs do Rio e de Brasília.

Fontes:
http://www.andregiusti.com.br/
Colaboração de Andrey do Amaral

J D Salinger (Nove Contos)



Em cada conto uma lição de vida:

Um Dia Ideal para o Peixe-Banana: Muriel está numa estância de férias com o namorado, contestado pelos seus pais devido a atos muitos ortodoxos que continuamente pratica. Enquanto Muriel está ao telefone com a mãe, ouvindo todo o tipo de críticas a Seymour, este, que se encontra na praia, protagoniza um episódio tocante com uma menina pequena, Sybil, a propósito da existência dos Peixes-Banana. Devido a este, tal episódio irá a seguir, desencadear uma acção radical e definitiva da sua parte.

Pai Torcido no Connecticut: Mary Jane visita Eloise, uma mulher frustrada com o seu casamento e que não cessa de recordar um antigo namorado, Walt, que faleceu na guerra, e que, embora tivesse um comportamento um pouco ortodoxo, surpreendia-a pela originalidade do comportamento afetivo que tinha com esta. A sua filha Ramona é uma criança de carácter estranho e que mantém um amigo imaginário que sempre a acompanha, inclusivamente mantendo um espaço para ele na sua cama. No meio de todo este ambiente adverso e estranho, ir-se-á descobrir aquilo que mantém Eloise interessada na vida.

Pouco Antes da Guerra com os Esquimós: Ginnie e Selena, duas amigas adolescentes, foram jogar a sua partida de ténis semanal, e, no final, como Ginnie estava farta de ser sempre ela a pagar o táxi, foram a casa de Selena para receber o dinheiro em dívida. Surge o irmão de Selena, Franklin, um tipo estranho com conversas realmente estranhas, mas que, sem que Ginnie se tivesse apercebido no momento, irá despertar o seu interesse.

O Homem-Gargalhada: Duas histórias numa só, narrada por um menino, do Chefe que conduz um grupo de meninos para jogos de baseball no Central Park, contando um episódio do Homem-Gargalhada ao fim de cada jogo, e a história do próprio Homem-Gargalhada, que acaba por ser influenciada pela relação que o Chefe tem com os meninos e em particular com a namorada mistério que surgiu e sumiu da sua vida num curto espaço de tempo. No desenrolar da história do Homem-Gargalhada, é tocante a simultaneidade de atos de grande violência com manifestações de amor inocente e infantil, no sentido mais puro e belo do termo.

Em Baixo no Bote: Boo Boo Tannenbaum e a conversa com o seu filho Lionel, um menino de tenra idade com o seu próprio universo imaginário, no bote onde não autoriza a sua mãe a entrar, seduzido e cativado numa conversa comovente que transporta o encanto do mundo da imaginação para o da realidade, numa cumplicidade familiar que constitui a base de todos os relacionamentos felizes.

Para Esmé - Com Amor e Sordidez: Um soldado americano, pronto para um embarque para o Dia-D, trava conhecimento com Esmé, em uma única conversa num café, após ter reparado nela numa atuação do coro de uma igreja horas antes. Fica seduzido pela originalidade do seu pensamento, pela sua declarada falta de sentido de humor, pelo calor da sua conversa desinteressada e pelo incentivo na escrita de um conto por ele. Uns meses depois, a guerra reduz o soldado escritor a uma amostra de si próprio, desinteressado de tudo e de todos, mas uma simples carta, vai mostrar-lhe o caminho de volta.

Linda Boca e Verdes Meus Olhos :Arhtur queixa-se da esposa ao seu amigo Lee, por telefone, dizendo que Joannie é uma estouvada, sem controle, com inúmeras conjecturas da sua volúpia com outros homens. Lee está em casa com uma mulher ao lado, e acalma o amigo o melhor possível. A aparência de finalidade de todo este cenário culminará num desenlace que provará como é fácil uma pessoa enganar-se com conclusões precipitadas, e muitas vezes vindas de quem menos parecia que se iria enganar.

A Fase Azul de Daumier-Smith: Vulgarmente falando, a vida dá muitas voltas e esta ensina-nos, pela própria experiência de vida, aquilo a que já assistimos aos outros mas que não interiorizámos em nós próprios. O narrador, sob o pseudónimo de Daumier-Smith, entra como monitor numa escola de pintura por correspondência, onde, em virtude de um altruísmo apaixonado, quer tentar mudar para melhor, na sua perspectiva, a vida ou carreira dos seus alunos, ovacionando uns, e mostrando a realidade crua e dura a outros, e, por ambos os caminhos chegará o resultado sob a forma de uma lição que o amadurecerá para toda a vida: nunca se deve tirar a ilusão às pessoas, nem encaminhá-la de uma forma que estas não queiram. Cada pessoa é dona das suas ilusões, e a melhor forma de contribuirmos para a sua felicidade é dar suporte imparcial às mesmas, a vida se encarregará do resto.

Teddy: Numa viagem de barco da Europa para os Estados Unidos, encontra-se a família de Teddy, rapaz de 10 anos aparentemente sobredotado mas também possuidor de faculdades mentais e espirituais que o tornam um caso de estudo por todo o mundo. Num diálogo deslumbrante, tido entre este e um homem de 30 anos que conhece e se interessa pelo seu caso, Teddy disserta sobre a futilidade e perenidade de todas as bases e valores de toda a humanidade, sob a perspectiva de um espírito imortal que tem presente as suas existências passadas e conhece as existências passadas, presentes, e aparentemente futuras, das outras pessoas. Uma surpreendente e aterradora tese sobre os alicerces de toda a sociedade, e quanto errados estamos todos nós na postura completamente material e extremamente redutora da nossa maneira de viver.

Fonte:
http://www.netsaber.com.br/

J D Salinger (O Apanhador no Campo de Centeio)



"The Catcher in The Rye"

Introdução

O objetivo deste trabalho é mostrar de forma concisa a análise efetuada do livro “The Catcher in The Rye” e tentar mostrar o que pode se passar na cabeça de um adolescente.
Apontaremos os fenômenos que provocam a degradação individual, psicológica e social de um adolescente, fazendo um breve enfoque no contexto histórico, biografia e crítica literária feita por alguns autores. O trabalho conta também com uma síntese da obra e sua análise.

Procuraremos mostrar um pouco da obra de J.D. Salinger, entretanto a leitura da obra é essencial, não é aconselhável ficar apenas neste trabalho, o livro é ótimo e faz com que pensemos sobre nossos adolescentes e até que ponto eles podem ser influenciados.

I. Contexto Histórico

Quando a Segunda Guerra Mundial começou na Europa em 1939, a maioria dos Americanos queriam ficar fora disso. “Primeiro a América” era frase popular do tempo.

As pessoas sentiam que América deveria se preocupar com seus próprios problemas e esquecer o resto do mundo.

Até 1945, a América era um mundo poderoso com enorme responsabilidade internacional. Isto fazia todos os americanos orgulhosos e extremamente inconformados.

A Segunda Guerra Mundial inspirou um grande número de romances de guerra. Muitos, no entanto, pertenceram a tradição naturalista.

Eles eram naturalistas porque estudavam o efeito da guerra nos soldados e nas outras pessoas. Embora os romancistas odiassem a guerra, eles raramente mostravam algum tipo particular da consciência política.

A maioria dos escritores dos anos 40 e 50 estavam interessados na ideologia dos esquerdistas dos anos 30.

Os autores americanos dos anos 50 mostravam que estavam inconformados com a pós-guerra mundial. A nova política temia o comunismo e a bomba atômica, que para eles era menos importante do que os problemas psicológicos da nova sociedade americana.

Não é um período de importantes experimentações no estilo. Muitos, dos maiores autores estavam interessados em desenvolver novos e importantes temas. Eles, neste período, tentaram encontrar respostas para a velha questão: “QUEM EU SOU?” Os escritores negros e judeus americanos encontraram a resposta em sua própria cultura e no seu meio racial, outros exploraram as idéias da filosofia e psicologia moderna.

Os jovens escritores usaram a religião oriental para o mesmo propósito. Os novos escritores do Sul, entretanto, eram um pouco mais modernos. Em seus trabalhos, eles sentiam a tristeza e o peso do passado.

Nesta época, a sociedade passava por várias transformações bruscas determinadas, em geral, por fenômenos exteriores.

A revolta modernista na arte buscava uma nova maneira de olhar o mundo, surgindo também uma mentalidade renovadora na educação e nas artes.

O modernismo foi um movimento, o qual rompeu com todas as estruturas do passado. Os modernistas nunca se consideraram componentes de uma escola. O que unificava era um grande desejo de expressão livre. Eles afirmaram a sua libertação em vários rumos e setores: vocabulário, sintaxe e escolha dos temas. Os escritores desse período passaram a questionar com mais vigor a realidade do século XX.

II. Síntese da Obra

O livro traz o relato de um adolescente de 17 anos – Holden Caulfield – sobre um período conturbado de sua vida.

A histórias inicia-se próximo ao Natal do ano anterior, quando ele ainda tinha 16 anos e estava saindo da terceira escola (colégio) que já havia estudado, o Pencey. Ele fora expulso por ter sido reprovado em quase todas as matérias (exceto Inglês).

Era um sábado e estava ocorrendo um jogo de futebol que envolvia o time do colégio. Sendo assim, todos estavam assistindo a partida, menos ele que estava voltando de Nova Iorque, onde deveria ter disputado um campeonato de esgrima, se não tivesse esquecido os floretes no metrô.

Ele aproveitou o momento, fez uma visita ao seu velho professor de História para se despedir e voltou para o seu quarto no colégio. Ele estava praticamente sozinho no alojamento; praticamente porque Ackley, um rapaz que não tinha amigos também estava lá.

Ackley ficou conversando com Holden até a chegada de Stradlater (companheiro de quarto de Holden). Stradlater ia sair com uma garota e queria o casaco de Holden emprestado. A garota chamava-se Jane e Holden a conhecia, pois ela fora sua vizinha e os dois jogavam damas juntos. Holden acreditava muito na pureza de sua amiga, por isso, ficou furioso quando percebeu que seu amigo, que tinha fama de conquistador, poderia ter feito alguma coisa com Jane. Os dois brigaram e Holden, por ser o mais fraco, levou a pior, após ter levado um soco de Stradlater ele ficou com o rosto todo ensangüentado e foi para o quarto ao lado que era de Ackley. Ele pediu para dormir na cama de seu amigo que só voltaria no final do dia seguinte. O rapaz não gostou muito, mas também não lhe deu muita atenção. Holden começou a sentir-se deprimido e resolveu ir embora do Pencey naquele mesmo dia. Era tarde da noite de sábado e eles só poderiam sair para as férias de Natal na quarta-feira. A família de Holden ainda não sabia da expulsão. Então, ele decidiu hospedar em um hotelzinho em Nova Iorque até o dia em que ele pudesse chegar em casa com seus pais já sabendo da notícia. Ele arrumou suas malas, contou seu dinheiro e foi embora.

Chegando em Nova Iorque, ele hospedou-se num hotel chamado Edmont. Ainda era início da madrugada de domingo, ele não estava cansado e não queria dormir. Pensou em ligar para muitas pessoas, até mesmo para sua irmã Phoebe de 10 anos, a qual ele adorava. Porém, não ligou para ninguém, resolveu sair na noite de Nova Iorque.

Foi a vários lugares, mas nada o agradava. Voltou então para o hotel e, ainda no elevador o ascensorista lhe fez uma proposta e ele aceitou. Em pouco tempo a prostituta estava em seu quarto pronta para fazer o que ele quisesse; o fato é que ele só queria conversar, pois estava um pouco deprimido. A garota achou estranho. Ele disse que pagaria o combinado e que ela poderia ira embora. Ele deu à ela 5 dólares e ela disse que o combinado era 10 dólares. Ele insistiu que não e ela foi embora. Dentro de poucos minutos bateram na porta dele novamente: eram Maurice, o ascensorista e a garota de programa. Maurice cobrou-lhe os outros 5 dólares e ele recusou-se a pagar. O cafetão, perdendo a paciência, pegou o seu dinheiro e deu um soco no estômago de Holden, deixando-o em seu quarto em meio a delírios, acreditando até mesmo que ia morrer.

Na manhã seguinte, ele ligou para Sally, uma garota com a qual ele costumava sair e eles combinaram de ir ao teatro. Holden arrumou suas malas, pagou o hotel e foi embora sem nem ao menos ver o ascensorista novamente.

As malas foram deixadas em um armário da estação e ele foi tomar seu café antes do encontro. À tarde, ele encontrou-se com Sally, os dois foram ao teatro e depois à uma pista de patinação. Lá, ele propôs à Sally que os dois fugissem juntos apenas com o dinheiro que ele tinha ( o que nesse momento já era praticamente nada). Sally considerou-o um louco e recusou a proposta. Após ter ofendido a garota, Holden vai embora e deixa-a sozinha. De noite, vai à um bar e fica embriagado. Quando melhora do porre, ele decide ir até sua casa conversar com sua irmã Phoebe, mesmo correndo o risco de ser apanhado por seus pais. Ele adorava sua irmã mais nova.

Chegando lá, ele sobe até o apartamento, abre a porta e vai até o quarto de seu irmão D.B. que era escritor em Hollywood e que, portanto, não estava em casa. Ele sabia que sua irmã gostava de dormir lá quando D.B. não estava em casa. Ele acendeu a luz da escrivaninha, sentou na cama e ela acordou, dando-lhe um forte abraço de alegria. Como ela era muito esperta, após alguns minutos de conversa percebeu que ele só estava ali naquele momento porque havia sido expulso do colégio. Ela desespera-se falando que o pai deles iria matá-lo quando soubesse. Como seus pais haviam saído, Holden aproveitou para dar um telefonema para seu ex-professor e pedir-lhe “hospedagem” em sua casa até poder votar para casa de seus pais.

Quando ele voltou a conversar com Phoebe, ela começou a questioná-lo em relação as coisas que ele gostava na vida, já que ele criticava tanto o colégio e as pessoas que lá estudavam. Holden disse à ela que gostava do irmão dele, o Allie, menino que havia morrido aos dez anos de leucemia e a quem Holden realmente admirava. Logo depois, ela começou a questioná-lo sobre o que ele queria ser, se era um advogado ou coisa parecida. Ele então respondeu que queria ser um “Apanhador no campo de centeio” e explicou que seria o único adulto em meio a muitas crianças que brincavam no campo de centeio e que, caso alguma delas se distraísse e fosse cair no precipício, ele apareceria de algum lugar e não deixaria a criança cair.

Depois de muito conversarem e, até mesmo dançarem, os pais de Holden chegaram. Ele correu para se esconder no armário. A mãe dele entrou no quarto, conversou com Phoebe e foi embora. Ele saiu do armário e, antes de ir embora, pediu emprestado o dinheiro que sua irmã havia guardado para o Natal. De lá, ele seguiu para a casa de seu ex-professor. Chegando lá, o professor lhe deu conselhos, conversou muito com ele e depois arrumou sua “cama” no sofá. Holden já estava quase desmaiando de tanto sono que sentia. Sendo assim, ele dormiu rapidamente, acordando apenas no momento em que sentiu algumas carícias em sua cabeça. Quando abriu os olhos e percebeu que era seu professor que fazia as carícias, ele ficou extremamente nervoso, vestiu-se rapidamente e saiu da casa dizendo que tinha que pegar sua mala na estação. O professor, não entendendo o que estava ocorrendo, considerou Holden um garoto “muito esquisito”.

Holden foi para a estação, pegou sua mala e adormeceu num banco até o momento em que a estação começou a ficar movimentada. Pela manhã, ele parou para refletir sobre o ocorrido e pensar se não fora precipitado em achar que seu professor era um homossexual, mas já era tarde. Ele então teve a idéia de ir embora, de ir para o oeste do país pegando caronas.

Após essa fabulosa idéia, ele decidiu que deveria despedir-se apenas de sua irmã Phoebe. Mandou então um bilhete para ela na escola, dizendo que fosse encontrá-lo em frente ao museu na hora do almoço. Ela foi, mas não foi sozinha, levou sua mala consigo. Holden não aceitou de forma alguma que ela fugisse com ele e ficou extremamente irritado. Ela, por sua vez, ficou magoada com o irmão e não quis voltar para a escola a tarde. Ele, tencionando agradá-la, propôs que os dois fossem ao Jardim Zoológico. Ela aceitou. Eles foram ver os animais e, durante o passeio, eles avistaram um carrossel. Holden sabia que sua irmã adorava andar no carrossel e comprou um bilhete para ela brincar com os cavalinhos. Quando ela subiu no brinquedo, começou um dilúvio. Todos correram para debaixo da proteção do carrossel, menos ele que ficou apreciando sua irmã rodar e rodar no carrossel, quase chorando por estar diante de tamanha beleza.

...e a história termina do ponto onde ele começou a contar: hoje ele está em um sanatório fazendo tratamento psicanalítico.

III. Crítica da Obra

Nesta parte do trabalho nosso intuito é mostrar a opinião dos críticos literários sobre a obra e o autor.

Harold Roth declara “Este livro poderá ser um choque para muitos pais que se indagam sobre os pensamentos e ações dos jovens, num efeito salutar. Uma obra adulta (muito franca) e altamente recomendada”.

Para Arthur Mizener “J. D. Salinger é provavelmente o mais avidamente lido autor com legítimas pretensões da sua geração”.

James Yaffe diz “ Salinger escreveu um livro com vida, sentimento e sinceridade – raras qualidades nos nossos dias. Torna-se capaz de compreender a mente dos adolescentes”. Outro comentário importante que ele faz é que “livro de culto, proibido ou recomendado, à prova de tempo, avant-letrista da época das flores nos cabelos, The Catcher in the Rye foi-se tornando mais imprescindível que obrigatório. Um hino-reduto à inocência perdida”.

Para finalizar separamos o comentário de Charlotte Alexander sobre a obra “Perante o corrosivo materialismo, Holden purga-se pela queda, sem se esquecer de denunciar as incompatibilidades do sistema escolar, as linhas demasiadas cruzadas do diálogos pais – filhos e de defender a infância, (...) na personagem o desejo de pré-adolescência é transmutação do saudosismo por uma América tão pura quanto selvagem: o continente mítico dos puritanos, o farol do mundo, o neo-éden, a última grande oportunidade de, na terra nova, refazer sem vícios nem pecado, a história Humana”.

IV. Análise da Obra

Os tradutores de “The Catcher in the Rye “ fizeram três traduções para o título da obra, são elas: O Apanhador no campo de centeio, Agulha em palheiro e Apanhador na seara.

Clássico da moderna literatura americana desde o momento em que chegou as livrarias, em 1951, The Catcher in the Rye levaria mais dois anos para ser traduzido no Brasil, por um trio de aficionados (os diplomatas Alvaro Alencar, Antônio Rocha e Jório Dauster) e com o título de O Apanhador no Campo de Centeio. É essa a tradução que acaba de ser reeditada entre nós, com capa nova (de Liberati) e um trabalho de marketing dirigido especialmente ao público juvenil.

O livro prevê uma realidade avançada para sua época, ou seja, Salinger consegue em seu livro demonstrar atitudes que só após trinta anos foram comprovadas realmente.
Uma boa fatia do sucesso deste romance deve-se precisamente à verossimilhança da personagem principal. Clinton Fadiman explica: “O Apanhador no Campo de Centeio é um raro milagre da ficção. Holden é real, não obstante ter sido feito apenas de tinta, papel e imaginação.”

O apanhador no campo de centeio, numa narrativa em primeira pessoa, relata alguns dias na vida do adolescente Holden Caulfield, que acaba de ser expulso da sua terceira escola bem às vésperas do natal, nos EUA do pós-guerra. Numa linguagem simultaneamente criativa e coloquial (o que dificulta a vida dos tradutores), Holden vai revelando, aos poucos, algo sobre o seu passado, sua família e seus conhecidos, ao mesmo tempo em que vagueia por New York pulando de uma encrenca para outra. E, para alguém entediado e deprimido como ele, nada melhor que uma encrenca para manter o interesse.

Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga...” (p.07)

“...ia acampar num hotel por uns dias e só voltaria para casa depois do começo das férias.” (p.55)

“- Você é um idiota – falei.-“

“Aí ele me acertou. Nem tentei sair do caminho, ou me esquivar, nem nada. Só senti aquele murro tremendo no estômago.” (p.91)

O fluxo de consciência funciona particularmente bem, pois permite expressar a instabilidade emocional do protagonista.

“De vez em quando eu banco o maluco uma porção de tempo, só para não ficar chateado.” (p.23)

“Se a gente ficasse um pouco por lá e ouvisse todos os cretinos aplaudindo e tudo, tinha que acabar odiando todo mundo que existe na terra, juro que tinha.” (p.122)

“As pessoas estão sempre pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira”. (p.13)

Holden – Menino Prodígio

No universo dos seus escritos, Salinger apresenta-nos um menino prodígio, de sensibilidade e inteligência à flor da pele, que em dado momento faz um ajuste de contas com a sociedade materialista e o mundo adulto. Holden recusa-se a crescer e a desertar a infância;

“...estou com dezessete agora – mas de vez em quando me comporto como se tivesse uns treze. E a coisa é ainda mais ridícula porque tenho um metro e oitenta e cinco e já estou cheio de cabelos brancos (...) Apesar disso, às vezes me comporto como se tivesse doze anos.”(p.13)

Holden viaja até o final da inocência, grotescamente revoltado contra a desumanidade, a desvantagem do amor, a ausência de comunicação.

Bem, eu odeio a escola. Pôxa, como detesto o troço – falei. E não é só isso. É tudo. Detesto viver em N.Y. e tudo. Táxis, ônibus da Avenida Madison, com os motoristas gritando sempre...”(p.113)

De fato, a indisciplinada hipersensibilidade de Holden leva-o a não conseguir diferenciar entre bom e mau – tudo se lhe afigura negativo, dada a sua impotência em se purgar. Como um balão, retém a globalidade do fôlego e experiência, adivinhando-se, no final o esgotamento nervoso do anti-herói. Este culminar é pressagiado logo no início da obra, pois Holden anuncia estar num sanatório recuperando-se da queda psicológica.

“...pouco antes de sofrer um esgotamento e de mandarem parar aqui, onde estou me recuperando.” (p.07)

No entanto, o clímax só ocorre no penúltimo capítulo, quando, sob um dilúvio, vê a pequena irmã Phoebe a girar no carrossel e se apercebe da impossibilidade do seu sonho.

“Puxa, aí começou a chover pra burro. Um dilúvio, juro por Deus. (...) Mas nem liguei. Me senti feliz de repente, vendo a Phoebe passar e passar. Pra dizer a verdade, eu estava a ponto de chorar de tão feliz que me sentia. Sei lá por quê. É que ela estava tão bonita, do jeito que passava rodando e rodando, de casaco azul e tudo. Puxa, só a gente estando lá para ver.” (p.179)

Ao longo do livro, o leitor vai apreendendo a sucessão dos falhanços de Holden, na tentativa patética de preservar a inocência pueril, face a um mundo adulto corrupto e desumano. Luta, por exemplo, para apagar os palavrões escritos nas paredes da escola freqüentada pela irmã. E bate-se com o playboy da escola, afim de proteger a pureza platônica da namorada, Jane Gallagher. Pequenas utopias de bolso, próprias de quem acredita poder salvar o mundo.

“Aí ele mandou um murro tremendo e eu capotei. Não me lembro se cheguei a perder os sentidos, mas acho que não.” (p.42)

Holden Caulfield é ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos.

“Sou o maior mentiroso do mundo.” (p.19)

“Eu só tinha uns treze anos, e meus pais resolveram que eu precisava ser psicanalisado e tudo, porque quebrei todas as janelas da garagem.” (p.37)

Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção. Isto não faz de The Catcher in the Rye exatamente uma leitura animadora, mas ainda assim existe alguns resquício de inocência e ingenuidade infantil em Holden Caulfield, e também um humor (Negro, é claro!) e exagerado, que não deixam o livro afundar num poço de pessimismo e depressão.

“...mas uma velhinha de uns cem anos de idade, estava sentada, batendo a máquina.” (p.170)

“Fui pela escada dos fundos. Por pouco não quebrei o pescoço nuns dez milhões de latas de lixo, mas saí direitinho.”(p.153)

Com efeito, numa passagem sublinhada e simbólica da obra, Holden desabafa à Phoebe.

“...fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto – quer dizer – ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.” (p.147)

Tida por alguns como chave do livro, esta passagem, adverte-se, não roda mais do que algumas vezes na fechadura complexa do texto. Mas elucida. Poderemos aqui entrançar alguns símbolos com os seus significados. O precipício é o pecado. Os garotinhos, a inocência, jogando junto ao perigo. O apanhador, Holden é quem as protege, interpondo-se, e assim evitando a queda – ou seja, o crescimento, a entrada no hostil mundo dos adultos.

Curioso é constatar a justaposição entre esta discreta alegoria e a explicação bíblica (e puritana) dos demônios, como sendo anjos inocentes que caíram, dissolvidos nas profundezas gigantescas.

E a este propósito, o autor brinca com o aspecto fônico dos nomes próprios. Holden Caulfield evoca-nos hold (agarrar) e field (campo) – a sua função é ser o apanhador no campo, título da obra, numa tradução literal.

Phoebe, a irmã de 10 anos de Holden, é sinônimo de pré-adolescência e candura. Protótipo da menina-gênio. É em si que a obsessiva ternura do protagonista vai recair ao querer ver nela a próxima vítima da sociedade adulta. Atente-se no fato de o nome Phoebe remeter para fobia. Porém, o valor da menina não se esgota em ser destinatária da proteção do irmão. Atua como confidente do seu sonho.

“Valia a pena conhecê-la. Juro que ninguém nunca viu uma criança mais bonitinha e esperta do que ela. É esperta mesmo. Por exemplo, na escola ela tira cem em tudo. (...) É impossível não gostar dela. Por exemplo, quando a gente conta alguma coisa, ela sabe direitinho de que diabo é que a gente está falando.” (p.62)

“...Para uma criança ela é muito emotiva. É mesmo. E tem outra coisa, ela escreve livros o tempo todo...” (p.62)

V. Discussão: Colapso Urbano
Nos anos 90, dois americanos cometeram suicídio e deixaram uma nota citando a letra da música “Suicide Solution” do Ozzy. Ao investigar a vida dos suicidas, a polícia descobriu todo tipo de problema, de distúrbios familiares até envolvimento com drogas. É bem discutível dizer até que ponto uma letra pode ser a mola propulsora de um crime. Se assim fosse, todo mundo que lê Edgar Alan Poe ou Byron, seria um criminoso em potencial. Culpar a música e se esquivar das verdadeiras causas do problema.

Ozzy foi absolvido depois de muita dor de cabeça e declarou ironicamente que se for processado mais uma vez por esta razão, quem se mata é ele. Não sei se isto aplica-se ao cinema, onde um aluno de medicina matou vários em São Paulo (durante o filme Clube da Luta), é claro que ele faria alguma coisa destas mais cedo ou mais tarde. Os filmes e a mídia banalizaram a violência de tal maneira que a gente acaba se acostumando com massacres e chacinas.

Um dos sinais do colapso urbano é considerar toda essa brutalidade como parte integrante do nosso cotidiano. Os atores brutamontes como Chuck Norris ou Steven Seagal matam em média 300 pessoas por filme sem mostrar o menor sinal de misericórdia. Isso quando não emendam uma piada de mau gosto logo após ter dado 70 tiros na vítima.

Isto pode confundir a cabeça de um garoto com 15 anos. Até os videogames enveredaram para jogos movidos por uma violência gratuita. Games em que você corta virtualmente a cabeça do adversário não tem nenhum caráter educativo. No meu tempo os jogos eram mais divertidos e menos sádicos.

A violência se espalhou rápido como uma célula cancerígena e atingiu índices alarmantes em vários setores da sociedade, seja no trânsito, no futebol ou nas escolas. É preciso acabar com esse fascínio mórbido que a mídia e a sociedade depositam nas tragédias. Violência como sinônimo de diversão é um péssimo sinal.

Palavras como cordialidade, piedade e altruísmo perderam sentido. Acho que uma das últimas atitudes cordiais que nos separam da barbárie total e dar passagem para ambulâncias nos congestionamentos/ Quando nem isso ocorrer, o mundo vai definitivamente para o caos.

Um louco chamado Mark Chapman inventou de matar John Lennon em 1980 para exterminar com os últimos resquícios dos anos 60. Chapman se declarou influenciado pelo livro Apanhador no Campo de Centeio, clássico de J. D. Salinger que conta um período na vida do caustico personagem Holden Caulfield.

Com justiça ou não, a verdade é que Mark Chapman, ao assassinar John Lennon se dizia inspirado por essa obra. E também que o livro, após ter sido estudado durante vários anos em Portugal, desaparece dos currículos do 12º ano sem deixar rastro.

Mark Chapman pediu a John Lennon que autografasse uma cópia de The Catcher in the Rye, e no mesmo dia assassinou o ex-Beatle.

Conclusão

Concluímos que a obra de J.D. Salinger descreve uma realidade atual e faz um retrato fiel da adolescência, a ficção imita perfeitamente a realidade. O autor não têm limitações para descrever sobre medos e dúvidas que cercam a vida de um jovem de 16 anos, ele dá importância para esta fase.

A personagem principal vive um dilema infernal entre o bem e o mal, em toda narrativa ele vive de desavenças. O objetivo do autor é fazer-nos pensar sobre o comportamento humano, o aspecto moral das personagens envolvidas na trama e a hipocrisia que se instaura na vida de uma pessoa adulta.

Ao lermos a obra nós viajamos com Holden à vários lugares, entretanto, temos um único objetivo: a volta para casa, ou seja, a defrontação com a realidade dura e crua e o final dos sonhos infantis.
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Nota: Os ítens foram renumerados, pois foi extraido o ítem III onde constava a biografia do autor, que está em postagem mais abaixo.
Também, algumas citações com palavras de “baixo calão” foram retiradas para manter o nível do blog. Contudo, isto é apenas um resumo e, não substitui o livro.

Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/

J. D. Salinger (1919 – 2010)


Jerome David Salinger (Nova Iorque, 1 de Janeiro de 1919 — Cornish, New Hampshire, 27 de janeiro de 2010[1]) foi um escritor norte-americano. Sua obra mais conhecida é o romance intitulado The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio no Brasil), publicado em 1951 nos Estados Unidos.

Salinger nasceu em Manhattan, Nova Iorque, em 1º de janeiro de 1919, filho de pai judeu de origem polaca e mãe de origem escocesa e irlandesa. Começou escrevendo ainda na escola secundária, e publicou vários contos no início da década de 1940, antes de servir na II Guerra Mundial.

Em 1948, ele escreve o seu primeiro conto aclamado pela crítica, A Perfect Day for Bananafish (Um dia perfeito para Peixe-banana), publicado na revista The New Yorker, que seria o local de onde sairiam mais outros contos seus nos anos seguintes.

Em 1951, publica seu primeiro romance, The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio), que torna-se um sucesso imediato. Sua descrição da alienação da adolescência e da inocência perdida através do seu protagonista, Holden Caulfield, serviu de influência para toda uma geração de novos leitores, especialmente adolescentes. O livro continua tendo uma vendagem estimada em 250 mil cópias por ano.

O sucesso de The Catcher in the Rye chamou atenção do público para Salinger, que, a partir de então, torna-se recluso, publicando menos do que antes. Os livros que se seguem ao Centeio são: Nine Stories (Nove Histórias), de 1953, um apanhado de nove contos publicados na revista The New Yorker entre 1948 e 1953; Franny & Zooey, de 1961, que consiste de duas novelas curtas, Franny e Zooey; e Raise High the Roof Beam, Carpenters and Seymour: An Introduction (Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira e Seymour, uma Introdução), de 1963, que também reúne duas novelas de Salinger. Estes três livros têm histórias em que são personagens principais a Família Glass, constituída por Buddy (espécie de alter ego do escritor), Seymour, Boo Boo, Franny e Zooey Glass, todos irmãos.

Seu último trabalho publicado, uma novela intitulada Hapworth 16, 1924, apareceu em The New Yorker em 19 de junho de 1965.

Depois disso, Salinger continuou recluso, aparecendo esporadicamente na imprensa. No final dos anos 90, são publicadas duas obras de memórias de pessoas próximas a Salinger; Joyce Maynard, sua ex-amante, e Margareth Salinger, sua filha.

Em 1996, um pequeno editor americano anunciou um acordo com Salinger para a publicação de Hapworth 16, 1924 em forma de livro, mas alguns problemas adiaram o lançamento da obra indefinidamente. Hapsworth foi escrita como uma carta de Seymour Glass, então com 7 anos, para sua família. Seria o desfecho da saga da Família Glass, também presente nos livros anteriores de Salinger.

Salinger faleceu em 27 de janeiro de 2010, por causas naturais, em sua casa em Cornish, em New Hampshire.

Jerome David Salinger é uma figura realmente estranha, pois desde sempre foi avesso à imprensa ou outras formas de divulgação da sua figura. O que dificultou muito para os autores que queriam publicar uma biografia sua. O único que conseguiu esta proeza foi o crítico inglês Ian Hamilton, que considerava Salinger um ídolo e que por isso passou anos o perseguindo. Salinger recorreu ao tribunal para impedir a publicação da biografia, ganhou em primeira estância, mas o supremo tribunal ratificou o último veredicto. Então Hamilton após refazer por duas vezes a biografia, finalmente a publica em 1988 com o título A procura de J.D. Salinger (In search of J.D.Salinger).

Na biografia a explicação para o comportamento de Salinger talvez seja a difícil relação que ele tinha com seu pai judeu e com sua mãe de origem escocesa. Na sua biografia Hamilton também fala das medíocres passagens como estudante pela escola secundária, pela academia militar e durante um breve período pela Universidade de Nova York. Revela que aos 22 anos, durante o serviço militar, foi enviado para a Áustria, onde foi promovido a sargento e viu em ação as primeiras tropas nazistas. É na segunda Guerra Mundial distingue-se pela coragem (participa inclusive do desembarque da Normandia) e é condecorado. Dividiu a 2ª Guerra Mundial entre a contra-espionagem e a escrita de contos em solitários quartos de hotel. Até que um dia, na Greenwhich Village, descobre o budismo Zen e com ele alguns dos temas e essências da sua obra.

Foi casado três vezes, primeiro com Sylvie (uma médica francesa); depois com Claire Douglas (uma psicóloga) com quem teve dois filhos Matt (ator) e Margareth Ann (consultora) e dois netos. Que ninguém da família permite revelar absolutamente nada. A terceira e atual mulher é Collen O’Neill (profissão desconhecida, ninguém consegue desvendar).

A grande obra prima, o romance no qual trabalhou 10 anos, surge em 1951: The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio). Ainda na época do lançamento, na década de cinqüenta, fez o seu editor prometer que não lhe enviaria quaisquer críticas que fossem publicadas sobre o livro. Reclamou também que a sua foto na contra-capa estaria muito grande. Solicitou que não fosse feita qualquer publicidade do livro aludindo à sua pessoa, alegando que não queria correr o risco de acreditar no que leria.

Desde 1965 só deu duas entrevistas, em uma delas declarou “ Tenho uma fantástica sensação de paz ao não publicar meus trabalhos. Veria sua livre circulação como um atentado à minha privacidade. Gosto muito de escrever. Mas somente para mim mesmo, para o meu prazer.”

No filme Teoria da Conspiração, Mel Gibson faz o papel de um motorista de taxi psicótico que acha que todos estão contra ele, e que possui uma compulsão, comprar diariamente um volume de O Apanhador no Campo de Centeio, existindo em sua casa milhares de exemplares. Por conta de uma dessas compras, ele é descoberto por seus inimigos e quase acaba morto.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org
http://www.vestibular1.com.br/

Harley Clóvis Stocchero (Caderno de Trovas)


O mundo de hoje nos deixa
na terrível contingência
de ver aumentar a queixa
da escalada das violência…

Como é belo, nesta terra,
semeado o vale de flor;
amor numa flor se encerra,
pois flor é rima de amor…

Quem passando nesta vida
seu próximo nunca amou,
pode assim ser definida:
Que não viveu, vegetou!…

A Pátria não é somente
o céu, o rio e o chão;
é mais: É a alma da gente
que vibra no coração!

A mulher que a gente ama,
Para nós sempre é a mais bela,
Pois o coração conclama
Não ver os defeitos dela!…

Felicidade é o momento
que a alegria nos traduz;
e feliz no sentimento
que me une ao meu Jesus!

Esperando ardentemente
a felicidade encontrar,
entre sonhos de demente,
eu fico sempre a esperar…

Trovador que a dor reprova
e trovando a dor suplanta
é um beija-flor que comprova
ter sempre mel na garganta.

Para manter este sonho
de trovar com perfeição
nas mãos de Deus eu deponho
o poder da inspiração.

Sonho que sempre acalento
e mantenho todo o dia:
– ser bom, mesmo em pensamento,
semeando paz e alegria!

Manter moeda equilibrada:
– dólar valendo real…
é tentativa frustrada
da fantasia nacional!…

O homem que se compraz
com artimanhas de guerra,
jamais vai encontrar paz
para os seus aqui na terra!

Mundo cruel, mundo triste,
mundo ingrato, mundo cão,
onde o pobre subsiste
catando lixo no chão!…
--------

Fontes:
– Antologia dos Acadêmicos: edição comemorativa dos 60 anos da Academia de Letras José de Alencar. São Paulo: Scortecci, 2001.
– TABORDA, Vasco José e WOCZIKOSKY, Orlando (orgs.). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: Edição de O Formigueiro. Instituto Assistencial de Autores do Paraná, 1984.

Harley Clóvis Stocchero (Hino de Almirante Tamandaré)


No teu céu, que é tão belo e azul,
brilha sempre o Cruzeiro do Sul;
quando Deus, ao compor o Universo,
fez aqui o seu mais belo verso;
e ao pintar, também, a natureza,
pôs mais cor no pincel, com certeza...

Nas tuas matas, no morro ou restinga,
nasce, cresce e dá mel bracatinga,
que, aliada à extração mineral
sua lenha vai produzir cal,
desta terra maior produção
que é exportada por toda Nação.

Estribilho

Almirante Tamandaré
o teu povo tem força e tem fé,
conservando,na sua tradição,
Nossa Mãe, Virgem da Conceição.

Da união do minério e o trabalho
por igual produzimos calcário;
tendo aqui sempre boa produção
nosso milho, a batata e o feijão;
também forte é em nossa lavoura
o repolho, o tomate e a cenoura...
O Tingüi nos levou o amor
que preserva o riacho e a flor;

Gralha Azul nos plantou o pinheiro,
que cresceu para o céu altaneiro;
e os gorjeios de nosso sabiá
têm beleza que em outros não há!...
Nesta terra abençoada e feliz
vive um povo que ora e prediz
a grandeza de Tamandaré
no valor do trabalho e da fé.

Estribilho

Almirante Tamandaré
o teu povo tem força e tem fé,
conservando,na sua tradição,
Nossa Mãe, Virgem da Conceição

Estribilho

Almirante Tamandaré
o teu povo tem força e tem fé,
conservando,na sua tradição,
Nossa Mãe, Virgem da Conceição

Harley Clóvis Stocchero (1926 – 2005)


Harley Clóvis Stocchero nasceu m Tamandaré/PR, em 1926, filho de Bortolo Ferreira Stocchero e Hercília de Oliveira Stocchero.

Estudou na PUC-PR. Foi professor e advogado. Funcionário fazendário estadual,

Exerceu cargos diretivos da Escola Normal Dr. Cícero Silva, no interior do estado e FIDES (PROMOPAR), em Curitiba.

Delegado da UBT deAlmirante Tamandaré, sócio da seção UBT-Curitiba, da Academia de Cultura de Curitiba, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Soberana Ordem do Sapo e sócio efetivo da Academia de Letras José de Alencar ocupando a cadeira n.5, na qual foi vice-presidente. Foi presidente do Centro de Letras do Paraná. Cadeira n.6 da Academia Paranaense de Letras, cadeira n.12 da Academia Paranaense de Poesia e cadeira 17 da Academia Sul-Brasileira de Letras.

Recebeu o título de Vulto Emérito, pela Câmara Municipal de Almirante Tamandaré em 1994.

Possui medalhas e diplomas de concursos de trovas. Possui dois livros publicados: Ermida Pobre (poesia); e Os Dois Mundos (poesia, mensagens e cronicas).

Faleceu em 23 de março de 2005.

Fontes:
– Antologia dos Acadêmicos: edição comemorativa dos 60 anos da Academia de Letras José de Alencar. São Paulo: Scortecci, 2001.
– Os Trovadores. Boletim Cultural da UBT/Curitiba – ano 14 – n.46 – maio/2005 – artigo de Vânia Ennes.
– TABORDA, Vasco José e WOCZIKOSKY, Orlando (orgs.). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: Edição de O Formigueiro. Instituto Assistencial de Autores do Paraná, 1984.

Revista Trovia, de fevereiro já está disponível

Fontes:
Antonio Augusto de Assis e Olga Agulhon