segunda-feira, 2 de agosto de 2010

João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999)



João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.

Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935.

Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra.

Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.

1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.

O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.

É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio freqüenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.

Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.

Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.

Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.

Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.

Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.

Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.

Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.

1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.

Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.

Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.

Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.

A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã-Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.

No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica.

Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.

Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.

Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.

Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois. Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.

Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.

Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.

Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.

João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever.

Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.

Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09/10/99:

"Adeus a João Cabral"

"Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva."

Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.

Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos, apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.

A nossa dor, que é também a da sua companheira Marly de Oliveira e dos seus filhos e demais parentes, não apaga da nossa memória a convicção de que foi ele um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos - o poeta da razão - que jamais esqueceu, mesmo nos 40 anos de vida diplomática, as suas raízes pernambucanas. O homem que soube desenhar em versos cálidos a saga do retirante nordestino, quando ainda não havia passado dos 35 anos de idade.

João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.

Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.

Quando preparava com ele a Cabraliana, que foi o seu primeiro audiolivro, ouvi fantásticas histórias da vida diplomática, especialmente dos tempos de Portugal, Espanha e Marrocos, além de nele reconhecer um orgulho especial pela família, parente que foi de grandes escritores brasileiros, como Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Mauro Mota e Antônio de Moraes e Silva, o famoso Moraes do Dicionário de Língua Portuguesa. Parece que era herdeiro, no seu jeito tão humilde e cativante, de uma genética literária originalíssima.

É compreensível a nossa consternação. Enquanto a saúde permitiu, honrou esta casa com a sua assiduidade e o seu sentimento da mais pura cordialidade. Sofrendo agora com o seu silêncio, curvamo-nos diante do grande poeta, para afirmar que a Academia sempre o terá presente, com a saudade e a admiração de todos os seus confrades.

Descanse em paz, poeta João. A sua presença jamais deixará de estar conosco. Teremos o consolo da sua poesia imortal."



Bibliografia

OBRAS DO AUTOR

POESIA

- Pedra do sono. Recife: Edição do autor, 1942 (tiragem especial em papel Drexler).
- Os três mal-amados. Rio de Janeiro: Revista do Brasil, 1943.
- O engenheiro. Rio de Janeiro: Amigos da Poesia, 1945.
- Psicologia da composição com a fábula de Anfion e Antiode. Barcelona: O livro inconsútil, 1947.
- O cão sem plumas. Barcelona:0 livro inconsútil, 1950. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984 (com Fotografias de Maureen Bisilliat).
- O rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife. São Paulo: Edição da Comissão do IV Centenário de São Paulo, 1954.
- Dois parlamentos. Madri: Edição do autor, 1960.
- Quaderna. Lisboa: Guimarães Editores, 1960.
- A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966.
- Museu de tudo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1975.
- A escola das facas. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1980.
- Auto do frade. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1984; 2a. edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1984 (da 2a. edição foi feita uma tiragem de 100 exemplares em papel vergê).
- Agrestes. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1985 (tiragem especial em papel vergê).
- Crime na Calle Relator. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1987.
- Primeiros poemas. Rio de Janeiro: Edição da Faculdade de Letras da UFRJ, 1990.
- Sevilha andando. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990.

POEMAS REUNIDOS

- Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Edição de Orfeu, 1954.
- Duas águas Rio de Janeiro: Editora José Olympio. 1956 (tiragem especial em papel Westerprin).
- Terceira feira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1961.
- Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Sabiá, 1968; 4a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1986.
- Poesia completa. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1986.
- Museu de tudo e depois (Poesia Completa II). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.

ANTOLOGIAS

- Poemas escolhidos. Seleção de Alexandre O'Neil. Lisboa: Portugália Editora, 1963.
- Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1965; 8a. edição, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1991.
- Morte e vida severina. São Paulo: Teatro da Universidade Católica, 1965.
- Poesia crítica. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1982.

PROSA

- Considerações sobre o poeta dormindo. Recife: Renovação 1941.
- Joan Miró. Barcelona: Editions de l'Oc, 1950 (com gravuras originais de Miró).
- Joan Miró. Rio de Janeiro: Cadernos de Cultura do MEC, 1952.
- O Arquivo das Índias e o Brasil [pesquisa histórica]. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1966.
- Poesia e composição. Coimbra: Fenda Edições, 1982.

Fonte:
http://www.luso-poemas.net/

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Sentido da Vida)


A vida só tem sentido
Quando nos pulsa no peito
O mais sublime direito
De ter paz e liberdade,
De perdoar os defeitos
De quem erra sem maldade.

A vida só tem sentido
Quando buscamos o bem,
Quando todos os vinténs
Pelo homem conquistados
Não foram vinténs roubados
Nem tirados de ninguém!

A vida só tem sentido,
Quando se clama o amor,
Quando se propaga a paz,
Quando se dá o calor,
Quando se torna capaz
De afagar o irmão sofrido
Dando alivio a sua dor.

A vida só tem sentido
Quando se faz caridade,
Quando se vê de verdade
No espelho da razão
O reflexo da humildade
Na presença de um irmão...

Fontes:
Colaboração do Autor

Elias Domingos (Baú de Trovas)


Quando ler um livro, atente
em o seu chapéu tirar,
pois nas páginas que sente
difícil Deus não brilhar.

Meu amigo, não lamente
a sua grande pobreza.
A Bíblia diz claramente
Que ao céu não vai a riqueza.

O seu amigo deseja
apenas perene paz;
que nossa amizade seja
laço que não se desfaz.

Eu amo a verdade franca
esta pese a quem pesar
desprezo a mentira branca
nem que seja pra aliviar...

Pesa-me ver um distinto
mendigo pedir a um nobre;
muito mais pesar eu sinto
por aquele rico pobre.

Muita gente por aí
ama somente por fora;
eu tenho um amor aqui
que por dentro me devora.

Numa virgínia mangueira,
com mimo, gravei teu nome.
Hoje, cinzas de fogueira
que em mim este amor consome.

No picadeiro da idéia,
vê-se o circo da ilusão,
aplaudindo-o a platéia
com figura de bufão.

Prazer, sensação sublime,
mais doce que os doces pomos;
vezes nos leva ao inferno
e pensamos que ao céu fomos.

A felicidade é tal
como a fruta que na messe
não é ceifada inicial
e cai e logo apodrece.

Compreende bem, meu amigo,
que tens bastante amargura,
lembra porém o que digo:
do amargo sai boa cura.

Vejo em teus lábios agora
o mar bravio, dominante,
lançando o mal para fora
como se fosse purgante

Zombas sempre desta gente
de aspecto decepcionante;
algum às vezes na mente
esconde o gênio de Dante.

Após a grande procela
de minha forte descrença,
aportei meu barco à vela
ao porto da velha crença.

Dizem que a noite é tristeza
e que o dia é alegria,
porém por diversas vezes
preferi a noite ao dia.

Fui ao banheiro da vida
tirar o pó do passado,
mas encontrei nesta lida
fortes manchas do pecado.

Muito mais do que a arca antiga
meu coração de amor forte
encerrou-te, cara amiga,
não te solta nem na morte.

Ao seres de fato amante,
ainda que sejas bravo,
pois o amor é dominante
tal como o senhor do escravo.

Vários caminhos da vida
eu trilhei com satanás
sem saber, nesta investida
que havia o do Rei da Paz.

Não concordes com aquele
que se arvora em protetor
da doutrina própria dele
por mais sábio que ele for.

Esta flor tão branca e bela
que expõe no traje social
contrasta a pureza dela
com certo cheiro letal.

Eu não sei se sois sombreiros,
ou árvores singulares,
só sei que sois os pinheiros
que cativam meus olhares

Fonte:
ANDRADE, Lairton Trovão de Andrade. Trovas de Elias Domingos. Portal CEN, 2007.

Elias Domingos (1917 – 1997)


Elias Domingos, filho de Domingos Calixto e Maria Jorge, nasceu em 4 de novembro de 1917, na cidade de Arceburgo, Minas Gerais.

Embora não tenha nascido em Pinhalão, tornou-se pinhalonense por opção e amor à terra, onde viveu por mais de setenta anos.

Edificou brilhante conquista literária tornando-se, ao Paraná e ao Brasil, atraente romancista, poeta iluminado e trovador da mais alta envergadura.

A criatividade talentosa, o estilo sóbrio e a impecável correção gramatical fazem com que o escritor Elias Domingos mereça lugar honroso nas históricas páginas da literatura paranaense e nacional.

Suas numerosas trovas tinham o intuito de transmitir idéias edificantes, caracterizando-se, sobretudo, pela natureza educativa, com o intuito de enriquecer a alma do leitor de qualquer idade cultural.

Era membro de diversas academias nacionais e internacionais:
- Centro de Letras do Paraná;
- Centro Cultural “Euclides da Cunha” (Ponta Grossa)
- Academia de Letras José de Alencar;
- Instituto de Cultura Americana (Argentina), como membro de honra
- Grupo Americanista de Intelectuales y Artistas (Uruguai)
- Instituto de Cultura Americana – Seção Brasileira (Membro de Honra)
- Sociedade Geográfica Brasileira , de São Paulo (Medalha Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon)
- Instituto de Poesia Internacional (Porto Alegre/ RS)

Faleceu em 18 de novembro de 1997, após completar oitenta anos de idade.

Fonte:
ANDRADE, Lairton Trovão de Andrade. Trovas de Elias Domingos. Portal CEN, 2007.

Antonio Cândido (Literatura e Cultura de 1900 a 1945: panorama para estrangeiro) Parte 2


Na literatura brasileira há dois momentos decisivos que mudam os rumos e vitalizam toda a inteligência: o Romantismo, no século XIX (1836-1870), e o ainda chamado Modernismo, no presente século (1922-1945). Ambos representam fases culminantes de particularismo literário na dialética do local e do cosmopolita; ambos se inspiram, não obstante, no exemplo europeu. Mas, enquanto o primeiro procura superar a influência portuguesa e afirmar contra ela a peculiaridade literária do Brasil, o segundo já desconhece Portugal, pura e simplesmente: o diálogo perdera o mordente e não ia além da conversa de salão. Um fato capital se torna deste modo claro na história da nossa cultura; a velha mãe pátria deixara de existir para nós como termo a ser enfrentado e superado. O particularismo se afirma agora contra todo academismo, inclusive o de casa, que se consolidara no primeiro quartel do século XX, quando chegaram ao máximo o amaciamento do diálogo e a consequente atenuação da rebeldia.

Convém assinalar que a literatura brasileira no século XX se divide quase naturalmente em três etapas: a primeira vai de 1900 a 1922, a segunda de 1922 a 1945 e a terceira começa em 1945. A primeira etapa pertence organicamente ao período que se poderia chamar pós-romântico e vai, grosso modo, de 1880 a 1922, enquanto as duas outras integram um período novo, em que ainda vivemos: sob este ponto de vista, o século literário começa para nós com o Modernismo. Para compreendê-lo, é necessário partir de antes, isto é, da fase 1900-1922.

Comparada com a da fase seguinte (1922-1945), a literatura aparece aí essencialmente como literatura de permanência. Conserva e elabora os traços desenvolvidos depois do Romantismo, sem dar origem a desenvolvimentos novos; e, o que é mais interessante, parece acomodar-se com prazer nesta conservação. Como a fase 1880-1900 tinha sido, em contraposição ao Romantismo, antes de busca de equilíbrio que de ruptura, esta, que a acompanha sem ter o seu vigor, dá quase impressão de estagnar-se. Uma literatura satisfeita, sem angústia formal, sem rebelião nem abismos. Sua única mágoa é não parecer de todo européia; seu esforço mais tenaz é conseguir pela cópia o equilíbrio e a harmonia, ou seja, o academismo.

No romance, o Naturalismo, desprovido da forte convicção determinista que animou um Aluísio Azevedo e um Adolfo Caminha, enlanguesce nas mãos de Emanuel Guimarães, Xavier Marques, Canto e Mello. A écriture artiste e o relevo psicológico de Raul Pompéia são agora a retórica e o amaneiramento de Coelho Neto, que domina esta fase com foros de gênio. Mas o produto típico do momento é o romance ameno, picante, feito com alma de cronista social para distrair e embalar o leitor. Forma-se pela confluência do que há de mais superficial em Machado de Assis, da ironia amena de Anatole France e dos romances franceses do Pós-naturalismo, sentenciosos, repassados de sexualismo frívolo: Paul Bourget, Abel Hermant. Afrânio Peixoto é o representante-padrão desta tríplice tendência, enquanto Léo Vaz se atem aos aspectos mais puramente iruchadianos. Veiga Miranda, Hilário Tácito, Théo Filho, Benjamin Costallat são exemplos, em escala decrescente, do pendor cada vez mais acentuado para a leviandade do tema sexual-humorístico.

O regionalismo, que desde o início do nosso romance constitui uma das principais vias de autodefinição da consciência local, com José de Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin Távora, Taunay, transforma-se agora no "conto sertanejo", que alcança voga surpreendente. Gênero artificial e pretensioso, criando um sentimento subalterno e fácil de condescendência em relação ao próprio país, a pretexto de amor da terra, ilustra bem a posição dessa fase que procurava, na sua vocação cosmopolita, um meio de encarar com olhos europeus as nossas realidades mais típicas. Esse meio foi o "tonto sertanejo", que tratou o homem rural do ângulo pitoresco, sentimental e jocoso, favorecendo a seu respeito idéias-feitas perigosas tanto do ponto de vista social quanto, sobretudo, estético. É a banalidade dessorada de Catulo da Paixão Cearense, a ingenuidade de Gornélio Pires, o pretensioso exotismo de Valdomiro Silveira ou do Coelho Neto de Sertão; é toda a aluvião sertaneja que desabou sobre o país entre 1900 e 1930 e ainda perdura na subliteratura e no rádio.

A publicação de Os sertões, de Euclides da Cunha, em 1902, assim como a divulgação dos estudos de etnografia e folclore, contribuiu certamente para esse movimento. Ele falhou na medida em que não soube corresponder ao interesse então multiplicado pelas coisas e os homens do interior do Brasil, que se isolavam no retardamento das culturas rústicas. Caberia ao Modernismo orientá-lo no rumo certo, ao redescobrir a visão de Euclides, que não comporta o pitoresco exótico da literatura sertaneja.

A poesia se apresenta, nessa fase, bastante solidária em espírito ao romance. Ao contrário do Naturalismo, que trouxe a este um vigoroso impulso de análise social, o Parnasianismo pouco trouxera de essencial à nossa poesia, apesar do grande talento de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Corrêa ou Vicente de Carvalho. Dera-lhe uma regularidade plástica maior, mas agravara a sua tendência para a retórica, aproximando-a do tipo de expressão prosaica e ornamental. Talvez o que haja de melhor nos parnasianos seja o seu romantismo — e foi justamente o que desapareceu nos epígonos deste século, para deixar em campo as fórmulas e a logomaquia, num academismo rotundo que lembra os neoclássicos da última geração (primeiro quartel do século XIX).

O Simbolismo, projeção final do espírito romântico, constitui desenvolvimento mais original, limitando-se, porém, à obra de Cruz e Sousa (ainda próxima dos parnasianos a despeito de tudo), e à de Alphonsus de Guimaraens, pouco conhecida antes dos nossos dias. Como movimento estético e ideológico, o Simbolismo serviu de núcleo a manifestações espiritualistas, contrapostas ao Naturalismo plástico dos parnasianos. As tendências oriundas do Naturalismo de 1880-1900, tanto na poesia quanto no romance e na crítica, propiciaram na fase 1900-1922 um compromisso da literatura com as formas visíveis, concebidas pelo espírito principalmente como encantamento plástico, euforia verbal, regularidade. É o que se poderia chamar Naturalismo acadêmico, fascinado pelo Classicismo greco-latino já diluído na convenção acadêmica européia, que os escritores procuravam sobrepor às formas rebeldes da vida natural e social do Novo Mundo.

Alma de origem ática e paga
Nascida sob aquele Armamento
Que azulou as divinas epopéias,
Sou irmão de Epicuro e de Renan,
Tenho o prazer sutil do pensamento

E a serena elegância das idéias — diz no fim dessa fase Raul de Leoni, resumindo toda a ideologia de que se nutriram os seus contemporâneos mais característicos.

Esta busca de elegância mediterrânea — em que se adelgaçou até esgarçar o Naturalismo vigoroso do século anterior, de intenção mais científica do que estética, — contamina a própria exploração dos temas regionais, pelo gênero ambíguo do conto sertanejo.

Em Alphonsus de Guimaraens e Augusto dos Anjos, em Euclides da Cunha e Lima Barreto, poderiam os escritores dessa fase encontrar discordâncias estimulantes para a sua atividade literária. No entanto, ou os deixaram de lado, ou foram buscar neles o que tinham de comum com as limitações de que padeciam: a tenuidade afetiva do primeiro, o desequilíbrio verbal dos outros dois, a ironia superficial do último.
.
Em crítica literária, a fase 1880-1900, por suas três principais figuras — Sílvio Romero, Araripe Júnior e José Veríssimo, — havia desenvolvido e apurado a tendência principal do nosso pensamento crítico, isto é, o que se poderia chamar a crítica nacionalista, de origem romântica. Como em todos os países empenhados então na independência política, o Romantismo foi no Brasil um vigoroso esforço de afirmação nacional; tanto mais quanto se tratava aqui, também, da construção de uma consciência literária. A nossa crítica, rudimentar antes de Sílvio Romero e do Naturalismo, participou do movimento por meio do "critério de nacionalidade", tomado como elemento fundamental de interpretação e consistindo em definir e avaliar um escritor ou obra por meio do grau maior ou menor com que exprimia a terra e a sociedade brasileira.

Fruto direto da estética romântica, — relativista, ciosa dos fatores históricos, inspirada sobretudo em Madame de Staél e Schlegel, através de Garrett e Ferdinand Denis — ela foi no Brasil um elemento importante de autodefinição e diferenciação, principalmente quando se associou às filosofias naturalistas da segunda metade do século.

Na fase que nos ocupa, esta linha se prolonga sem a coerência e sem a necessidade do século anterior. Não é injusto dizer que, amparando-se nos três mestres e modelos já citados, os críticos se eximiram de aprofundar e renovar pontos de vista. Denotam conformismo e superficialidade, indicando não apenas o esgotamento da crítica nacionalista, mas a incapacidade de orientar-se para rumos mais estéticos e menos científicos, como se esperaria de uma geração inclinada ao diletantismo, o purismo gramatical, o culto da forma. A passagem do historicismo à estética se esboçava na obra de José Veríssimo, o mais literário dos nossos velhos críticos, e nessa fase é tentada pela crítica de inspiração simbolista e idealista, representada sobretudo por Nestor Victor, mas que não chegou a amadurecer e realizar-se. A crítica se acomodara em fórmulas estabelecidas pelos predecessores.

A Pequena história da literatura brasileira, de Ronald de Carvalho (1919), resume toda a evolução crítica anterior, combinando o arcabouço interpretativo do nacionalismo com um sentimento mais vivo da beleza, devido, porém, menos a um critério estético definido do que à euforia verbal própria do autor. Neste livro e nos ensaios posteriores de Ronald, se encontra a fusão superficial e elegante da crítica brasileira do século anterior, menos a ideologia naturalista, com a inclinação estética dos simbolistas, menos o fervor espiritualista.
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continua...
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Fonte:
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 9. ed. RJ: Ouro Sobre Azul, 2006.

domingo, 1 de agosto de 2010

Arnoldo Pimentel Filho (Poemas Escolhidos)


PÉROLA DE ROSAS

Se abre como pérola
Como pérola perfumada
Seduz como seios
Sonhados no frio da madrugada
Inspira como os olhos
Os olhos da minha amada
No meio do jardim florido
Com flores estreladas
Ilude como o coração
Da mulher apaixonada
Que deseja como uma menina
Ser eternamente amada

ANJO DE VIDRO

Sou um anjo de vidro
Papel rasgado
Caído ao lado
Do armário quebrado
Sou vida sem linha para seguir
Peça abandonada
Pela sucata
Do carro usado em frangalho
Sou um anjo decadente
Sem poder mostrar os dentes
Sem ser sobrevivente
Sem modos aparentes
Sou vida sem anjo
Tronco de árvore caída na brisa
Que respingou na calçada
Que deflorou meus dias de beleza

SOLIDÃO

Eu não queria estar aqui
Caminhando numa pequena rua de chão
Cercada por tapete de neve
Dos dois lados a me observar
Não me sinto tão isolado
Pois a neve que forma o horizonte
Que embranquece a folhagem
Ainda aquece meu olhar
Sinto apenas a solidão que chega com o frio
Que rasga a paisagem
E entoa uma canção triste, tão triste
Que talvez ninguém queira cantar
Meu passado é a sinfonia que rege meu futuro
Meu futuro é escuro
Escuro como a neve sem luz
Que nem fechando bem os olhos se pode enxergar
Meu coração foi atirado na neve
Afundou sem vida durante toda minha vida
Ficou sem pedaços para o sangue poder pulsar
Ficou sem estrelas para na noite se guiar
Ficou sem esperança de um dia poder amar

VERSOS AO VIVO

Versos que escaparam na madrugada
Versos ao vivo
Vivos
Indecisos e aflitos
Versos que se mancharam
Nas esquinas das madrugadas
Nas ilusões das palavras
Que ficaram afastadas
Versos sem vida
Sem ondas
Sem amigas
Sem noites nubladas
Versos sem versos
Juntos e separados
Sempre mutilados
Sempre desamparados

AQUARELA

Eu pinto sonhos que nem sempre têm asas
Sonhos vividos
Sonhos esquecidos
Sonhos que poderão viver na minha tela
Na minha triste aquarela
Minha tela pode estar pintada de vazio
Silêncio vazio
Cores incolores que mostram meu rosto
Tela vazia incolor que inspira minhas cores
Eu pinto meus temores na madrugada
Onde a tempestade é a verdadeira tela
Onde a solidão disfarçada
Invade o meu quarto pela janela
Eu pinto a solidão do meu corpo
Pinto as cores da minha voz nua
Pinto meus olhos perdidos no infinito
Minha tela é meu próprio grito

BORBOLETA

Ainda que eu tiver que ver o crepúsculo
Pelo quadrado da janela
Tendo o chão gélido e molhado como colchão
Não desanimarei
Ainda que eu tiver que imprimir jornais
Na calada da noite
Para ser perseguida na calçada
Eu continuarei a panfletar meus ideais
Ainda que eu tiver que ficar com meu corpo nu
Para ser torturada
Para ser massacrada
Eu serei Minerva e firme ficarei
Ainda que eu tiver que sair do casulo
Para bater asas nas ruas de vidro
E sangrar todos os dias
Eu voarei
Ainda que eu tiver que perder minha vida
Na estrada deserta
Para vidas serem livres
Minha vida eu darei

Fonte:
http://redecultura.ning.com/

Arnoldo Pimentel Filho (1961)


Arnoldo Pimentel Filho, nascido em 15 de julho de 1961 na cidade Belford Roxo (RJ) é poeta e ativista cultural, faz parte dos grupos de poesia “Pó-de-poesia”, “Gambiarra Profana” e “Folha Cultural Pataxó”, começou a escrever por volta dos 16 anos de idade, tendo suas poesias um lirismo denso e bucólico, tendo como prioridade escrever poesias de amor, solidão e desesperança.

1984 Poesias escolhidas - Independente
1986 Antologia Poetas brasileiros de hoje - Shogun Editora e Arte
1987 Antologia Nova poesia brasileira - Shogun Editora e Arte
1988 Antologia Nova poesia brasileira - Shogun Editora e Arte
1990 Antologia Poetas brasileiros de hoje- Shogun Editora e Arte
2009 Antologia Poetas brasileiros vol 54 - Câmara Bras. Jovens Escritores
2010 Ventos na Primavera - Folha Cultural Pataxó

Fonte:
http://umcoracaoqueama.blogspot.com/

Silviah Carvalho (A Noite da Minha Poesia!)


Chegou à noite para a minha poesia,
Como se o passado tivesse voltado,
Matando o amor que em mim nascia,
Fim de linha... Página em branco, sem poesia!

Onde está o amor para que ela viva?
Onde está a amizade que a faz criativa?
Amizade... Palavra vazia!
Sem amor como sobreviveria?

Nenhuma palavra expressa o amor,
Quando ele já não existe,
E se não há poesia tudo fica
Ainda mais triste.

Não houve fidelidade nas palavras ditas
__Eu te amo! Era ilusão, e eu não via!
Decepção... Página em branco!

Nada sai do coração da poetisa,
Que desse amor dependia.

Roubaste- me!
Está contigo minha inspiração,
Não consigo escrever, como antes escrevia!
Devolva seu amor!

Antes que morra a poetisa,
E sua poesia.

Fonte:
Blog de Silviah Carvalho

Marita França (Paraná em Trovas)


No jardim do meu solar,
Flores têm a sua história…
Sempre me fazem lembrar,
O que ficou na memória!

Curitiba é tão catita,
Como jovem debutante,
Sempre florida e bonita
– E tem charme, é elegante!

Fazer castelos no ar,
Deixa a gente bem feliz…
Ideais a realizar,
Numa vida que condiz.

Nosso amor um roseiral,
Cheio de flores, espinhos,
Muito doce nosso ideal,
No percorrer dos caminhos!

Numa bandeja de ouro,
Dei-lhe a flor da inspiração
E você, ó meu tesouro,
Deu-me a flor do coração!

Sinto meu nome tão doce,
Ao você chamar por mim,
Escuto como se fosse,
O canto de um Querubim.

A saudade, como a brisa,
Passa de leve na gente;
É lembrança que ameniza,
Igual aura permanente.

Fé nos leva ao infinito
E bem juntinho de Deus,
Num transporte tão bonito,
Que a tristeza diz adeus!

A Deus levantando os braços,
com elegância e vigor;
pinheiros, sem embaraços,
são beijos de Paz e Amor!

A poesia, inspiração
Fulge na alegria e na dor...
são toques do coração
que nos empolgam no amor.

Que maravilha os Pinheiros
de Santa Felicidade;
tem passarinhos fagueiros
que encantam nossa cidade!

Meu querido piano amigo,
com acordes de veludo...
Quando me sinto contigo,
sempre me esqueço de tudo!

Com seu manto, enobrecida,
cobre o povo varonil
a Virgem Aparecida:
Padroeira do Brasil!

“Menino Deus, que ventura,
quero pertinho de mim...
Com sua bênção, doçura,
no meu cantinho sem fim!”
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Fontes:
– Vasco José Taborda e Orlando Woczikosky (organizadores). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: O Formigueiro, 1984.
– Pompília Lopes dos Santos. Sesquicentenário da Poesia Paranaense, Antologia. 1985

Marita França (1915 – 2009)



Maria Aparecida Taborda França, nasceu a 1 de julho de 1915, em Curitiba, filha do poeta paranaense Heitor Stockler de França e Brasília Taborda Ribas de França. Faleceu em 27 de julho de 2009.

Estudou em Curitiba, obtendo o Bacharelado em Direito pela Universidade Federal do Paraná.

Musicista e poetisa, ao formar-se trabalhou no escritório do jurista Dr. Pamphilo Assumpção durante três anos. Ingressou em 1 de julho de 1948 no quadro da Assistência Judiciária do SESI do Paraná, onde aposentou-se depois de 47 anos de dedicação.

Recebeu diversas homenagens na área jurídica e cultural.

Foi membro do Centro de Letras do Paraná, Academia de Letras José de Alencar, Pen Clubes do Brasil e do Paraná, Sala do Poeta de Curitiba, Academia Feminina de Letras do Paraná, Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (PR), Elos Clube, Centro Paranaense de Cultura.

Tem músicas publicadas e discos gravados.
Compôs: Nossa Senhora da Luz de Curitiba, Virgem de Fátima, Viva Santo Antonio, Olhos verdes, Vem amor, Nas asas da Ilusão, etc.

Foi colaboradora assídua das revistas da Academia Feminina de Letras do Paraná e do Centro Paranaense Feminino de Cultura.

Fontes:
– Vasco José Taborda e Orlando Woczikosky (organizadores). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: O Formigueiro, 1984.
– Antologia dos Acadêmicos: edição comemorativa dos 60 anos. Academia de Letras José de Alencar. São Paulo: Scortecci, 2001.
– Pompília Lopes dos Santos. Sesquicentenário da Poesia Paranaense, Antologia. 1985

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas II)


Na trova tudo acontece,
que o diga meu coração,
pois amei quem não merece
possuir minha paixão !

Lá na praia se encontraram
e viveram na ilusão,
pois apenas se tornaram
namorados de verão.

Quem namorou algum dia,
sabe o quanto se requer,
para ter a simpatia
e o coração da mulher.

O menestrel sem juízo
um dia nasceu em mim;
daquele instante preciso
me comunicar assim.

Depois de tantos caminhos
percorridos pela vida,
meu troféu são teus carinhos
que tenho em contrapartida.

Lobo da estepe sozinho
anda à procura de alguém,
seguindo pelo caminho
que agora mais lhe convém...

Outrora fui solitário,
não tinha grande vaidade,
mas, hoje, sou perdulário
de tanto amor e saudade !

Quem fizer a gentileza
de não levar por ofensa,
que me ame sem recompensa,
porque vivo na pobreza...

ou melhor

Quem fizer a gentileza
de não levar por ofensa,
que me ame até na pobreza
sem esperar recompensa.

PORTO ALEGRE - RS

Fonte:
Colaboração do Autor

Ana Lucila Maranhão (Lançamento do Livro “Histórias Maravilhosas de Homens Notáveis de A a Z”)


"Prezados Amigos e Familiares, com muita alegria e satisfação estou enviando-lhes o convite para o lançamento de mais um livro de minha autoria "Histórias Maravilhosas de Homens Notáveis de A a Z", será no dia 05 de Agosto, a apresentação feita é da Desembargadora Margarida Cantarelli, as orelhas pelo Professor Palhares Reis e pela poetisa Iara Melo, amiga pernambucana que mora em Portugal."

Os Homens Notáveis escolhidos são:

A = André Nóbrega - nascido em João Alfredo - de pobre balconista de mercearia a empresário de sucesso em medicamentos no Recife

B = Bartolomeu Melo - paraibano pobre de vendedor de eletrodomésticos a gerente geral norte e nordeste da Companhia Atlantic de Petróleo

C = Cláudio Viana - alagoano falecido, filho de motorista de ônibus, foi motorista de caminhão, e, chegou a ter fábrica e Companhia de transportes, um empresário bem sucedido no Rio de Janeiro

D = Danilo Cézar Aguiar Souza - pernambucano, criado no RJ, movido pelo sonho de ser alguém, chegou a coronel do exército, menino de família simples, caçula de cinco irmãos, cresceu com muito estudo e esforço.

E = Éfrem de Aguiar Maranhão - iniciou o magistério como professor de biologia , formou-se com sacrifício, é biólogo e médico, ex reitor da UFPE (Universidade Federal de PE), secretário de Educação do Estado de Pernambuco, ex Presidente do Conselho Nacional de Educação, ex Presidente da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, subiu na vida com sacrifícios dele e dos meus pais, pobres.

F = Francisco de Albuquerque Maranhão - iniciou a vida ajudante de eletricista a Comissário de Policial e ajudou a fundar o SINPOL (Sindicato de policiais civis de Pernambuco)

G = Geraldo Freire - nascido no Ceará, criado em Mimoso, fugiu para Recife sem formatura, faz sucesso há muitos anos no Rádio como comunicador, líder de audiência no Estado de PE.

H = Humberto Bezerra - nascido em São José do Egito, estudou com sacrifício, criado sem pai no interior, formou-se em Direito, chegou a gerente da Caixa Econômica (falecido)

I = Monsenhor Isnaldo Alves Fonseca - caruaruense falecido, menino pobre que entrou com 12 anos no seminário, foi Vigário Geral da Diocese de Olinda e de Recife

J = João Alberto Martins Sobral - nasceu em Sergipe, assumiu a sua família após a morte do pai, de bancário a cronista social de sucesso há 40 anos no Diário de Pernambuco

K = Kidelmir Batista - um ex aluno deficiente físico

L = Luciano Cassimiro - dentista pobre, filho de relojoeiro, que subiu na vida pelo seu esforço

M = Magno de Aguiar Maranhão - irmão professor escritor e ex reitor SUAM, filho de pais sacrificados, conquistou tudo por sua capacidade intelectual

N = Nilton Lins - nasceu pobre, lutou para conseguir ser alguém em Manaus, foi professor e reitor, também fundador da UNinIlton no Amazonas, um Dom Quixote que concretizou sonhos.

O = Orlando Enedino Silva - paraibano pobre, filho de pescador, que realizou o sonho ser professor da Universidade Federal de Pernambuco, com muito sacrifício.

P = Pe.Peters - paulista da capital São Paulo, professor padre e foi reitor Unicap-PE por 20 anos é presidente FEI/SP, um intelectual, predestinado ao sucesso

Q = Quito - amigo falecido um jovem bom que morreu aos 26 anos, coração de criança.

R = Robinson Cavalcanti - bispo episcopal professor aposentado da Ufpe e Unicap, intelectual, nasceu para brilhar.

S = Sebastião Rufino - nascido em Bom Jardim é deputado, foi juiz de futebol, trabalhou no mercado empacotando mercadorias, de soldado a coronel PM-PE

T= Tavares - tio falecido de vendedor prestanista, caixeiro viajante, a comerciante de sucesso no ramo do álcool

U = Ulysses Souza - nasceu em São Luís - MA , de vendedor de verdura a gerente e auditor geral do Banco do Estado do Maranhão

V = Veríssimo - nasceu no distrito de Panelas um dos fundadores da cidade de Cupira, ex prefeito, sem estudo mas, construiu várias escolas na cidade de Cupira

W = Wálter Nóbrega - paraibano engenheiro que se destacou na profissão e na COMPESA

Y = Ylo de Souza - menino pobre, vendia relógios a prestação, e, chegou a vender peixe na feira para pagar sua faculdade, dentista professor em Caruaru, sanitarista e advogado

X = Xaulin- Francisco Carvalho - cearense filho pescador, passou muitas necessidades básicas na vida, hoje chefe no IRH - PE

Z = Zadock Castelo Branco - jornalista político há 42 anos vida dura, pois, foi muito perseguido pelos poderosos, hoje é Editor no Diário de Pernambuco

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Gostaria de observar a originalidade do trabalho de Ana Lucila. As prateleiras das bibliotecas e das livrarias são cheias de biografias daqueles que a História enaltece com destaque, os seus heróis, ou dos que integram a galeria dos artistas nos mais diferentes campos de manifestação, e até mesmo dos vilões que todos rechaçam. A originalidade do livro de Ana Lucila está em buscar na sociedade, dentre os seus próximos, vidas que merecem ser conhecidas além dos círculos familiares e de amigos. Vidas exemplares e que permitem delas extrair lições de superação, de trabalho, de estudos, de obstinação, de coragem, enfim, bons exemplos num mundo onde os valores da dignidade, da honra e da honestidade faltam em muitos planos.

Ana Lucila, com essas histórias de vidas, faz um pedaço da História Social do nosso tempo e da nossa região. Apresenta-nos heróis do dia a dia, no mundo de pessoas simples, mas cheias de grande sabedoria. Li atentamente, cada biografia. Embora histórias diferentes, mas se pode identificar traços comuns – são histórias de superação, de limitações econômicas, sociais e até, para alguns, física. São pessoas que valorizaram o trabalho, os estudos, a responsabilidade profissional, a honestidade e o sentimento de família. É preciso enaltecer aqueles que, apesar dos percalços, se mantiveram no lado do bem, do certo, do justo e que podem ser modelos para a juventude e que orgulham todos os que os conhecem ou conheceram e os admiram.

Ana Lucila nos presenteia agora com este livro que é prenúncio de outros que, certamente, virão, frutos da sua sensibilidade de mulher, de escritora e, acima de tudo, de uma leal amiga.
(trechos do depoimento de Margarida Cantarelli – Professora de Direito Internacional, Desembargadora Federal do TRF 5ª Região)
Olinda, 18 de julho de 2010.

Fonte:
Colaboração de
Carlos Leite Ribeiro.

Esther Gonçalves (Cristais Poéticos)


HOJE EU QUERO FICAR...

Desculpe, hoje eu quero ficar quietinha,
Lendo, escrevendo, pensando, ouvindo,
Sonhando, vivendo, respirando, indo...
Sem alarde, sem música, mui quietinha...

Não quero sair por ai, nem festejar...
Tampouco pular de alegria ou cantar,
Não quero nada mais a não ser amar,
Com muitos beijos, a minha boca, calar...

E deixar o meu corpo inteiro respirar,
Este mesmo ar que existe em você...
Fazer do seu aconchego o meu também.

Porque hoje eu quero ficar para amar...
E ao amor me entregar, sem esquecer,
Que este amor me alimenta e faz bem!!!

'Hoje eu quero ficar
Envolvida apenas com o amor!'

[ao meu esposo Neto Castro].

UM BANHO DE ROSAS...

Dou-te um banho de rosas...
As mais belas do meu jardim,
Flores, orquídeas e jasmins,
Perfumadas, macias, formosas.

Para que... O teu corpo lindo,
Fique limpo e muito cheiroso,
Menino belo, homem formoso,
Em ti eu derramo este carinho.

Sinta todas as pétalas caindo...
Respire o aroma suave da rosa,
É um banho de carinho, gostoso.

Cubro-te com beijos e vá saindo,
Deste gostoso banho de rosas,
Menino belo, homem formoso!!!

'No jardim da vida,
Eu sou a tua rosa preferida!
Nos teus braços...
Viro pétalas da mais bela rosa...
A do amor!'

MEU MENINO...

Me pego pensando em você,
No mar infinito da saudade,
Tanta, que muito me invade,
E não deixa eu lhe esquecer.

Quando eu ouço a sua voz...
Ao meu ouvido, a sussurrar,
Louco, para comigo estar...
Vem esta vontade tão veloz,

Toma conta do pensamento,
Domina os meus sentidos...
E me faz sonhar acordada,

Com você a todo momento,
Fico sem palavras, sem juízo,
Com a saudade desenfreada!

LUZ DO SOL...

A madrugada se fora ao amanhecer do dia,
Começo a ver os primeiros reflexos do sol,
Surgindo no céu azul, e o formoso girassol...
Ao se abrir e procurar a luz que cobre o dia.

Manto sagrado que clareia as almas da Terra,
Fonte bendita, que aquece o corpo e a alma,
A fauna e a flora também, luz que mui acalma
O meu peito de criança, brilho que se encerra.

Quão grande é o seu brilho, percorre o Mundo,
Fonte de energia... Transforma o meu amor,
Em algo profundo e intenso, com o seu calor!

Brilho que traz-me vida, intenso e profundo...
Envolve todo o meu ser sem nenhum pudor,
Sol que espalha luz e calor, seja onde for!!!

SONETO AO AMOR

O meu coração é um jardim recheado de amor,
Flores perfumadas, grama verdinha, passarinhos,
E borboletas a voar pelo céu azul, tanto carinho...
Eu trago o brilho do sol no olhar, sinto o calor...

Que explode feito luz em meu corpo de menina,
Contagiando a todos à minha volta, amo e amo,
Este amor que há em mim e por amor reclamo...
Fonte inesgotável de rara beleza, água cristalina;

Bendito amor que me faz feliz e traz a minha paz...
Está escrito em meu olhar, em cada palavra, ser,
Pequenos gestos, simples toques, um sussurrar,

Ao pé do ouvido, tal qual, doce melodia que faz,
Com que eu viva para amar muito mais e fazer...
Do presente, o momento certo, pronto para amar!

O CAIR DA TARDE...

Veja, menino lindo, como é belo o cair da tarde...
A natureza festeja, o verde se alegra, a noite chega,
Nesta Terra tão amada por Deus, que mui alegra,
Com carinho e amor, canto, cheia de felicidade...

Pois o canto é a melodia que brota da alma e faz
Com que eu viva bem neste mundo de Deus,
De Jesus menino, e de todos os filhos seus,
Unidos numa mesma oração de união e mais...

Ao voltar para casa, após a jornada do trabalho,
É sempre bom ver os filhos, a casa, o nosso lar...
E com os entes queridos 'festejar' mais um dia...

Que trouxe consigo o esplendor do agasalho,
Do aconchego em família e que me faz cantar,
Esta canção pelo trabalho, alimento e moradia!
–––––-
'Obrigada, Senhor...
Por mais um dia!'

OS MEUS SONHOS...

Os meus sonhos ficaram perdidos
Na poeira do tempo, esquecidos...
N'algum lugar do passado sofrido,
Que vem ficar com o coração dolorido...

Já não posso mais sonhar assim,
Sem ter letrinhas nas mãos, em mim,
Tudo virou mera escuridão sem fim,
Quanto tormento, lamento... Enfim!

Cabisbaixa, sigo esta minha sina...
De jovem mulher, metida a menina,
Que não tem mais a alma cristalina,
Está marcada pela vida tão felina...

Oh, como estou triste e sozinha,
Que farei agora, se não sou rainha,
Tampouco princesa, ou a bonequinha,
Que a todos encantava, quando menina !?!

Meu olhos são somente lágrimas de dor,
Por um dia ter acreditado no tal do amor,
Que sorriu e se entregou com todo ardor,
E sentiu no céu, no mar, na terra, o calor.

Deste amor que com o tempo se desgastou...
Oh... Quanta dor em meu peito restou,
Já nem sei mais quem eu sou...
Ou, o que de mim restou!!!'

Fonte:
Esther Gonçalves

Esther Gonçalves (1967)



Esther Gonçalves dos Santos Castro. Nascida em 17/02/1967 em Coroatá-MA. Brasil. Filha de: Antônio Pedro dos Santos Neto [falecido em 13/06/1976] e Zulmira Lima Gonçalves dos Santos. Casada com Walmiro Castro Neto[16/10/1984], do qual tem uma filha: Walthênia Kellyne [também escritora].

Escreve poemas, contos, fábulas, romance, entre outros gêneros literários.

Sua formação: Pedagogia [UEMA].

Está nas Antologias: "Poemas à Flor da Pele II[com Soninha Porto]", "Poetas do Brasil [com Cacau Gonçalves]" Coordenação geral: Ademir Antonio Bacca.
Participa também do livro "Latinidade Poética, o Melhor da Poesia Latino Americana [Projeto de: Marcelo Puglia]".

Ama escrever poemas, chegando a escrever quatro a cinco por dia.

Criadora do seu próprio estilo o qual denomina "inovador", por não seguir estilos do passado, regras ou metrificação.

Fonte:
Esther Gonçalves

Antonio Roberto Fernandes (Sem Medida)


Quem diz que ama muito ou pouco, mente
ou não conhece o amor, na realidade,
pois não se mede o amor em quantidade,
se ama, ou não se ama, simplesmente.

Quem ama, embora sonhe com a eternidade,
ainda assim não sonha o suficiente
e em nada modifica o amor que sente,
seja na dor ou na felicidade.

Não há um meio olhar ou um meio beijo.
Ninguém tem dez por cento de um desejo
nem existe carícia desmedida.

E o amor, sem ter tamanho, é tão profundo
que podemos achá-lo num segundo
ou procurá-lo, em vão, por toda a vida.

Fontes:
Colaboração de Roberto Pinheiro Acruche. Trovas e Poemas - n. 18 - agosto 2010.
Imagem = Esther Gonçalves

Joaquim Cardozo (Espumas do Mar)


Cavalos ligeiros
De eriçadas crinas
Por que sobre as ondas
Passais sem parar?
Vencendo procelas,
Ressacas em flor,
Num fulgor de estrelas
A poeira das águas
Fazeis levantar.

Espumas do mar.

Nas serenas curvas
Da carne marinha
Há sopros, há fugas
De véus a ondular;
Vestidos de rendas...
Vestidos, mortalhas
De noivas morenas
Que em noites de lua
Virão se afogar.

Virão se afogar.

Se há fomes noturnas
Mordendo e chorando,
Lívidas, remotas
Fúrias soltas no ar,
Que os lábios do vento
Se abrindo devorem
A flor de farinha
Que as vagas maiores
Irão derramar.

Espumas do mar.

Nesse fogo verde
De cinza tão branca
Que se apure um mel

De brilho sem par;
Turbinas, moendas
No giro girando
E o açúcar nascendo
Na folha das ondas
Constante a rolar.

Constante a rolar.

Sobre os seios mansos
Das baías claras
Em puro abandono
Não hei de ficar;
Saudades das ilhas,
Amor dos navios,
Segredo das águas
Nas barras dos rios
Irei desvendar.

Espumas do mar.

Em mares incertos
Irei navegar;
E direi louvores
Às velas latinas
Por bem velejar;
Louvores direi
Aos lírios de sal
E às vozes dos búzios
Que sabem cantar.

Que sabem cantar.

Teu rosto esqueci,
Teus olhos? Não sei...
Da face marcada
O espelho quebrei
De muito sonhar;
Nos laços retidos
Das águas profundas
Tesouros perdidos
Quem há de encontrar?
Espumas do mar.

Fontes:
http://www.joaquimcardozo.com.br/
Imagem = http://www.milcores.pt/

Cláudio Willer (Lançamento do livro “Um Obscuro Encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna”)

Com especial satisfação, convido para o lançamento e sessão de autógrafos do meu novo livro, Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna, publicado pela editora Civilização Brasileira.

LOCAL: Será na Livraria Cultura (Loja Record) do Conjunto Nacional, à Av. Paulista 2073 (a Loja Record fica na galeria, em frente à entrada principal da Cultura, onde era a loja de livros de informática; há estacionamento conveniado no Conjunto Nacional).

DATA: Dia 11 de agosto, quarta-feira, a partir das 19 h.

O livro tem 462 páginas, e já está à venda por R$ 59,90. É a versão editada (com alguma redução e também acréscimos) da minha tese de doutorado em Letras, apresentada à USP em 2008. Na primeira parte, examino e discuto as doutrinas gnósticas (e as polêmicas recentes sobre gnosticismo); na segunda, trato de suas conexões, heterodoxas e paradoxais, com uma diversidade de autores, do Romantismo até hoje: William Blake, Novalis, Nerval, Baudelaire, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé, Pessoa, Breton e surrealistas, Dario Veloso, Hilda Hilst etc.

Com a perícia consumada de um piloto e a paciência meticulosa de um cartógrafo, este navio-livro de Cláudio Willer percorreu a belíssima costa de um continente raramente visitado na crítica literária do Brasil. [...]Como se destas páginas emergisse uma espécie de Atlântida esquecida, com suas altas colunas, e toda uma arqueologia de objetos latentes, que iluminam a leitura na criação de belos e mais vastos horizontes.
Marco Lucchesi

Poesia, diríamos, como práxis libertária que dinamiza as recíprocas relações entre sujeito e objeto, motivada, nos poetas aqui estudados, por um sempre móvel obscuro encanto. Poesia como liberdade formal implicada com a heterodoxia, inerente à poesia, discorre Claudio Willer, isto é, como uma busca aberta de sabedoria.
Benjamin Abdala Junior
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CLAUDIO WILLER é poeta, ensaísta e tradutor. Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Além de Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia, tem, à venda em livrarias, Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009); Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (Iluminuras, terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008) e Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM Pocket, nova edição em 2010).

Fonte:
Colaboração do Autor.

Ciranda das Trovas (Equilíbrio)


(As trovas foram separadas pelos estados a qual pertencem os trovadores, colocados em ordem alfabética de seus respectivos nomes)

PARANÁ

Num equilíbrio perfeito,
cidadania há de ser
amar e honrar o direito,
levar a sério o dever.
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS
MARINGÁ - PR

Perdeu-se um dia a ternura
que mantinha o teu olhar,
mas o Equilíbrio é ventura
que não perde o seu lugar...
CIDINHA FRIGERI
LONDRINA – PR

Neste nosso caminhar,
equilíbrio tem que ter:
em nossa forma de amar
e no nosso proceder!
CYROBA C.B. RITZMANN
CURITIBA – PR

O amor é sempre traiçoeiro
e compete com a razão
e o equilíbrio verdadeiro
se perde com a emoção.
ELISA SANTOS
PONTA GROSSA – PR

Quem sempre em tudo exagera,
comete um autoludíbrio.
Em todo caso e esfera
é necessário equilíbrio.
GERALDO PEIXOTO DE LUNA
LONDRINA – PR

Dá-se equilíbrio e vigor,
quando há perfeita equação,
entre uma vida interior
e sua real ação.
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
PINHALÃO – PR

É o equilíbrio a harmonia
Entre mente e coração;
Bom-senso e sabedoria
No pensamento e na ação.
LEONILDA YVONNETI SPINA
LONDRINA – PR

Para ser feliz, na vida,
bem alegre, a todo instante,
sem causar qualquer ferida,
o equilíbrio é importante.
NEI GARCEZ
CURITIBA – PR

Com muita dedicação,
equilíbrio é sintonia,
acalenta o coração,
no casal é harmonia.
NICOLAU ABICALAF NETO
PINHAIS – PR

Equilíbrio? Quem diria...
nunca tive, em dose certa.
Poucos notam, todavia,
pois eu tenho a mente aberta!
ROSE MARI ASSUMPÇÃO
CURITIBA – PR

Equilíbrio deve haver
mesmo no auge da paixão,
mas difícil é conter
nosso pobre coração !...
SÔNIA DITZEL MARTELO
PONTA GROSSA – PR

Equilíbrio, um dom da vida,
dos sábios, grande virtude
junto a afeição consolida,
seu poder de plenitude.
VÂNIA MARIA SOUZA ENNES
CURITIBA – PR

SANTA CATARINA

Ter equilíbrio é preciso
para poder viver bem.
Entre lágrima e sorriso
existe a pausa, também!
GISLAINE CANALES
CAMBORIÚ – SC

Duas forças em meu ego
tem a mesma intensidade
e em equilíbrio as carrego:
O sonho e a realidade.
MIGUEL RUSSOWSKY
JOAÇABA – SC

RIO GRANDE DO SUL

Equilíbrio de talento,
autocontrole, harmonia,
domínio, comedimento,
enriquecem nosso dia!
DELCY CANALLES
PORTO ALEGRE – RS

Com dose medicinal
e um equilíbrio perfeito,
não há carinho anormal
e nenhum homem sem jeito!
MARILENE BUENO
ELDORADO DO SUL – RS

Manter-se a justa medida
em tudo quanto se faz,
promove e harmoniza a vida:
- O Equilíbrio leva à Paz!
MARISA VIEIRA OLIVAES
PORTO ALEGRE – RS

RIO GRANDE DO NORTE

Um amor inconsequente
quando vira uma paixão,
tem equilíbrio na mente
mas não tem no coração!
ADEMAR MACEDO
NATAL – RN

O equilíbrio que proponho,
tem em uma extremidade,
o irrealismo do sonho
e na outra a realidade!
FRANCISCO NEVES DE MACEDO
NATAL – RN

Só ficaremos de pé,
ante os percalços da vida,
quando o equilíbrio da fé
nos mostrar uma saída.
HÉLIO PEDRO SOUZA
NATAL – RN

Que o equilíbrio consagre
paz, entre crentes e incréus.
E, que o mundo por milagre,
una-se ao reino dos céus!.
PROF. GARCIA
CAICÓ – RN

PERNAMBUCO

Harmonia equilibrada
com justiça social
pode ser considerada
equilíbrio imparcial!
LUIZA S. BENÍCIO DE MORAES
RECIFE - PE

BRASÍLIA

Quem age com equilíbrio,
moderação e presteza
dispensa força e ludíbrio
pra afirmar sua grandeza.
CYRO MASCARENHAS RODRIGUES
BRASÍLIA – DF

BAHIA

Você pode até amar
aos limites do impossível,
mas ao se relacionar,
equilíbrio, imprescindível.
RAYMUNDO SALLES BRASIL
SALVADOR – BA

ESPÍRITO SANTO

O equilíbrio mais perfeito,
que tara o amor e a paixão,
pesa no limite estreito
entre o prazer e a afeição!
GENILTON VAILLANT DE SÁ
VITÓRIA – ES

PIAUÍ

Ensina a sabedoria
o equilíbrio se manter
e dosar com harmonia
a fortaleza e o viver.
GISLENO FEITOSA
TERESINA – PI

ACRE

Muito equilíbrio e nobreza,
num Cristão pode ser visto.
também adornou a mesa
da Santa Ceia de Cristo.
RENÃ LEITE PONTES
RIO BRANCO - ACRE

MINAS GERAIS

Vendo o equilíbrio perfeito
das forças da natureza,
pôs-se o homem, em seu despeito,
a destruir-lhe a grandeza.
ALMIRA GUARACY REBÊLO
BELO HORIZONTE – MG

O equilíbrio nesta vida
conseguimos se tivermos
Deus como única guarida,
Luz dos exemplos que dermos.
ANGELA TOGEIRO
BELO HORIZONTE – MG

No equilíbrio a lei é essa:
sempre andar devagarzinho.
Quem corre, muito tropeça,
acaba errando o caminho.
CÔNSOLI
BELO HORIZONTE – MG

Pensa em Deus, se vês defeito
neste mundo tão perverso,
para o equilíbrio perfeito
entre os planos do universo!
GABRIEL BICALHO
MARIANA – MG

Vejo entre o branco e o preto
uma imensidão de cores
num equilibro completo ,
mais de mil formas de amores.
MARIA THEREZA NEVES
JUIZ DE FORA - MG

Eu e você, amor-criança
navegando em manso rio;
pratos da mesma balança
no mais perfeito equilíbrio.
OLYMPIO COUTINHO
BELO HORIZONTE – MG

RIO DE JANEIRO

Equilíbrio, marco fiel
no romance com lealdade.
É gostoso como mel,
expondo sinceridade.
AGOSTINHO RODRIGUES
CAMPOS – RJ

Diminuir a pobreza?
O equilíbrio é solução:
quem sobrar, em sua mesa,
dê ao mais pobre o seu pão!
ALBA HELENA CORRÊA
NITERÓI - RJ

Ter equilíbrio na mente,
a maior felicidade;
findar a vida da gente
depois da terceira idade!
DIAMANTINO FERREIRA
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

Opostos os sentimentos
são eles ódio e paixão.
Mas, temos que estar atentos
com equilíbrio e razão...
DILMA SUERO
ESTÁCIO – RJ

Siga firme nessa lida,
no equilíbrio e sensatez,
soboreie sempre a vida,
se orgulhando do que fez!
DIRCE MONTECHIARI
NOVA FRIBURGO - RJ

"Na corda bamba da vida,
o equilíbrio nos conduz
à esperança renascida,
num rumo feito de luz!..."
HERMOCLYDES SIQUEIRA FRANCO
NOVA FRIBURGO – RJ

Teu equilíbrio produz
um clima que me deslumbra
e, em laivos de treva e luz,
eu sonho, envolto em penumbra!
JOSAFÁ SOBREIRA DA SILVA
RIO DE JANEIRO – RJ

Não importa missa ou reza
para o equilíbrio mental,
aquilo mesmo que pesa
e tentar ser natural!
LUCIA SERTÃ
NOVA FRIBURGO – RJ

Ter equilíbrio na vida
faz bem para o coração;
ser a Deus agradecida,
demonstra ter emoção.
NEIVA FERNANDES
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

Quando o Equilíbrio no Amor
- como dizem os antigos -
tira o seu melhor sabor...
Melhor sermos só amigos!
RENATO ALVES
RIO DE JANEIRO – RJ

A amizade não dispensa
equilíbrio de afeição,
pois lhe garante a presença
de um amor "sem proporção"...
RUTH FARAH NACIF LUTTERBACK
CANTAGALO – RJ

Quem tem nobres sentimentos
e equilíbrio na afeição,
evita grandes tormentos
e mágoas no coração.
SÔNIA MARIA SOBREIRA DA SILVA
RIO DE JANEIRO

Perco a paz... não a retenho,
tonteio... fico sem norte,
se o equilíbrio eu não mantenho
na minha emoção mais forte.
THEREZINHA TAVARES
NOVA FRIBURGO – RJ

SÃO PAULO

Tem equilíbrio a pessoa
que com muito engenho e arte,
quem chega acolhe na boa,
sente falta de quem parte.
ADAMO PASQUARELLI
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

Na corda bamba da vida
meu equilíbrio anda perto
de descobrir a medida
entre um tombo e um passo certo
ALBA CHRISTINA
SÃO PAULO - SP

Quando se tem equilíbrio
é melhor a compreensão,
isso traz um grande alívio
aos males do coração.
ALDA LOPES DE OLIVEIRA REZENDE
TAUBATÉ – SP

O equilíbrio na afeição,
vale como um bom tempero,
dá sabor à relação
vai fugindo do exagero.
ALFREDO BARBIERI
TAUBATÉ – SÃO PAULO

Com equilíbrio caminho
pensando no que escrever
para mostrar o carinho
que sinto sempre ao te ver.
ANA PAULA SOUZA SANTOS.
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Com compasso e equilíbrio
andarei pela cidade.
Se tiver desequilíbrio
sairei da realidade.
ARIANE APARECIDA DOS SANTOS MACIEL
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

A verdade é Jesus,
equilíbrio é bom senso;
quando encontro sua luz,
eu sinto um amor intenso.
BARÃO DE JAMBEIRO
JAMBEIRO – SP

Estava andando na rua
quando perdi o equilíbrio.
Riram todos, até a lua,
desse meu desequilíbrio.
CARLOS MAGNO BATISTA DA SILVA
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

Com equilíbrio caminho
num único movimento.
Sigo sempre tão sozinho
com todo o meu sentimento.
CAROLINE GONÇALVES DOS SANTOS.
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Equilíbrio faz contraste
entre o sentido e a razão,
ligados na mesma haste
que comandam a emoção!
CÉLIA APPARECIDA SILLI BARBOSA
RIBEIRÃO PRETO – SP

Agindo em plena razão
para o equilíbrio buscar,
controle sua emoção
e deixe o bom senso atuar.
CLÁUDIO DE MORAIS
TAUBATÉ - SP

Com equilíbrio e sozinho
buscando um mundo melhor
sigo sem dor e espinho,
com as lembranças de amor.
DAIANA CRISTINA RIBEIRO
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Queria ter equilíbrio
para atravessar o mar,
mas, só o desequilíbrio
é que me faz lamuriar.
DÉBORA EVELIN SILVA DE SOUZA.
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Nosso amor (meu, na verdade,)
mal se equilibra num leito
onde finjes, sem piedade,
que não mais te diz respeito...
DIVENEI BOSELI
SÃO PAULO – SP

Na balança da afeição
equilíbrio tem que haver
pra medir com precisão
o valor do bem-querer.
EDINA DUARTE SILVA DO PRADO
RIBEIRÃO PRETO – SP

Me equilibro sobre o muro,
nas garras da sedução...
Buscando um porto seguro
que ancore o teu coração!
ELISA ALDERANI
RIBEIRÃO PRETO – SP

O equilíbrio alí mantendo
conseguiu seu bem estar,
Pois o bem pra si trazendo
Outros irá ajudar...
GERTRUDES GRECO
GUARATINGUETÁ – SP

Nunca faças nada a esmo,
usa sempre de equilíbrio;
não transformes a ti mesmo
num réu do próprio ludíbrio!
HUMBERTO RODRIGUES NETO
PIRITUBA – SP

Pra ajudar a sua mente
no equilíbrio se manter,
faça bem serenamente
o que tiver que fazer.
ILZE SOARES
CATANDUVA – SP

Nem só equilíbrio e paz
em teu rosto contemplei.
Sentindo que sou capaz:
com mais amor agirei.
ISABELLE C. G. GALVÃO SILVA
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

No amor é um grande suporte
O equilíbrio é um desafio
Entre o nascimento e a morte
Pra quem tem curto o pavio
IVANA MARIA FRANÇA DE NEGRI
PIRACICABA – SP

O equilíbrio é o esteio
que suste o amor e a afeição,
na frente, atrás e no meio
sem qualquer imposição.
JAIR PEREIRA DA SILVA
PILAR DO SUL – SP

O equilíbrio na afeição
e o amor na dose certa,
harmonizam a paixão,
quando no peito desperta.
JOEL HIRENALDO BARBIERI
TAUBATÉ – SP

Quem o equilíbrio cultua,
não vive vagando ao léu;
percebe que a prece sua
alcança mais cedo o céu!
JOSÉ VALDEZ CASTRO DE MOURA
PINDAMONHANGABA - SP

Equilíbrio traz a paz...
Presente vindo de Deus.
Quero sempre ser capaz
de passá-lo para os meus.
LARISSA ALVES
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

O equilíbrio é a balança
de quem sabe bem viver,
com ele sempre se alcança
coragem para vencer.
LEDA COLETTI
PIRACICABA – SP

Ajustar a temperança,
o equilíbrio e a sensatez,
é mostrar mais segurança
e viver com fluidez.
LÍDIA VARELA SENDIN
PIRACICABA - SP

Tive o equilíbrio e sem pressa
passei sozinho no frio.
Você demorou `a bessa,
sem sua presença é o vazio.
LUANA GABRIELA SANTOS DE FARIA.
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Como levar esta vida
sem equilíbrio e bom senso?
No mundo há tanta ferida,
mas no amor me recompenso.
MÁRCIA SANCHEZ LUZ
ARARAS – SP

Equilíbrio é preciso
para andar de bicicleta
para ter também juízo
e tornar- se um bom atleta
MARGARETE APARECIDA DOS SANTOS CARDOSO
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

Que seja sóbrio o afeto
Não de gestos, mas de falas
Num equilíbrio discreto
Entre o que dizes e calas
MARIA CECILIA GRANER FESSEL
PIRACICABA – SP

O equilíbrio até perdi
quando me fixaste o olhar!
Teu coração invadi
no intuito de lá ficar.
MARIA CONCEIÇÃO DE PAULA
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP

O mais lindo dos romances
entre pessoas mantém,
diante das várias chances,
seu equilíbrio também.
MARIA DIVA FONTES RICO
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

Equilíbrio nas ações,
palavras e pensamentos,
enlaçam os corações
nos mais puros sentimentos ...
MARIA EMÍLIA LEITÃO MEDEIROS REDI
PIRACICABA – SP

Equilíbrio deves ter
ao julgares teu irmão,
pois não podes esquecer
das falácias da emoção!
MARIA MARLENE NASCIMENTO TEIXEIRA PINTO
TAUBATÉ – SP

Há na infancia brincadeiras,
equilíbrio e educação.
Pra não se fazer asneiras,
viva a equilibração.
MARIA REGINA MOURA RIBEIRO
SÃO PAULO – SP

Equilíbrio eu quero ter
para andar de bicicleta,
para um dia vir a ser
talvez, quem sabe, um atleta,
MARIA THEREZA MAZIERO DE OLIVEIRA
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
Escola: “Natural Vivência”

Equilíbrio, harmonia!
Meu estro vou pôr à prova ...
Vou dar cores à poesia!
E a doçura nesta trova.
MARLENE DE OLIVEIRA LOPES
MOGI DAS CRUZES – SP

O equilíbrio não existe
na guerra pelo poder;
é uma luta que consiste
em pensar só em vencer.
MARTINHO MONTEIRO
TAUBATÉ – SP

Crise gera desafio
e varias soluções pede
mas, o equilíbrio macio,
detona a crise e a despede.
MIFORI
MOGI DAS CRUZES – SP

Já no equilíbrio das ondas
vejo o mar agradecer,
os limites que lhe sondas
e que o faz aparecer.
MIFORI
MOGI DAS CRUZES – SP

Equilíbrio é harmonia,
prudência e moderação;
mantê-lo é manter em dia
mente sã em corpo são.
MYRTHES MAZZA MASIERO
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

Equilíbrio é por certo,
amigo da disciplina,
sem deixar canal aberto,
evita tanta ruína...
NADIR NOGUEIRA GIOVANELLI
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

Equilíbrio é o que preciso,
quando a razão escasseia,
porque a alma perde o siso,
e o coração cambaleia.
NAIDATERRA
OSASCO – SP

Neste mundo tão moderno
busca o equilíbrio, razão,
para tudo que é do inferno
nesta vida de cristão.
NILTON MANOEL
RIBEIRÃO PRETO – SP

Equilíbrio se requer
entre o querer e o poder;
só pode ter o que quer
quem quer o que pode ter!
PEDRO ORNELLAS
SÃO PAULO – SP

No batente a porta cabe
mas, estava tão aberta!...
Equilíbrio? Não se sabe.
Se não tem, a gente acerta.
RAFAELA RODRIGUES LOLO
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

Com equilíbrio...Cai não!
Caminhando com cuidado
chegará, feliz irmão,
assim tão bem aprumado.
TAILA FERNANDA BITTENCOURT
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

Quando vivo sentimentos
eu os vivo sem ludíbrio;
assim, vivo meus momentos
com firmeza e equilíbrio.
TARCÍSIO JOSÉ FERNANDES LOPES
DÉCIO RODRIGUES LOPES
MOGI DAS CRUZES - SP

A vida grata aventura,
pra quem ama de verdade
com equilíbrio, doçura
achará felicidade!
WANDA DUARTE DA SILVA
RIBEIRÃO PRETO – SP

Para opinar, se não mede,
deve incorrer em pecado...
Falta equilíbrio, se excede,
no dosar o certo e errado...
WANDERLEY GARCIA
JALES –SP

Estava na corda bamba,
e cai logo no chão.
Minha mãe me viu. Caramba!
Deu-me um grande beliscão.
WESLEY VINICIUS DE O. CLARO
PARAIBUNA – SP
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo”

Sempre perco o equilíbrio
quando penso em voar,
ai vem desequilíbrio.
Não quero ficar no ar.
YASMIM SCARLAT RIBEIRO GONZAGA
PARAIBUNA – SP
EE. “Dr. Cerqueira César”

PORTUGAL

Numa família de bem
com falta de suprimentos,
equilíbrio é ganhar cem
e precisar de duzentos.
ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
PAREDE – PORTUGAL

O equilíbrio perfeito,
no amor e no dever,
é jóia a trazer ao peito,
para toda a gente ver.
CÉLIA MARIA DA CUNHA SANCHES
PÉ-SALGADO GÓIS – PORTUGAL

Equilíbrio na afeição,
na justiça e no dever,
só assim, numa Nação,
valia a pena viver.
CLARISSE BARATA SANCHES
GÓIS - PORTUGAL

O equilíbrio entre a mente
e o mundo que nos rodeia
só se alcança plenamente
se de amor a alma é cheia.
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
ÍLHAVO – PORTUGAL

Equilíbrio na afeição
é sinal de bem amar!
- Quando é grande a paixão
passa sem nada deixar!...
GISELA ALVES SINFRÓNIO
OLHÃO - PORTUGAL

Com a vida equilibrada,
a crise será vencida.
Um amor que do Céu brada,
não desliza na descida.
ISAURA MARTINS
LAMBERIAS TÁBOA/ PORTUGAL

Quem não se equlibra bem
e traz a alma perdida,
não sabe o valor que tem
o equilíbrio da vida!
JUDITE RAQUEL DAS NEVES FERNANDES
GÓIS -PORTUGAL

O equilíbrio é necessário
Sempre com justa medida
Será sempre um relicário,
Que deve manter na vida!
MARIA JOSÉ FRAQUEZA
OLHÃO – PORTUGAL

Tanto em crentes, como ateus,
há tanta gente perdida,
que apenas peço: - Meu Deus,
dá-lhe equilíbrio na vida.
OLÍVIA ALVAREZ MIGUEZ BARROSO
PAREDE – PORTUGAL

OUTROS PAÍSES

ESPANHA

É pura "necessidade"
equilíbrio do viver
compreender com humildade
que tudo deve morrer!
CARLOS IMAZ ALCAIDE
ALICANTE / ESPAÑA

ESTADOS UNIDOS

Todo homem deve saber,
que na mente, corpo e alma
EQUILÍBRIO há que ter,
para conservar a calma!
CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ
ESTADOS UNIDOS

FRANÇA

Auto domínio da mente,
comedimento e prudência,
são o equilíbrio presente
em nossa sobrevivência!
MAIMA
TOULON – FRANCE

JAMAICA

Urge! A Terra convida
a aplacar ardor da grama,
restaurar o verde, a vida.
Equilíbrio é por que clama.
ISRAEL DOS SANTOS
KINGSTON - JAMAICA

PERÚ

Nosso equilíbrio da mente
procuremos nós, manter,
para viver plenamente
e penúrias nunca ter.
JAMIL PISCOYA AYALA
PERÚ

REPUBLICA DOMINICANA

Equilíbrio são teus beijos
minha grande fantasia,
a cor de novos Desejos
faz da trova a poesía.
GARIBALDY MARTÍNEZ
SANTO DOMINGO – UBT-REPÚBLICA DOMINICANA

SUIÇA

De equilíbrio já dei prova
pelo mundo, em toda a parte.
Mas, pra fazer uma trova,
falta-me o engenho e arte.
JORGE A. G. VICENTE
SUÍÇA

Fonte:
Teka Nascimento (Lençois Paulista-SP)

Antonio Cândido (Literatura e Cultura de 1900 a 1945: panorama para estrangeiro) Parte 1



Nota É preciso ter em mente que o "atual" deste estudo é o ano de 1950, quando foi redigido. Isso explica certos erros de avaliação e de perspectiva, bem como o sentido então diferente de algumas palavras, como é o caso de "nacionalismo".
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Se fosse possível estabelecer uma lei de evolução da nossa vida espiritual, poderíamos talvez dizer que toda ela se rege pela dialética do localismo e do cosmopolitismo, manifestada pelos modos mais diversos. Ora a afirmação premeditada e por vezes violenta do nacionalismo literário, com veleidades de criar Até uma língua diversa; ora o declarado conformismo, a imitação consciente dos padrões europeus. Isto se dá no plano dos programas, porque no plano psicológico profundo, que rege com maior eficácia a produção das obras, vemos quase sempre um âmbito menor de oscilação, definindo afastamento mais reduzido entre os dois extremos. E para além da intenção ostensiva, a obra resulta num compromisso mais ou menos feliz da expressão com o padrão universal. O que temos realizado de mais perfeito como obra e como personalidade literária (um Gonçalves Dias, um Machado de Assis, um Joaquim Nabuco, um Mário de Andrade) representa os momentos de equilíbrio ideal entre as duas tendências.

Pode-se chamar dialético a este processo porque ele tem realmente consistido numa integração progressiva de experiência literária e espiritual, por meio da tensão entre o dado local (que se apresenta como substância da expressão) e os moldes herdados da tradição européia (que se apresentam como forma da expressão). A nossa literatura, tomado o termo tanto no sentido restrito quanto amplo, tem, sob este aspecto, consistido numa superação constante de obstáculos, entre os quais o sentimento de inferioridade que um país novo, tropical e largamente mestiçado, desenvolve em face de velhos países de composição étnica estabilizada, com uma civilização elaborada em condições geográficas bastante diferentes. O intelectual brasileiro, procurando identificar-se a esta civilização, se encontra todavia ante particularidades de meio, raça e história nem sempre correspondentes aos padrões europeus que a educação lhe propõe, e que por vezes se elevam em face deles como elementos divergentes, aberrantes. A referida dialética e, portanto, grande parte da nossa dinâmica espiritual, se nutrem deste dilaceramento, que observamos desde Gregório de Matos no século XVII, ou Cláudio Manuel da Costa no século XVIII, até o sociologicamente expressivo.

Grito imperioso de brancura em mim de Mário de Andrade, — que exprime, sob a forma de um desabafo individual, uma ânsia coletiva de afirmar componentes europeus da nossa formação.

Dentre as manifestações particulares daquela dialética, ressalta o que se poderia chamar "diálogo com Portugal", que é uma das vias pelas quais tomamos consciência de nós mesmos. Na lenta maturação da nossa personalidade nacional, a princípio não nos destacávamos espiritualmente dos nossos pais portugueses. Mas, à medida que fomos tomando consciência da nossa diversidade, a eles nos opusemos, num esforço de auto-afirmação, enquanto, do seu lado, eles nos opunham certos excessos de autoridade ou desprezo, como quem sofre ressentimento ao ver afirmar-se com autonomia um fruto seu. A fase culminante da nossa afirmação — a Independência política e o nacionalismo literário do Romantismo — se processou por meio de verdadeira negação dos valores portugueses, até que a autoconfiança do amadurecimento nos levasse a superar, no velho diálogo, esta fase de rebeldia. Tomada de consciência, portanto, como rebeldia de um lado e despeitado menosprezo de outro. Os respectivos estereótipos se formaram lentamente. Do lado brasileiro, o "magano de Portugal" prenuncia, desde Gregório de Matos, o "marinheiro" dos dias da Independência e da Regência, o "galego" do Naturalismo e de todo o anedotário desenvolvido até os nossos dias, culminando, como última manifestação, na diatribe grosseira e ingênua de Antônio Torres, em As razões da Inconfidência (1925). Do lado português, veio desde o crudelíssimo "neto da rainha Ginga" de Bocage, contra o nosso pobre Caldas Barbosa, até o: "Entenderam? É claro como o mulato" — de Camilo Castelo Branco, divertido e agressivo desprezador de brasileiros.

Na verdade, esse longo e por vezes áspero diálogo de família apresenta outros aspectos, se, ainda aqui, passarmos da atitude literária para o mecanismo profundo das influências e das trocas culturais. Pode-se mesmo dizer que a nossa rebeldia estereotipada contra o Português, representando um recurso de autodefinição, recobria no fundo um fascínio e uma dependência. Todo o nosso século XIX, apesar da imitação francesa e inglesa, depende literariamente de Portugal, através de onde recebíamos não raro o exemplo e o tom da referida imitação. Quando o diálogo se despoja da sua aspereza, amainando-se em mesuras acadêmicas, convênios ortográficos, exaltações e louvores recíprocos, na retórica sentimental e vazia das missões culturais (estamos descrevendo o que se passa no século XX), podemos ver que a influência morreu, praticamente, tanto é verdade que a vida se nutre das tensões e dos conflitos.

Fonte:
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 9. ed. RJ: Ouro Sobre Azul, 2006.