terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Franz Kreüther Pereira (Painel de Lendas & Mitos da Amazônia) Parte 5


Trabalho premiado (1º lugar) no Concurso "Folclore Amazônico 1993" da Academia Paraense de Letras

A PRESENÇA DO ANIMAL E DO SEXO NO MITO

Os elementos de narrativa mitológica, maximé na região amazônica, são quase todos zoomorfos, e aí reside também um conteúdo simbólico cujas raízes perderam-se nos eões da história humana. Aparentemente o animal personifica algumas qualidades humanas, como por exemplo, a astúcia, que nas lendas tapuias encontra-se caracterizada no inofensivo jabuti, enquanto que nos mitos de origem européia, a mesma qualidade é atribuída à raposa; e na mítica africana, ao macaco. Como a nossa cultura recebeu legado das três raças - aborígene, negra e européia - encontramos com facilidade traços dessa miscigenação nalgumas lendas e contos por todo território nacional. É de se observar, porém, que a região Norte guarda ainda muito do acervo ancestral, ao passo que para a região Sul e Centro-Oeste, principalmente, as freqüentes correntes migratórias acrescentaram novos adornos, enfeites, adereços, de sorte que resta pouco do espírito fundamental que vive nas tradições populares.

Vejamos a opinião do já citado autor de "O Mundo Mágico dos Sonhos":

"O animal é sobretudo o instinto no que pode ser mais agudo: o Ver ou o Sentir, e também a Audição. Pelos seus órgãos sensoriais muito desenvolvidos, ele percebe e capta toda espécie de informações, de influências, de indícios, de sinais, que o homem não poderá jamais perceber. Para as sociedades primitivas, o animal estava presente na terra bem antes do homem; chamam-no o Ancestral, e nós carregamos, segundo a entidade totêmica à qual somos ligados, a marca, a característica astral de um ou outro animal, se não de vários...."[34]

Buscar nos animais características ou atributos necessários a um guerreiro, é costume em todos os povos primitivos. Indígenas de diversas culturas identificam-se cerimonialmente com alguns animais ou batizam sua tribo e sua própria descendência com nome de bichos. E, além disso, nalguns povos antigos, celebrava-se, com periodicidade, rituais cuja finalidade consistia em promover o casamento entre o homem e a natureza, formalizando pactos e reforçando os liames invisíveis que garantiriam um período de fertilidade, de boas colheitas e de fecundidade, tanto para o solo cultivado quanto para as criações domésticas, para o rebanho e para a própria prole.

A análise detalhada e percuciente que fez Osvaldo Orico, subsidiária desse e de tantos outros trabalhos, observou que “mesmo certas festas e crenças que adquiriram sabor regional [...] São transplantações de cerimônias remotas, que os gauleses, germanos e escandinavos celebravam por ocasião dos solistícios de verão” [35]. Obviamente se conclui que alguns mitos que ainda hoje ouvimos, são fragmentos desses antigos rituais pagãos, que o cristianismo perseguiu e fez desaparecer. Um típico ritual celta da fertilidade é apresentado e descrito com vigor e beleza de cores e poesia, pela escritora Marion Z. Bradley, na sua saga mágica "As Brumas de Avalon”. Nele, um homem vestido como o animal sagrado e encarnado pela energia totêmica, simbolizando o poder fecundante, era posto em conúbio com mulheres - ou com uma virgem - que representavam o "espírito da terra", o receptáculo universal da energia criadora que era representada pelo homem.

No folclore de nossos indígenas e caboclos é frequente encontrarmos histórias onde figuram relações sexuais entre seres humanos e não-humanos, animais ou encantados. Na Amazônia temos esse delfim, o Boto, e temos, também, algumas versões do Curupira, em que o sexo é negociado como escambo. Temos ainda, o Xibui (Chíbui) e outros numes, mas, ao contrário das lendas medievais onde o sexo é carregado de uma conotação cerimonial, nas nossas histórias ele não parece conter nenhum significado mágico e nem sentido moral. Há uma lenda sobre a origem do Sol e da Lua[36], onde são registradas diversas relações sexuais entre algumas mulheres e bichos.

A respeito dessas histórias eróticas com seres míticos, a opinião de Jung é a seguinte:

"El critico moralista dirá que esas figuras son projeciones de estados sentimentales de ansiedad e de fantasias de caráter repudíable."

Entre as possibilidades levantadas por Mercier e as afirmativas da psicanálise, segundo a qual essas histórias constituem a expressão de desejos sufocados, inclino-me à primeira. Não acredito que a origem dos mitos e das relações entre seus elementos e os seres humanos sejam meras projeções inconscientes de alguns desejos represados, ou fantasias de almas sonhadoras, ou ainda, visualizações de pessoas mentalmente sugestionáveis. Defendo para o mito uma origem basal única, fundamentada na clarividência que os primitivos deviam possuir e que foram perdendo na medida que evoluíam até resultar no homem moderno. Quanto ao caráter sexual contido no mito e as relações entre um humano e um animal, parece que surgiram junto com a Criação, quando a primeira mulher de Adão, Lilith, era uma serpente!

As relações sexuais também constam de outro mito mais moderno, consoante com a Era Espacial em que vivemos: o mito dos Discos Voadores. Há relatos na casuística ufológica* onde atestou-se o contato carnal, a relação sexual, entre criaturas humanas e extraterrestres; e no curso da história humana há indícios inquietantes da presença de inteligências exobiológicas e seu concurso com os habitantes da Terra. E há ainda a crença, entre os nativos da região do Rio Negro, que através de "puçangas", que são umas beberragens preparadas com certas plantas, a pessoa - pajé ou feiticeiro - pode transformar-se em diversos animais, como boto, morcego, pássaro, etc., e sob essa forma ir ter com alguém. Essa transformação, por certo, não se dá no plano físico, ou seja, na metamorfose, na transfiguração de gente em bicho. É mais crível que se processe num plano astral, ao qual o praticante alcança pela ingestão de certas substâncias alucinógenas, que possibilitam ao seu duplo etérico ou corpo astral, abandonar o corpo físico e se identificar com o duplo do animal.

A idéia de que um "duplo" pode ser o elemento originador, o gérmen, de um mito - tal como o grão que ao penetrar na ostra se transforma em uma pérola - também é aceita pelo eminente Câmara Cascudo. Percebemos isto quando, em sua Geografia dos Mitos Brasileiros, afirma que maragingoana é um "duplo". Maragingoana é, para uns, a alma que, separada do corpo físico, aparece para alguém lhe anunciando a morte próxima; para outros, é tido como uma espécie de "espírito desordeiro". Porém, esse ser astral nada tem de luxúria e libertinagem, essas características ou predicativos são de outra categoria, denominados íncubos (os masculinos) e súcubos (os femininos). Segundo os místicos e ocultistas, os íncubos e os súcubos são formas astrais originárias dos pensamentos obsedantes de natureza lasciva que conduzem a imaginação do indivíduo, durante o sonho, para uma real sensação de cópula, produzindo muitas vezes o orgasmo. Não há nada de anormal nesses sonhos eróticos, sua finalidade é libertar a pessoa da carga sexual reprimida, que se desbloqueia no mundo onírico, onde á a imaginação do sonhador que dita as normas, cria as regras e dirige o espetáculo.

Ter sonhos libidinosos está na natureza de todo ser humano, mas foram os religiosos catequistas que incutiram nos selvagens, naturalmente supersticiosos, a crença de que estes sonhos, bem como os pesadelos e as perturbações que tinham durante o sono, eram artes de um demônio que os atormentava por estarem com culpas inconfessas; por estarem incorrendo em pecado, etc. Dessa forma, os missionários disseminaram a crença num ente maléfico, um espírito do mal, responsável pelos tormentos noturnos e sonhos maus a que estavam sujeitos os íncolas. E o responsável por tudo isso era o Jurupari, “que aparece em sonhos, causando pesadelos às pessoas”.[37] Para. Orico "o sexo é a tônica da atividade mental do índio como agente criador de uma literatura oral subordina da ao instinto, pelo uso de sucos e raízes excitantes"[38], mas isso não explica porque apenas a Iara, efetivamente, é a sedutora dos homens enquanto que as mulheres podem ser seduzidas por animais que se metamorfoseam em homens. Eu creio que a questão do sexo nas lendas e mitos merece um estudo mais atencioso, pelo menos um ensaio.
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Notas
34 MERCIER, Mario. Op. cit. p. 54.
35 ORICO, Osvaldo. Op. Cit. p. 54
36 VILAS BOAS, Orlando & Cláudio. Xingu: os índios. seus mitos. Porto Alegre: Kuarup, 1986.
37 ORICO, Osvaldo. Op. cit. p. 62.
38 Id. ibid.p.25.
* A Ufologla é uma ciência emergente que se dedica ao estudo dos fenômenos que envolvem as aparições dos UFOs (Unidentified FIying Object - Objetos Voadores Não ldentificados ou OVNI) e de seres extraterrestres (ETs), e da consequente influência desses contatos sobre o planeta, sobre as plantas, animais e pessoas.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Auta de Souza (Trovas Avulsas)


Ama e serve, sofre e luta...
Sem lâmina que a sublima,
a pedra largada e bruta
nunca seria obra-prima.

Arte nobre, ativa e bela
Venha de crentes ou ateus,
E sempre luz que revela
A Providência de Deus.

Caridade verdadeira,
Em todos os seus caminhos,
Quando oferece uma rosa
Sabe tirar os espinhos.

Colhi, entre amigos meus,
este conceito profundo:
- Mãe é um sorriso de Deus
nos sofrimentos do mundo.

Embora desiludida,
alma cansada e sincera,
por muito te doa a vida,
não desanimes!... Espera!

Eu quero bem às crianças
porque não sabem mentir:
são pombas lindas e mansas,
passam na vida a sorrir.

Filho do meu coração,
Nas lutas por luz e paz,
Não te afastes da razão,
Mas só na fé vencerás.

Mãe de filhinhos dos outros,
Mulher de mãos benfazejas...
Diz o Mundo : – "Deus te guarde!..."
Diz o Céu : – "Bendita sejas!...”

Na bela dupla de estrelas
Em que o Natal se anuncia,
Precedendo a de Belém,
A primeira foi Maria.

Ofensa, pedrada, espinho,
injúria, maldade ou lama...
Tudo vence, no caminho,
o coração de quem ama.

Obsessão de quem ama,
ninguém consegue entendê-la:
parece vaso de lama
encarcerando uma estrela.

Quando eu morrer, vou assim:
Sustendo meu coração...
Saudade da terra? Sim!
Saudade da vida? Não!

Segue o ideal que te aquece,
serve ao bem, seja onde for;
trabalho que permanece
é o que se faz por amor.

Tenho a luz dos dias meus
nesta sentença concisa:
coração entregue a Deus
tem tudo de que precisa.

Tribulações de alma aflita?...
Esquece, fazendo o bem;
Deus é a bondade infinita,
não desampara a ninguém.

Todo amor é Deus na vida
A criá-la e engrandecê-la,
Desde a penúria do charco
À luz divina da estrela.
--
Fonte:
Trovas enviadas pela profa. Dione de Souza/RN
Auta de Souza. Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Trova 219 - Nemésio Prata (CE)

Auta de Souza (Poemas Escolhidos)


CREPÚSCULO

a Júlia Lyra

O Ângelus soa. Vagarosamente
A noite desce, plácida e divina.
Ouço gemer meu coração doente
Chorando a tarde, a noiva peregrina.

Há pelo espaço um ciciar dolente
De prece em torno da Igrejinha em ruína...
Pássaros voam compassadamente;
Treme no galho a rosa purpurina...

E eu sinto que a tristeza vem suspensa
Sobre as asas da noite erma e sombria...
E que nessa hora de saudade imensa,

Rindo e chorando desce ao coração:
Toda a doçura da melancolia,
Todo o conforto da recordação.

TUDO PASSA

Aquela moça graciosa e bela
Que passa sempre de vestido escuro
E traz nos lábios um sorriso puro,
Triste e formoso como os olhos dela...

Diz que sua alma tímida e singela
Já não tem coração: que o mundo impuro
Para sempre o matou... e o seu futuro
Foi-se num sonho, desmaiada estrela.

Ela não sabe que o desgosto passa
Nem que do orvalho a abençoada graça
Faz reviver a planta que emurchece.

Flávia! nas almas juvenis, formosas,
Berço sagrado de jasmins e rosas,
O coração não morre: ele adormece...

AO PÉ DO TÚMULO

Eis o descanso eterno, o doce abrigo
Das almas tristes e despedaçadas;
Eis o repouso, enfim; e o sono amigo
Já vem cerrar-me as pálpebras cansadas.

Amarguras da terra! eu me desligo
Para sempre de vós... Almas amadas
Que soluçais por mim, eu vos bendigo
Ó almas de minh'alma abençoadas.

Quando eu daqui me for, anjos da guarda,
Quando vier a morte que não tarda
Roubar-me a vida para nunca mais...

Em pranto escrevam sobre a minha lousa:
"Longe da mágoa, enfim, no Céu repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais".

AGONIA DO CORAÇÃO

"Estrelas fulgem da noite em meio
Lembrando círios louros a arder...
E eu tenho a treva dentro do seio...
Astros! velai-vos, que eu vou morrer!

Ao longe cantam. São almas puras
Cantando á hora do adormecer...
E o eco triste sobe ás alturas...
Moças! não cantem, que eu vou morrer!

As mães embalam o berço amigo,
Doce esperança de seu viver...
E eu vou sozinha para o jazigo...
Chorai, crianças, que eu vou morrer!

Pássaros tremem no ninho santo
Pedindo a graça do alvorecer...
Enquanto eu parto desfeita em pranto...
Aves, suspirem, que eu vou morrer!

De lá do campo cheio de rosas
Vem um perfume de entontecer...
Meu Deus! que mágoas tão dolorosas...
Flores! Fechai-vos, que eu vou morrer!”

AO CAIR DA NOITE

Não sei que paz imensa
Envolve a Natureza,
N’ess’hora de tristeza,
De dor e de pesar.
Minh’alma, rindo, pensa
Que a sombra é um grande véu
Que a Virgem traz do Céu
Num raio de luar.

Eu junto as mãos, serena,
A murmurar contrita,
A saudação bendita
Do Anjo do Senhor;
Enquanto a lua plena
No azul, formosa e casta,
Um longo manto arrasta
De lúrido esplendor.

Minhas saudades todas
Se vão mudando em astros...
A mágoa vai de rastros
Morrer na escuridão...
As amarguras doidas
Fogem como um lamento
Longe do Pensamento,
Longe do Coração.

E a noite desce, desce
Como um sorriso doce,
Que em sonhos desfolhou-se
Na voz cheia de amor,
Da mãe que ensina a Prece
Ao filho pequenino,
De olhar meigo e divino
E lábio aberto em flor.

Ah! como a Noite encanta!
Parece um Santuário,
Com o lindo lampadário
De estrelas que ela tem!
Recorda-me a luz santa,
Imaculada e pura,
Da grande noite escura
Do olhar de minha mãe!

Ó noite embalsamada
De castas ambrósias...
No mar das harmonias
Meu ser deixa boiar.
Afasta, ó noite amada,
A dúvida e o receio,
Embala-me no seio
E deixa-me sonhar!

CAMINHO DO SERTÃO

Tão longe a casa! Nem sequer alcanço
Vê-la através da mata. Nos caminhos
A sombra desce; e, sem achar descanso,
Vamos nós dois, meu pobre irmão, sozinhos!

É noite já. Como em feliz remanso,
Dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
Para não assustar os passarinhos.

Brilham estrelas. Todo o céu parece
Rezar de joelhos a chorosa prece
Que a Noite ensina ao desespero e a dor...

Ao longe, a Lua vem dourando a treva...
Turíbulo imenso para Deus eleva
O incenso agreste da jurema em flor.

OLHOS AZUIS

O teu olhar azul claro
Reflete não sei que luz,
O brilho fulgente e raro
Do meigo olhar de Jesus.

Eu cuido ver todo o encanto,
Toda a beleza do Céu,
Nestes teus olhos sem pranto,
N’estes teus olhos sem véu.

Sinto uma doce ventura,
Uma alegria sem fim,
Se d’eles a chama pura
A’s vezes cai sobre mim.

São flores azuis boiando
À tona d’água, de leve,
Esses dois olhos beijando
O teu semblante de neve!
--
Fontes:
http://apoesiadobrasil.blogspot.com/2011/12/auta-de-souza-1876-1901.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Auta_de_Souza

Auta de Souza (1876 – 1901)


Com a paulista Francisca Júlia e a carioca Gilka Machado compõe o grande trio feminino pré-modernista. Se Francisca é a mais social e Gilka a mais carnal, Auta é certamente a mais espiritual das três, segundo a humilde opinião do editor deste blog.

Auta de Souza Nasceu em Macaíba (RN), em 12 de setembro de 1876, filha de Eloy Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina de Souza e irmã de dois políticos e intelectuais, Henrique Castriciano e Eloy de Souza. Aos 14 anos, apareceram os primeiros sinais da tuberculose, obrigando-a a abandonar os estudos e a iniciar uma longa viagem pelo interior em busca de cura.

Auta de Souza deve ser considerada a poetisa norte-rio-grandense que mais ficou conhecida fora do Estado. Sua poesia, de um romantismo ultrapassado e com leves traços simbolistas, circulou nas rodas literárias do país despertando sempre muita emoção e interesse, e foi fartamente incluída nas antologias e manuais de poesia das primeiras décadas. Como a maioria dos escritos femininos, sua obra poética deixou-se contaminar pelas experiências vividas, o que, aliás, não compromete o lirismo e o valor estético de seus versos.

Por volta de 1895, Auta conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, promotor público de sua cidade natal, com quem namorou durante um ano e de quem foi obrigada a se separar pelos irmãos, que preocupavam-se com seu estado de saúde. Pouco depois da separação, ele também morreria vítima da tuberculose. Esta frustração amorosa se tornaria o quinto fator marcante de sua obra, junto à religiosidade, à orfandade, à morte trágica de seu irmão e à tuberculose. A poetisa, então, encerrou seu primeiro livro de manuscritos, intitulado Dhálias, que mais tarde seria publicado sob o título de Horto.

Aos 24 anos, no dia 7 de fevereiro de 1901, Auta de Souza morria tuberculosa. No ano anterior havia publicado seu único livro de poemas sob o título de Horto, com prefácio de Olavo Bilac, que obteve significativa repercussão na crítica nacional. Em 1910, saía segunda edição, em Paris, e, em 1936, a terceira, no Rio de janeiro, com prefácio de Alceu de Amoroso Lima.

Colaborações em jornais e revistas

Aos dezoito anos, passou a colaborar com a revista Oásis, e aos vinte escrevia para A República, jornal de maior circulação e que lhe deu visibilidade para a imprensa de outras regiões. Seus poemas foram publicados no jornal O Paiz, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passaria a escrever assiduamente para o prestigiado jornal A Tribuna, de Natal, e seus versos eram publicados junto aos de vários escritores famosos do Nordeste. Entre 1899 e 1900, assinou seus poemas com os pseudônimos de Ida Salúcio e Hilário das Neves, prática comum à época.

Também foi publicada nos jornais A Gazetinha, de Recife, e no jornal religioso Oito de Setembro, de Natal, e na Revista do Rio Grande do Norte, onde era a única mulher entre os colaboradores.

Venceu a resistência dos círculos literários masculinos e escrevia profissionalmente em uma sociedade em que este ofício era quase que exclusividade dos homens, já que a crítica ignorava as mulheres escritoras. Sua poesia passou a circular nas rodas literárias de todo o país, despertando grande interesse. Tornou-se a poetisa norte-rio-grandense mais conhecida fora do estado.

Fonte:
http://apoesiadobrasil.blogspot.com/2011/12/auta-de-souza-1876-1901.html

Nilto Maciel (Desastre sobre o Labirinto de Creta)


Chamava-se Ícaro. Belo rapaz, apaixonado por aventuras perigosas. Sobretudo aéreas. E quantas quedas, quantas decepções! Desde muito criança experimentava os mais variados vôos. De cima de muros, de galhos de árvores. Sempre incentivado pelo pai. Um sujeito meio louco chamado Dédalo.

— Engraçado, pai, eu sempre pensei que o senhor fosse grego.

Dédalo dizia gostar de boas mentiras. Com isso sempre alcançava seus objetivos. Assim conquistara sua mulher, dizendo-se engenheiro.

— Mas o senhor construiu o labirinto, não foi?

Dédalo ria, gargalhava. Não, nunca construíra nada. Mais uma mentira fabulosa de sua vida.

Ícaro também ria. Enquanto se preparava para mais uma aventura. Iria voar pelos céus.

Ajudado pelo pai, amarrava a si umas enormes asas. Voaria até perto do sol.

— Pode ir, meu filho.

E ele decolava. Partia lentamente, a poucos metros do chão. Batia as asas, subia mais, impunha-se velocidade. Olhava para baixo. O pai se reduzia a quase nada, assim como as casas, as árvores, a própria Terra. Avistava estrelas, que cresciam a cada instante. Um prodígio voar, andar pelo espaço, pleno de liberdade!

Ria, quando avistou um objeto vindo em sua direção. Um meteoro? Um disco voador? Um pássaro? E se o atingisse?

O objeto voava célere contra ele. Um pequeno avião. Aguçou a vista. Havia um homem no aparelho. Podia ver, com nitidez, uma inscrição na parte externa do avião: 14-Bis. E as feições do homem: Alberto Santos Dumont.

Acontecia então o choque. E suas asas se espatifavam. Tonto, caía velozmente.

Num átimo, chocava-se contra o chão, feito uma fruta caída do galho. Em pleno labirinto de Creta.

Estirado na cama, olhos grudados no teto, Santos Dumont gritava.

Fonte:
MACIEL, Nilto. Pescoço de Girafa na Poeira, contos. Brasília: Secretaria de Cultura do Distrito Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, 1999.

Clevane Pessoa (Haicais 1)

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 487)

Uma Trova de Ademar

Uma Trova Nacional

Este orgulho que carregas,
insano, dentro do peito,
foge, tão logo te entregas
de corpo e alma em meu leito.
–ESTER FIGUEIREDO/RJ–

Uma Trova Potiguar

Quem quiser comprar saudade,
me procure, por favor,
pois eu tenho em quantidade...
herança de um grande amor!...
–LUIZ XAVIER/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Guardando conflitos na alma
há muita gente infeliz,
que se diz serena e calma,
sem ter a calma que diz!
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Uma Trova Premiada

2006 - Balneário Camboriú/SC
Tema: PESCADOR - M/E


Rede que volta vazia
traz tristeza ao pescador
que apesar da nostalgia
leva adiante o seu labor.
–ELIANA RUIZ JIMENEZ/SC–

Simplesmente Poesia

Fidelidade
–THALMA TAVARES/SP–


Este perdão que me negas
por “um nada” que eu te fiz,
é mais um cravo que pregas
na cruz de um peito infeliz.

Se alguma mágoa carregas,
magoar-te, eu juro, não quis.
E o desamor que tu alegas
o teu olhar contradiz.

Eu sei que sou pecador,
mas nunca tive outro amor
senão o amor que te dei...

Sempre fui teu e em verdade
para mim fidelidade
mais que virtude; é uma lei!...

Estrofe do Dia

Não choro, se ouvir um não;
não grito com dor pequena;
não faço drama sem cena;
não suspeito sem razão.
Não julgo pela emoção;
não decoro a voz da mente
quando autora ela se sente,
quando escrevo o que ela inspira:
O tempo mesmo é quem tira
o bom da vida da gente.
TARCÍSIO FERNANDES/RN–

Soneto do Dia

Paraíso
–JOÃO JUSTINIANO/BA–


O paraíso está em minha casa,
aqui à frente - no computador.
Aqui eu sonho e gozo, vivo o amor.
e a iluminação que o sonho abrasa.

Aqui, senhora, vem e não se atrasa,
a íntima paz de quem revive o ardor
da plena mocidade, luz, calor,
e ainda quer voar... E é vôo, e é asa!

Sou eu o paraíso. Em febre estala,
arde-me o coração e o sonho embala
como ao filho, no colo, em feriado...

O tempo não me importa, nem a idade.
A vida é simples na felicidade
de ser eu mesmo e ser poeta e amado.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Franz Kreüther Pereira (Painel de Lendas & Mitos da Amazônia) Parte 4


Trabalho premiado (1º lugar) no Concurso "Folclore Amazônico 1993" da Academia Paraense de Letras

O MITO REGIONAL x A CATEQUESE

.. duas classes de pessoas forneciam informações acerca dos indígenas: a dos missionários e a dos aventureiros. Em luta uma com a outra, ambas se achavam de acordo nesse ponto de figurarem os selvagens como feras humanas. Os missionários encareciam assim a importância de suas catequeses; os aventureiros buscavam justificar-se da crueldade com que tratavam os índios."
José de Alencar

É muito difícil dissociar mito de religião; não no conceito, é claro, mas no sentido prático e histórico. A tradição do mito não deixa de ser uma forma de "religare" as antigas tradições e doutrinas tribais. A Enciclopédia Mirador[26] apresenta o mito como a manifestação da "dependência do homem de forças sobrenaturais (...) é um fenômeno especificamente religioso", complementa.

A essência da religião está na alma, e Jung defendia a tese de que existe uma relação profunda e intrínseca entre o mito e a psiqué, ou alma. Disse ele que "el alma contiene todas las imágenes de que han surgido los mítos...". Jung evidentemente sabia que a razão humana não inventa o que não consegue entender, portanto, os deuses e demônios antigos eram em sua maioria - senão em sua totalidade - fatores ou fenômenos naturais, que a alma primitiva personificava, atribuindo-lhes propriedades e qualidades. Por conseguinte, mito e religião estão em um amálgama quase perfeito, e apresentam uma relação orgânica, de tal maneira que o primeiro fundamenta, e muitas vezes é a pedra de arremate da segunda.

Ambos se utilizam de alegorias, porém, somente a religião é dialética, e foi nessa dialética que os missionários vindos para o Brasil, e para a região Amazônica em particular, instituíram seu trabalho de catequese dos indígenas.

Como se sabe, o primeiro trabalho dos missionários é identificar os focos de adoração nativa, para depois combatê-los em nome da sua fé e crença. Dessa forma, os mitos cosmogônicos, que constituem a base da religião tribal, foram combatidos acirradamente de forma direta e ás vezes violenta, ou de maneira sutil e mais demorada, quando os religiosos inseriam conceitos não existentes na cultura nativa, aproveitando-se daquilo que melhor se aproximasse dos seus propósitos. Esse é o caso, por exemplo, dos conceitos cristãos de Deus e Diabo, que os missionários personificaram em Tupá - ou Tupana - e Jurupari, respectivamente.

O verbete Tupã, no Dicionário do Folclore Brasileiro[28] de Câmara Cascudo, informa-nos que este é "um deus criado pela catequese católica no século XVI e nome imposto pelo hábito às crianças e catecúmenos". Tupã era apresentado pelos padres, como um ser criador de todas as coisas, mas essa idéia panteísta - segundo Stradelli[29]- estava longe de ser absorvida pelos indígenas. Tanto que não há vestígios de festas ou cultos em honra a Tupã, as os há ao Jurupari. Por outro lado Osvaldo Orico[30] sustenta que os indígenas possuíam uma noção num Ente Supremo ou um "principio superior com o nome de Tupã".

O fato é que enquanto criavam entre os selvagens a idéia de um deus Todo-Uno, de um Deus Onipotente, causa de todos os efeitos; no mesmo processo arrancavam à fórceps da teogonia autóctone, um deus que encarnasse os atributos contrários, pois a religião necessita de um dipolo, de uma antinomia. Esse deus opositor, encontraram-no na figura do Jurupari, uma lenda comum às tribos Tupi-Guaranis.

Esse processo catequético e aculturativo, iniciado logo após a descoberta, foi uma ação conjugada à colonização e ocupação das terras nativas e do próprio índio como mercadoria, e ganhou forte impulso, com a chegada à Amazônia, de diversas ordens. E mesmo depois da expulsão dos jesuítas, em 1757, o processo não sofreu interrupção e nem decréscimo: hoje o número de missionários espalhados pela região amazônica é surpreendentemente elevado.

Um artigo publicado pela revista ISTO É, datada de 23 de outubro de 1985 e intitulado "O Culto dos Ianques", faz graves denúncias contra os missionários norte-americanos presentes na Amazônia - e por tabela aos de outras nacionalidades -. Uma dessas denúncias é contra a violência cultural a que estão subjugados os índios, "principalmente contra a língua e os costumes", escreve o articulista.

A agudização dessa ação culturicida, levou o padre paulista Antonio Iasi, ex-secretário do Conselho indigenista Missionário (CIMI), a declarar para a mesma reportagem: "Quase todas as tribos amazônicas foram violentadas a partir da religião, tanto por católicos como por evangélicos". Informa, ainda, o citado artigo que há "cerca de setecentos missionários estrangeiros dispersos pela Amazônia em nome de vinte seitas religiosas". A presença missionária* no Brasil computava, em 1985, segundo dados do CIMI, cerca de 53 ordens religiosas para algo em torno de 210 tribos e aproximadamente 30 famílias lingüísticas.

Esse processo que permanece "ad seculorum" fez desaparecer muitas fontes primárias da oralidade nativa, e o que restou foi degenerado pela ação do invasor branco na ânsia de impor sua religião, seu Deus, suas crenças, sua filosofia, seus costumes, sua cultura. Assim, a cultura nativa fica(va) entre dois fogos; de um lado a demagógica ação eclesiástica e do outro o rolo compressor do capitalismo. Como funciona esse último todos sabemos, mas para termos uma idéia dos métodos sutis, e eficazes da Igreja, o que aconteceu com a tribo Waiwai (Roraima) pode nos servir de exemplo; como conta ainda a Revista ISTO É:

"O tuxaua Ewka, que se julgava filho do Caititu - um porco do mato- foi convencido por um missionário (missão Novas Tribos do Brasil) a alimentar-se da carne do animal. Na crença dos Waiwai, o desfecho seria a morte imediata de Ewka. Como ela não ocorreu, todos se converteram ao cristianismo."

E para rematar com chave de ouro o sucesso da conversão, Ewka, o tuxaua, virou pastor da seita!...

Mais recentemente (19.08.1991), o jornal paraense O LIBERAL circulou com uma discreta nota a respeito do suicídio de dois índios da tribo Ticuna. Um dos suicidas era um jovem de 17 anos que, esclarece a pequena notícia, "não bebia, não fumava e a ainda não há pistas que indiquem as causas do suicídio, a não ser o forte envolvimento do adolescente ticuna com a seita fanática Irmandade da Cruz, praticada pela maioria dos 5,5 mil índios da área".

A cultura indígena tem seus dias contados no Brasil. No excelente trabalho de pesquisa sobre o Tribunal da Inquisição no Pará, J.R. do Amaral Lapa[31] atesta que "no interior da Amazônia, vivendo praticamente isolados ou em meio dos índios, os colonos dificilmente mantinham seu padrão de costumes, sendo que o processo de aculturação era no geral degenerativo para os índios".

E Coutinho de Oliveira[32] afirma-nos que "todas as lendas indígenas ou pelo menos, as colhidas recentemente, revelam a contaminação do cristianismo", e isso ele testemunhou faz meio século.

Como vemos, nossos brasilíndios foram atacados naquilo que um povo possui de mais autêntico, que são seus mitos, seus costumes, sua cultura, enfim, sua identidade; em duas frentes: uma sutil, persuasiva e devastadora - a dos missionários - e outra mais imediatista, agressiva e crudelíssima - a dos aventureiros e comerciantes -. Porém, de todas as agressões sofridas pelos gentios, a mais nefasta foi e ainda é - aquela efetuada às suas crenças, seu fabulário, seus mitos, enfim, às suas raízes. Sem elas não há como reverter o processo de extinção a que estão condenados.

Atualmente já se percebe uma resistência organizada por parte de alguns povos indígenas, para se preservarem culturalmente, ou o que ainda lhes resta da cultura ancestral. Este é o caso dos Yanomami, "o último grande povo, a última grande nação que vive ainda com todo o seu acervo cultural sem ter sofrido perdas graves no seu contato com a civilização"[33]. E estas organizações de defesa cultural e social indígena quase sempre contam com a participação de elementos religiosos, seculares ou não, mas, efetivamente ativos, que lhes prestam assistência.
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Notas:
26 ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL, v. 14, p. 7772
27 JUNG, Carl G. Op. cit. p. 13.
28 CASCUDO, Câmara. Op. cit. p. 864.
30 ORICO, Osvaldo. Op. cit. p. 272-277.
31 LAPA, J. R. do Amaral. Livro da visitação do santo ofício da Inquisição ao Estado do Grão-Pará. São Paulo: vozes 1978, p. 32.
32 OLIVEIRA, Coutinho. Folclore Amazônico. Belém: São José, 1951. v. 1, p. 97
33 MENSAGEIRO. Estudo n. 4, 52'ed. p. 154.

* O precursor do surto de messianismo foi o padre Samuel Fritz, “a quem o papel de messias não parece ter desagradado”, conforme lemos em História da Igreja na Amazônia, p.38. (Nota desta edição).

Pedro Malasartes (Ai, Que Dor de Dente)


Cansado de andar, Pedro Malasarte chegou a uma grande cidade. Já haviam se passado dois dias desde que se banqueteara com os cegos e seu estômago dava horas.

Para piorar ainda mais sua situação, estava com uma dor de dentes que mal podia suportar.

Mas não tinha dinheiro nem para pagar o dentista -que naquele tempo era o barbeiro -nem para comer. Gastara as últimas moedas no caminho, comprando um burrico para uma pobre velha que também ia para a cidade mas mal podia andar.

Ia mergulhado em tristes pensamentos quando passou na porta de uma padaria. Acabava de sair uma fornada e o cheiro de pão enchia o ar.

Pedro Malasarte olhou para dentro e viu toda espécie de pães e bolos.

Ficou com água na boca.

O dono da padaria estava na porta, com seu avental branco, e parecia ter o rei na barriga. Em tom de mofa, vendo a cara de Pedro Malasarte, perguntou-lhe:

– Quantos pães e doces seriam necessários para matar a sua fome, hein?

Nosso herói respondeu sem hesitar:

– Puxa, aposto que comeria uns cem...

– Ora, ora! – exclamou o padeiro, que adorava fazer apostas. – Que posso lhe fazer se não conseguir comer mesmo cem pães e doces?

– Amigo padeiro, já deve ter percebido que não tenho comigo um só tostão. Mas para lhe mostrar que sou mesmo capaz de fazer o que estou dizendo, pode mandar me arrancar um dente de quatro raízes se não comer cem pães e doces!

Arrancar dente sempre foi coisa de meter medo. Divertido com a aposta, o dono da padaria mandou Pedro Malasartes entrar e serviu-lhe os mais finos produtos do seu estabelecimento. Pãezinhos de queijo e broas, bolos, doces, marias-moles e tudo o mais.

Nosso herói estava mesmo com uma fome de lobo e conseguiu comer, sem maior esforço, uns quatro pães, duas ou três broas, algumas roscas e quatro ou cinco doces.

Dando-se por satisfeito, virou-se para o padeiro:

– É... Não é que não consigo nem olhar mais para pães e doces?

Prontamente o outro o agarrou pelo braço e levou-o ao barbeiro:

– Amigo barbeiro, trate de arrancar por minha conta um dente de quatro raízes desse malandro!

– Este aqui, este aqui -apontou Pedro Malasartes, mais que depressa, rindo por dentro.

O barbeiro arrancou-lhe o dente dolorido em três tempos. Não doeu tanto assim, mas Malasartes fez muitas caretas.

-Está vendo só no que dá fazer apostas? -disse o padeiro, com ar triunfante. -Devia ter visto logo que não poderia comer tanto assim.

– Pois agora é que vou comer muito mais! -retrucou Pedro Malasartes.

E foi-se embora assobiando, com a barriga cheia e livre do dente que tanto o incomodava, sem gastar um tostão...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mara Melinni (Livro de Trovas)


A amizade verdadeira,
mesmo quando se despede,
fica de qualquer maneira...
Não se compra... e nem se mede...!

A ausência é tanta, em verdade,
que a minha desilusão
tem a forma da saudade
e os braços... da solidão!!!

A identidade que encobre
cada não e cada sim,
vem da verdade mais nobre
que eu trago dentro de mim...!

Ano Novo, quantos sonhos
em ti renovo, tão certo
de que dias mais risonhos
já me parecem mais perto!

As folhas secas de outono,
seguindo, sem direção,
são sonhos que vão, sem dono,
à espera de outra estação.

A velha esquina esquecida
toda enfeitada de flor,
sem querer, fez-se guarida
de nossa história de amor.

A vida é palco, onde há canto
de maldade, espanto e dor...
Não há cortina, entretanto,
que feche um palco de amor!

Da linda infância de outrora,
guardo os brinquedos diversos,
na lembrança, que hoje mora,
no doce encanto... dos versos!

De papel, foi meu barquinho,
pelo rio, sem destino...
Mas encontrou, no caminho,
os meus sonhos de menino!

Dos gritos pela calçada
a lembrança derradeira...
Hoje a rua, abandonada,
sente saudade da feira!

É Ano Novo... Tens a chance
em que a vida tem o preço
de ter tudo ao teu alcance
no sonho de um recomeço...!

Espera...! Que eu te proponho,
pois a ausência é triste sina:
- Sê a musa do meu sonho,
que o meu sonho não termina...!

É tanta a maldade insana...
Mas cresce, dia após dia,
um grito que nos irmana
pela nossa ecologia!

Eu sinto a força da vida
e a mão divina de Deus,
em cada manhã florida,
na aurora... dos versos meus!

Eu vi o amor eclodindo
na mensagem de um chamado:
- O mar, despido, sorrindo...
- O sol se pondo... apressado!

Identidade é o segredo
que revela muito mais
do que a marca do teu dedo
e das tuas digitais...

Já não chores, madrugada,
que o orvalho, na linda flor,
cristaliza, na alvorada,
tua lágrima de amor!

Mais vale amar, sem receios,
numa entrega destemida...
Do que não sentir os veios
da doce fonte da vida!

Mar adentro, mundo afora,
a distância aumenta mais...
e enquanto a saudade chora,
“um lenço acena no cais”.

Meu senhor, por caridade,
não me julgue em atos vãos...
Trago a minha identidade
nos calos das minhas mãos.

Nas noites de solidão...
— Lua, que embala os amores,
és, em tua mansidão,
a musa dos trovadores!

No outono, a folha caída,
que espera o seu triste fim,
revela o quanto, na vida,
é outono... dentro de mim...!

Nossas juras semeadas
na infância, de amor risonho...
Inda giram, de mãos dadas,
Na ciranda do meu sonho!

Ó, mãe... teu afeto é tanto,
tão angelicais teus traços...
que a vida tem mais encanto
na doçura dos teus braços!

O tempo passa, é verdade,
levando tudo o que sou...
mas só não passa a saudade
que o próprio tempo deixou!

Quando adormeço, sozinho,
relembrando aquele adeus...
a lembrança é o triste ninho
do calor dos braços teus!

Relembrando velhos traços,
por mil recantos dispersos...
eu me perco nos teus braços,
e te encontro... nos meus versos!

Saudade – quantos desejos
por esta espera sem fim...
Relembrando os teus arpejos,
hoje sou refém... de mim!

Seca: quanta desventura
enche a terra de tristeza!
O homem sofre, mas a cura
vem da própria natureza.

Se eu me for, antes de ti...
Levarei, dos nossos traços,
cada noite que vivi
na cortina... dos teus braços.

Segue o tempo, indiferente,
pela idade, em despedida...
Passa, mas deixa presente
o doce encanto da vida!

Sentindo o temor da idade,
vejo, no amor que ficou,
teu retrato – uma saudade
que o tempo não revelou...!

Senti o afeto embalando
aquela linda criança...
No abraço da mãe, ninando,
o seu sonho de esperança!

Sereno é quem, sem temores,
faz de sua caminhada,
um jardim cheio de flores
entre os espinhos da estrada!

Sob a mesma nostalgia,
a saudade, sem pudor,
sobrevive, todo dia,
à ausência do teu amor!

Tanto esperei... E, sem jeito,
fiz daquela madrugada,
a doce musa, em meu leito,
nessa espera amargurada...!

Tocam sinos de alegria
no encanto do firmamento...
E a luz da estrela anuncia
Jesus em seu nascimento!

Uma família sem teto,
repartia o mesmo pão...
Mas sobrava sempre afeto,
no final da divisão...!

Velha fonte... O largo antigo...
Sob as ruínas... Num canto...
Hoje tu choras comigo,
Dividindo o mesmo pranto!

Vejo no espelho da vida
transpor-se, à luz da saudade,
minha face enternecida
dos tempos da mocidade!

Vida: caminho que alcança
na esquina a sua metade;
de um lado, vive a esperança,
do outro, dorme a saudade.

Fonte:
http://melinni.blogspot.com/p/minhas-trovas.html

Ademar Macedo (Carnaval em Trovas)


De sábado a terça-feira
cai na folia o país...
Diverte-se a pátria inteira,
sem medo de ser feliz!
–A. A. de Assis/PR–

O Carnaval irradia
prazeres aos foliões,
mas o melhor da folia
está em nossos corações!
–Ademar Macedo/RN–

Quando encontrei desbotado
meu retrato de arlequim
no carnaval do passado,
senti saudades de mim !
–Alfredo de Castro/MG–

Nesta paixão sem igual,
de alegria verdadeira,
nossa vida é um Carnaval
sem direito à quarta-feira!
–Arlindo Tadeu Hagen/MG–

Veste o manto, ajeita a pluma,
põe a faixa de Rainha,
passa batom, se perfuma
e faz Carnaval... sozinha...
–Darly O. Barros/SP–

Nas Noites de Carnaval,
tudo é delírio, alegria,
pois o folião, afinal,
se enfarta de fantasia!
–Delcy Canalles/RS–

No desfile à fantasia,
de um carnaval de ilusão,
a saudade é a alegoria
que enfeita meu coração!
–Elisabeth Souza Cruz/RJ–

O morro grita o seu nome
num frenesi sem igual
e vai sambando com fome
a deusa do carnaval!
–Fernando Câncio/CE–

Nos desfiles dessa vida
com humildade me toco:
Quanto mais larga a avenida
mais estreito fica o bloco.
–Francisco José Pessoa/CE–

Esqueça a dor por um dia,
mostre que você é bamba.
Vista o “abadá” da poesia,
leve a trova para o samba!
–Francisco Macedo/RN–

É carnaval... e em meu peito
qual um sagaz folião,
brinca o meu sonho desfeito
nas alas da solidão...
–Giselda Medeiros/CE–

Madrinha da bateria
de uma "escola" do Encantado
fez a sua fantasia
com um confete dourado!...
–Hermoclydes S. Franco/RJ–

No meu Carnaval de sonho,
desfila dentro de mim,
aquele guri risonho
fantasiado de Arlequim ...
–Ivone Prado/MG–

Fui tudo para esse amor
belo, puro, cruel, devasso...
Fui pirata, fui pierrot,
fui arlequim, fui palhaço...
–J. G. de Araújo Jorge/AC–

Carnaval – Festa do povo,
dos prazeres, da folia...
Foliões buscam de novo
reviver sua alforria!...
–Joamir Medeiros/RN–

O carnaval bem merece
o prêmio Nobel da paz,
pois nele a gente se esquece
das crises que o mundo traz.
–Jorge Murad/RJ–

Com dois itens a menina
compôs sua fantasia:
um fio de serpentina
e uma ponta de ousadia!
–José Ouverney/SP–

Sambando ao som do "Abre-alas",
pisou agruras da vida
na pretensão de apagá-las
e não se dar por vencida.
–Lóla Prata/SP–

Neste carnaval sem fim
do mundo que Deus nos deu,
fantasiei-me de mim
e ninguém me conheceu...
–Maria Helena/PORTUGAL–

Não condene o mascarado
por esconder seu desgosto,
que as marcas de um fracassado
são evidentes no rosto.
–Maria Nascimento/RJ–

Nos carnavais do passado,
dos arlequins, dos palhaços,
fui pierrô apaixonado,
que terminava em teus braços.
–Neoly Vargas/RS–

Fiz da vida um Carnaval,
mas terminei num impasse:
- A máscara do irreal
grudou-se na minha face!
–Renato Alves/RJ–

Brasil, samba e carnaval
e os foliões tomam conta,
da festa descomunal,
quando a “escola”, enfim, desponta!!!
–Vânia Souza Ennes/PR

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor

Trova Ecológica 77 - Mara Melinni (RN)

Clevane Pessoa (Os Enfeites da Árvore)


D.Mariquinhas enfeitava tudo no Natal. Laços verdes e folhas vermelhas para todo lado. E o vice-versa. Da árvore de natal com enfeites novinhos e outros com mais de cinquenta anos (sim, pois ganhara alguns de sua avó, no seu primeiro ano de casada: "Agora, você vai usar meus enfeites, daqui para a frente. Não tenho mais ânimo para armar árvores", dissera-lhe a anciã às garrafas de vinho vestidas de papai noel, ou com gravatinhas , aventais).

Velas paramentadas de rendas douradas e rabos-de-rato prateados. Luzinhas pisca-pisca quase cobrindo todos os muros, e paredes da casa.

Toalhas pintadas ,estrelas, bastões, pecinhas de madeira, aljôfar, tecido, croche. Até o porta-papel higiênico no banheiroe o bujão de gás, tinham laçarotes e sininhos.

Papai e Mamãe Noel para todo lado.

Cartões de Natal com imagens do chalé, à noite, todo iluminado.

Botas de feltro, renas e trenós.

E a peça mais antiga, trazida por algum ex-combatente da Itália, era a peça que a senhora colocava por último, no topo da árvore, às vésperas do dia 25 pois temia que caísse e se espatifasse.

Os netos adoravam tudo aquilo, se encantavam com o presépio, embora os já adolescentes reparassem na falta de proporção entre seus componentes por exemplo, uma vaquinha média, um elefante minúsculo e um patinho gigante, a nadar num espelho cercado de capim, feito com papel de seda verdolengo. Mas riam à socapa: longe deles magoar a querida velhinha.

Ontem à noite, D.Mariquinhas subiu na escadinha de metal para colocar a estrela, bem no topo da árvore. Ficou contemplando um pouco aquela peça rara. De repente, tonteou: a vista escureceu e ela caiu, batendo a cabeça.

No velório, Jorginho, o neto mais novo, de seis anos, chorando muito, criou coragem e foi olhar a avó de perto. Reparou no véu preto sobre os cabelos branco-prateados. A avó estava sem o colar de pérolas dos dias de festa. Alguém já lhe explicara que ela morrera fazendo o que mais gostava. E que, na verdade, as pessoas queridas não morrem. Ficam dentro de nosso coração, disse a Tia Lili. Ele ficou pensando: – Só se ela encolher muito: como vai caber? E só se a cortarem em pedacinhos...Muitos filhos e netos...

Outra pessoa lhe explicou que não devia chorar, pois vovó estava ali mesmo, mas invisível.

- Ah, é, pensou Jorginho. Então ela vai querer seu batom cor-de-rosa, seu colar de pérolas, seu reloginho de ouro ...

Então, decidido, o homenzinho foi ao quarto de despejo, onde estava a árvore toda desmontada, as caixas de enfeites e apanhou os cordões de aljôfar vermelho. Encheu as mãos gorduchas, chegou perto do caixão, onde alguém colocara, bem cedo, uns degrauzinhos do consultório de seu pai médico, usados para os pacientes descerem da cama de exames, para que os menores pudessem facilmente se despedir da avó.

Jorginho então, amoroso, começou a enfeitar a velhinha querida. Ninguém disse nada. O garoto foi e voltou várias vezes. Sobre os crisantemos amarelos, foi dispondo todas as peças natalinas, tão queridas por D.Mariquinhas. Todos choravam, mas com um leve sorriso nos lábios.

Nem mesmo o agente funerário, quando fechou o caixão, ousou perguntar o que era aquilo, aquele brilho, o verde e o vermelho predominantes, sobre as flores. Alguém o interceptara e dissera que o neto mais novo entregara à avó os enfeites natalinos.

Em casa, o menino explicou ao pai, o qual chorava feito um meninão enorme:

-A vovó não ia gostar de chegar no céu sem seus enfeites de Natal.

E o mais velho, rouco e de nariz inchado, afagou-lhe a cabecinha encaracolada e murmurou:
– Fez muito bem Jorginho...Ela vai gostar...

E foi assim que D.Maria, conhecida em vida pelo apelido de Mariquinhas, chegou ao céu brilhando, sorrindo e girandolando, enfeitada qual sua amada árvore natalina. Duas filas de anjinhos de verdade a esperavam. E fizeram um corredor para ela passar, enquanto eles cantavam "Jingle Bells...”

Fonte:
http://clevanepessoa.net/visualizar.php?idt=295468

J. G. de Araujo Jorge (O Mundo da Poesia)


Eu diria que nos encontramos como que diante de um novo "humanismo". Os acontecimentos sociais impondo alterações na velhas estruturas. A própria Igreja faz a sua revolução, liberta-se.

Deixa de vir a reboque do capitalismo para reintegrar-se nos Evangelhos, aproximar-se dos pequenos, transformar-se em defensora do espoliados, restaurando a mensagem de Cristo. "É mais fácil passar um camelo pelo furo de uma agulha do que um rico entrar no reino do céu".

E este paradoxo se acentua quando, ao mesmo tempo, se procura atender aos problemas coletivos, reconhecendo-se que se deve salvar o homem, para que ele não seja levado de roldão, e desapareça. Descobrimos que, se por um lado, não pode haver humanidade feliz somando-se homens infelizes, por outro lado, não pode haver homem feliz numa humanidade acarneirada.

Neste mundo de paradoxos, tecnicista e convulsionado, a poesia deve responder presente. Se é verdade que o poeta é o "vate", o que antevê, o que faz vaticínios, então deve colocar-se na vanguarda dos acontecimentos, desdobrando sua mensagem de beleza e direção.

Não é à toa que alguns líderes libertários do mundo são grandes poetas, e poetas líricos. Os poetas são os "radares" de seu povos. Mílton, no "Paraíso Perdido", comparou a sua pátria a uma nau (imagem que o nosso Castro Alves repetiria: "A Inglaterra um navio que Deus na Mancha ancorou!"), e distribuiu pela embarcação as mais diversas profissões e atividades. Esqueceu-se dos poetas. Interpelado, completou: "Os poetas, olham as estrelas, e dão rumo ao navio".

De certa forma, este continua a ser o destino dos poetas. São os pilotos. Por isso não podem faltar à sua missão. Desdobrarem seu canto segundo as múltiplas faces do homem. E, como disse no poema:

Acima de tudo cantarei o amor.

O de Cristo e Confúcio, o de Romeu e D. Juan,
acima de tudo cantarei o Amor.
Em todos os seus momentos, lascivos ou gloriosos,
mansos ou eróticos,
unindo dois ou arrastando milhões,
nascido da ternura ou da revolta
procriando seres ou idéias
acima de tudo cantarei o Amor.

O Amor
- cimento e força
que constrói e ilumina,
que convoca e conquista,
-bola de neve do Bem inevitável -
acima de tudo cantarei o Amor.

E o tirarei do coração
como a hóstia, do cálice,
ou o sol, da manhã,
ou a espada, da bainha,
- fulcro para a alavanca do meu verso
mover o mundo. -

Acima de tudo cantarei o Amor.

(O Poder de Flor)

Há uns homens por aí com falsos pudores, envergonhados de falar de amor. Como se só o amor não fosse capaz de identificar os realmente fortes, os destinados ao canto e à construção. E há uma palavra que precisa ser reconceituada : romantismo. Românticos foram os grandes clássicos, os gregos, desde Safo e Anacreonte, aos poetas renascentistas. Dante, Petrarca, Shakespeare, Cervantes, Camões, Ronsard. Românticos, antes deles, foram os orientais, os hindus, os chineses.

O romantismo, antes de ser uma simples escola literária, classificada a partir de Goethe, é um estado de espírito. Os grandes poetas do nosso tempo são românticos, e dramáticos: Auden, Spendler, Lorca, Evtuchenko, Neruda, Malacovski, Langston Hughes, Nicolás Guillén Vínícius de Morais. O poeta é um ser que pensa, sentindo. Nela a emoção é mais forte que o pensamento, ou o pensamento nasce de uma tensão emotiva. É o processo natural de sua criação. O que não quer dizer que não haja poetas em que a emoção e o pensamento se equilibram ou que, excepcionalmente, o pensamento se manifeste livre, sem comprometimento do coração. Mas devemos destinguir o romântico de hoje do romântico de ontem. Os excessos do velho romantismo do século XIX, levaram o homem a enclausurar-se dentro de si mesmo, desligando-se das realidades do mundo exterior . Ao invés de o libertarem, acabaram por aprisioná-lo. Daí o sentimento de libertação desse novo "humanismo", na linguagem desabrida e emocional de nosso tempo.

Os parnasianos, foram irrealistas e formais. Calçaram "sapatinhos chineses" na inspiração. Transformaram artesanato em mutilação. Os simbolistas são os homens da banda. "Estavam à-toa na vida" e ficaram apenas ouvindo música, distraindo-se com as palavras, num jogo de sonoridades, inconseqüente.

Paralelamente, há arruaças literárias, tipo concretismo, poesia praxis, poesia processo etc. Jogam pedras, rasgam livros, e, com gritos, querem negar as palavras. Como se nossa arte não fosse um eterno "catch-as-catch-can" com as palavras. Não chegam a movimentos, são simples arruaças. Mas têm uma função histórica: alertam os que trabalham a sério, para que façam uma permanente revisão em seus processos de criação e atualizem a sua mensagem.

Em todas as épocas, houve, ao lado dos movimentos, as agitações, necessárias também à evolução e ao aperfeiçoamento das mais diversas artes. Aí estão, ainda recentes, o dadaísmo, o cubismo ou o esquecido "futurismo".

Poeta moderno é o que se comunica com o seu tempo, e se transforma em intérprete dos sentimentos, anseios e idéias, do seu povo. O sentido da poesia contemporânea, tinha que ser, portanto, realista. Eu diria: um realismo idealista. Não aquele "realismo" da poesia espanhola, pós-guerra civil, "La nuestra guerra", como a ela se referem orgulhosamente os seus poetas, Damaso Alonso o definiria depois num verso brutal:

"Madrid é uma cidade de mais de um milhão de cadáveres".

Para eles, tudo tinha que ser reconstruído. Não é o nosso caso: aqui tudo tem que ser criado ainda. Refiro-me a nós, poetas americanos.

Os poetas modernos europeus são, na sua grande totalidade, vozes trágicas, pessimistas, traduzem o esfacelamento do homem e da poesia depois de duas grandes hecatombes. Ou introvertem-se, em fugas impossíveis, como Rilke e Eliot, ou tentam evadir-se, misturando-se às multidões, e fazendo-se seu porta-vozes, como Spendler, Masefield, Damaso Alonso, Auden, Brecht. De qualquer forma, poetas de "fugas".

Os poetas não podem ser mais aqueles seres fantásticos que viviam no "outro mundo". Não se dirá mais quando alguém tiver um ar de abstração e de sonho:

"É um poeta!". Mas sim, quando tiver os olhos brilhantes, aquela aura dos líderes, aquele ar de integração com o espetáculo, do maestro empunhando a batuta.

Os poetas têm os pés no chão. O amor continua a ser o estandarte imortal, com sua infinitas variações. Não negar as asas, mas ter consciência de que estão presas ao corpo e que, só por isto, podem mover-se, e voar. Poesia - um vôo paradoxal em que a altura não elimina um permanente e íntimo contato com a realidade do chão.

Fonte:
JG de Araujo Jorge. "No Mundo da Poesia " Edição do Autor -1969

Clevane Pessoa (Livro de Trovas)


Trovas de Carnaval

Nossas máscaras do dia
nem sempre nos fazem mal
a esconder dor ou alegria
de um eterno carnaval...

Nenhum carnaval da Terra
traz de volta os que se vão
-a saudade nos encerra
em um fechado salão…

Trovas sobre Gatos

Gato pardo e belicoso
Arqueia o corpo robusto,
Projeta as unhas, raivoso
Vira um puma no seu susto

Gatos à noite são bardos
E miam versos para a lua
Dizem que então ficam pardos
parecem da cor da rua...

O gato passa, elegante,
sem nenhum medo de altura...
E lá em baixo, um cão gigante,
late e não alcança a criatura...

Com a pata, na vidraça,
gato bate e avisa o dono:
está voltando da caça,
-"pode abrir, que estou com sono..."

Meia dúzia de gatinhos,
uns nos outros, enroscados,
são novelos bem quentinhos
parecem interligados

DESEJO
Trovas encadeadas, a que chamo "Quadras, quadrinhas";

Desejo, impulso intrigante
que nos arrasta consigo,
efervece num instante,
preso, a dançar qual o trigo,

Às vezes, nunca se acaba,
deixa frustrado quem ama,
mas se o do outro, em nós desaba,
faz brotar lótus da lama...

Desejo é chama votiva
ou um incêndio em labaredas
se dele ,você se esquiva,
morre frustrado entre sedas...

Se ficamos satisfeitos,
essa ânsia pode ir embora.
Parte depressa dos leitos,
mas retorna sem demora...

Só quem não ama, não deseja,
mas sem amor, a paixão,
simula o encontro,que almeja
uma longa duração...

Não sei se importa saber,
qual sentimento o norteia.
Melhor é satisfazer
tais ondas em nossa areia...

Bem gostoso é adormecer
depois de saciar a fome
-logo depois perceber
que o desejo não tem nome…

BOMBEIRO

Mesmo quando o fogo o abrasa,
o bombeiro com cuidado,
salva a tudo, numa casa,
por ser sempre bem treinado.

A vítima foi o bombeiro,
que salvou todos, coitado!
Todo mundo foi primeiro,
mas ele caiu, esgotado...

São heróis do cotidiano,
que salvam além do fogo,
resgatam gatos e piano,
fraternidade é seu jogo!

EDUCAÇÃO

Quem é rico, na verdade,
recebeu educação,
-o saber não tem idade.
nem se esgota com ação…

ALEITAMENTO

No aleitamento materno,
a ligação da mãe ao filho,
produz um amor bem terno
com o qual me maravilho!

NATAL

Sempre espero um bom natal
quando todos, solidários,
se abraçam, mas afinal
depois seguem seus fadários...

Jamais terei um presente
qual o que desejo mesmo:
a presença que está ausente
porque no céu caminha a esmo...

Coisa gostosa na vida
é ver abrir seus presentes
a meninada envolvida
por papéis e por parentes...

Em vão espera um brinquedo
um menininho de rua...
Risca no chão, com um dedo,
um foguete e vai prá lua...

Ao ver as meias, coitado
o vovô pensa:-"Já sei!
Essas, dei no ano passado
no retrasado ,as ganhei..."

-Para a sogra muito amada,
um ovo de cerzir roupas...
-Nem no Natal? Que massada!
Meu genro, tu não me poupas?

O peru tomou cachaça
para ficar bem macio...
Borracho, quebrou a vidraça
e fugiu, quente no frio...

No natal verde-vermelho
todos querem um presente...
Eu, no entanto, olho no espelho
e só desejo um ausente..

DIVERSAS

O amor oculto floresce
qual rara flor, num penedo:
perfume que remanesce
das delícias de um segredo...

É minha mãe quem me inspira
os temas do coração.
De seu amor, sonora lira
eu tiro qualquer canção...

Meu pai, menino crescido,
brinca mais que meus irmãos...
Meu coração, comovido,
vê os calos em suas mãos...

O meu vovô trovador
ensinou-me a silabar,
no seu colo, com amor,
aprendi o que é rimar...

Meu avô que era um maestro
ensinou-me a solfejar
hoje, a música no meu estro,
ajuda a metrificar...

Um avô era jornalista,
me ensinou a afastar todo estro...
E se minha alma é musicista,
devo ao avô que era maestro...

Nesses muros tão pichados
vejo os conflitos do povo...
E sinto que os desgraçados
querem ser "Homens", de novo...

Eu nunca desejo o alheio
e quero MESMO, o que é meu...
prefiro ficar no meio
com tudo que Deus me deu...

Via Crucis...O Cristo exangue,
exaurindo os seus humores,
em cada gota de sangue
vai salvando os pecadores...

Os teus lábios são macios,
rosas rubras, onde o Amor
pôs o calor dos estios,
deixou, do maná, o sabor...

A primeira vez da gente
causa marcas por demais!
Mas qual estrela cadente
ao céu não volta jamais...

Quando sabemos que o "amigo"
Rompe o cristal da amizade,
Lembramos que há joio no trigo
Dourado da ingenuidade...

Tem gente que tanto mente,
Fala inverdades, faz fita,
Que, na verdade descrente,
Nem em si próprio acredita...

Quando traem nossa amizade
Parece que nos falar o ar,
Pois o que não tem lealdade
Bem sabe onde apunhalar...

Sempre que uma criança mente
Ou tem medo de castigo
Ou se defende da gente
Ou faz do sonho, um amigo…

Impossível conhecer
Mesmo o presente obscuro:
Sem fantasiar o futuro
Tudo pode acontecer

Ajudar a cada irmão
Fazer tudo o que pudermos
— Pois essa é a nossa missão,
Se o crescimento quisermos...

No mistério dos vitrais
Há captação da energia
Que o Cosmos, às catedrais
Manda em plena luz do dia...

A solidão que me embala
Canta-me tristes cantigas...
Será que o silêncio fala?
Serão as sombras, amigas?

Ouvindo vozes "de fora"
Quantos loucos, conectados
Com o Alto, sem demora,
São deste mundo, afastados.

Parecem falar sozinhos
Os dementes, todavia,
Traduzem, dos passarinhos
Os recados e a magia...

Deve-se amar aos doidinhos
São filhos de Deus, também
Agem como os passarinhos
Não fazem mal a ninguém...

Com lucidez peculiar
Quantos "doidos" são mais certos
Que os que pensam acertar
Julgando-se muito espertos…
--
Fontes:
LOPES, Clevane Pessoa de Araújo. Pana Paná – Chuva de Borboletas. Portal CEN, 2003.
http://clevanepessoa.net/publicacoes.php?categoria=J

Clevane Pessoa (1947)


Clevane Pessoa de Araújo Lopes, nasceu em São José do Mipibu, Rio Grande do Norte, em 1947, radicada em Minas Gerais desde a infância, trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-Mg, nos Anos de Chumbo, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária Clevane Comenta, entre outras- na Gazeta Comercial.

Radicou-se em Belo Horizonte ao se casar com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, que então trabalhava na Via Expressa em viadutos e passarelas.

Tendo iniciado Psicologia no CES (Centro de Ensino Superior) de Juiz de Fora, então formou-se na FUMEC desta capital (Belo Horizonte).

Acompanhou o marido a S.Luiz do Maranhão, São Paulo, capital e depois a Belém do Pará. Retornou a Belo Horizonte em 1990.

Como funcionária do antigo INAMPS, exerceu um trabalho dedicado em prol dos menosvalidos e criou, por onde passou, atendimento integral à mulher, criança ,adolescente ,idosos e família.

Foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, entre outros, como A Voz de Rio Branco, de Visconde de Rio Branco, MG, onde mantinha “A Voz da Mulher”.

Escreveu na revista "o Lince" e em outras. Atualmente, é psicóloga, ilustradora, palestrista e oficineira de Poesia e Conto.

Tem livros de poemas publicados:
Sombras Feitas de Luz ;
"Asas de Água"( pela Plurarts),
"A Indiazinha e o Natal"( Edições Haruko) ;
"Partes de Mim"( R & S Gráfica e Editora) ;
"Olhares teares,saberes",(Edit.Popular, S,Luiz-MA);
Erotíssima (selo Catitu);

Seu livro Mulheres de Sal, Água e Afins, publicado pela Urbana Editora, RJ/Libergráfica BH.), reúne contos com protagonismo feminino.
Seu livro "O Sono das Fadas" (selo Catitu-BH) foi lançado na Bienal do Rio em 2009 e em vários espaços e cidades. Em 2011, foi relançado na Livraria Leitura do BH Shopping. Nesse ano, pela Pragmatha, do RS, publicou CENTAURA-poemas .

É verbete no Dicionário de Afrânio Coutinho e no Dicionário de Mulheres de Hilda Huber Flores(RS)

Possui capítulos em co-autoria (Homossexualidade e sexualidade do Adolescente,no compêndio "Adolescência, Aspectos Clínicos e Psicossociais", Edit Arte Med(RS).

Em novembro de 2011, nos III Juegos Florales do aBrace, lança "Lírios sem Delírios", com poemas e desenhos, alguma poesia em espanhol, a maioria em Português, Editora aBrace.

É consultora de teatro, revisora de textos, roteirista de peças teatrais.

No ano de 2007, completou 50 anos de Poesia, pois começou a escrever, publicar e fazer saraus aos dez .

Foi, pela” excelência da obra”, agraciada com o título de” Poeta Honoris Causa", do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa, para oito países lusófonos.

O título foi concedido por sua Presidenta, a poeta Silvia de Araújo Motta e entregue por Conceição Piló (curadora do Palácio da Liberdade, nesta capital e diretora, em MG, da IWA), no evento “Poesia é Ouro”, em sua homenagem, que aconteceu no Centro de Cultura Belo Horizonte Março/2007), organizado por Karina Campos.

Em maio de 2009, recebe o título de Doutora Honoris Causa em Filofosia ,em sua posse na ALB/Mariana.

Pertence à REBRA, Rede Brasileira de Escritoras, tendo sido recentemente convidada por Joyce Cavalccante, sua presidente, para representar a REBRA em MG. É patroness da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN, do virARTE. É membro da IWA (Estados Unidos) .

Pertence à Rede Catitu de Cultura, é colaboradora da ONG Alô Vida. Por premiações em concursos, pertence ao CLESI(Clube dos escritores de Ipatinga);

É Chanceler da Arcádia Litterária de Aracaju. , Membro Honorário de Mulheres Emergentes, Conselheira do Instituto Imersão Latina.

Estudou na SBAAT – Sociedade de belas artes Antonio Parreiras, aluna de Clério de Souza, o presidente da entidade.

Ilustrava seus textos e de outros autores, em sua página na Gazeta Comercial(Juiz de Fora, MG).

Ilustrou, a bico de pena, "100 Trovas de Juiz de Fora" – Programa Contraponto.

Participou da primeira mostra de arte da FUMEC, quando concluía a faculdade de Psicologia.

Em eventos na Semana da Mulher e da criança, expôs no HJK, em Belo Horizonte, posteres e poemas ilustrados.

Fez 30 capas de pano para a edição artesanal de "Maldita Perfeição", de Jairo Rodrigues.

Ilustrou, revisou e fez a divulgação de "Estalo, a revista", onde escrevia .Ilustrou ainda o espetáculo “Completa Ceia", de poesia erótica, "Brincando de representar', de Virgilene Araújo e outros.

Fez 25 desenhos para a III Edição do "Original-Livro de Artistas", no tema "A Forma do Pote vazio, tendo um dos desenhos apresentado no Palácio Galveias, em Lisboa, em maio de 2010.

Ilustrou seus livros "Asas de Água", Poesias-Edit.Plurart e "Mulheres de Sal, Água e Afins"(contos-Edit.Urbana , Rio de Janeiro/Libergráfica.).

Em 2011, lançou, pela Editora aBrace – da qual é representante em Belo Horioznte-MG- "Lírios sem Delírios, de Poemas, que também traz suas ilustrações.

Desde março de 2009, a mostra Graal Feminino Plural, com seus desenhos e poemas, sobre questões do gênero feminino, circula, a partir da Galeria da Árvore (MUNAP_Parque Municipal Américo Renê Gianetti) , para os Centros Culturais de Belo Horizonte(Pref.Munic.) e Regional Oeste.

A mesma também faz parte, em 2010, do festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, no largo das Forras-Espaço Cultural. Banco do Brasil.

Participa de recitais, saraus com leituras e performances de textos.

Humanista, sempre lutou pela criança, família, mulher e adolescentes, sendo pioneira nas ações brasileiras pelo atendimento integral, multidisciplinar à criança e à adolescência (desde os Anos 80).

Pelo Ministério da Saúde, ministrou oficinas em vários Estados brasileiros, quando trabalhava no Hospital Júlia Kubitscheck, no Barreiro de Cima, onde coordenou e criou a Casa da Criança e do Adolescente, com equipe multidisciplinar. A pedido do MS, organizou no HJK, o I Seminário Brasileiro de Saúde Reprodutiva e Sexualidade na Adolescência, no qual foi ainda palestrista, mediadora, debatedora e oficineira de sexualidade humana..

Possui vinte e dois e-books, quatro dos quais infantis, um de memórias, um ensaio, os demais de poesias, gêneros vários ( os e-books podem ser baixados gratuitamente no Recanto das Letras, no site da AVBL e na Vila das Artes, além de Cá estamos Nós e recentemente, no ISSUUM, disponibilizou , pela Catitu, seus livros Erotissima e O sangue das Fadas.

Participa ocasionalmente ou com frequencia dos jornais e revistas virtuais zaP (São Paulo) , DESTAQUE,Revista Nota Independente, Guatá, Gaceta Literália, Isla Negra (Argentina) , aBrace, Varanda das Estrelícias (Portugal) ,Caderno Literário (Pragmatha/RS) ,entre outros.

Possui uma antologia poética em www.direitoepoesia.com e participa de várias coletâneas virtuais , inclusive várias de BLOCOS ON LINE, entre as quais, por três vezes, da SACIEDADE DOS POETAS VIVOS.

Seus textos e poesias estão hospedados em revistas e jornais brasileiros e no Exterior. As páginas mais recentes foram
o mini-conto "O Gato", na revista internacional ABRACE (Uruguay- Brasil),
artigo sobre Cecília Meirelles ;
ensaio A Casta da Dança ,entre outros.

A convite, seu artigo "A Casta da Dança", foi publicado no no Caderno de Dança 2, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora,em Portugal.

Colabora e é colunista virtual , inclusive possui uma escrivaninha em www.recantodasletras.com, onde disponibiliza seus textos. Seu site pessoal é http://www.clevanepessoa.net.blog.php

Luta pelos Direitos Autorais, pela propriedade imaterial, pelas minorias carentes, pela ecologia, e, sobretudo, pela PAZ em todos os níveis.

É Dama da Sereníssima Ordem da Lyra de Bronze, delegada de “A palavra do Século XXI, membro da SPVA(Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, do RN) , do virArte, acadêmica correspondente de várias academias e outras instituições.

Gravou 48 horas de vídeos para o Projeto Educativo” Saúde, Vida , Alegria, CECIP /Kellog”, sendo responsável por Metodologia Participativa e pelas oficinas com adolescentes de várias classes sociais, institucionalizados, feirantes, mães –meninas, moradores de favelas, classe A etc.

Participa de mais de cem antologias, por mérito em concursos , convite ou por cooperativismo entre escritores e editoras.

No início de 2007, duas mais recentes são Letras de Babel e CuentoGotas, da editora ABRACE, lançadas no VIII ENCONTRO INTERNACIONAL ABRACE (março 2007), em Montevidéu (UY), onde esteve com Ricardo Evangelista e Sueli Silva com o espetáculo “Poetas Quae será Tamen", no qual apresentou, com os artistas, a performance “Predição”. Depois , em Roda ao Mundo 2007, Poetas do Brasil,– Antologia do Proyecto Sur (RS) – neste ano de 2009,participa das antologias aBrace, inclusive a comemorativa dos dez anos desse Movimento Cultural, tendo recebido o troféu aBrace ( pelo ano de 2008), por sua atuação pela cultura e modus vivendi.

Em 2007, comparece com vinte e cinco desenhos no "Livro dos Artistas", projeto de Regina Mello, chamado ORIGINAL . Em 2009, realiza a mostra "Graal Feminino Plural", de desenhos e poemas, atualmente em circuito pelos Centros Culturais de Belo Horizonte.

Em 2011 participa de coletiva do SIAPEMG_Sindicato dos Artistas Plásticos de MG, a convite da organizadora, Iara Abreu, com poemas e desenhos a bico de pena.

Premiada no Brasil e no Exterior em versos e prosa.

Entre os muitos prêmios, destacam-se:
primeiro lugar de Crônica, Troféu Dormevilly Nóbrega ;
Primeiro Lugar de Conto Livre, prêmio Ex-Aeqüo, no ALGARVE, em Portugal, XXIII Jogos Florais.
Recebeu em 2009 o Prêmio mais importante do aBrace, pelo seu trabalho cultural .
Em 2009, teve o poema "O Chão da Nossa terra" classificado em primeiro lugar no FESTINVERNO (Ouro Preto, Mariana).

Em 2010, foi a escritora convidada para o I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Nartal/RN e recebeu uma placa pela sua contribuição à Língua Portuguesa (UCCLA e Capitania das Artes). A seguir, foi homenageada na Câmara Municipal de São José de Mipibu, sua cidade natal.

Em 2009, tomou posse na ALB, Mariana, na qualidade de acadêmica fundadora, Cadeira 11, Laís Corrêa de Araújo, quando recebeu o título de Filósofa Imortal, Doutora Honoris Causa, PH.I, pela ALB/CONALB. E, no mesmo ano, também tomou posse na cadeira n.5, Cecília Meirelles, na AFEMIL, (Academia Feminina de Letras-Belo Horizonte, MG), para a qual foi votada em novembro de 2008.

Integra a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, de Natal/RN e tem acervo no Memorial da Mulher, da mesma capital, tendo sido convidada para em breve tomar posse na Academia Feminina de Letras do RN.

Em 2010 tomou posse como Acadêmica Correspondente na ALTO-Teófilo Otoni-MG.

Em 2011, tomou posse nas Academias Menotti del Picchia (membro correspondente), no PEN Clube de Itapira, na academia Pré Andina de Artes, Cultura y Heráldica .

Em novembro, tomou posse na AILA, Academia Itapirense de Letras e Artes, na qualidade de Membro Correspondente Titular, cadeira 05, patronímica de Luiza da Silva Rocha Rafael

Em 2009, lançou Olhares, Teares Saberes, pela Edit.Popular, de S.Luiz, Maranhão, que foi apresentado na Bienal do Livro-Rio de Haneiro/2009.

Também lançou O Sono das Fadas (já em e-book), nesse evento, para crianças de todas as idades e Erotíssima, ambos pelo selo Catitu.

Representa a Rede Catitu, o Alô Vida, Mulheres Emergentes.

Em 2010/abril recebeu placa da UCCLA/Capitania das artes, em Natal, RN, no I Encontro de escritores de Língua Portuguesa, sendo a única mulher dos quatro autores homenageados.

Em junho 2010, foi personalidade do Ano-Taubaté/SP e em novembro, Destaque Brasil 2010.

Em novembro de 2010, recebeu a Medalha Tiradentes/FALASP/JF.

Faz parte dos Poetas pela Paz e Pela Poesia e é Consultora de Arte da AMI (Associação Mineira de Imprensa).

Em 2011,recebe a Medalha de Recompensa à Mulher-GOB-RJ, através da ALB/Mariana;

Vem participando de Poetas do Brasil do Proyecto Sur, nos números pares.Por premiação, seletiva ou cooperativismo, participa de mais de noventa antologias.

É Embaixadora Universal da Paz (Cercle Universel de Les Ambassadeurs de La Paix/genegra, Suiça e Orange/França)

Sites e blogs:
1)Pessoais:
http://www.clevanepessoa.net
http://hana.haruko.blogspot.com
www.clevanepessoa/blog
br.geocities.com/clevanedeasas
paginas.terra.com.br/arte/asasdeagua

2)Subsites em outros sites:

a)Jornal de poesias(de Soares Feitosa):
www.secrel.com.br/Jpoesia/clevanepessoa2.html
infonet.com.br/direitoepoesia/poesianossacadadia_textos.asp?...

b)Palavreiros:
palavreiros.org/.../brasil/minasgerais/clevanepessoadearaujolopes.html
palavreiros.hpg.ig.com.br/cantinhodopoetaclevanepessoa_finalidades.htm

c)Direito e poesia:
infonet.com.br/direitoepoesia/poesianossacadadia_textos.asp?

d)Recanto das Letras:
www.recantodasletras.com.br/poesias/

e)Garganta da Serpente(poesias,crônicas,contos)
www.gargantadaserpente.com/veneno/clevane/08.shtml

f)REBRA:
www.avbl.com.br/avbl/membrosgrupo/clevanepessoa.htm

3)e-books e antologias virtuais:
www.portalcen.org/bv/clevane/clevane.htm
www.clevanepessoa.net/ebooks.php
www.avbl.ebooknet.com.br/pequenashistorias/17.htm
www.ebooknet.com.br/avbl/ensaiopoetico/21.htm
www.bvcaestamosnos.hpg.ig.com.br/online/ciume/02.htm
www.avbl.com.br/avbl/lv01/gb.asp?page=19

4)textos em prosa e verso em:
www.gargantadaserpente.com/quelonios/index.shtml
palavreiros.org/.../brasil/minasgerais/clevanepessoadearaujolopes.html
www.vaniadiniz.pro.br/asp/textosamigos.asp?cod=1041
www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina05/op050501
www.jamulher.hpg.ig.com.br
www.meiotom.art.br/clavane1p.htm
www.joaquimevonio.com/queridoevonio.pdf
cartasquenuncachegaram.ifrance.com/ciranda/paz/paz.htm
www.yaranazare.com/poesiasemletrao.htm
kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=168&rv=cigarra
www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina05/op050501.htm
www.vaniadiniz.pro.br/asp/textosamigos.asp?cod=1041
www.versoereverso.hpg.ig.com.br/home/002.htm
pjsgarbi.blog.uol.com.br/arch2004-01-01_2004-01-31.html
diariogeral.zip.net/arch2005-10-23_2005-10-29.html
www.kakinet.com/graffiti/graffiha.htm
br.geocities.com/deliriosplurais/solidariedade
www.alpas.hpg.ig.com.br/desafios.htm
marialimeira.zip.net/arch2005-11-01_2005-11-30.html
www.silvei.blogger.com.br
www.abrali.com/008contos.html
www.abrali.com/008contos/008encontrando_o_eu_perdido_clevane.html
www.amoremversoeprosa.com/cirandas/442cirandadasmaes.htm
sarasvati29.spaces.msn.com

Fonte:
http://clevanepessoa.net/publicacoes.php?categoria=J