sábado, 13 de julho de 2013

Adelto Gonçalves* (A Influência Russa na Literatura Brasileira)

I

Que a literatura russa influenciou boa parte da literatura produzida no Brasil, especialmente no final do século XIX e na primeira metade do século XX, nenhum crítico de bom senso pode colocar em dúvida. Até que ponto chegou essa influência e como seu deu, pois, na maioria, por desconhecimento do idioma russo, os autores tiveram acesso apenas a traduções de segunda mão do francês, é que nunca ninguém havia estabelecido.

Essa questão, porém, já está devidamente esclarecida e aprofundada, depois da pesquisa de proporções ciclópicas empreendida pelo professor Bruno Barretto Gomide em sua tese de doutoramento apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em junho de 2004, que saiu em livro em 2011 pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp): Da estepe à caatinga: o romance russo no Brasil (1887-1936), Prêmio Jabuti 2012, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Teoria e Crítica Literária.

As fontes deste livro foram extraídas de arquivos particulares de escritores e de uma extensa pesquisa que o estudioso fez em jornais, revistas e livros publicados entre 1887 e 1936, valendo-se também de consulta não só em arquivos públicos e de universidades em Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro como nos Estados Unidos, especialmente nas bibliotecas das universidades de Illinois, Indiana, Stanford e Califórnia.

Neste livro, a recepção da literatura russa no Brasil é estudada a partir de dois eixos: pesquisa documental da recepção crítica do romance russo e estudo da vasta bibliografia comparatista que lida com outros casos de recepção da literatura russa no Ocidente. Tudo isso acompanhado pelas discussões específicas fornecidas pela crítica literária e pela historiografia da cultura brasileira, como observa o autor na introdução.

Os primeiros textos que utilizavam os romancistas russos como contraponto a questões literárias candentes no Brasil datam da segunda metade da década de 1880. Já o final da década de 1930 marca um momento em que tais discussões perdem sua força e deixam de ser relevantes para a crítica. O trabalho conta ainda com um anexo que reproduz algumas fontes significativas, privilegiando as de mais difícil acesso.

II

É observar que a chegada do romance russo ao Brasil foi uma consequência marginal de um processo internacional iniciado na França, que o tornou uma sensação europeia em meados da década de 1880. Foi quando surgiram as traduções em escala industrial e livros de crítica que assinalavam a recepção desses romances em língua francesa.

Gomide aponta o ensaio O Romance Russo, de Eugène-Melchior de Vogüé (1848-1910), publicado em 1886, como o elemento basilar dessa recepção, pois era a ele que recorria a maior parte dos ensaístas, inclusive no Brasil. Entre os romancistas brasileiros, Lima Barreto (1881-1922) foi o que mais se deixou influenciar pelas ideias que os romances russos traziam implícitas, especialmente a partir do prefácio que Vogüé escreveu para Recordações da Casa dos Mortos, de Dostoiévski (1821-1881).

O pesquisador observa que já havia conhecimento da literatura russa no Brasil antes mesmo da década de 1880, mas esses contatos se davam em escala diminuta. A partir daquela data, o seu “surgimento súbito” no País, em função do que ocorria na França, passou a atiçar a criação de uma literatura genuinamente nacional, como observaram ao tempo José Carlos Jr. (?-?), um crítico paraibano hoje quase esquecido e justamente “ressuscitado” por Gomide, e Clóvis Bevilacqua (1859-1944). Mas, como constata Gomide, essa interpretação não foi unânime. Para Tobias Barreto (1839-1889), por exemplo, os romancistas russos eram a negação de tudo o que a cultura francesa representava.

Para Silvio Romero (1851-1914), os russos seriam também o melhor exemplo antípoda de Machado de Assis (1839-1908). Se o escritor fluminense construía delicados estados psicológicos de suas personagens à maneira do francês Paul Charles Joseph Bourget (1852-1935), Romero fazia o contraste com a estética radical do choque, exemplificada por Edgar Allan Poe (1809-1849) e Dostoiévski, observa Gomide. E acrescenta: para Romero, o autor fluminense ficava “bem abaixo de Dostoiévski, Poe e até de Hoffmann (1766-1822), quando este envereda, como o próprio Machado diria, pelo distrito da patologia literária”.

Portanto, o caráter inovador da prosa russa foi imediatamente detectado pelos críticos brasileiros, que passaram a utilizá-lo largamente como termo de comparação em suas críticas e recensões. E até a apresentá-lo como um modelo de emancipação para a literatura brasileira.

III

Na primeira parte de seu livro, Gomide trata da divulgação dos romancistas russos a partir da metade dos anos 1880, especialmente de 1883 a 1886. E apresenta exemplos do aumento vertiginoso do número de traduções e do entusiasmo nos meios intelectuais pelo novo fenômeno literário. Mostra ainda que, quando a revolução de 1917 assustou o mundo, já havia no Brasil uma tradição de três décadas de discussão do romance russo em periódicos e livros de crítica.

Portanto, associar autores como Dostoiévski, Turgueniev (1818-1883), Leon Tolstói (1828-1910) e Alexandr Pushkin (1799-1837) ao bolchevismo só podia partir de mentes obnubiladas, o que não é de admirar, pois, à época da última ditadura militar (1964-1985), o livro Juan Rulfo: Autobiografia Armada (Buenos Aires, Corregidor, 1973), de Reina Roffé, teve a sua importação barrada, por volta de 1975, porque o censor fez uma interpretação beligerante da palavra “armada”, quando o título queria dizer apenas que a autobiografia havia sido “armada” com declarações do escritor retiradas de entrevistas publicadas em épocas diversas. Santa ignorância...

Na segunda parte de seu trabalho, Gomide estuda as décadas de 1920 e 1930, quando era flagrante o impacto da revolução bolchevique. E mostra claramente que, ao contrário do que se supõe, a literatura russa nunca foi uma espécie de patrimônio da esquerda, pois intelectuais católicos, como Alceu de Amoroso Lima (1893-1983), Tasso da Silveira (1895-1968) e Jackson Figueiredo (1891-1928), já discutiam sua influência na literatura mundial, especialmente a partir de Dostoiévski, Máximo Górki (1868-1936) e Leon Tolstói.

A segunda parte do livro apresenta, além de um panorama do mercado editorial da década de 1930, textos que desconfiam abertamente das interpretações geradas no fim do século e tentam cercar os romancistas russos por outros ângulos. E contestam a ideia de que o niilismo de Dostoievski e de outros escritores russos teria preparado terreno para o avanço do comunismo e a vitória dos bolcheviques em 1917, apenas porque a literatura russa sempre esteve associada a questões sociais. Na conclusão, Gomide defende que é anacrônico reler os primeiros momentos da recepção da literatura russa no Brasil de acordo com os resultados posteriores à revolução de 1917.

Como o livro vai até 1936, fora da análise de Gomide fica o recente renascimento do interesse do leitor brasileiro pelo romance russo que, a rigor, deu-se depois do lançamento, em 2001, da primeira tradução de Crime e Castigo, de Dostoiévski, feita diretamente do russo por Paulo Bezerra, pela Editora 34, de São Paulo. Em seguida, saíram vários livros traduzidos diretamente do russo por Paulo Bezerra, Boris Schnaiderman, Fátima Bianchi, Lucas Simone e outros. Em 2011, saiu também Gente Pobre, de Dostoiévski, com tradução de Luíz Avelima, pela editora Letra Selvagem, de Taubaté-SP.

IV

Bruno Gomide (1972) é doutor em Letras pela Unicamp, com estágio de doutorado na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Realizou cursos nas universidades de Illinois, Indiana, Cambridge e Linguística de Moscou. Foi pesquisador-visitante no Instituto Gorki de Literatura Mundial, em Moscou, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). É o organizador do grupo de trabalho de Literatura Russa da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic).

Organizou a Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998), lançada recentemente pela Editora 34, que reúne nomes conhecidos no Brasil como Pushkin, Gógol, Dostoiévski, Tchekhov, Tolstói, Pasternak, Bábel e Nabókov e outros menos conhecidos, como Odóievski, Grin, Chalámov, Kharms, Platónov e Sorókin, num total de 40. Tem publicado artigos em periódicos internacionais, como Tolstoy Studies Journal e Vopróssi Literaturi, e participado dos principais congressos de eslavística.
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DA ESTEPE À CAATINGA: O ROMANCE RUSSO NO BRASIL (1887-1936), de Bruno Barretto Gomide. 1ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), 768 págs., 2011.
E-mail: edusp@usp.br

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(*) Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003).
Fonte:
Literatura Sem Fronteiras

I Prêmio Varal do Brasil de Literatura 2013 (Resultado Final)

VENCEDORES

CONTOS
A minha aldeia tem janelas
Maria João Saraiva

CRÔNICAS
Breviarium
Fabiana de Almeida

POEMAS
Se é preciso dizer adeus
Sandra Nascimento 

2º LUGAR

CONTOS
Amor sem volta
Ivane Laurete Perotti

CRÔNICAS
Discutindo a relação
Marcos Mairton

POEMAS
Luto
Camila Mossi de Quadros

MENÇÕES HONROSAS AOS SEGUINTES PARTICIPANTES (sem ordem ou categoria definidas)

O amor em 3 dimensões – José Anchieta F. Mendes

Meu pequeno salvador – Leni André

A decisão – Rui Pinheiro

O sequestro da noiva – Maria Josefina Nóbrega

Ferida qualquer – Ricardo Belíssimo

Aposentadoria – Maria Edviges MachadoPrimavera – Marly Rondan

O farol – Júlia Rego

Sentimento de uma primavera – Yara Darin                                                            

A professora – Evanise Gonçalves                                                                                           

Varal – Silvana Pinheiro

Desejo de poeta – Vera Lúcia Erthal

Que dança é essa? – Dalila Lubiana

Inventei manhãs - Maria João Saraiva 

O Silêncio e a Palavra – Angela Guerra

Mais uma de amor – Vítor Deischmann

Poesia-Menina – Onã Silva

O Romance internautês – Onã Silva

A Rosa Vermelha – Iris Berlink

O Prêmio – Roberto Saturnino Braga

Infinito Alvorecer – Daniele Fernanda Eckstein

Lulu, ou as coisas que não têm alma – Rejane Machado

O Diálogo que não ocorreu (Shampoo) – Fátima Rodrigues

O Amor é cego, surdo e mudo?! - Rogério Araújo

Chuva de Verão – Vicência Freitas Jaguaribe

Memórias da Infância – Isis Berlink Renault

Varal – Sonia Maria de Araújo Cintra

Canção de Ninar – Maria Aparecida Felicori (Vó Fia)

Recônditos do silêncio de uma mulher – Jeanne Paganucci

Trombando com o Inúmero – Gaiô (Maria Aparecida Rezende Gaiofatto)
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O Varal do Brasil agradece a todos os participantes e congratula a cada um pelo excelente nível dos trabalhos enviados.

O Varal do Brasil agradece à comissão julgadora que teve o difícil encargo de ler e escolher entre os tantos trabalhos enviados aqueles que hoje aqui se encontram.

O anúncio oficial será feito dia 2 de agosto de 2013 em Florianópolis, durante o lançamento do livro Varal Antológico 3.


Fonte:
Varal do Brasil

10º Concurso "Poemas no Ônibus" de Gravataí (Resultado Final)

Nesta edição do concurso, 245 textos concorreram e 26 foram premiados. Gravataí foi o local com mais envios de poemas, mas outros Estados também participaram. Destaque para o material que chegou da cidade de Saitama, localizada no Japão.

Lista de selecionados:

André Telucazu Kondo – “Poesia de fim de primavera” - Jundiaí/SP

Bibiana Meneghini Dihl – “(Um poema entre parênteses)” - Gravataí/RS

Carlos Alberto Pessoa Rosa – “Fotograma” - Atibaia/SP

Christian Lima dos Santos – “Você diz” - Gravataí/RS

Cris Dakinis – “Parece-me que sabias...” - São Pedro da Aldeia/RJ

Demétrio de Azeredo Soster – “Das disfunções da poesia” - Santa Cruz do Sul/RS

Flavio Rubens Machado de Queiroz – “Síndrome do poente” e “Sarau” - Cabo Frio/RJ

Giovanna Carla Silva de Oliveira – “Amor em fiapo” e “O oposto” - Brasília/ DF

Juarez Cesar Fontana Miranda – “Desdita” e “Cambicheiro” - Porto Alegre/RS

Júlia Parreira Zuza Andrade – “Tratado do sereno e outros véus” e “Ainda há” - Belo Horizonte/MG

Manoel Messias Belizario Neto – “Transferidor” - João Pessoa /PB

Marcelo José Lopes – “Soneto de agosto” - Guarujá/SP

Paulo Cezar Tórtora – “Na condução” e “Precaução” - Rio de Janeiro/ RJ

Plínio Omar Pereira Nunes – “Gravataí 250 anos” - Porto Alegre/RS

Reginaldo Costa de Albuquerque – “Dó ré mi” - Campo Grande/ MS

Ricardo Mainieri – “Flagrante” - Porto Alegre/RS

Rosana Banharoli – “O recomeço” - Santo André/SP

Selma Nanci Feltrin – “Retrato” - Santa Maria/ RS

Tatiana Alves – “De pedras e perdas” - Rio de Janeiro/ RJ

Teresa Beatriz Azambuya Cibotari – “Risco” - Gravataí/RS

Thiago Lux – “O poeta e o tempo” - Rio de Janeiro/RJ

Fonte: 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Izo Goldman Falece nesta Manhã

FALECEU NA MANHÃ DE HOJE, 12, O GRANDE TROVADOR IZO GOLDMAN.

A CERIMÔNIA FÚNEBRE ESTÁ SENDO REALIZADA NO CREMATÓRIO HORTO DA PAZ, À RUA HORTO DA PAZ, 191, ITAPECERICA DA SERRA, SP
 
CREMAÇÃO DO CORPO PREVISTA PARA AS 17 HORAS

IZO GOLDMAN, por ele mesmo



É tão "soft" o meu vizinho,
seu "cooper" tão devagar,
que até correndo sozinho,
chega em segundo lugar...

    Nasci  em  Porto  Alegre, em 06 /11/1932, filho  de Alberto e Esperança Goldman, estudei no Colégio Julio de Castilhos até os 12 anos quando, por motivos familiares, mudei-me para São Paulo.

    Em São Paulo estudei no Liceu Pasteur e no Colégio Vera Cruz, mas não cheguei a completar o científico, como era chamado na época.

    Mais tarde  trabalhei  na  loja de meu pai  até que, querendo independência, fui trabalhar na Texaco no controle de distribuição de combustível.

    Sai da Texaco para casar e montar um armazém de secos e molhados; tendo dois filhos Márcio e Hélio; vendi o armazém e fui trabalhar como propagandista no Laboratório Pfizer onde passei a Supervisor e Gerente de Filial.

    Por motivos pessoais mudei-me para Niterói e, ainda dentro do ramo, trabalhei no Instituto Fontoura, fabricante do Biotônico  Fontoura, como Gerente de Filial e posteriormente, voltando a São Paulo fui Gerente de Vendas da Revlon e depois da Yardley  no  ramo de perfumaria e cosméticos.

    Com estas colocações acabei conhecendo grande parte do Brasil.

    Separado de minha esposa, tive uma companheira e, com ela, dois filhos Ivan e Tatiana.

    Com a mudança para Niterói propiciei meu começo na Trova, de uma forma curiosa: dava um Curso de Chefia e Liderança para jovens no Clube Hebraica .

    Ao  mesmo tempo a Trovadora Madalena Léa fazia, no Clube, palestras sobre Psicologia Infantil, onde os pais se queixavam de que ela só dava razão para as crianças.

    Certo  dia, Madalena ainda não havia chegado e passando pela sala, deixei um recado:

Esta seria uma cena
de não se esquecer jamais,
ver a dona Madalena
dar razão aos pobres pais...

    Quando ambos saímos de nossas  reuniões, nos encontramos e a conversa foi até  quase  meia noite.
   
Madalena  me explicando o que era a Trova e a UBT e insistindo para que eu entrasse na UBT-Seção Rio de Janeiro.

    O problema é que as reuniões da UBT-Rio  eram domingos à tarde e eu jogava futebol de salão pela manhã, então ficava difícil jogar, almoçar, ir para as barcas, atravessar para o Rio  e,  ainda tomar condução  até  o  local  da  reunião.

    Era muito para mim!

    O tempo passou  e  em  outubro de 1972 houve eleições, eu que só lia os jornais do Rio, tive que comprar o “Fluminense” de Niterói, para ver onde votava.

    Depois de votar, fiquei folheando o jornal e me deparei com a seguinte matéria: “Trovadores de Niterói fazem seu Concurso”.

    Li, achei  interessante,  lembrando Madalena Léa e resolvi concorrer.

    Mandei cinco Trovas no Tema “Tiradentes”, sendo três de pé quebrado!

Em  novembro  recebi  a  comunicação de que havia ganho uma Menção Honrosa!

Fui  à festa de entrega de prêmios, no Teatro Municipal de Niterói, e fiquei encantado, embora não conhecesse ninguém; ouvi alguém comentar de um Concurso em Curitiba e, curioso, aproximei-me de um Trovador alto, trajando calça preta, camisa branca e paletó azul.

-“O Senhor é de Curitiba?”

Ele me olhou, lá do alto, como se fosse um pecado eu não saber de onde ele era, e respondeu:

-“Eu sou da UBT Nova Friburgo”.

Era Rodolpho Abbud de que mais tarde me tornei amigo.

Mas descobri que o Tema Humorístico em Curitiba era “Biquini”.

Resolvi concorrer e mandei cinco das minhas “Trovas”, sendo três de pé quebrado.

A Presidente da UBT-Curitiba era Vera Vargas que usava os  Concursos  para descobrir “Novos Trovadores “ da seguinte forma: quando aparecia um nome “Novo” ela passava um telegrama:

“Parabéns! Você foi premiado nos Jogos Florais de Curitiba.    

Procure.................(dava o nome do Delegado ou Presidente da Seção de onde era o premiado)!

    Isto fazia com que o Delegado ou Presidente “trouxesse para a UBT o novo Trovador.

    Recebi um telegrama assim, constando o nome de Milton Nunes Loureiro e, fui procurá-lo: eu havia ganho uma Menção Honrosa em “Biquini”!

    Fiquei todo feliz e pensei vaidosamente:

     - “Eu  sou bom mesmo! Dois Concursos e duas premiações!

    Depois descobri que não era bem assim, eu tinha que aprender muito!

    Passei  a  freqüentar as reuniões na casa do Milton, junto com Manita, Sávio Soares de Souza e outros Trovadores.

     Percorri  todos os “sebos” de Niterói e do Rio procurando, comprando livros de Trovas ou sobre a Trova.

     Na época, como Gerente de Vendas de uma multinacional, eu viajava muito, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Salvador, Recife e Belém e em todas estas cidades eu garimpei livros de ou sobre a Trova.

    Assim, fui formando  minha modesta biblioteca de Trovador e também a realmente fazer Trova.

    Hoje, decorrido quase 40 anos, tenho cerca de 700 ou 750 Trovas premiadas:

sou Magnífico Trovador na UBT-Nova Friburgo;
Emérito Trovador na UBT – Pouso Alegre e
possuo o Prêmio “Lilinha Fernandes” da UBT Porto Alegre;
em 2000 fiz um livro: “Trovas de quem ama a Trova”, com 300 Trovas, que se encontra esgotado.
   
Creio que minha maior contribuição para o Movimento Trovadoresco foram as inúmeras Oficinas de  Trova que fiz e alguns Concursos onde fui o Organizador; tendo feito também um “Jogral de Trovas” apresentado em diversos lugares sempre com muito sucesso.

    Por volta da 1977 mudei-me para São Paulo, com a recomendação do Presidente Nacional da UBT de organizar a Seção Local.

    Cheguei a São Paulo com uma lista de nove Trovadores: três já haviam falecido, três tinham mudado de endereço e três não ouviam falar há muito tempo da UBT!

    O “Presidente da Seção” era Antonio Lafayete, substituindo Tereza Cavalheiro que havia deixado a Seção.

    O Lafayete era Vice-Presidente da Casa do Poeta, onde não se falou nenhuma palavra sobre Trova; ao final da reunião fui conversar com o “Presidente”, me apresentei e, ele, muito feliz disse que poderíamos incentivar a Trova em São Paulo.

    Mas, depois de três meses descobri que nada se fazia pela Trova.

    Em contato com o Presidente Estadual mostrei a situação.

    Ele tentou de tudo para que movimento deslanchasse, mas não conseguiu nada.

    A solução drástica foi desativar a Seção e criar no seu lugar uma Delegacia, e nomear um Delegado.

    Comecei a trabalhar e alguns meses depois fiz uma reunião em minha casa, com nove Trovadores.

    Em 1977 comecei a fazer circulares com os Concursos em andamento e, finalmente, em agosto de 1978 saiu o primeiro número do “Informativo”.

    Ainda em 78 fizemos um Concurso para Novos Trovadores com o Tema Trova ( Lírica e Humorística); recebemos 83 Trovas e os vencedores foram, em Trovas Líricas: - Alice B. de Oliveira; Fernando A. Costa (3) Maria Luiz M. Campos; Maristela Giorgi e Regina Melillo de Souza (4).

    Em Humorísticas: Fernando A. Costa, Maria Luiza M. Campos e Maristela Giorgio.

    Continuamos em 1978, foi feita uma circular para colher dados e sugestões dos Trovadores, muito bem aceita e respondida por todos que a esta altura, já era dezesseis.

    Em março de 1979 fizemos o I Concurso Nacional. Tema: Comunidade; e, em maio sai “oficialmente” o Nº 1 do Informativo.

    Em novembro, dia 10, de 1979, uma Reunião Especial elevando a Delegacia a Seção com as presenças de Carolina Ramos ( Presidente Regional da UBT); Dias Monteiro ( Presidente Estadual da UBT), ao mesmo tempo foi feita a eleição da Diretoria da Seção e, eu fui eleito Presidente; houve 28 Trovadores presentes.

    Em outubro de 79 foi criada a categoria de “Assinante do Informativo” que começou logo com vinte assinantes.

    E assim a história continua,

    em setembro de 1981 fui eleito Presidente Estadual da UBT;            

em 1981 o Concurso Nacional de Trova “Monteiro Lobato” e

    em 1982 o Concurso Intersedes e a publicação de uma ficha completa, para atualizar o arquivo da UBT, além da criação da UBT São Bernardo do Campo e início da publicação de Trovas, uma página inteira, na Drogazeta.

    Em setembro o Concurso de Trovas da Drogazeta (Drogasil); e, Tarde da Trova, no Terraço Itália, de onde foram jogadas 300 Trovas Coloridas sobre São Paulo.

    Em setembro artigo citando o Sr. Eno Teodoro  Wanke e refutando suas opiniões sobre a UBT . (Falando de Trova) Informativo Nº 52.

    Ia esquecendo, em julho de 1981 conseguimos junto à ECT a emissão e uso de um carimbo comemorativo do “Dia do Trovador”.

    Em outubro de 1982, reeleito Presidente da Seção São Paulo.

    Abril de 1983, Nº 58, artigo contra a criação de uma Associação Nacional de Trovas por Eno Theodoro Wanke.

    Em Agosto de 1983 o I Concurso Nacional de Trovas de São Paulo.

    Já indo mais adiante, foram Presidentes da UBT –São Paulo, Thalma Tavares, Domitilla Borges Beltrame e atualmente Selma Patti Spinelli.

    Uma curiosidade: possuo uma coleção de imagens não religiosas de São Francisco de Assis, Padroeiro dos Trovadores, pela admiração que tenho à uma das maiores figuras que o mundo já conheceu.

    Minha contribuição pelo Movimento Trovadoresco deve ser julgado pelos Trovadores do Brasil, será mais justo.

    O que eu não conseguí  é o sonho de todos os Trovadores do Brasil: uma sede própria para a UBT-Nacional. Isto é claro, teria o problema de troca do Presidente Nacional mas, é um sonho, e não é proibido sonhar!

Fonte:
União Brasileira de Trovadores do Estado de São Paulo

Izo Goldman (Trovas de Quem Era Apaixonado Pela Trova)

A casa toda quebrada,
e o casal diz numa "boa":
- "Mas que furacão, que nada,
foi só uma briguinha à - toa!...

A Coroa... A Cruz... Os Cravos...
Por que deixaste, Senhor,
pagarmos com tais agravos
tanta fé e tanto AMOR?!...

A cozinha da maloca
é tão baixinha e apertada,
que, na panela, a pipoca,
não pula... fica sentada!!!

A esperança é uma resposta
com malícia de mulher:
-- Sabendo o que a gente gosta,
promete o que a gente quer...

A galinha está... chocada...
e o galo velho, uma bala,
porque existe na ninhada
um pinto verde... que fala!!!

A grandeza imaginária
que todo vaidoso tem,
é uma estrela solitária
brilhando sobre... ninguém...

A Independência eu relembro,
meu Brasil, com muito orgulho:
sonho em Sete de Setembro,
realidade em Dois de Julho!

A mais grave das ofensas
quase sempre tem raízes
quando dizes o que pensas
ou não pensas no que dizes.

A mini saia amarela
da professora, eu bendigo...
pois, em frente à mesa dela
é que eu fiquei de castigo!...

A mulher do carvoeiro
diz que o marido é uma... "graça".
pois faz fogo o dia inteiro
mas, de noite, é só fumaça...

A noiva esconde a... "cintura"...
com as dobras do vestido;
e, na igreja, alguém murmura:
-- Casório... pré concebido…

A noiva, por ironia,
na mala só vai levar
a camisola-do-dia,
que à noite... nem vai usar...

Ao galo meio inibido,
diz a pata sem recato:
-- Não tenha medo, querido,
meu marido é mesmo um... pato!

Ao ouvido do negrinho,
diz a negrinha "espoleta":
-- Se formos para o escurinho,
a coisa vai ficar... preta...

Ao ser preso, o vigarista,
explica, muito matreiro:
- "Sou apenas cientista,
faço "clones" de... dinheiro!

Ao ver um vulto suspeito,
o ciumento não poupa:
dá dois tiros bem no peito
do espelho do guarda-roupa...

A queimada é um jogo insano...
A floresta pega fogo...
E, no fim, o ser humano
é o perdedor deste jogo!

A saudade me consome
e as angústias são pesadas,
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...

A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...

A sorte, esquiva e malvada,
não dá “chance”, só trabalho...
Eu a sigo pela estrada,
e ela foge pelo atalho!...

A vida pôs, por maldade,
tanta distância entre nós,
que, quando eu canto, é a saudade
que faz a segunda voz…

A violência eu detesto,
porque é pelo amor que eu luto,
sem amor o mundo é um “resto”
eternamente de luto!

Bate o sino em tom profundo,
lembrando a mulher que um dia
entregou seu Filho ao mundo,
sabendo que O perderia!

Cara cheia...Perna bamba,
ele mesmo se conforta,
olha a rua e diz: - "Caramba!"
Nunca vi rua mais torta!...

“Cara-metade”, em verdade,
é uma expressão... trapaceira...
- a gente quer a metade
mas tem que “engolir”... inteira…

"Casamento... - alguém já disse -
é chegar à encruzilhada
onde acaba a criancice
e começa...a criançada..."

Castro Alves, teu valor
está na contradição
do eterno escravo do amor
lutar contra a escravidão.

"Causa mortis" de um otário:
alergia ou resfriado.
Espirrou dentro do armário,
e o marido estava armado!

Chegando além do horizonte,
a vida é estrada comprida;
no fim da vida, uma ponte:
no fim da ponte, outra vida…

Chuva e sol, tela encantada,
onde o maior dos pintores
pinta a curva caprichada
de um arco de sete cores!

Coitado do Zé Maria:
a mulher quase o esfola,
pois voltou da... pescaria...
co'um biquíni na sacola...

Com seu valor aumentado,
saudade é a restituição
do que já nos foi cobrado
pelos sonhos e a ilusão...

Contradição bem marcada,
que teima em nos separar:
- Meu amor toca a alvorada,
e o teu não quer acordar..

Coração não tem idade
quando vive de lembrança;
se a lembrança tem saudade,
faz, da saudade, "esperança''!

Depois que tu foste embora,
no meu peito, o desencanto
não desabafa nem chora,
não tem voz e não tem pranto...

Dois sentimentos moldados
no mesmo barro sem cor:
- é o ódio, pelos pecados,
pelas virtudes, o amor!…

É "Carcará" o apelido
do Zé, porque... come... e cisca...
Mas a mulher diz: "Duvido!
Aqui em casa nem... belisca..."

Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho,
talhado em forma de cruz!

É no rosto da criança
que o sorriso é mais bonito:
- tem a força da Esperança
e o tamanho do Infinito!

É nos momentos tristonhos
que eu peço à minha lembrança
que traga de volta os sonhos,
no aconchego da esperança…

Enquanto a guerra inundar
num dilúvio, a Terra inteira,
onde a pomba irá buscar
outro ramo de oliveira?!…

Enquanto eu tirava espinhos
das rosas que te ofertava,
deixavas nos meus caminhos
os espinhos que eu tirava...

"Esta peixada está quente!"
reclamava o Zé Maria;
e o dono do bar: "Ó xente,
'se qué',  tem pexera fria!”

Estás só...Mas, mesmo assim,
como se fora um castigo,
sinto um ciúme sem fim
do "ninguém" que está contigo!

És um arbusto florido...
Eu sou o vento que passa,
e, num delírio atrevido,
te despe e depois... te abraça..

Esta vida é uma contenda,
é um eterno desafio.
Vem o sonho – faz a renda;
vem a vida – puxa o fio.

Eu, na vida, sou barqueiro
dos meus sonhos sem destino:
sonho bom é o passageiro,
sonho mau é o clandestino.

Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...

Ficou rico o Zé Maria
na seca do Juazeiro,
vendendo "fotografia
de chuva"...por "dois cruzeiro"...

Foi no Grito do Ipiranga
que o povo outrora servil
sacudiu do jugo a canga
e fez gigante o Brasil!

Fui pirata, aventureiro,
no Mar da Felicidade;
hoje, a ferros, sou remeiro
na galera da saudade.

Jogam “xadrez” as nações,
e, no “jogo” em que se empenham,
sacrificam os “peões”,
para que os reis se mantenham.

Lá na casa da Maria
é muito estranha a porteira ...
Não faz barulho de dia,
bate e range a noite inteira …

Marcando suas fronteiras
as bandeiras eram trapos,
e, os trapos eram bandeiras,
na Querência dos Farrapos!

Meu conflito e meu fracasso
é que as trovas que componho
têm sempre os versos que eu faço,
e nunca os versos que eu sonho…

Na Barra o que mais encanta
é o contraste bem marcado: -
o Rio, passando, canta,
e o sertão canta parado...

Na briga que o meu cabelo,
e a careca estão travando
lamento ter que dizê-lo,
a careca está ganhando...

Na cidadania existem
os deveres e os direitos,
e os "direitos" só persistem
se os "deveres" forem feitos!

Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
a das culpas - concorrida!...
a dos remorsos - vazia...

Na jangada a vela panda
parece um ouvido atento,
à espera de prece branda
que há no murmúrio do vento.

Na velhice, as incertezas,
para ocupar os espaços,
vão empilhando tristezas
e acumulando cansaços..

Nem o Sol pode entender
a estrela que ele namora:
- É “Vésper” no anoitecer,
mas é “D’Alva” à luz da aurora…

Nesta "corrida" da vida,
quando o Destino nos solta,
só sabemos na "saída",
que a "corrida"... não tem volta!

Neste sesquicentenário,
meu Brasil, sinto presente
teu passado legendário
e o teu futuro ascendente!

No seu biquini apertado,
Maria me deixa mudo,
pois nunca vi "tanto nada"
cobrindo, tão pouco ..."tudo"...

No viver o que mais cansa
são estas andanças vãs,
correndo atrás da esperança
e perseguindo amanhãs.

O pai da moça, que é mau,
Chega em casa e acaba o "baile"...
É que o Zé, "cara de pau",
tava namorando em..."braile"!!!

O teu gesto de ternura,
na minha vida sofrida,
foi um copo de água pura
matando a sede da vida! ...

- " O trabalho é que enobrece!"
Dizem todos ao Raul.
E ele responde: - "Acontece,
que eu detesto sangue azul!"

Partir é quase morrer...
É deixar na despedida
um pouco do próprio ser
e muito da própria vida…

Partiste, e eu fiz o que pude,
num brinde à felicidade,
mas, quando eu disse -"saúde!"
ela respondeu...-"Saudade..."

Peixinho mais mascarado
do que aquele eu nunca vi:
só belisca anzol marcado,
"minhoca com... pedigre"…

Perdoa, amor, o meu jeito
de te olhar quando te vejo,
teu olhar me diz... “Respeito!”,
meu olhar te diz... “Desejo!”...

Pergunta o padre ao noivinho:
-"É de espontânea vontade?"
e ele respondeu baixinho:
-"Não senhor...necessidade!...”

Poeta do cativeiro,
nos teus versos triunfantes,
eu vejo um "Navio Negreiro",
sobre "Espumas Flutuantes"!

Por artes do coração
Castro Alves foi vencido;
lutou contra a escravidão,
sendo escravo de Cupido!

Pulando do nono andar,
o otimista diz a alguém
que, no quarto, o vê passar:
- Até agora... tudo bem!!!

Quando o silêncio é uma prece,
sob a lua, em noite calma,
no meu bairro até parece
que as velhas ruas, têm alma...

Quando os "Dezoito do Forte"
marcharam, cabeça erguida,
não foi por desprezo à morte
e sim por respeito à vida!

Quando pergunta o burrinho,
diz a mula envergonhada:
- "Tu nasceste, meu filhinho,
por causa de uma...burrada!..."

Queimadas... Devastação...
Natureza poluída...
e os homens, por ambição,
destroem a própria vida!

Quem morreu naquela Cruz,
foi o Corpo e nada mais:
ninguém apaga uma Luz
crucificando ideais!

Quem pela força conquista,
não conquista de verdade;
não há força que resista
à força da liberdade!!!

Sai do museu, braço dado
com sua sogra, o Sinfrônio:
e o guarda grita, alarmado:
- "Tão roubando o patrimônio!"

Se a gente fosse dar crédito
ao que diz a maioria,
só de "autor de livro inédito"
tinha uns mil na Academia!...

Se a saudade embala a rede,
meu amor, de olhar frustrado,
vê, no branco da parede,
teu semblante desenhado…

Se a tua ausência magoa,
magoa mais a saudade...
Muitas vezes a garoa
molha mais que a tempestade…

Se disseres que, hoje em dia,
vivo no "mundo da lua",
depois de um beijo, eu diria:
-"Vivo sim! E a culpa é tua!...”

Se eu me rendo ao teu agrado,
meu coração, quase louco,
bate no peito e, zangado,
desabafa: - É muito pouco!…

Sem esquinas ... sem saídas ...
muitas vidas são assim ...
Ruas retas e compridas,
e um grande portão no fim …

Sempre que aquela viúva
atravessa o meu caminho
lembro que ela é uma uva
e eu sou tarado por vinho.

Se tu queres divulgar
uma notícia qualquer,
basta o fato confiar,
em segredo... a uma mulher…

Tem mais nobreza e valor
o triunfo conseguido,
quando, humilde, o vencedor
aperta a mão do vencido!

Têm uma força tamanha
as nossas trovas singelas,
que acendem, "Flor da Montanha",
mais cento e cinquenta velas!

Teu "Adeus" eu não censuro,
censuro é um erro fatal:
meu amor não fez "Seguro"
que pague a "perda total"…

Todo "barbeiro" sustenta
que a "batida" foi assim:
-"Veio um poste a mais de oitenta,
na contra-mão, contra mim!..."

Última fonte de luz
entre as trevas da saudade,
a esperança ainda produz
um pouco de claridade...

Uma devota a rezar
é o que a rendeira parece,
faz da almofada um altar,
de cada renda, uma prece!

Velho Chico, eu te saúdo,
pois vencendo o rude agreste,
fazes, acima de tudo,
a redenção do Nordeste!

-"Vem aí um furacão!!!",
avisa a rádio, - "Cuidado!!!"
e o genro por ...precaução...
põe a sogra...no telhado!!!

Vencendo medos e mágoas
foi que o sublime barqueiro
que andava por sobre as águas
trouxe luz ao mundo inteiro.

Vendo alguém varrer o chão,
ele deita de comprido,
e, dá logo a explicação:
- "Quero ser...doido varrido..."

Virtude é fazer o bem
pelo prazer de fazê-lo,
mesmo sendo para alguém
que não fez por merecê-lo.

Zé Pescador não sossega,
mente tanto que dá gosto,
só que os peixes que ele... "pega"
têm carimbo do entreposto.


Fontes Principais:
http://www.ubtnacional.com.br/
http://singrandohorizontes.blogspot.com.br/
http://ubtrova.com.br/
Boletins da UBT – Nacional
Revistas Trovamar (Portal CEN)
Antologia Literária 2, da Academia Bauruense de Letras. Bauru: EDUSC, 2003.
Boletins de vários Concursos.
Izo Goldman. Trovas de quem ama a trova.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

IX Concurso de Trovas da UBT-Maranguape 2013 (Resultado Final) 2a.Parte


ÂMBITO: INTERNACIONAL

TEMA: DIOS [L/F]

(TROVAS EM LINGUA HISPÂNICA)

VENCEDORES

1º. Lugar:

Dios... que mi papá me quiera,
que me saque de este lodo.
Si él perdió su compañera,
yo sin madre, perdí todo...
ADIYEÉ NIEVES CASTILLO VARGAS
Panamá/Panamá

2º. Lugar:

¿DIOS... como en mi no sentirte... ?
¡Si día a día presiento
tu profundo amor que viste
a mi alma con dulce aliento...!
MARGARITA DIMARTINO DE PAOLI
Mar Del Plata/Argentina

3º. Lugar:

Dios de divina justicia
ya que me haces trovador,
transforma el verso en caricia
para el que siente dolor.
CLAUDIO GARIBALDY MARTÍNEZ SEGURA
Santo Domingo/República Dominicana

4º. Lugar:

Dios es el faro que guía
los pasos en nuestra vida
y nos colma de alegría
cuando nos sangra la herida.
HÉCTOR JOSÉ CORREDOR CUERVO
Bogotá DC/Colombia

5º. Lugar:

Dios en la tiniebla es faro
paz en el desasosiego,
vivo gracias a su amparo
y el sigue fiel a mi ruego.
ROSANA JACQUELINE VERA VIDAL
Santiago/Chile

MENÇÕES HONROSAS

6º. Lugar:

Dios mío, mi voz te implora
nos libres del odio inmundo
y que nos cubra la aurora
de tu amor Santo y profundo.
MANUEL SALVADOR LEYVA MARTÍNEZ.
Tijuana, B. C./México

7º. Lugar:

Dios a todos brindó luces
que en el alma van brillando
no son sombras no son cruces
son virtudes titilando.
STELLA MARIS TABORO
De San Jorge, Pcia de Sta Fe/Argentina

8º. Lugar:

Dios, luz del niño naciente,
resplandece en dulce trino,
por amor Verbo viviente
ejemplariza el camino.
ALMENDRA VICTORIA AGUIRRE
San Fernando, Buenos Aires/Argentina

9º. Lugar:

Dios: sé que estás a mi lado,
yo me siento protegido;
que te pido demasiado
y por ti siempre he vencido.
RAMÓN ROJAS MOREL
El Chorro, Dpto Ramón Lista, Provincia de Formosa /Argentina

10º. Lugar:

Dios... papito no me quiere
porque murió mi mamita.
Por qué su mirada me hiere,
si le extiendo mi manita.
ADIYEÉ NIEVES CASTILLO VARGAS
Panamá /Panamá

MENÇÕES ESPECIAIS

11º. Lugar:

Dios de luces y bondad,
cumple al fin la profecía,
llena al mundo de piedad
y eterna sabiduría.
GISELA CUETO LACOMBA
Union City, New Jersey/ USA.

12º. Lugar:

Dios va grabando sus huellas
por los caminos de espinas,
las sigo con las estrellas
de las plegarias divinas.
GISELA CUETO LACOMBA
Union City, New Jersey/ USA.

13º. Lugar:

Dios de nubes con su manto
ellas conversan dormidas
sollozan aguas de llanto
para mostrar sus heridas.
LUIS ALFREDO RIVAS MAZZEI
Barquisimeto/ Venezuela

14º. Lugar:

Dios sabe de la tristeza
que habita sobre la tierra,
que sin amor no hay belleza
que triunfe sobre la guerra.
CARMEN ROJAS LARRAZABAL
Pamdale, California/ USA

15º. Lugar:

DIOS cuando hace su morada
muy dentro del corazón
la fe se ve prolongada
y en ella está la razón.
LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI
Santiago del Estero/ Argentina

DESTAQUES

16º. Lugar:

DIOS, no, nos ha prometido,
un vivir sin aflicción...
pero si, nos ha advertido
transitarlo en comunión.
LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI
Santiago del Estero/ Argentina

17º. Lugar:

Dios es la luz venturosa
y el afán de los humanos,
es ley que impulsa imperiosa
a tratarnos como hermanos.
MARÍA ELENA ESPINOSA MATA.
San Nicolás De Los Garza, Nuevo León /México

18º. Lugar:

Dios brindame la fortuna
de escucharte en mi oración,
a mi alma tu voz acuna
y la llena de ilusión...
ÁNGELA DESIRÉE PALACIOS
Barquisimeto, Edo.Lara/ Venezuela

19º. Lugar:

Dios, panacea total
para todos nuestros males
y que convierte en mortal
¡Las cosas más naturales!
AGUSTÍN CARLOS IMAZ ALCAIDE
Nogent le Rotrou/ Francia

20º. Lugar:

Dios es nuestro Padre santo
Ser supremo que venero,
sé que me ama y amo tanto
y es la luz de mi sendero.
MARTHA ALICIA QUI AGUIRRE.
Tijuana, B. C./ México

===================================

ÂMBITO: INTERNACIONAL -
TROVADORES BRASILEIROS

TEMA: DIOS [L/F]
(TROVAS EM LINGUA HISPÂNICA)

VENCEDORES


1º. Lugar:

Mi Dios es la caridad,
que se expresa en el ejemplo.
Un Dios con tanta bondad
no requiere ningún templo.
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS
Maringá/PR

2º. Lugar:

Mantener fe en Dios se aprende:
basta mirar una flor.
La fe que más me sorprende
es ser, como Dios, amor.
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS
Maringá/PR

3º. Lugar:

Dios es justo y es la salida
para cualquier situación.
El amor es la medida,
si hay fe en tu corazón..
ELIANA RUIZ JIMENEZ
Balneário Camboriú/SC

4º. Lugar:

Te ruego mi Dios amado,
de mí nunca separarte!
fundé mi hogar a tu lado...
Para en el, siempre encontrarte!
MIGUEL ÁNGEL ALMADA
Campo Largo/PR

5º. Lugar:

A Dios yo quiero guardar
por siempre en mi corazón!
mas mi pecado es dudar...
y dudar, mi confesión!.
MIGUEL ÁNGEL ALMADA
Campo Largo/PR

MENÇÕES HONROSAS

6º. Lugar:

Nunca temer al futuro,
porque Dios quita la cruz,
me lleva al puerto seguro,
siendo mi rastro de luz!
VANDA ALVES DA SILVA
Curitiba/PR

7º. Lugar:

Dios nuestro Señor amado!
para ti hay versos de mi alma
y en sombra de tu cuidado
me das alegría y calma.
LÚCIA DE FÁTIMA MAPURUNGA BATISTA
Maranguape/CE

8º. Lugar:

Mi alma se ilumina
De amor de Dios en mí ser
Es grande ilusion divina
Que en mi vuelve a renacer.
LÚCIA DE FÁTIMA MAPURUNGA BATISTA
Maranguape/CE

9º. Lugar:

La lluvia moja mi piel,
El viento lleva mi adiós.
Tu ataúd le cierra infiel…
Mi gran amor, ve con Dios.
JOÃO PAULO LOPES DE MEIRA HERGESEL
Alumínio/SP

10º. Lugar:

Jesucristo el primogénito
de la tribu de Judá,
Y el mismo hijo unigénito
de gran Dios Jeová.
SIMÃO ELANE MARQUES RANGEL
Rio de Janeiro/RJ

MENÇÕES ESPECIAIS

11º. Lugar:
 
Hora alegre hora aburrida,
Según voluntad de Dios.
Él hace de nuestra vida
Lo que hace con los yoyós.
JOÃO PAULO LOPES DE MEIRA HERGESEL
Alumínio/SP

Fonte:
UBT – Maranguape

quarta-feira, 10 de julho de 2013

IX Concurso de Trovas da UBT - Maranguape/CE - 2013 (Resultado Final) 1a.Parte


TROVAS EM LINGUA PORTUGUESA

ÂMBITO: MUNICIPAL

TEMA: ALIANÇA
TROVA: LÍRICA/FILOSÓFICA

VENCEDORES

1º. Lugar:

Uma aliança de paz
fez Deus por Jesus um dia
esta nem morte desfaz
tem eterna garantia.
RAIMUNDO RODRIGUES DE ARAÚJO
UBT-Maranguape/CE

2º. Lugar:

Para sanar divergência
O povo hebreu ter bonança
A bíblia faz referência
A santa arca da aliança
JOSÉ AUREISON CORDEIRO DE ABREU
UBT-Maranguape/CE

3º. Lugar:

No círculo infindo a prova
aliança é com certeza
o bem que sempre renova
no lar que existe pureza..
Raimundo Rodrigues de Araújo
UBT-Maranguape/CE

4º. Lugar:

Uma aliança com Deus
essa sim é verdadeira
com outros ate no SUS
vão te deitar na madeira
JOÃO OSVALDO SOAREA (VAVAL)
UBT-Maranguape/CE

5º. Lugar:

Sonho com a amada serena
Quero acordar não consigo
Peque a aliança, morena
E case logo comigo.
GLICE SALES ALCÂNTARA
UBT-Maranguape/CE

MENÇÕES HONROSAS

6º. Lugar:

Estamos todos em guerra
A aliança foi rompida
Miséria em nossa Terra
É a lei de Deus cumprida.
LÚCIA MAPURUNGA
UBT-Maranguape/CE

7º. Lugar:

Coaduna-se uma aliança
Num pacto de harmonia
Com muita perseverança
Para uma vida sadia
JOSÉ AUREISON CORDEIRO DE ABREU
UBT-Maranguape/CE

8º. Lugar:

Tive muitas esperanças
de contigo me casar.
Deste fim as alianças,
e vais com outra morar.
OLGA ROSÁLIA SILVA PEDROSA
UBT-Maranguape/CE

9º. Lugar:

Deus bem traçou uma aliança
Com o seu povo escolhido
A todos deu a bonança
O torrão já prometido
ANTÔNIO ANDRADE
UBT-Maranguape/CE

10º. Lugar:

A aliança é compromisso
De amor e fidelidade
Pois Deus espera por isso
E que dure a eternidade.
LÚCIA MAPURUNGA
UBT-Maranguape/CE

MENÇÕES ESPECIAIS

11º. Lugar:

O meu amor por minha amada
Virou um amor verdadeiro
E uma aliança traçada
Foi um elo prazenteiro
ANTÔNIO ANDRADE
UBT-Maranguape/CE
====================================

ÂMBITO – MUNICIPAL
TEMA: “Baião” (Trova humorística)

VENCEDORES


1º. Lugar:

Eu vi dentro do salão
uma mulata assanhada
dizendo toca um baião
que eu quero entrar na balada.
RAIMUNDO RODRIGUES DE ARAÚJO
Maranguape/CE

2º. Lugar:

Comi tanto do baião
num forró em Cachoeira
que tive uma disfunção
quase enchi uma banheira.
JOÃO OSVALDO SOARES (VAVAL)
UBT-Maranguape/CE

3º. Lugar:

Toca-se xote e baião
debaixo de uma latada
arrastando os pés no chão
rebola alegre a moçada.
RAIMUNDO RODRIGUES DE ARAÚJO
Maranguape/CE

4º. Lugar:

Um salão bem enfeitado
em noite de São João
com um baião bem tocado
tiro poeira do chão.
OLGA ROSÁLIA SILVA PEDROSA
Fortaleza/CE

5º. Lugar:

Desperte a alma no seu peito
alegra-te, tem baião
leia esta sem despeito
solta a franga no salão.
JOSÉ AUREISON CORDEIRO DE ABREU
Maranguape/CE

MENÇÕES HONROSAS

6º. Lugar:

No baião também havia
uma grande bebedeira
Mara dançava e bebia
era grande a pagodeira.
ANTÔNIO ANDRADE
UBT-Maranguape/CE

7º. Lugar:

Autêntico nordestino
abusou de um bom baião
porém seu bravo intestino
roncou bem mais que um trovão.
JOÃO OSVALDO SOARES (VAVAL)
UBT-Maranguape/CE

8º. Lugar:

Marido, se apronte correndo
termine logo o baião
meu filho acaba nascendo
de boca torta, aleijão.
GLICE SALES ALCÂNTARA
UBT-Maranguape e ACLA/CE

9º. Lugar:

Milho assado e mungunzá
tinha na festa Romão
de meia noite pra lá
não se aguentava o baião.
ANTÔNIO ANDRADE
UBT-Maranguape/CE

10º. Lugar:

Eu canto e saio espantando
mágoas do coração
cantando e me requebrando
com Luiz, “Rei do Baião”.
GLICE SALES ALCÂNTARA
UBT-Maranguape e ACLA/CE
=========================

ÂMBITO: NACIONAL E INTERNACIONAL

TEMA: DEUS
(Trovas líricas ou filosóficas)

VENCEDORES


1º. Lugar:

Mãe que tem fé, não se esquece,
de orar pelos filhos seus!...
Pois, no silêncio da prece,
Toda mãe fala com De us!
FRANCISCO GARCIA DE ARAUJO ( PROF. GARCIA)
Caicó/RN

2º. Lugar:

Na terra, no mar, no céu,
Crentes, céticos e ateus,
Em bando ou vivendo ao léu,
Todos são filhos de Deus.
ANDRÉ LUÍS SOARES.
Guarapari (ES)

3º. Lugar:

Depois de o mundo criar,
para sublimar a lida,
Deus, num gesto singular
fez o milagre da vida.
LICÍNIO ANTÔNIO DE ANDRADE
Juiz de Fora/MG

4º. Lugar:

Deus ama tanto a bondade
e gosta tanto da paz
que nem pune a humanidade
pelos erros que ela faz...
AMAEL TAVARES DA SILVA
Juiz de Fora/MG

5º. Lugar:

Terra, és planeta bonito,
que Deus, Supremo Escultor,
no ateliê do infinito,
modelou com esplendor!
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG

MENÇÕES HONROSAS

6º. Lugar:

Equilibrando o universo,
só Deus, o poeta de escol,
na beleza de seu Verso
pode rimar lua e sol!...
DOMITILLA BORGES BELTRAME
São Paulo/SP!

7º. Lugar:

O mundo precisa crer
num Deus que se chama Amor.
Se essa crença não valer,
nada mais terá valor!
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS
Maringá/PR.

8º. Lugar:

A brisa leve e macia
que corre a campina ao léu,
na certa, vem da alegria
de Deus, sorrindo no céu!
ADILSON DA SILVA MAIA
Niterói/RJ.

9º. Lugar:

O Amor sabe onde Deus fica:
num casebre, humildemente,
ou em mansão muito rica,
mas... sempre dentro da gente!
HÉRON PATRÍCIO
São Paulo/SP

10º. Lugar:

Deus na mais justa medida,
tem segredos de tal porte,
que a morte guarda os da vida,
e a vida guarda os da morte!
CAMPOS SALES
São Paulo/SP.

MENÇÕES ESPECIAIS

11º. Lugar:

Ao atender meu apelo,
se a vida se faz ingrata,
chego a sentir o desvelo
com que Deus sempre me trata!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP

12º. Lugar:

Quando a serra malfazeja
fere um tronco milenar,
o Olhar de Deus lacrimeja
junto à seiva a gotejar.
DODORA GALINARI
Belo Horizonte/MG

13º. Lugar:

Fugir do mundo não posso,
se a dor em mim não se esvai...
mas rogo a Deus, num “Pai nosso”,
e encontro forças no Pai!
EDMAR JAPIASSU
Nova Friburgo/RJ

14º. Lugar:

Pai, - que com amor profundo,
carrega nos ombros seus
todos os filhos do mundo...
- Eis um retrato de Deus!!!
ERCY MARIA MARQUES DE FARIA
Bauru/SP.

15º. Lugar:

Um mundo melhor virá
no dia em que Alá e Zeus...
Tupã... Amon... Jeová...
forem todos um só Deus!
JAIME PINA DA SILVEIRA
São Paulo – SP

DESTAQUES

16º. Lugar:

Meu Deus, ouve este pedido,
que eu faço. Sou qual Tomé!
A vida perde o sentido,
quando a gente perde a fé!
DELCY CANALLES
Porto Alegre/RS

17º. Lugar:

Dar ajuda, caridade,
são constantes atos meus
que geram felicidade
por graças vindas de Deus!
ABILIO KAC
Gávea/RJ

18º. Lugar:

Não vês motivo aparente
para eu ser feliz assim?!
-Eu sou feliz simplesmente
por ter Deus dentro de mim!!!
MARIA MADALENA FERREIRA
Magé/RJ

19º. Lugar:

Quanto os maldosos, perversos,
tentarem roubar-me a calma,
inspirai-me, ó Deus! Bons versos,
dão paz... dão vida à minha alma!
WANDERLEY RODRIGUES MOREIRA
Santos/SP

20º. Lugar:

Eu sinto uma paz imensa
quando Deus, que é puro amor,
faz-me sentir-lhe a presença
num botão se abrindo em flor.
ARGEMIRA FERNANDES MARCONDES
Taubaté/SP

Fonte:
UBT - Maranguape

quinta-feira, 4 de julho de 2013

VIII Jogos Florais de Cambuci - 2013 (Vencedores)

ÂMBITO REGIONAL

TEMA: SORTE


Celso Luiz Fernandes Chaves Cambuci-RJ

Dejalma Matola Miranda- Cambuci-RJ

Dinah Terra Peixoto-Cambuci-RJ

Ducila Guerrante Gomes-Cambuci-RJ

Elizeu Macieira-Cambuci-RJ

Éstia Batista Lima-Cambuci–RJ

Francisca Isabel Almeida-Cambuci-RJ

Francisco Carlos Vellasco-Cambuci-RJ

Iraci Pietrani – São Sebastião do Alto

Iramar Meireles Gonçalves-Cambuci-RJ

José Carlos Queiroz Conceição-São Sebastião do Alto-RJ

José Moreira  Sobrinho-São Fidélis-RJ

Maria Luiza Peres Campos-RJ

Mª  Stella Gomes Moreira-Cambuci-RJ

Sônia Santos Paulino-Cambuci-RJ

ÂMBITOS INTERNACIONAL  E NACIONAL

TEMA  LIVRE.

A.A. de Assis – Maringá - PR

Antônio José Barradas Barroso-Parede – Portugal

Djalda Winter Santos-Rio de Janeiro-RJ

Dodora Galinari- Belo Horizonte-MG

Gilvan Carneiro da Silva-São Gonçalo-RJ

Jessé Fernandes do Nascimento-Angra dos Reis-RJ

J B Xavier – São Paulo -SP

Joana D’ arc da Veiga – Nova Friburgo-RJ

Maria Madalena Ferreira-Magé-RJ

Maria Stella Gomes Moreira-Cambuci-RJ

Marisa Mendonça Pinheiro-São Gonçalo-RJ

Messias da Rocha – Juiz de Fora-MG

Milton Souza – Porto Alegre-RS

Pedro Mello – São Paulo – SP

Renata Paccola – São Paulo – SP

Renato Alves – Rio de Janeiro-RJ

Wanderlei Rodrigues Moreira Santos-Santos – RJ

Fontes:
A. A. de Assis
Imagem = formatação : José Feldman

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Aluísio Azevedo (O Coruja) Parte 5

E agora, visto aos cinqüenta e tantos anos, aquele tipo correto na forma e um pouco desabrido nas maneiras, estava ainda a dizer a sua procedência mestiça. Por mais despejado que fosse todavia, cativava sempre com muita graça e muita insinuação. Ar gentil e franco, gestos largos, coração tão aberto a tudo e a todos, que até ao mal franquearia a entrada, desde que houvesse lá por dentro uma idéia de vingança.

Possuía ele um destes temperamentos desensofridos e ao mesmo tempo saturados de bom humor; tão prontos a zombar dos grandes perigos, como a inflamar-se à menor palavra que de longe lhe tocasse em pontos de honra. Temperamentos que não conhecem meio termo e que vão da pilhéria à bofetada com a rapidez de um salto.

Amava loucamente a mulher e adorava o filho. Todas as suas paixões de outrora, todos os seus gostos e hábitos sacrificados ao atual meio em que ele vivia, como que se transformaram em um sentimento único, em um amor de quintaessência, em uma dedicação sem limites por Teobaldo. Mas não sabia educa-lo e por cegueira da afeição permitia-lhe todos os caprichos. A mais extravagante fantasia do menino era uma lei em casa do Sr. Barão.

Defronte daquele pequeno Deus, ninguém seria capaz de levantar a voz.  Teobaldo vivia entre os seus parentes como um príncipe no meio da sua corte; o pai, a mãe, uma irmã desta, que agora a acompanhava, todos pareciam apostados em merecer-lhe as graças em troca de amor e submissão.

Pode-se, pois, facilmente calcular qual não seria a comoção de Emílio ao ver o filho, quando o foi buscar nas férias, depois de tantos meses de ausência.

– Teobaldo! Exclamou o barão, correndo para ele de braços abertos.

O menino saltou-lhe ao pescoço e deixou-se beijar, enquanto perguntava pelos de casa. E depois, a queixar-se:

— Ora! Prometeste que virias visitar-me, e nem uma vez!...

— Não pude abandonar a fazenda um só dia durante o ano! Aquilo por lá tem sido o diabo!...

Ia continuar, mas interrompeu-se para dizer ao filho:

— Anda daí rapaz! Mexe-te, que, ao contrário chegaremos muito tarde!. ... Vamos! Eu te ajudo preparar a mala. Onde é o teu quarto?

Teobaldo tomou de carreira a direção do dormitório e o pai acompanhou-o, a mexer com todos os pequenos que encontrava no caminho.

— Quem é o tal André, de que falas tu nas cartas com tanta insistência? perguntou ao filho, enquanto este emalava a sua roupa.

— Ah! O Coruja? É o meu amigo; mostro-to já; espera ai.

E, quando atravessavam o salão, já com a mala pronta, Teobaldo exclamou, puxando o braço do pai:

— Olha! É aquele! Aquele que está ao lado do diretor.

— E aquele padre, quem é? Aquele que conversa com o Dr. Mosquito?

— Deve ser o tutor de André.

— O tutor?

— Sim, porque André já não tem pai, nem mãe; foi o vigário quem tornou conta dele e quem o meteu no colégio.

— E agora veio buscá-lo e leva-o para casa durante as férias?...

— Talvez não. Já o ano passado, deixou-o ficar aqui sozinho com os criados.

— Mas pode ser que desta vez não aconteça o mesmo...

Emílio foi, porém, convencido logo do contrário pelo que ouviu entre o diretor e o padre, cujo diálogo ia se esquentando a ponto de lhe chegar perfeitamente ao ouvidos.

— Abuso?... Exclamava o vigário. Não vejo onde esteja o abuso!

— Pois não! Replicava o diretor. Pois não! V Revma. vem ter comigo e pede-me que tome conta de seu pupilo pela metade do que recebo pelos outros alunos; eu consenti, consenti, porque sabia que o pobre menino não tem outra proteção além da sua... Pois bem! Chegam as férias; o senhor não manda buscar, o que é sempre um inconveniente para um estabelecimento desta ordem, e...

— Não sei por quê... Interrompeu o padre.

— Sei eu, gritou o diretor. E a prova, olhe, é que tencionava fazer pelas férias um passeio à corte com minha família, e não fiz!...

— Sim, mas o senhor, naturalmente, não foi detido só por este...

— Engana-se; seu pupilo foi o único aluno que ficou no colégio durante as férias!

— Não é culpa minha!

— De acordo e não é disso que faço questão. Deixa-me continuar...

— Pode continuar.

— Como dizia: o senhor, não satisfeito com o abatimento que lhe fiz durante o ano inteiro, pediu-me ainda que lhe fizesse um novo abatimento durante as férias. Permita que lhe diga: o que V. Rev.ma pagou não deu sequer para as comedorias, porque não é com tão pouco que se alimenta aquele rapaz! Não imagina que apetite
tem ele!

André, ao ouvir esta acusação, abaixou o rosto, envergonhado como um criminoso, e pôs-se a roer as unhas, sentindo sobre si o olhar colérico do padre, que o media da cabeça aos pés.

— Pois bem! Prosseguiu o diretor; chegam de novo as férias e, quando estou resolvido a remeter-lhe o menino, vem o senhor e diz que desta vez não pode pagar tanto como das outras!... Ora! Há de V. Rev.ma convir que isto não tem jeito!

— Seria uma obra de caridade!... Objetou o padre.

— Sim, mas eu já fiz o que pude...

— Pois vá! Pagarei o mesmo que nas férias do ano passado.

— Não, senhor, não serve! V. Rev.ma leva o menino e, se quiser, pode apresentar-mo de novo em Janeiro. De outra forma não!

— Tenho então de levar o pequeno comigo? Exclamou o padre, fazendo-se vermelho.

— De certo, respondeu o diretor sem hesitar. As férias Inventaram-se para descanso e eu não posso fica tranqüilo, sabendo que há um aluno em casa. Dá-me mesmo trabalho que me dariam vinte! Não! Não.

— Mas, doutor!.

— Não, não quero! É um cuidado constante. Retiram-se todos os empregados e fica aí o menino só com o servente; de um momento para outro, uma travessura, uma tolice de criança, pode ocasionar qualquer desgraça, e serei eu por ela o único responsável! Não quero!

— E se eu pagar o mesmo que pago durante ano? Perguntou o reverendo já impaciente e cada vez mais vermelho.

— Nem assim.

— Nem assim? E quanto é preciso então que eu pague?

— Nada, porque estou resolvido a não aceitar.

— De sorte que eu tenho por força de levar o pequeno?...

— Fatalmente.

— Pois então, pílulas! Exclamou o padre, deixando transbordar de todo a cólera; pílulas!

E, voltando-se para o Coruja:

— Vá! Vá fazer a trouxa e avie-se!

O Coruja afastou-se tristemente enquanto o padre resmungava: Peste! Só me serve para me dar maçadas e fazer-me gastar o que não posso! O barão. que a certa distância ouvira tudo ao lado do filho, disse a este em voz baixa:

— Pergunta ao teu amigo se ele quer vir conosco passar as férias na fazenda.

Teobaldo, satisfeito com as palavras do pai, foi de carreira ter com o Coruja e voltou logo com uma resposta afirmativa.

— Reverendo, disse então o fidalgo aproximando-se do padre com suma cortesia. Por sua conversação com o Dr. Mosquito fiquei sabendo que o contraria não poder deixar o seu pupilo no colégio; lembrei-me, pois, se não houver nisso algum inconveniente, de levá-o com o meu filho, a passar as férias na fazenda em que resido.

O diretor deu-se pressa em apresentá-lo um ao outro, desfazendo-se em zumbaias com o barão. E o padre, cuja fisionomia se iluminara à proposta do adulado, respondeu curvando-se:

— Meu Deus! O Sr. barão pode determinar o que bem quiser!... Receio apenas que o meu pupilo não saiba talvez corresponder a tamanha gentileza; uma vez, porém, que o generoso coração de V. Exa. sente vontade de praticar esse ato de caridade...

— Não, não é caridade! Atalhou Emílio, francamente. Não é por seu pupilo que faço isto, mas só para ser agradável a meu filho... Eles são amigos.

— Se V. Exa. faz gesto nisso.

— Todo o gosto.

— Pois então pequeno está às ordens de V. Exa.

— Bem. Ficamos entendidos. Levo-o comigo e trá-lo-ei com Teobaldo, quando se abrirem de novo as aulas.

O reverendo entendeu a propósito contar ao Sr. barão, pelo miúdo, a história do "pobre órfão"; como ele o recolhera e sustentava, repetindo no fim de cada frase "Que não estava arrependido" e, terminando com a financeira e conhecida máxima: "Quem dá aos pobres, empresta a Deus!..."

CAPÍTULO VII

— É bem feiozinho, benza-o Deus! O tal teu amigo!... Disse o barão ao filho, enquanto André se afastava para ir buscar a sua trouxa.

— Sim, mas um belo rapaz, respondeu Teobaldo. Tem por mim uma cega dedicação.

— Embora! É muito antipático! Está sempre a olhar tão desconfiado para a  gente!... E parece mudo — só me respondeu com a cabeça e com os ombros às perguntas que lhe fiz.

— É assim com todos.

— Nem sei como vocês se fizeram amigos. Então tu, que, segundo me disse ainda há pouco o Mosquito, não te chegas muito para os teus colegas.

— Só me chego para o Coruja. É o único. Coitado! O reverendo, ao que parece, não morre de amores por ele; nem à mão de Deus Padre queria carregá-lo para casa.

— Um mau sujeito, o tal reverendo!

— Mas, com certeza não foi por maldade que o recolheu à sua proteção.

— Não sei. Talvez!...

Emílio olhou mais atentamente para o filho e disse sorrindo:

— Tens as vezes coisas que me surpreendem. Com quem aprendeste tu a desconfiar desse modo dos teus semelhantes?

— Contigo. Não me tens dito tantas vezes que gente deve desconfiar de todo o mundo?

— Para não sofrer decepções a cada passo... Exato!

— E que, no caso de erro, é preferível sempre nos enganarmos contra, do que a favor de quem quer que seja!…

— De certo. O homem deve sempre colocar-se superior a tudo e fazer por dominar a todos. O mundo meu filho, compõe-se apenas de duas classes — a dos fortes e a dos fracos; os fortes governam, os outros obedecem. Ama aos teus semelhantes, mas não tanto como a ti mesmo, e entre amar e ser amado, prefere sempre o último; da mesma forma que deves preferir sempre — dar, a pedir, principalmente se o obséquio for de dinheiro.

— Achas mau que eu seja amigo do Coruja?

— Ao contrário, acho excelente. Essa escolha, entre tantos colegas mais bem parecidos, confirma o bom juízo que faço do teu orgulho, e mostra que tens sabido aproveitar-te dos meus conselhos.

— Não compreendo.

— Também ainda é cedo para isso. É preciso dar tempo ao tempo.

O Coruja reapareceu sobraçando a sua pequena mala de couro cru
.
— Pronto? Perguntou-lhe Teobaldo.

O outro meneou a cabeça, afirmativamente.

— Pois então a caminho! Exclamou Emílio, descendo a escada na frente dos rapazes.

Um carro os esperava à porta do colégio; o cocheiro tomou conta das bagagens; Emílio fez subir os dois meninos e sentou-se defronte deles. André, muito esquerdo com a sua roupinha de sarja, que ia já lhe ficando curta, não olhava de frente para os companheiros e parecia aflito naquela posição; ao passo que Teobaldo, muito filho de seu pai, conversava pelos cotovelos, dizia o que vira, praticara e assistira durante o ano, criticando os colegas, ridicularizando os professores e, ao mesmo tempo, fazendo espirituosos comentários sobre tudo que lhe passava defronte dos olhos pela estrada.

Chegaram à fazenda às oito horas da noite. Vieram recebê-los ao portão a Sra. baronesa e mais a irmã, D. Geminiana, acompanhadas ambas pelo Caetano, que trazia uma lanterna.

Santa lançou-se ao encontro do filho, cobrindo-o de beijos sôfregos e a chorar e a rir ao mesmo tempo, enquanto um escravo, que acudira logo, desembarcava as malas e ajudava o cocheiro a desatrelar os animais.

Teobaldo passou dos braços da mãe para os da tia, que não menos o idolatrava, apesar de ser um tanto resingueira de gênio.

— O nosso morgado traz-lhe um hóspede! Declarou o barão, empurrando brandamente o Coruja para junto das senhoras É aquele amigo de que ele fala nas cartas. Vem fazer-lhe companhia durante as férias.

André, muito atrapalhado de sua vida, porque jamais se vira em tais situações, quando deu por si estava nos braços da mãe do seu amigo e recebia um beijo na testa.

Coitado! Que estranhas sensações não lhe produziu aquele beijo, ainda quente da ternura com que foram dados os outros no verdadeiro filho! Há quanto tempo não aspirava o pobre órfão essa flor ideal do amor, essa flor sonora — o beijo! Depois de sua mãe ninguém mais o beijara. E Santa, sem saber, acabava de abrir o coração do desgraçado um sulco luminoso, que penetrava até às suas mais fundas reminiscências da infância.

— Este menino está chorando! Considerou D. Geminiana, que até aí observara o Coruja como quem contempla um bicho raro.

— Que tens tu? Perguntou Teobaldo ao amigo.

— Nada, respondeu este, limpando as lágrimas na manga da jaqueta.

E o seu gesto era tão desgracioso, coitadinho, que todos, à exceção de Santa, puseram-se a rir.

— Não é nada, com efeito! A comoção talvez!... Exclamou Emílio, batendo levemente nas costas de André. — Há muito tempo que não se vê entre família!

Daqui a pouco nem se lembrará que chorou,... Não é verdade, amiguinho?

O Coruja disse que sim, enterrando a cabeça nos ombros.

— Mas, vamos para cima, que eu estou morrendo por comer! Protestou Teobaldo, passando os braços em volta da cinta das duas senhoras e obrigando-as a acompanhá-lo.
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continua…
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