quinta-feira, 25 de junho de 2015

Folclore Sem Fronteiras (África: Oxóssi)




Marly Rondan

Oxóssi

Percorre a floresta escura.
Sob a luz do luar… caça!
Traz pra Terra a fartura.
Põe mel em nossa cabaça.

Protege a nossa floresta.
Revela novos perigos…
Transforma esta vida em festa
e os Orixás em amigos.

Oferendas vou levar.
Refresco de cambuci,
tucuxi vindo do Mar…

Guerreiro e bom caçador,
Pai Oxossi, sua Benção!
Receba o nosso louvor…

OXÓSSI

         Okê!
         Olofin era um rei africano da terra de Ifé, lugar de origem de todos os iorubas.
         Cada ano, na época da colheita, Olofin comemorava, em seu reino, a Festa dos Inhames.
         Ninguém no país podia comer dos novos inhames antes da festa.
         Chegado o dia, o rei instalava-e no pátio.do seu palácio.
         Suas mulheres sentavam-se à sua direita, seus ministros sentavam-se à sua esquerda, seus escravos sentavam-se atrás dele, agitando leques e espanta-moscas, e os tambores soavam para saudá-lo.
         As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma.
         Elas comemoravam e brincavam.
         De repente, um enorme pássaro voou sobre a festa.
         O pássaro voava à direita e voava à esquerda ... Até que veio pousar sobre o teto do palácio.
         A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras, furiosas porque não foram também convidadas para a festa.
         O pássaro causava espanto a todos! Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa direita cobria o lado esquerdo do palácio, sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio, as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça, o portal da entrada.
         As pessoas assustadas comentavam:
         "Ah! Que esquisita surpresa?"
         "Eh! De onde veio este desmancha-prazer?"
         "lh! O que veio fazer aqui?"
         "Oh! Bicho feio de dar dó!"
         "Uh! Sinistro que nem urubu!"
         "Como nos livraremos dele?"
         "Vamos, rápido, chamar os caçadores mais hábeis do reino."
         De ldô, trouxeram Oxotogun, o "Caçador das vinte flechas".
         O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte flechas.
         Oxotogun afirmou:
         "Que me cortem a cabeça se eu não o matar!"
         E lançou suas vinte flechas, mas nenhuma atingiu o enorme pássaro.
         O rei mandou prendê-lo.
         De Morê, chegou Oxotogí, o "Caçador das quarenta flechas".
         O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas quarenta flechas.
         Oxotogí afirmou:
         "Que me condenem à morte, se eu não o matar!"
         E lançou suas quarenta flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro.
         O rei mandou prendê-lo.
         De Ilarê, apresentou-se Oxotadotá, o "Caçador das cinquenta flechas". Oxotodotá afirmou:
         "Que exterminem toda a minha fanulia, se eu não o matar".
         Lançou suas cinquenta flechas e nenhuma atingiu o pássaro.
         O rei mandou prendê-lo.
         De Iremã, chegou, finalmente, Oxotokanxoxô, o "Caçador de uma flecha só". O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua única flecha.
         Oxotokanxoxô afirmou:
         "Que me cortem em pedaços se eu não o matar!"
         Ouvindo isto, a mãe de Oxotokanxoxô, que não tinha outros filhos, foi rápido consultar um babalaô, o adivinho, e saber o que fazer para ajudar seu único filho.
         "Ah! - disse-lhe o babalaô.
         "Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte tomar-se-á riqueza."
         E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradasse às feiticeiras.
         A mãe sacrificou, então, uma galinha, abrindo-lhe o peito, e foi, rápido, colocar na estrada, gritando três vezes:
         "Que o peito do pássaro aceite este presente!"
         Foi no momento exato que Oxotokanxoxô atirava sua única flecha.
         O feitiço pronunciado pela mãe do caçador chegou ao grande pássaro. Ele quis receber a oferenda e relaxou o encanto que o protegera até então. A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno peito. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu.
         A notícia espalhou-se:
         "Foi Oxotokanxoxô, o "Caçador de uma flecha só", que matou o pássaro!
         O Rei lhe fez uma promessa, se ele o conseguisse! Ele ganhará a metade da sua fortuna! Todas as riquezas do reino serão divididas ao meio, e uma metade será dada a Oxotokanxoxô!
         " Os três caçadores foram soltos da prisão e, como recompensa, Oxotogun, o "Caçador das vinte flechas", ofereceu a Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios; Oxotogí, o "Caçador das quarenta flechas", ofereceu-lhe quarenta sacos; Oxotadotá, o "Caçador das cinquenta flechas", ofereceu-lhe cinquenta. E todos cantaram para Oxotokanxoxô.
         O babalaô, também, juntou-se a eles, cantando e batendo em seu agogô:
         "Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!!!
         "O caçador Oxo é popular!"
         E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado Oxowusi.
         Oxowusi! Oxowui!! Oxowusi!!!

Fontes:
Marly Rondan Pinto. Poesias para evocar os Orixás. São Paulo: Sol, 2011.
Pierre Catumbi Verger. Lendas Africanas dos Orixás. Salvador: Corrupio, 1997.

Elisa Alderani (O Charme do Lago)



Tinha cabelo grisalho, barba grisalha. Trajava uma camisa verde claro da cor dos olhos. Um indivíduo sem dúvida muito charmoso.
         Eu estava sentada no restaurante do lago. Logo que cheguei com minha família, não consegui mais desviar o olhar daquele homem que me atraía por seu semblante acolhedor e tranquilo. Degustava com toda calma azeitona preta, bebia um gole de cerveja e voltava o olhar ao lago. O dia estava quente e ensolarado, mas apesar disso, no terraço do restaurante, havia muitas pessoas sentadas à mesa. Só ele estava sozinho, certamente à espera de alguém. Fixava o lago, o seu olhar se perdia no horizonte e voltava ao lago onde gansos brancos desfilavam silenciosamente.
         Observei melhor aquela figura tão interessante, sentada a poucos metros de distância e vi que tinha uma profunda ruga na fronte. Não sei explicar o porquê da atração por aquela pessoa que me era estranha. Um sentimento de calma e confiança se apropriou de mim e não conseguia disfarçar. Olhava também, o lago, os gansos, as árvores que circundavam o local. Tudo muito bonito, mas meu olhar recaía sobre ele.
         Fiquei imaginando o impossível. Seria eu a protagonista desta espera? Chegar de mansinho e abraçá-lo. Podia ser a esposa ou a amante. Por que não? Travar com ele um diálogo amoroso, de carinho e afeto; falar sobre viagem, projetos, sonhos e muito mais.
         Com certeza o estranho estava esperando por alguém muito importante e saboreando o encontro, tinha estampado no rosto um leve sorriso de satisfação. Uma espera confiante, sem estresse.
         O tempo parecia ter parado, meu filho tinha feito o pedido e na espera vinha tomando refrigerante. Eu ficava observando atentamente os acontecimentos que envolviam o ambiente. Um pássaro naquela hora tinha pousado no pilar da cerca ao lado da pessoa desconhecida e temendo que me pegassem na minha obsessão falei para minha neta: – “Olha aquele pássaro, faz tempo que está parado, ele não tem medo das pessoas”. Meu filho então ouvindo minha observação, retrucou: -“Ele está acostumado a este ambiente”.
         Verdadeiramente era muito agradável estar à beira daquele lago, transmitia calma e serenidade.
         O nosso almoço foi servido e me distraí. Quando levantei os olhos, uma senhora risonha tinha se sentado ao lado do estranho e com ela um adolescente. Conversavam animadamente com alegria. Na distância em que a gente se encontrava não dava para ouvir o diálogo, mas logo tirei minhas conclusões, pensando: – “Que bom, ele tem uma boa companhia, afinal merece. Estava muito charmoso para ficar sozinho”.
         Na beira do lago ficaram os meus verdes sonhos deslizando junto aos gansos, sem meta a ser conquistada.

Fonte: Elisa Alderani. Flores do meu jardim. Ribeirão Preto: Legis Summa, 2008.

            Elisa Alderani nasceu em 22 de fevereiro de 1938 em Como, Itália.Formada em técnico de Química Industrial, trabalhou no laboratório de uma Fábrica Têxtil até se casar.
            Mudou-se Ribeirão Preto, em 1978.
            Ao se aposentar entrou na escola de terceira idade frequentando as oficinas culturais do Sesc.
            Membro da Casa do Poeta, cadeira n. 15,e da Galeria das Letras. Membro da União Brasileira de Escritores, participa também da União Brasileira dos Trovadores e as oficinas doa União dos Escritores Independentes.
            Tem participação em várias antologias do Brasil e de Ribeirão Preto como Ave Palavra e Frutos da Terra. Foi premiada no concurso da ALUMIG de Belo Horizonte, nos Jogos Florais de Ribeirão Preto, Jogos Florais de Santos.
            Na comunidade da Igreja Santo Antônio de Pádua, frequenta a Associação da Legião de Maria, visitando pessoas doentes e levando a elas conforto da Sagrada Comunhão.
            Em 2008 publicou seu primeiro livro Flores do meu jardim - Fiori del mio Giardino, bilingue, produção independente, com o qual ganhou o premio Ruben Cione de Literatura, na Feira do Livro de 2009.

Folclore Sem Fronteiras (Japão: A Princesa e o Dragão)



Há muitos séculos, vivia, em uma pequena aldeia montanhosa, um velhinho e sua esposa. Certa ocasião, os dois foram a um santuário agradecer a Zenchi no Mikoto', o Deus da Graça Divina, pelo dom da longevidade da qual eles foram contemplados. Na volta, quando caminhavam para casa, viram no rio um cesto sendo levado pela correnteza. Curiosos, pegaram uma vara de pesca abandonada e puxaram o cesto para a margem do rio.
         O casal levou um tremendo susto, porque no cesto havia uma criancinha sorridente. Como o casal não tinha filhos, interpretou que aquela graciosa menina era um presente do céu, já que durante as orações de agradecimento no santuário, haviam comentado que se tivessem filhos, a felicidade do casal estava completa.
         Assim, levaram a criança para casa e a trataram com muito carinho. O tempo passou e a criança transformou-se numa linda moça. Ela era tão bonita que todos a chamavam de Hime (Princesa).
         Na vizinhança, moravam dois irmãos que gostavam dela desde o tempo em que eram crianças. O irmão mais velho era esperto e muito ativo; o mais novo, amável e muito pacato.
         Um dia, quando o senhor feudal visitou a aldeia durante o Festival da Colheita, vendo a moça dançar, gostou muito dela e a requisitou para morar no castelo como uma das suas concubinas.
         Os aldeões ficaram satisfeitos, pois a sua ida para o castelo do senhor representava prosperidade futura da aldeia, pois ela poderia interceder junto ao senhor feudal para fazer melhorias. Porém, duas pessoas da aldeia não gostaram. Eram os irmãos que amavam a garota. Desgostoso de tudo, o mais velho foi até o penhasco e saltou para dentro do lago. Logo a seguir, o irmão mais novo. Nesse exato momento um dragão surgiu na superfície do lago e os aldeões pensaram que ele se transformara num dragão. Na verdade, o dragão era o pai dos irmãos, Ryuoo, o Rei dos Dragões.
         Certo ano, na região, houve uma longa estiagem. O campo agrícola estava completamente seco e o grande lago, quase seco. Diante disso, o senhor feudal ordenou que os aldeões fizessem campos de arroz no lago semi-seco. Assim, os lavradores começaram a remover a terra do fundo do lago. Porém, nessa noite, todos os lavradores tiveram o mesmo sonho: a bela Hime apareceu a cada um deles e fez um pedido dizendo para preservar o lago como está.
         Mas ninguém deu ouvido ao pedido e continuaram cavando a terra para o plantio, pois estavam desesperados. Se a seca continuasse, todos morreriam de fome.
         O fundo do lago foi todo revirado pelos homens da aldeia. Então, Ryuoo ficou irritado e a água foi aumentando, aumentando, até causar uma inundação. As águas carregaram as mudas de arroz para superfície, levando-as para o campo tradicional e arrastando os corpos dos irmãos que estavam mortos no fundo do lago.
         Hime vendo Ryuoo foi conversar com ele:
         - Por favor, Rei dos Dragões, use seus poderes para trazer os dois irmãos à vida.
         - Esses dois eram meus filhos, mas nada posso fazer, pois eles sacrificaram a vida por vontade própria. Somente outro sacrifício pode reverter essa situação.
         - Eu amei os dois. Ajude-os em troca de meu sacrifício. Para dizer a verdade, trago em meu ventre um bebê do irmão mais velho, disse Hime chorando.
         - Lembre-se, você, que é tão linda, se entrega sua vida em sacrifício, jamais poderá retornar à forma humana. Será para sempre um dragão feio.
         Hime concordou em se transformar em dragão e viver para sempre no fundo do lago com seu amado que, após voltar à vida, preferiu a forma de dragão. O irmão mais novo adquiriu novamente forma humana e retornou à aldeia com o bebê de Hime e de seu mano.
         Quinze anos depois, o bebê havia se transformado em uma linda garota. Por isso, como a mãe, todos da aldeia a chamavam de Hime (princesa).
         Um dia olhando para o lago, seu tio disse:
         - Fomos salvos por sua mãe 15 anos atrás. Ela era bonita como você. Aceitou ser transformada em dragão para salvar a minha vida e a de seu pai. Eu prometi que retornaria ao lago quando você completasse 15 anos. E hoje é o dia do meu retorno.
         Dizendo isso, o irmão mais novo mergulhou no lago e nunca mais voltou.
         Atualmente o lago é chamado de Lago Tazawa, cujo nome faz referência à plantação de arroz.

domingo, 14 de junho de 2015

XVIII Jogos Florais de Curitiba 2015 (Classificação Final)

XVIII Jogos Florais de Curitiba 2015


RESULTADO GERAL
 Âmbito Nacional:

Tema Iguaçu
Categoria: Veterano

1º Lugar: Therezinha Diegues Brisolla - São Paulo - SP
2º Lugar: Francisco Garcia - Caicó - RN
3º Lugar: Arlindo Tadeu Hagen - Juiz de Fora - MG
4º Lugar: Ivone Taglialegna Prado - Belo Horizonte MG
5º Lugar: Darly O. Barros - São Paulo - SP
6º Lugar: Almira Guaracy Rebelo - Belo Horizonte - MG
7º Lugar: Hélio Pedro Souza - Natal -RN
8º Lugar: Selma Patti Spinelli - São Paulo - SP
9º Lugar: Messias da Rocha - Juiz de Fora - MG
10º Lugar: Therezinha D. Brisolla - São Paulo - SP
11º Lugar: Eliana Ruiz Jimenez - Balneário Camboriú- SC
12º Lugar: Wanda de Paula Mourthé- Belo Horizonte - MG
13º Lugar: Carolina Ramos - Santos - SP
14º Lugar: Dodora Galinari - Belo Horizonte - MG
15º Lugar: Wanda de Paula Mourthé - Belo Horizonte - MG
16ºLugar: Manoel Cavalcante Souza Castro - Pau dos Ferros –RN

Âmbito Nacional:

Tema Iguaçu
Categoria: Novo Trovador

1º Lugar: Aluízio Alberto da Cruz Quintão – Belo Horizonte - MG
2º Lugar: Aluízio Alberto da Cruz Quintão – Belo Horizonte -MG
3º Lugar: José Marques – Bauru - SP
4º Lugar: Luzia Brisolla Fuim - São Paulo -SP
5º Lugar: Fátima Corrêa Daniel - São Gonçalo - RJ

Âmbito Internacional:

Tema Iguaçu
Categoria: Veterano 
Não há classificados.
Âmbito Internacional:

Tema Iguaçu
Categoria: Novo Trovador

1º Lugar: Edweine Loureiro da Silva - Saitama - Japão
2º Lugar: Edweine Loureiro da Silva - Saitama – Japão

Âmbito Estadual:

Tema Gralha Azul
Categoria: Veterano

1º Lugar: Pedro Melo - Curitiba
2º Lugar: Antônio Augusto de Assis - Maringá
3º Lugar: Janske Schlenker – Curitiba
4º Lugar: Pedro Melo - Curitiba
5º Lugar: Maria Aparecida Pires - Curitiba
6º Lugar: Lucília Decarli - Bandeirantes
7º Lugar: Maria Helena Oliveira Costa - Ponta Grossa
8º Lugar: Dari Pereira - Maringá
9º Lugar: Antônio Augusto de Assis - Maringá
10º Lugar: Maurício Fernandes Leonardo - Ibiporã
11º Lugar: Lucilia Decarli - Bandeirantes
12º Lugar: Maria Aparecida Pires - Curitiba
13º Lugar: Maria Helena Oliveira Costa - Ponta Grossa
14º Lugar: Istela Marina Gotelipe Lima - Bandeirantes
15º Lugar: Sônia Maria D. Martelo - Ponta Grossa
16º Lugar: Wandira Fagundes Queiroz –

Curitiba Âmbito Estadual:

Tema Gralha Azul
Categoria: Novo Trovador

1º Lugar: Paulo Roberto Walbach - Curitiba
2º Lugar: Luiza Nelma Fillus - Irati
3º Lugar: José Feldman - Maringá
4º Lugar: Madalena Ferrante Pizatto - Curitiba
5º Lugar: Lília Souza - Curitiba
6º Lugar: Lucas Ramos Faria - São Mateus do Sul
7º Lugar: Álvaro Rocha- Curitiba
8º Lugar: Mamed Zauíth- Curitiba
9º Lugar: Paulo Roberto Walbach - Curitiba
10º Lugar: Osires Haddad - Curitiba
11º Lugar: José Feldman - Maringá
12º Lugar: André Ricardo Rogério - Maringá
13º Lugar: Paulo Roberto M. Gomes - Curitiba
14ºLugar: Karla Cristina Bittencourt - Curitiba
15º Lugar: Karla Cristiane Bitencourt - Curitiba
16º Lugar: Hulda Ramos - Maringá