segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A. A. de Assis (Revista Virtual de Trovas "Trovia" - n. 177 - setembro de 2014)


                                              Trovia
UBT – Seção Maringá-PR -- Coordenação: A. A. de Assis
Ano 15 – n. 177 – Revista virtual de trovas – Setembro de 2014


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Amor – mistério profundo
que não se pode explicar.
Mesmo assim, pobre do mundo
se ninguém soubesse amar…
Aparício Fernandes

Todo o teu corpo estremece
se te falo – que doidice!
Que dirá se eu te dissesse
aquilo que eu não te disse...
Djalma Andrade

Eu te quero às escondidas...
E se esta espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar...
Eugênia Maria Rodrigues

Liberdade – sentinela
da paz, em qualquer lugar.
E quem não lutar por ela...
não tem mais por que lutar!
João Freire Filho

Estrela do céu que eu fito,
se agora ela me fitar,
fala do amor infinito
que eu lhe mando neste olhar...
Luiz Otávio

Um brinde à vida, eu proponho!
À vida quero brindar...
Se o que move a vida é o sonho,
 vamos viver e... sonhar!
Thereza Costa Val

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Hoje em dia, no namoro,
tem pegação, tem ficada.
Se o homem não dá no couro,
já não pega quase nada!
Ângela Ramalho – PR

Tem mulher que vai ao bar
tomar uma caipirinha...
No fundo ela vai tomar
é conta de uma vizinha!
Elisabeth Souza Cruz – RJ

O beijo só tem razão
se um ato de amor ele é.
Do contrário é lambeção,
ou falta de higiene até...
Maria de Archimedes – RJ

Por justas causas, e fartas,
perdeu o carteiro o emprego:
em vez de entregar as cartas,
jogando cartas foi pego...
Osvaldo Reis – PR

O “pulgo” ficou cismando
quando viu, pelo caminho,
sua pulga passeando
no cachorro do vizinho...
Renato Alves – RJ

Se é verdadeiro que é o cão
maior amigo da gente,
amigo de comilão
deve ser “cachorro quente”!
Selma Patti Spinelli – SP

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Que alegre alívio provoca,
na alma e no coração,
o abraço que a gente troca
numa troca de perdão!
 A. A. de Assis – PR

É muito bom ser querido
com afago comovente,
ao saber que é preferido
como anjo, amigo e parente.
Agostinho Rodrigues – RJ

Esta vida é uma viagem,
onde a gente vai e vem...
– Aqui estamos de passagem
quais passageiros de um trem.
A.M.A. Sardenberg – RJ

Meu estro virou espuma
nas bravas ondas do mar...
Não faço mais trova alguma
até meu amor voltar!
Amilton Maciel – SP

Sem fazer-me de rogada,
só persiste uma verdade:
Poesia em mim fez pousada,
sem ter qualquer leviandade.
Andréa Mota – PR

Do que vale o meu canteiro
de bom trigo, de primeira,
se joio dá mais dinheiro
na “cultura” brasileira?!
Ari Santos de Campos – SC

Existe tanta união
entre os teus sonhos e os meus,
que só não és meu irmão
por um descuido de Deus!
Arlindo Tadeu Hagen – MG

Nós somos duas tipoias,
somando forças escassas:
– quando eu fracasso, me apoias,
te apoio, quando fracassas!...
Carolina Ramos – SP

Tantas curvas na subida,
tantas placas de atenção;
é que o amor vem na descida,
desamando em contramão.
Cida Vilhena – PB

Do seu lar fazendo um templo,
menino, velho ou rapaz,
faz da vida um belo exemplo
quem trabalha pela paz!
Cláudio de Cápua – SP

Ainda bem que tenho os meios
de não ficar tão sozinha:
desenho e bordo, abro e-mails,
faço versos na cozinha...
Clevane Pessoa – MG

Rasguei carta, telegrama,
fotos, bilhetes de amor,
mas ao deitar nesta cama,
rasga-me o peito esta dor!
Conceição de Assis – MG

A trova não envelhece,
como toda a poesia.
É perene como a prece,
imortaliza a alegria.
Cônego Telles – PR

Doy un beso agradecida
al árbol que está sembrado.
¡Con su vida nos da vida
aun después de ser cortado!
Cristina Olivera Chávez – USA

Um coração que se isola
cava a própria solidão
e não há melhor escola
que o convívio com o irmão.
Dáguima Verônica – MG

Lua, que vagas serena
na amplidão do azul celeste,
traz consolo à minha pena,
leva a dor que me trouxeste!
Diamantino Ferreira – RJ

Vivi momentos de horrores,
trilhando rumos desertos;
provando dos dissabores
dos meus amores incertos.
Djalma da Mota – RN

Procure espalhar, na vida,
alegria em sua estrada,
que a alegria dividida
é sempre multiplicada!
Domitilla Borges Beltrame – SP

Nossa terra e a terra lusa,
na doce língua que as liga,
são cordas nas mãos da musa,
cantando a mesma cantiga.
Dorothy Jansson Moretti – SP

Por mais que o mundo distorça
da Bíblia as sábias propostas,
o Livro tem tanta força
que leva o mundo nas costas.
Edmar Japiassú Maia – RJ

Eu não preciso de ajuda!
Quem essa frase repisa,
meu amigo, não se iluda,
é o que dela mais precisa...
Élbea Priscila – SP

Seguindo a rosa dos ventos,
minha força à prova eu ponho:
– navegar, vencer tormentos,
sem temer dar asa ao sonho.
Eliana Jimenez – SC

Em silêncio, a noite fria
dorme com a luz do luar...
Comigo dorme a magia
do brilho do teu olhar!
Eva Yanni Garcia – RN

Faça do sonho um poema,
quebre os grilhões da maldade,
que um sonho bom só se algema
nos braços da liberdade!
Francisco Garcia – RN

No coração de quem ama
transborda felicidade,
mas, quem perdeu essa chama
vive a chorar de saudade.
Gasparini Filho – SP

Nos lençóis brancos, macios,
de nossa cama deserta,
o tempo desmancha os fios
da minha pobre coberta.
Gislaine Canales – SC

Gosto do cantar dos ventos
pela fresta da janela:
lembranças dos bons momentos
em que a vida era mais bela.
Hulda Ramos – PR

Se me dessem o direito
de um só pedido fazer,
pediria, então, sem jeito:
ser criança até morrer!
Istela Marina – PR

Não olhes no exterior:
Armani, Chanel ou Boss.
Elegância vem do amor
que nasce dentro de nós!
J.B. Xavier – SP

Nem sempre a felicidade
vem da vitória ou da fama...
Pode estar numa saudade
ou nos sonhos de quem ama.
Jeanette De Cnop – PR

Bola no chão, pés descalços,
o futebol contagia;
menino pobre... percalços...
sonho de ser craque um dia.
Jessé Nascimento – RJ

Amor! És como uma rosa,
cuja corola, ao se abrir,
exibe a mulher formosa
que é o meu mais doce elixir!
José Feldman – PR

Bate o relógio sisudo,
mede a vida com rigor,
e o tempo, que vence tudo,
não vence a força do amor.
José Lucas de Barros – RN

É num desabafo mudo
que muita gente se trai,
deixando o olhar dizer tudo
que com palavras não sai!
José Ouverney – SP

Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós...
A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.
José Valdez – SP

Na pouca pressa que tens
de aliviar minha saudade,
enquanto espero e não vens,
transcorre uma eternidade!
Lucília Decarli – PR

Se não me dás teu carinho,
se não me queres amar,
sou barco triste e sozinho,
que já não quer navegar.
Luiz Carlos Abritta – MG

Meu pai, sisudo e calado,
não me deu muito conselho.
Porém, seu exemplo, honrado,
segue sendo o meu espelho.
Luiz Hélio Friedrich – PR

Nove meses eu te aguardo...
recebo-te, enternecida;
não é trabalho, nem fardo,
é, sim, milagre da vida!
Mª da Conceição Fagundes – PR

Sem o meu consentimento,
tua imagem atrevida
invade o meu pensamento
e tranca qualquer saída.
Maria Lúcia Daloce – PR

A imensidão desse amor,
que me transcende o presente,
faz suportar minha dor,
quando seu corpo está ausente.
Mª Luiza Walendowsky – SC

Quem entra em meu coração
fica lá por toda a vida.
Ele é igual a um alçapão:
não tem porta de saída!
Mª Madalena Ferreira – RJ

Há quem fale de mulher
com menosprezo profundo,
sem mesmo pensar, sequer,
em quem o trouxe a este mundo.
Mª Thereza Cavalheiro – SP

Saudade, mágoa sentida,
barco distante do cais;
pedaço da própria vida
que a gente não vive mais...
Marta Paes de Barros – SP

A vida tem amarguras,
mas também divertimentos.
Tem dias só de venturas,
outros de arrependimentos...
Matusalém Dias de Moura – ES

Que se rompam os grilhões
do ódio e do preconceito;
vamos forjar, aos milhões,
elos de amor e respeito.
Maurício Friedrich – PR

Toda página tem cor
na história de minha vida.
Nos meus relatos de amor
tanta saudade embutida!...
Mifori – SP

A verdade, quando dita,
por mais dura que pareça,
é uma dádiva bendita
que faz com que a gente cresça.
Nei Garcez – PR

Ficou mais lento o meu passo?
Caminharei mesmo assim.
Só temeria o cansaço
se me cansasse de mim...
Newton Vieira – MG

O único espinho na vida
impossível de arrancar
é a dor da falta sentida
de quem não vai mais voltar.
Nilsa Alves de Melo – PR

Quem como eu faz poesia
sabe que a glória é incompleta.
– Ninguém aposenta o dia
do trabalho de um poeta.
Nilton Manoel – SP

Carrego pouca bagagem
porque na vida aprendi
que, mesmo longa a viagem,
preciso apenas de ti.
Olga Agulhon – PR

Ao homem Deus deu a Terra
e veja o que o homem faz:
cria as hienas da guerra
e mata as pombas da paz.
Olympio Coutinho – MG

Quando uma ofensa me oprime
em silêncio enfrento tudo:
qualquer grito se redime
ante o meu protesto mudo.
Rita Mourão – SP

Aprenda a dizer sim/não,
seguindo a sua vontade.
Sem fúria, sem emoção,
salve a sua liberdade...
Roberto Acruche – RJ

O vento, com peraltice,
leva folhas pelo espaço.
Que bom se um dia o sentisse
levando as preces que faço...
Ruth Farah – RJ

Pelos versos, vou-me, errante,
longe e tão perto, outrosssim...
Amarras se vão, adiante,
vem liberdade sem fim!
Sinclair Casemiro – PR

Em sonho lembro a vagar,
teus carinhos, teus desvelos,
tuas mãos a deslizar
como a brisa em meus cabelos.
Sônia Sobreira – RJ

Se o destino desaprova
minha ilusão desmedida,
eu ponho ilusões na Trova
e sigo iludindo a vida.
Thalma Tavares – SP

Fez juras – embora negue –
nas cartas, que eu faço em tiras,
para que o vento carregue
todas as suas mentiras!
Therezinha Brisolla – SP

Na vida, eu prefiro o jogo,
não de azar, de sedução...
e, em vez de cartas, o fogo
que incendeia uma paixão.
Vanda Alves da Silva – PR

Deus aprove “com louvor”
e um anjo toque uma ária,
sempre que houver, pelo Amor,
uma ação comunitária.
Vanda Fagundes Queiroz – PR

Sou navegante do rio
que tem por fonte a paixão
e deságua, sem desvio,
na foz do teu coração!
Wanda Mourthé – MG





Machado de Assis (O Diplomático)

A preta entrou na sala de jantar, chegou-se à mesa rodeada de gente, e falou baixinho à senhora. Parece que lhe pedia alguma coisa urgente, porque a senhora levantou-se logo.

- Ficamos esperando, D. Adelaide?

- Não espere, não, Sr. Rangel; vá continuando, eu entro depois. Rangel era o leitor do livro de sortes. Voltou a página, e recitou um título: "Se alguém lhe ama em segredo." Movimento geral: moças e rapazes sorriram uns para os outros. Estamos na noite de S. João de 1854, e a casa é na Rua das Mangueiras. Chama-se João o dono da casa, João Viegas, e tem uma filha, joaninha. Usa-se todos os anos a mesma reunião de parentes e amigos, arde uma fogueira no quintal, assam-se as batatas do costume, e tiram-se sortes. Também há ceia, às vezes dança, e algum jogo de prendas, tudo familiar. João Viegas é escrivão de uma vara cível da corte.

- Vamos. Quem começa agora? disse ele. Há de ser D. Felismina. Vamos ver se alguém lhe ama em segredo.

D. Felismina sorriu amarelo. Era uma boa quarentona, sem prendas nem rendas, que vivia espiando um marido por baixo das pálpebras devotas. Em verdade, o gracejo era duro, mas natural. D. Felismina era o modelo acabado daquelas criaturas indulgentes e mansas, que parecem ter nascido para divertir os outros. Pegou e lançou os dados com um ar de complacência incrédula. Número dez, bradaram duas vozes. Rangel desceu os olhos ao baixo da página, viu a quadra correspondente ao número, e leu-a: dizia que sim, que havia uma pessoa, que ela devia procurar domingo, na igreja, quando fosse à missa. Toda a mesa deu parabéns a D. Felismina que sorriu com desdém, mas interiormente esperançada.

Outros pegaram nos dados, e Rangel continuou a ler a sorte de cada um. Lia espevitadamente. De quando em quando, tirava os óculos e limpava-os com muito vagar na ponta do lenço de cambraia, - ou por ser cambraia, - ou por exalar um fino cheiro de bogari. Presumia de grande maneira, e ali chamavam-lhe "o diplomático".

- Ande, seu diplomático, continue.

Rangel estremeceu; esquecera-se de ler uma sorte, embebido em percorrer a fila de moças que ficava do outro lado da mesa. Namorava alguma? Vamos por partes.

Era solteiro, por obra das circunstâncias, não de vocação. Em rapaz teve alguns namoricos de esquina, mas com o tempo apareceu-lhe a comichão das grandezas, e foi isto que lhe prolongou o celibato até os quarenta e um anos, em que o vemos. Cobiçava alguma noiva superior a ele e à roda em que vivia, e gastou o tempo em esperá-la. Chegou a frequentar os bailes de um advogado célebre e rico, para quem copiava papéis, e que o protegia muito. Tinha nos bailes a mesma posição subalterna do escritório; passava a noite vagando pelos corredores, espiando o salão, vendo passar as senhoras, devorando com os olhos uma multidão de espáduas magníficas e talhes graciosos. Invejava os homens, e copiava-os. Saía dali excitado e resoluto. Em falta de bailes, ia às festas de igreja, onde poderia ver algumas das primeiras moças da cidade. Também era certo no saguão do paço imperial, em dia de cortejo, para ver entrar as grandes damas e as pessoas da corte, ministros, generais, diplomatas, desembargadores, e conhecia tudo e todos, pessoas e carruagens. Voltava da festa e do cortejo, como voltava do baile, impetuoso, ardente, capaz de arrebatar de um lance a palma da fortuna.

O pior é que entre a espiga e a mão, há o tal muro do poeta, e o Rangel não era homem de saltar muros. De imaginação fazia tudo, raptava mulheres e destruía cidades. Mais de uma vez foi, consigo mesmo, ministro de Estado, e fartou-se de cortesias e decretos. Chegou ao extremo de aclamar-se imperador, um dia, 2 de dezembro, ao voltar da parada no Largo do Paço; imaginou para isso uma revolução, em que derramou algum sangue, pouco, e uma ditadura benéfica, em que apenas vingou alguns pequenos desgostos de escrevente. Cá fora, porém, todas as suas proezas eram fábulas. Na realidade, era pacato e discreto.

Aos quarenta anos desenganou-se das ambições; mas a índole ficou a mesma, e, não obstante a vocação conjugal, não achou noiva. Mais de uma o aceitaria com muito prazer; ele perdia-as todas à força de circunspecção. Um dia, reparou em Joaninha, que chegava aos dezenove anos e possuía um par de olhos lindos e sossegados, - virgens de toda a conversação masculina. Rangel conhecia-a desde criança, andara com ela ao colo, no Passeio Público, ou nas noites de fogo da Lapa; como falar-lhe de amor? Mas, por outro lado, as relações dele na casa eram tais, que podiam facilitar-lhe o casamento; e, ou este ou nenhum outro.

Desta vez, o muro não era alto, e a espiga era baixinha; bastava esticar o braço com algum esforço, para arrancá-la do pé. Rangel andava neste trabalho desde alguns meses. Não esticava o braço, sem espiar primeiro para todos os lados, a ver se vinha alguém, e, se vinha alguém, disfarçava e ia-se embora. Quando chegava a esticá-lo, acontecia que uma lufada de vento meneava a espiga ou algum passarinho andava ali nas folhas secas, e não era preciso mais para que ele recolhesse a mão. Ia-se assim o tempo, e a paixão entranhava-se-lhe, causa de muitas horas de angústia, a que seguiam sempre melhores esperanças. Agora mesmo traz ele a primeira carta de amor, disposto a entregá-la. Já teve duas ou três ocasiões boas, mas vai sempre espaçando; a noite é tão comprida! Entretanto, continua a ler as sortes, com a solenidade de um ángur.

Tudo, em volta, é alegre. Cochicham ou riem, ou falam ao mesmo tempo. O tio Rufino, que é o gaiato da família, anda à roda da mesa com uma pena, fazendo cócegas nas orelhas das moças. João Viegas está ansioso por um amigo, que se demora, o Calisto. Onde se meteria o Calisto?

- Rua, rua, preciso da mesa; vamos para a sala de visitas.

Era D. Adelaide que tornava; ia pôr-se a mesa para a ceia. Toda a gente emigrou, e andando é que se podia ver bem como era graciosa a filha do escrivão. Rangel acompanhou-a com grandes olhos namorados. Ela foi à janela, por alguns instantes, enquanto se preparava um jogo de prendas, e ele foi também; era a ocasião de entregar-lhe a carta. Defronte, numa casa grande, havia um baile, e dançava-se. Ela olhava, ele olhou também. Pelas janelas viam passar os pares, cadenciados, as senhoras com as suas sedas e rendas, os cavalheiros finos e elegantes, alguns condecorados. De quando em quando, uma faísca de diamantes, rápida, fugitiva, no giro da dança. Pares que conversavam, dragonas que reluziam, bustos de homens inclinados, gestos de leque, tudo isso em pedaços, através das janelas, que não podiam mostrar todo o salão, mas adivinhava-se o resto. Ele ao menos, conhecia tudo, e dizia tudo à filha do escrivão. O demônio das grandezas, que parecia dormir, entrou a fazer as suas arlequinadas no coração do nosso homem, e ei-lo que tenta seduzir também o coração da outra.

- Conheço uma pessoa que estaria ali muito bem, murmurou o Rangel.

E Joaninha, com ingenuidade:

- Era o senhor.

Rangel sorriu lisonjeado, e não achou que dizer. Olhou para os lacaios e cocheiros, de libré, na rua, conversando em grupos ou reclinados no tejadilho dos carros. Começou a designar carros: este é do Olinda, aquele é do Maranguape; mas aí vem outro, rodando, do lado da Rua da Lapa, e entra na Rua das Mangueiras. Parou defronte: salta o lacaio, abre a portinhola, tira o chapéu e perfila-se. Sai de dentro uma calva, uma cabeça, um homem, duas comendas, depois uma senhora ricamente vestida; entram no saguão, e sobem a escadaria, forrada de tapete e ornada embaixo com dois grandes vasos.

- Joaninha, Sr. Rangel...

Maldito jogo de prendas! Justamente quando ele formulava, na cabeça, uma insinuação a propósito do casal que subia, e ia assim passar naturalmente à entrega da carta... Rangel obedeceu, e sentou-se defronte da moça. D. Adelaide, que dirigia o jogo de prendas, recolhia os nomes; cada pessoa devia ser uma flor. Está claro que o tio Rufino, sempre gaiato, escolheu para si a flor da abóbora. Quanto ao Rangel, querendo fugir ao trivial, comparou mentalmente as flores, e quando a dona da casa lhe perguntou pela dele, respondeu com doçura e pausa:

- Maravilha, minha senhora.

- O pior é não estar cá o Calisto! suspirou o escrivão.

- Ele disse mesmo que vinha?

- Disse; ainda ontem foi ao cartório, de propósito, avisar-me de que viria tarde, mas que contasse com ele; tinha de ir a uma brincadeira na Rua da Carioca...

- Licença para dois! bradou urna voz no corredor.

- Ora graças! está aí o homem!

João Viegas foi abrir a porta; era o Calisto, acompanhado de um rapaz estranho, que ele apresentou a todos em geral : - "Queirós, empregado na Santa Casa; não é meu parente, apesar de se parecer muito comigo; quem vê um, vê outro..." Toda a gente riu; era uma pilhéria do Calisto, feio como o diabo, - ao passo que o Queirós era um bonito rapaz de vinte e seis a vinte e sete anos, cabelo negro, olhos negros e singularmente esbelto. As moças retraíram-se um pouco; D. Felismina abriu todas as velas.

- Estávamos jogando prendas, os senhores podem entrar também, disse a dona da casa. Joga, Sr. Queirós?

Queirós respondeu afirmativamente e passou a examinar as outras pessoas. Conhecia algumas, e trocou duas ou três palavras com elas. Ao João Viegas disse que desde muito tempo desejava conhecê-lo, por causa de um favor que o pai lhe deveu outrora, negócio de foro. João Viegas não se lembrava de nada, nem ainda depois que ele lhe disse o que era; mas gostou de ouvir a notícia, em público, olhou para todos, e durante alguns minutos regalou-se calado.

Queirós entrou em cheio no jogo. No fim de meia hora, estava familiar da casa. Todo ele era ação, falava com desembaraço, tinha os gestos naturais e espontâneos. Possuía um vasto repertório de castigos para jogo de prendas, coisa que encantou a toda a sociedade, e ninguém os dirigia melhor, com tanto movimento e animação, indo de um lado para outro, consertando os grupos, puxando cadeiras, falando às moças, como se houvesse brincado com elas em criança.

- D. Joaninha aqui, nesta cadeira; D. Cesária, deste lado, em pé, e o Sr. Camilo entra por aquela porta... Assim, não: olhe, assim de maneira que...

Teso na cadeira, o Rangel estava atônito. Donde vinha esse furacão? E o furacão ia soprando, levando os chapéus dos homens, e despenteando as moças, que riam de contentes: Queirós daqui, Queirós dali, Queirós de todos os lados. Rangel passou da estupefação à mortificação. Era o cetro que lhe caía das mãos. Não olhava para o outro, não se ria do que ele dizia, e respondia-lhe seco. Interiormente, mordia-se e mandava-o ao diabo, chamava-o bobo alegre, que fazia rir e agradava, porque nas noites de festa tudo é festa. Mas, repetindo essas e piores causas, não chegava a reaver a liberdade de espírito. Padecia deveras, no mais íntimo do amor-próprio; e o pior é que o outro percebeu toda essa agitação, e o péssimo é que ele percebeu que era percebido.

Rangel, assim como sonhava os bens, assim também as vinganças. De cabeça, espatifou o Queirós; depois cogitou a possibilidade de um desastre qualquer, uma dor bastava, mas cousa forte, que levasse dali aquele intruso. Nenhuma dor, nada; o diabo parecia cada vez mais lépido, e toda a sala fascinada por ele. A própria Joaninha, tão acanhada, vibrava nas mãos de Queirós, como as outras moças; e todos, homens e mulheres, pareciam empenhados em servi-lo. Tendo ele falado em dançar, as moças foram ter com o tio Rufino, e pediram-lhe que tocasse uma quadrilha na flauta, uma só, não se lhe pedia mais.

- Não posso, dói-me um calo.

- Flauta? bradou o Calisto. Peçam ao Queirós que nos toque alguma coisa, e verão o que é flauta... Vai buscar a flauta, Rufino. Ouçam o Queirós. Não imaginam como ele saudoso na flauta!

Queirós tocou a Casta Diva. Que coisa ridícula! dizia consigo o Rangel; - uma música que até os moleques assobiam na rua. Olhava para ele, de revés, para considerar se aquilo era posição de homem sério; e concluía que a flauta era um instrumento grotesco. Olhou também para Joaninha, e viu que, como todas as outras pessoas, tinha a atenção no Queirós, embebida, namorada dos sons da música, e estremeceu, sem saber porquê. Os demais semblantes mostravam a mesma expressão dela, e, contudo, sentiu alguma coisa que lhe complicou a aversão ao intruso. Quando a flauta acabou, Joaninha aplaudiu menos que os outros, e Rangel entrou em dúvida se era o habitual acanhamento, se alguma especial comoção... Urgia entregar-lhe a carta.

Chegou a ceia. Toda a gente entrou confusamente na sala, e felizmente para o Rangel, coube-lhe ficar defronte de Joaninha, cujos olhos estavam mais belos que nunca e tão derramados, que não pareciam os do costume. Rangel saboreou-os caladamente, e reconstruiu todo o seu sonho que o diabo do Queirós abalara com um piparote. Foi assim que tornou a ver-se, ao lado dela, na casa que ia alugar, berço de noivos, que ele enfeitou com os louros da imaginação. Chegou a tirar um prêmio na loteria e a empregá-lo todo em sedas e jóias para a mulher, a linda Joaninha, - Joaninha Rangel, - D. Joaninha Rangel, - D. Joana Viegas Rangel, - ou D. Joana Cândida Viegas Rangel... Não podia tirar o Cândida...

- Vamos, uma saúde, seu diplomático... faça uma saúde daquelas...

Rangel acordou; a mesa inteira repetia a lembrança do tio Rufino; a própria Joaninha pedia-lhe uma saúde, como a do ano passado. Rangel respondeu que ia obedecer; era só acabar aquela asa de galinha. Movimento, cochichos de louvor; D. Adelaide, dizendo-lhe uma moça que nunca ouvira falar o Rangel:

- Não? perguntou com pasmo. Não imagina; fala muito bem, muito explicado, palavras escolhidas, e uns bonitos modos...

Comendo, ia ele dando rebate a algumas reminiscências, frangalhos de ideias, que lhe serviam para o arranjo das frases e metáforas. Acabou e pôs-se de pé. Tinha o ar satisfeito e cheio de si. Afinal, vinham bater-lhe à porta. Cessara a farandulagem das anedotas, das pilhérias sem alma, e vinham ter com ele para ouvir alguma coisa correta e grave. Olhou em derredor, viu todos os olhos levantados, esperando. Todos não; os de Joaninha enviesavam-se na direção do Queirós, e os deste vinham esperá-los a meio caminho, numa cavalgada de promessas. Rangel empalideceu. A palavra morreu-lhe na garganta; mas era preciso falar, esperavam por ele, com simpatia, em silêncio.

Obedeceu mal. Era justamente um brinde ao dono da casa e à filha. Chamava a esta um pensamento de Deus, transportado da imortalidade à realidade, frase que empregara três anos antes, e devia estar esquecida. Falava também do santuário da família, do altar da amizade, e da gratidão, que é a flor dos corações puros. Onde não havia sentido, a frase era mais especiosa ou retumbante. Ao todo, um brinde de dez minutos bem puxados, que ele despachou em cinco, e sentou-se.

Não era tudo. Queirós levantou-se logo, dous ou três minutos depois para outro brinde, e o silêncio foi ainda mais pronto e completo. Joaninha meteu os olhos no regaço, vexada do que ele iria dizer; Rangel teve um arrepio.

- O ilustre amigo desta casa, o Sr. Rangel, - disse Queirós, - bebeu às duas pessoas cujo nome é o do santo de hoje; eu bebo àquela que é a santa de todos os dias, a D. Adelaide.

Grandes aplausos aclamaram esta lembrança, e D. Adelaide, lisonjeada, recebeu os cumprimentos de cada conviva. A filha não ficou em cumprimentos. - Mamãe! mamãe! exclamou, levantando-se; e foi abraçá-la e beijá-la três e quatro vezes; - espécie de carta para ser lida por duas pessoas.

Rangel passou da cólera ao desânimo, e, acabada a ceia, pensou em retirar-se. Mas a esperança, demônio de olhos verdes, pediu-lhe que ficasse, e ficou. Quem sabe? Era tudo passageiro, causas de uma noite, namoro de S. João; afinal, ele era amigo da casa, e tinha a estima da família; bastava que pedisse a moça, para obtê-la. E depois esse Queirós podia não ter meios de casar. Que emprego era o dele na Santa Casa? Talvez alguma coisa reles... Nisto, olhou obliquamente para a roupa de Queirós, enfiou-se-lhe pelas costuras, escrutou o bordadinho da camisa, apalpou os joelhos das calças, a ver-lhe o uso, e os sapatos, e concluiu que era um rapaz caprichoso, mas provavelmente gastava tudo consigo, e casar era negócio sério. Podia ser também que tivesse mãe viúva, irmãs solteiras... Rangel era só.

- Tio Rufino, toque uma quadrilha.

- Não posso; flauta depois de comer faz indigestão. Vamos a um víspora.

Rangel declarou que não podia jogar, estava com dor de cabeça; mas Joaninha veio a ele e pediu-lhe que jogasse com ela, de sociedade. - "Meia coleção para o senhor, e meia para mim", disse ela, sorrindo; ele sorriu também e aceitou. Sentaram-se ao pé um do outro. Joaninha falava-lhe, ria, levantava para ele os belos olhos, inquieta, mexendo muito a cabeça para todos os lados. Rangel sentiu-se melhor, e não tardou que se sentisse inteiramente bem. Ia marcando à toa, esquecendo alguns números, que ela lhe apontava com o dedo, - um dedo de ninfa, dizia ele consigo; e os descuidos passaram a ser de propósito, para ver o dedo da moça, e ouvi-la ralhar: "O senhor é muito esquecido; olhe que assim perdemos o nosso dinheiro..."

Rangel pensou em entregar-lhe a carta por baixo da mesa; mas não estando declarados, era natural que ela a recebesse com espanto e estragasse tudo; cumpria avisá-la. Olhou em volta da mesa: todos os rostos estavam inclinados sobre os cartões, seguindo atentamente os números. Então, ele inclinou-se à direita, e baixou os olhos aos cartões de Joaninha, como para verificar alguma coisa.

- Já tem duas quadras, cochichou ele.

- Duas, não; tenho três.

- Três, é verdade, três. Escute...

- E o senhor?

- Eu duas.

- Que duas o quê? São quatro.

Eram quatro; ela mostrou-lhas inclinada, roçando quase a orelha pelos lábios dele; depois, fitou-o rindo e abanando a cabeça: "O senhor! o senhor!" Rangel ouviu isto com singular deleite; a voz era tão doce, e a expressão tão amiga, que ele esqueceu tudo, agarrou-a pela cintura, e lançou-se com ela na eterna valsa das quimeras. Casa, mesa, convivas, tudo desapareceu, como obra vã da imaginação, para só ficar a realidade única, ele e ela, girando no espaço, debaixo de um milhão de estrelas, acesas de propósito para alumiá-los.

Nem carta, nem nada. Perto da manhã foram todos para a janela ver sair os convidados do baile fronteira. Rangel recuou espantado. Viu um aperto de dedos entre o Queirós e a bela Joaninha. Quis explicá-lo, eram aparências, mas tão depressa destruía uma como vinham outras e outras, à maneira das ondas que não acabam mais. Custava-lhe entender que uma só noite, algumas horas bastassem a ligar assim duas criaturas; mas era a verdade clara e viva dos modos de ambos, dos olhos, das palavras, dos risos, e até da saudade com que se despediram de manhã.

Saiu tonto. Uma só noite, algumas horas apenas! Em casa, aonde chegou tarde, deitou-se na cama, não para dormir, mas para romper em soluços. Só consigo, foi-se-lhe o aparelho da afetação, e já não era o diplomático, era o energúmeno, que rolava na cama, bradando, chorando como uma criança, infeliz deveras, por esse triste amor do outono. O pobre-diabo, feito de devaneio, indolência e afetação, era, em substância, tão desgraçado como Otelo, e teve um desfecho mais cruel.

Otelo mata Desdêmona; o nosso namorado, em quem ninguém pressentira nunca a paixão encoberta, serviu de testemunha ao Queirós, quando este se casou com Joaninha, seis meses depois.

Nem os acontecimentos, nem os anos lhe mudaram a índole. Quando rompeu a guerra do Paraguai, teve ideia muitas vezes de alistar-se como oficial de voluntários; não o fez nunca; mas é certo que ganhou algumas batalhas e acabou brigadeiro.

sábado, 30 de agosto de 2014

X Concurso de Trovas da Academia Mageense de Letras - 2014 (Resultado Final)

Âmbito Nacional/Internacional

Tema: ORQUESTRA (L/F)

1.º LUGAR

Quando a paixão foge à norma,
a razão com maestria
rege a orquestra que transforma
nosso amor em sinfonia.
MESSIAS DA ROCHA
Juiz de Fora (MG)

2.º LUGAR

Ouça os sons da natureza:
as águas, pássaros, ventos...
- Que orquestra produz beleza
maior que esses instrumentos?
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS
Maringá (PR)

3.º LUGAR

Cai a tarde e a passarada
em gorjeios musicais
é orquestra desafinada
na algazarra dos pardais.
LICINIO ANTONIO DE ANDRADE
Juiz de Fora (MG)

MENÇÕES HONROSAS

Sentindo o timbre que adestra,
todos os momentos meus...
Vejo que a vida é uma orquestra
regida nas mãos de Deus!
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA
Santos (SP)

Orquestra das mais bizarras
nos troncos e galharadas,
é o zunido das cigarras
nas tardes ensolaradas!
DIVENEI BOSELI
São Paulo (SP)

Pela inclusão social
merece aplausos em pé
este Grêmio Musical
e sua orquestra, em Magé.
CARLOS HENRIQUE DA SILVA ALVES
Senhor do Bonfim (BA)

MENÇÕES ESPECIAIS

Na orquestra, uma flauta doce
propaga o som, ao luar...
E me toca, qual se fosse
minha saudade a bailar!
GIVA DA ROCHA
São Paulo (SP)

Voltaste... E a saudade é tanta
que ouço o acorde sonhador
de uma orquestra que me encanta
embalando o nosso amor...
ANA CRISTINA
São Paulo  (SP)

Nossos puros sentimentos
são comparados, na vida,
a afinados instrumentos
numa orquestra bem regida.
JESSÉ NASCIMENTO
Angra dos Reis (RJ)

Âmbito Nacional/Internacional

Tema: CLARINETE (H)

1.º LUGAR

Toda noite ao gabinete
do maestro as moças vão.
Deduz-se: o seu clarinete
é certamente a atração...
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS
Maringá (PR)

2.º LUGAR

O “mundo é mesmo um moinho”
que preconceitos derruba:
um clarinete magrinho
louco de amor pela tuba...
GILVAN CARNEIRO DA SILVA
São Gonçalo (RJ)

3.º LUGAR

A mulher do meu vizinho
deixa o pobre na pior:
- Seu clarinete, benzinho,
quando toca... é um dó maior!
ARLINDO TADEU HAGEN
Juiz de Fora (MG)

MENÇÕES HONROSAS

Pomposo no clarinete,
já se sentindo aclamado,
soprou pequeno falsete
e foi mesmo “ovocionado”...
VANDA ALVES DA SILVA
Curitiba (PR)

O clarinete do Duda,
não suporta um rebolado;
quando vê uma “popozuda”,
falseia, desafinado...
FABIANO DE CRISTO MAGALHÃES WANDERLEY
Natal (RN)

Clarinetista contando,
meio otimista, o que via:
- uma metade vaiando,
outra – por sorte – vazia!...
CARLOS HENRIQUE DA SILVA ALVES
Senhor do Bonfim (BA)

MENÇÕES ESPECIAIS

Seu clarinete tocava
na praça, tão sem talento,
que a plateia só notava
o tamanho do instrumento.
JOÃO COSTA
Saquarema (RJ)

O “cara” desafinou,
no agudo do clarinete
e o maestro caprichou,
na espetada do alfinete.
GIVA DA ROCHA
São Paulo (SP)

Teve, após um gesto louco,
seu clarinete vendido:
pois diz que já estava mouco
de tanto “tocar de ouvido”!
EDMAR JAPIASSU MAIA
Nova Friburgo (RJ)

Machado de Assis (Marcha Fúnebre)

O deputado Cordovil não podia pregar olho uma noite de agosto de 186... Viera cedo do Cassino Fluminense, depois da retirada do Imperador, e durante o baile não tivera o mínimo incômodo moral nem físico. Ao contrário, a noite foi excelente; tão excelente que um inimigo seu, que padecia do coração, faleceu antes das dez horas, e a notícia chegou ao Cassino pouco depois das onze.

Naturalmente concluis que ele ficou alegre com a morte do homem, espécie de vingança que os corações adversos e fracos tomam em falta de outra. Digo-te que concluis mal; não foi alegria, foi desabafo. A morte vinha de meses, era daquelas que não acabam mais, e moem, mordem, comem, trituram a pobre criatura humana. Cordovil sabia dos padecimentos do adversário. Alguns amigos, para o consolar de antigas injúrias, iam contar-lhe o que viam ou sabiam do enfermo, pregado a uma cadeira de braços, vivendo as noites horrivelmente, sem que as auroras lhe trouxessem esperanças, nem as tardes desenganos. Cordovil pagava-lhes com alguma palavra de compaixão, que o alvissareiro anotava, e repetia, e era mais sincera naquele que neste. Enfim acabara de padecer; daí o desabafo.

Este sentimento pegava com a piedade humana. Cordovil, salvo em política, não gostava do mal alheio. Quando rezava, ao levantar da cama: "Padre Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; perdoa as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores"... não imitava um de seus amigos que rezava a mesma prece, sem todavia perdoar aos devedores, como dizia de língua; esse chegava a cobrar além do que eles lhe deviam, isto é, se ouvia maldizer de alguém, decorava tudo e mais alguma coisa, e ia repeti-lo a outra parte. No dia seguinte, porém, a bela oração de Jesus tornava a sair dos lábios da véspera com a mesma caridade de ofício.

Cordovil não ia nas águas desse amigo; perdoava deveras. Que entrasse no perdão um tantinho de preguiça, é possível, sem aliás ser evidente. Preguiça amamenta muita virtude. Sempre é alguma coisa minguar força à ação do mal. Não esqueça que o deputado só gostava do mal alheio em política, e o inimigo morto era inimigo pessoal. Quanto à causa da inimizade, não a sei eu, e o nome do homem acabou com a vida.

- Coitado! descansou, disse Cordovil.

Conversaram da longa doença do finado. Também falaram das várias mortes deste mundo, dizendo Cordovil que a todas preferia a de César, não por motivo do ferro, mas por inesperada e rápida.

- Tu quoque? perguntou-lhe um colega rindo.

Ao que ele, apanhando a alusão, replicou:

- Eu, se tivesse um filho, quisera morrer às mãos dele. O parricídio, estando fora do comum, faria a tragédia mais trágica.

Tudo foi assim alegre. Cordovil saiu do baile com sono, e foi cochilando no carro, apesar do mal calçado das ruas. Perto de casa, sentiu parar o carro e ouviu rumor de vozes. Era o caso de um defunto, que duas praças de polícia estavam levantando do chão.

- Assassinado? perguntou ele ao lacaio, que descera da almofada para saber o que era.

- Não sei, não, senhor.

- Pergunta o que é.

- Este moço sabe como foi, disse o lacaio, indicando um desconhecido, que falava a outros.

O moço aproximou-se da portinhola, antes que o deputado recusasse ouvi-lo. Referiu-lhe então em poucas palavras o acidente a que assistira.

- Vínhamos andando, ele adiante, eu atrás. Parece que assobiava uma polca. Indo a atravessar a rua para o lado do Mangue, vi que estacou o passo, a modo que torceu o corpo, não sei bem, e caiu sem sentidos. Um doutor, que chegou logo, descendo de um sobradinho, examinou o homem e disse que "morreu de repente". Foi-se juntando gente, a patrulha levou muito tempo a chegar. Agora pegou dele. Quer ver o defunto?

- Não, obrigado. Já se pode passar?

- Pode.

- Obrigado. Vamos, Domingos.

Domingos trepou à almofada, o cocheiro tocou os animais, e o carro seguiu até à Rua de S. Cristóvão, onde morava Cordovil.

Antes de chegar à casa, Cordovil foi pensando na morte do desconhecido. Em si mesma, era boa; comparada à do inimigo pessoal, excelente. Ia a assobiar, cuidando sabe Deus em que delícia passada ou em que esperança futura; revivia o que vivera, ou antevia o que podia viver, senão quando, a morte pegou da delícia ou da esperança, e lá se foi o homem ao eterno repouso. Morreu sem dor, ou, se alguma teve, foi acaso brevíssima, como um relâmpago que deixa a escuridão mais escura.

Então pôs o caso em si. Se lhe tem acontecido no Cassino a morte do Aterrado? Não seria dançando; os seus quarenta anos não dançavam. Podia até dizer que ele só dançou até aos vinte. Não era dado a moças, tivera um afeição única na vida, - aos vinte e cinco anos, casou e enviuvou ao cabo de cinco semanas para não casar mais. Não é que lhe faltassem noivas, - mormente depois de perder o avô, que lhe deixou duas fazendas. Vendeu-as ambas e passou a viver consigo, fez duas viagens à Europa, continuou a política e a sociedade. Ultimamente parecia enojado de uma e de outra, mas não tendo em que matar o tempo, não abriu mão delas. Chegou a ser ministro uma vez, creio que da Marinha, não passou de sete meses. Nem a pasta lhe deu glória, nem a demissão desgosto. Não era ambicioso, e mais puxava para a quietação que para o movimento.

Mas se lhe tivesse sucedido morrer de repente no Cassino, ante uma valsa ou quadrilha, entre duas portas? Podia ser muito bem. Cordovil compôs de imaginação a cena, ele caído de bruços ou de costas, o prazer turbado, a dança interrompida... e dali podia ser que não; um pouco de espanto apenas, outro de susto, os homens animando as damas, a orquestra continuando por instantes a oposição do compasso e da confusão. Não faltariam braços que o levassem para um gabinete, já morto, totalmente morto.

"Tal qual a morte de César", ia dizendo consigo.

E logo emendou:

"Não, melhor que ela; sem ameaça, nem armas, nem sangue, uma simples queda e o fim. Não sentiria nada."

Cordovil deu consigo a rir ou a sorrir, alguma coisa que afastava o terror e deixava a sensação da liberdade. Em verdade, antes a morte assim que após longos dias ou longos meses e anos, como o adversário que perdera algumas horas antes. Nem era morrer; era um gesto de chapéu, que se perdia no ar com a própria mão e a alma que lhe dera movimento. Um cochilo e o sono eterno. Achava-lhe um só defeito, - o aparato. Essa morte no meio de um baile, defronte do Imperador, ao som de Strauss, contada, pintada, enfeitada nas folhas públicas, essa morte pareceria de encomenda. Paciência, uma vez que fosse repentina.

Também pensou que podia ser na Câmara, no dia seguinte, ao começar o debate do orçamento. Tinha a palavra; já andava cheio de algarismos e citações. Não quis imaginar o caso, não valia a pena; mas o caso teimou e apareceu de si mesmo. O salão da Câmara, em vez do do Cassino, sem damas ou com poucas, nas tribunas. Vasto silêncio. Cordovil em pé começaria o discurso, depois de circular os olhos pela casa, fitar o ministro e fitar o presidente: "Releve-me a Câmara que lhe tome algum tempo, serei breve, buscarei ser justo..." Aqui uma nuvem lhe taparia os olhos, a língua pararia, o coração também, e ele cairia de golpe no chão. Câmara, galerias, tribunas ficariam assombradas. Muitos deputados correriam a erguê-lo; um, que era médico, verificaria a morte; não diria que fora de repente, como o do sobradinho do Aterrado, mas por outro estilo mais técnico. Os trabalhos seriam suspensos, depois de algumas palavras do presidente e escolha da comissão que acompanharia o finado ao cemitério...

Cordovil quis rir da circunstância de imaginar além da morte, o movimento e o saimento, as próprias notícias dos jornais, que ele leu de cor e depressa. Quis rir, mas preferia cochilar; os olhos é que, estando já perto de casa e da cama, não quiseram desperdiçar o sono, e ficaram arregalados.

Então a morte, que ele imaginara pudesse ter sido no baile, antes de sair, ou no dia seguinte em plena sessão da Câmara, apareceu ali mesmo no carro. Supôs ele que, ao abrirem-lhe a portinhola, dessem com o seu cadáver. Sairia assim de urna noite ruidosa para outra pacífica, sem conversas, nem danças, nem encontros, sem espécie alguma de luta ou resistência. O estremecimento que teve fez-lhe ver que não era verdade. Efetivamente, o carro entrou na chácara, estacou, e Domingos saltou da almofada para vir abrir-lhe a portinhola. Cordovil desceu com as pernas e a alma vivas, e entrou pela porta lateral, onde o aguardava com um castiçal e vela acesa o escravo Florindo. Subiu a escada, e os pés sentiam que os degraus eram deste mundo; se fossem do outro, desceriam naturalmente. Em cima, ao entrar no quarto, olhou para a cama; era a mesma dos sonos quietos e demorados.

- Veio alguém?

- Não, senhor, respondeu o escravo distraído, mas corrigiu logo: Veio, sim, senhor; veio aquele doutor que almoçou com meu senhor domingo passado.

- Queria alguma coisa?

- Disse que vinha dar a meu senhor uma boa notícia, e deixou este bilhete - que eu botei ao pé da cama.

O bilhete referia a morte do inimigo; era de um dos antigos que usavam contar-lhe a marcha da moléstia. Quis ser o primeiro a anunciar o desenlace, um alegrão, com um abraço apertado. Enfim, morrera o patife. Não disse a coisa assim por esses termos claros, mas os que empregou vinham a dar neles, acrescendo que não atribuiu esse único objeto à visita. Vinha passar a noite; só ali soube que Cordovil fora o Cassino. Ia a sair, quando lhe lembrou a morte e pediu ao Florindo que lhe deixasse escrever duas linhas. Cordovil entendeu o significado, e ainda uma vez lhe doeu a agonia do outro. Fez um gesto de melancolia e exclamou a meia voz:

- Coitado! Vivam as mortes súbitas!

Florindo, se referisse o gesto e a frase ao doutor do bilhete, talvez o fizesse arrepender da canseira. Nem pensou nisso; ajudou o senhor a preparar-se para dormir, ouviu as últimas ordens e despediu-se. Cordovil deitou-se.

- Ah! suspirou ele estirando o corpo cansado.

Teve então uma ideia, a de amanhecer morto. Esta hipótese, a melhor de todas, porque o apanharia meio morto, trouxe consigo mil fantasias que lhe arredarem o sono dos olhos. Em parte, era a repetição das outras, a participação à Câmara, as palavras do presidente, comissão para o saimento, e o resto. Ouviu lástimas de amigos e de fâmulos, viu notícias impressas, todas lisonjeiras ou justas. Chegou a desconfiar que era já sonho. Não era. Chamou-se ao quarto, à cama, a si mesmo: estava acordado.

A lamparina deu melhor corpo à realidade. Cordovil espancou as ideias fúnebres e esperou que as alegres tomassem conta dele e dançassem até cansá-lo. Tentou vencer uma visão com outra. Fez até uma coisa engenhosa, convocou os cinco sentidos, porque a memória de todos eles era aguda e fresca; foi assim evocando lances e rasgos longamente extintos. Gestos, cenas de sociedade e de família, panoramas, repassou muita coisa vista, com o aspecto do tempo diverso e remoto. Deixara de comer acepipes que outra vez lhe sabiam, como se estivesse agora a mastigá-los. Os ouvidos escutavam passos leves e pesados, cantos joviais e tristes, e palavra de todos os feitios. O tacto, o olfato, todos fizeram o seu ofício, durante um prazo que ele não calculou.

Cuidou de dormir e cerrou bem os olhos. Não pôde, nem do lado direito, nem do esquerdo, de costas nem de bruços. Ergueu-se e foi ao relógio; eram três horas. Insensivelmente levou-o à orelha a ver se estava parado; estava andando, dera-lhe corda. Sim, tinha tempo de dormir um bom sono; deitou-se, cobriu a cabeça para não ver a luz.

Ah! foi então que o sono tentou entrar, calado e surdo, todo cautelas, como seria a morte, se quisesse levá-lo de repente, para nunca mais. Cordovil cerrou os olhos com força, e fez mal, porque a força acentuou a vontade que tinha de dormir; cuidou de os afrouxar, e fez bem. O sono, que ia a recuar, tornou atrás, e veio estirar-se ao lado deles, passando-lhe aqueles braços leves e pesados, a um tempo, que tiram à pessoa todo movimento. Cordovil os sentia, e com os seus quis aconchega-los ainda mais... A imagem não é boa, mas não tenho outra à mão nem tempo de ir buscá-la. Digo só o resultado do gesto, que foi arredar o sono de si, tão aborrecido ficou este reformador de cansados.

- Que terá ele hoje contra mim? perguntaria o sono, se falasse.

Tu sabes que ele é mudo por essência. Quando parece que fala é o sonho que abre a boca à pessoa; ele não, ele é a pedra, e ainda a pedra fala, se lhe batem, como estão fazendo agora os calceteiros da minha rua. Cada pancada acorda na pedra um som, e a regularidade do gesto torna aquele som tão pontual que parece a alma de um relógio. Vozes de conversa ou de pregão, rodas de carro, passos de gente, uma janela batida pelo vento, nada dessas coisas que ora ouço, animava então a rua e a noite de Cordovil. Tudo era propício ao sono.

Cordovil ia finalmente dormir, quando a ideia de amanhecer morto apareceu outra vez. O sono recuou e fugiu. Esta alternativa durou muito tempo. Sempre que o sono ia a grudar-lhe os olhos, a lembrança da morte os abria, até que ele sacudiu o lençol e saiu da cama. Abriu uma janela e encostou-se ao peitoril. O céu queria clarear, alguns vultos iam passando na rua, trabalhadores e mercadores que desciam para o centro da cidade. Cordovil sentiu um arrepio; não sabendo se era frio ou medo, foi vestir um camisão de chita, e voltou para a janela. Parece que era frio, porque não sentia mais nada.

A gente continuava a passar, o céu a clarear, um assobio da estrada de ferro deu sinal de trem que ia partir. Homens e coisas vinham do descanso; o céu fazia economia de estrelas, apagando-as à medida que o sol ia chegando para o seu ofício. Tudo dava ideia de vida. Naturalmente a ideia da morte foi recuando e desapareceu de todo, enquanto o nosso homem, que suspirou por ela no Cassino, que a desejou para o dia seguinte na Câmara dos Deputados, que a encarou no carro, voltou-lhe as costas quando a viu entrar com o sono, seu irmão mais velho, - ou mais moço, não sei.

Quando veio a falecer, muitos anos depois, pediu e teve a morte, não súbita, mas vagarosa, a morte de um vinho filtrado, que sai impuro de uma garrafa para entrar purificado em outra; a borra iria para o cemitério. Agora é que lhe via a filosofia; em ambas as garrafas era sempre o vinho que ia ficando, até passar inteiro e pingado para a segunda. Morte súbita não acabava de entender o que era.

Prêmio de Poesia e Trovas Juvenal Galeno – 2014 (Final das Trovas)

Juvenal Galeno
ÂMBITO: ESTADUAL

TEMA: TROVADOR
(Trova Lírica/filosofica)

TROVAS VENCEDORAS

VENCEDORES

1º. Lugar:

Assim como se envaidece
o jardim com suas flores
a poesia enobrece
a alma dos trovadores.
ABELARDO NOGUEIRA
Aracoiaba/CE

2º. Lugar:

O Trovador é quem prova
que trovar é, com certeza,
a maior prova que a trova
traz ao trovador nobreza!
NEMÉSIO PRATA CRISÓSTOMO
Fortaleza/CE

3º. Lugar:

Na Canção da Ribeirinha
e nas Cantigas de Amor
a trova segue certinha
consagrando o trovador.
LUIZ CARLOS DE ABREU BRANDÃO
UBT-Maranguape/CE

MENÇÕES HONROSAS

4º. Lugar:

Menestrel e trovador
são baluartes da trova
que nas cantigas de amor
o “Amor cortês” se renova.
LUIZ CARLOS A BRANDÃO
UBT-Maranguape/CE

5º. Lugar:

Ao surgir um trovador,
na minha estrada sem fim
o néctar de um pleno amor
pude descobrir em mim!
ANA MARIA DO NASCIMENTO
Araçoiaba/CE

6º. Lugar:

Quem na vida, comumente,
já viveu um grande amor
foi um dia, certamente,
um distinto trovador.
ABELARDO NOGUEIRA
Aracoiaba/CE

MENÇÕES ESPECIAIS

7º. Lugar:

No caminho da utopia
sempre busco um grande amor
com a força que irradia
meu sonho de trovador.
ANA MARIA NASCIMENTO
Araçoiaba/CE

8º. Lugar:

Beleza que tem a flor
com toda sua magia
aroma do trovador
o fruto da poesia.
AUREILSON DE ABREU
UBT-Maranguape/CE

9º. Lugar:

Juvenal Galeno bem
foi poeta e trovador
ator, contista também,
só um pouco agricultor.
MARIA RUTH BASTOS DE ABREU BRANDÃO
UBT-Maranguape/CE

DESTAQUES

10º. Lugar:

Trovador é ser poeta
faz da palavra anistia.
Ser poeta é trovador?
Nem sempre. Mas que agonia!
SONIA NOGUEIRA
Fortaleza/CE

11º. Lugar:

Cada vez que o trovador
põe a pena no tinteiro,
o pássaro em canto e dor
gorjeia o canto primeiro.
SONIA NOGUEIRA
Fortaleza/CE

ÂMBITO: NACIONAL/INTERNACIONAL
TEMA: TROVADOR (ES)
(Trova Lírica/filosofica)

TROVAS VENCEDORAS

VENCEDORES

1º. Lugar:

Tens n’alma a doce alegria
de um sabiá cantador...
vives de sonho e poesia,
meu caro Irmão Trovador!
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

2º. Lugar:

Os passos do trovador
São Francisco é quem conduz,
se onde há ódio leva amor
e onde há trevas, leva luz!
RENATA PACCOLA
São Paulo/SP

3º. Lugar:

Quando eu morrer, velho amigo,
escrevas em meu louvor
no peito do meu jazigo:
- Aqui jaz um trovador ! ! !
EDUARDO A. O. TOLEDO
São Sebastião da Bela Vista/MG

MENÇÕES HONROSAS

4º. Lugar:

Trovador é um garimpeiro:
faz de estrelas, diamantes,
e nas flores de um canteiro
rima rubis e brilhantes!
DOMITILLA BORGES BELTRAME
São Paulo/SP

5º. Lugar:

O Trovador é feliz,
só por ser um Trovador,
pois em quatro versos diz,
quanto é grande um grande amor!
GISLAINE CANALES
Porto Alegre/RS

6º. Lugar:

Neste mundo em medo imerso,
é missão do trovador
esculpir em cada verso
todo o lirismo do amor.
ELIANA RUIZ JIMENEZ
Balneário Camboriú/SC

MENÇÕES ESPECIAIS

7º. Lugar:

Sou trovador, jamais nego,
canto a vida sem parar
as tristezas eu renego,
sou feliz! Vivo a cantar...
MARIA HELENA URURAHY CAMPOS DA FONSECA
Angra dos Reis/RJ

8º. Lugar:

Deus fez tudo o que quisera,
fez o Céu, e fez as flores,
fez mais linda a Primavera
e, depois... Os Trovadores!
NEI GARCEZ
Curitiba/PR

9º. Lugar:

Um trovador solitário
compondo trovas ao léu,
vai construindo o cenário
de um pedacinho do céu!
JB.XAVIER
São Paulo/SP

DESTAQUES

10º. Lugar:

Quem quer ser bom trovador
tem que aprender a sonhar...
encher a vida de amor
e o mundo inteiro encantar!
ROSSANA MASIERO
São José dos Campos/SP

11º. Lugar:

O trovador é poeta
que na vida põe sabor,
e tem sempre a mesma meta,
decantar versos de amor!
NADIR NOGUEIRA GIOVANELLI
São José dos Campos/SP

12º. Lugar:

Quando um trovador falece
junto à Lua vai ficar,
mergulhado em doce prece,
eternamente a sonhar.
RUTH FARAH NACIF LUTTERBACK
Cantagalo/RJ

ÂMBITO: ESTADUAL

TEMA: JUVENAL GALENO
(Trova Lírica/filosófica)

TROVAS VENCEDORAS

VENCEDORES

1º. Lugar:

Por legado, Juvenal
Galeno, à nossa cultura,
deixou sua magistral
obra, na literatura!
NEMÉSIO PRATA CRISÓSTOMO
Fortaleza/CE

2º. Lugar:

Juvenal Galeno, o mestre
no Jornal, na poesia
na atividade campestre
tudo fez com galhardia
LUIZ CARLOS DE ABREU BRANDÃO.
UBT-Maranguape/CE

3º. Lugar:

Somente o Deus soberano
num gesto bondoso e pleno
faria um ser, tão humano,
como Juvenal Galeno.
ABELARDO NOGUEIRA
Araçoiaba/CE

MENÇÕES HONROSAS

4º. Lugar:

Da pena de Juvenal
Galeno jorrou a pura
arte, que o fez imortal
da nossa literatura!
NEMÉSIO PRATA CRISÓSTOMO
Fortaleza/CE

5º. Lugar:

Tão vivo em nossa memória
fulgura calmo e sereno
a contemplar sua história
nosso Juvenal Galeno.
ABELARDO NOGUEIRA
Aracoiaba/CE

6º. Lugar:
A trova ou a poesia
que Juvenal escreveu
levou bastante alegria
a todo àquele que o leu.
GUTEMBERG ANDRADE
Fortaleza/CE

MENÇÕES ESPECIAIS

7º. Lugar:

Cajueiro pequenino
mostra Juvenal Galeno
pensando tal qual menino
de modo puro e sereno.
ANA MARIA DO NASCIMENTO
Araçoiaba/CE

8º. Lugar:

Por ter sido um homem pleno
sempre permanecerá
nosso Juvenal Galeno
orgulhando o Ceará.
ANA MARIA DO NASCIMENTO
Araçoiaba/CE

9º. Lugar:

E Tu, Juvenal Galeno
que com muita primazia
fez da vida um bem sereno
findou sendo academia.
MARIA RUTH BASTOS DE ABREU BRANDÃO
UBT-Maranguape/CE

DESTAQUES

10º. Lugar:

O mundo dos imortais
tem eterno referendo
do legado que nos trás
salve, Juvenal Galeno
PROF. AUREILSON DE ABREU
Maranguape/CE

11º. Lugar:

Juvenal Galeno foi
nordestino trovador
folclorista também foi
imortal, grande escritor.
CIRLENE SETÚBAL
Fortaleza/CE

12º. Lugar:

Foi sim Galeno o primeiro
quer no teatro ou escrita
na poesia altaneiro
a sua arte favorita
RAIMUNDO RODRIGUES DE ARAÚJO
UBT-Maranguape/CE

ÂMBITO: NACIONAL/INTERNACIONAL

TEMA: JUVENAL GALENO
(Trova Lírica/filosófica)

TROVAS VENCEDORAS

VENCEDORES

1º. Lugar:

Juvenal Galeno prova
com seu trabalho fecundo,
o poder que tem a trova
que se espalha pelo mundo!
GISLAINE CANALES
Porto Alegre/RS

2º. Lugar:

Ator, folclorista-pleno
de dons, poeta, escritor-
grande Juvenal Galeno,
foi perfeito trovador!
MYRTHES MAZZA MASIERO
São José dos Campos/SP

3º. Lugar:

Além de grande escritor,
teatrólogo e contista,
Galeno foi trovador,
poeta, ator, folclorista...
SIMÃO ELANE MARQUES RANGEL.
Rio de Janeiro/RJ

MENÇÕES HONROSAS

4º. Lugar:

Juvenal Galeno canta
para o cajueiro em flor...
E o "pequenino" se encanta:
Carregadinho de amor...
ROBERTO TCHEPELENTYKY
São Paulo / SP

5º. Lugar:

Juvenal Galeno, esteta
de imensa luz criativa,
sua verve de poeta
é lembrança "Sempre Viva"...
VANDA ALVES DA SILVA
Curitiba/PR

6º. Lugar:

Sendo que, desde pequeno,
já mostrava dons estéticos,
cresce Juvenal Galeno
em seus "Prelúdios Poéticos".
VANDA FAGUNDES QUEIROZ
Curitiba/PR

MENÇÕES ESPECIAIS

7º. Lugar:

Viva Juvenal Galeno,
grande mestre nordestino,
a quem Deus concedeu pleno
dom artístico e divino!
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

8º. Lugar:

O que Juvenal Galeno
fez na vida, sem parar,
foi criar, de modo pleno,
o folclore popular.
MILTON SOUZA
Porto Alegre/RS

9º. Lugar:

Juvenal Galeno ouvia
a voz da população:
e, fazendo Poesia,
combateu toda opressão.
EDWEINE LOUREIRO DA SILVA
Saitama/Japão

DESTAQUES

10º. Lugar:

Em fala clara, escorreita,
em versos tersos, diversos,
Juvenal Galeno ajeita
um novo jeito em seus versos...
AUSTREGÉSILO DE MIRANDA ALVES
Senhor do Bonfim/BA

11º. Lugar:

—Uma sátira magoa!
Mas, para ser mais ameno
ao falar de outra pessoa
seja um Juvenal Galeno...
CLÓVIS WILSON DE MATTOS ANDRADE
Senhor do Bonfim/BA

12º. Lugar:

Neste mundo tão pequeno
de pessoas e valores
fez-se Juvenal Galeno
um dos grandes escritores.
DULCÍDIO DE BARROS MOREIRA SOBRINHO
Juiz de Fora/MG

Fonte:
UBT Maranguape