segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Lendas da Índia (O Voo de Haruman / O Incêndio de Lanka)

O Voo de Hanuman

Com um salto descomunal, Hanuman lançou-se sobre o mar. Sabendo que o macaco era filho do vento, o oceano pediu a Mainaka, a montanha submersa, que se erguesse bem alto e se oferecesse como um lugar de repouso para Hanuman.

- Agradeço, mas não posso interromper o voo – disse ele, apoiado no ar e tocando a montanha com a ponta do dedo.

Quando os deuses viram o filho do vento varando o espaço, resolveram testar sua força e mandaram Surasa, a mãe das serpentes, devorá-lo. No momento em que ela abriu a boca, o macaco duplicou deu corpo. A serpente abriu a boca ainda mais e ele ficou cem vezes maior. Por fim, quando ela escancarou a bocarra, Hanuman diminuiu de tamanho, entrou lá dentro e tornou a sair.

- Experimentei sua esperteza e sua força – disse Surasa – e foi para isso que os deuses me mandaram. Você será capaz de cumprir a tarefa.

Hanuman continuou o voo.

Uma figura demoníaca, que vivia no meio do oceano, ao ver na água os reflexos das criaturas que voavam, agarrava-lhes as sombras e elas, assim presas, serviram de comida àquela boca voraz. Quando a diaba pegou a sombra do macaco voador, ele se tornou bem pequeno, entrou no corpo dela, espremeu-lhe o coração e sai pela orelha. A diaba caiu no fundo do mar e foi devorada pelos peixes.

Chegando à cidade de Lanka, Hanuman esperou anoitecer, pousando num rochedo. Depois, tomando a forma de um gatinho, transpôs as muralhas da cidade. Lankini, a guardiã, percebendo sua chegada perguntou:

- Você aí, aonde vai? Não sabe que todo ladrão intruso é minha comida?

Hanuman lhe deu um soco tão forte que ela vomitou sangue. Mas recuperando-se, levantou e disse que a profecia tinha se cumprido:

- Quando você receber o soco de um macaco, fique sabendo que está tudo acabado com a raça dos demônios – avisavam as palavras proféticas.

Depois de atingir com um salto o palácio de Ravana, de se meter entre os demônios-vigias, de procurar nos jardins e nos pátios, o macaco acabou descobrindo Sita, magra, pálida e abatida, num pequeno bosque atrás do palácio. Escondido no alto de uma árvore, Hanuman observou a chegada de Ravana, que tentava agradar a moça, sem sucesso. Sita lhe dizia:

- Escute aqui, Dez Cabeças, pode uma flor de lótus florir com a luz de um vaga-lume? Não temes a setas de Rama? Bandido, você me raptou quando estava só. Não se envergonha disso?

Furioso, Ravana ordenou que as bruxas a atormentassem. Mas uma delas resolveu ficar do lado da moça, pedindo-lhe que a salvasse e às suas companheiras, por causa de um sonho profético que tivera. No sonho, aparecia um macaco que incendiava a cidade e matava os demônios e as bruxas, enquanto Ravana, nu, montado num asno, estava com todas suas dez cabeças raspadas e seus vinte braços cortados. Sita prometeu livrá-las da morte.

E foi então que a prisioneira descobriu Hanuman no esconderijo. Apresentando-se como criado e mensageiro de Rama, o macaco lhe entregou o anel conforme o desejo de seu senhor.

- Posso levá-la comigo agora mas não tenho ordens de Rama para fazê-lo. Espere mais uns dias e ele próprio virá com uma tropa de macacos para libertá-la – explicou Hanuman.

- Mas os maçamos são pequenos e os demônios poderosos guerreiros – respondeu-lhe Sita.

Ouvindo isso, Hanuman ficou de um tamanho colossal, mostrando todo seu poder. Despedindo-se de Sita, partiu exibindo aquela forma imensa e derrubando tudo que encontrava pela frente.

O Incêndio de Lanka

Os demônios, alarmados, avisaram Ravana que um macaco gigantesco causava a maior destruição por onde passava. Exércitos foram enviados para combatê-lo e Hanuman derrotou todos, matando um dos filhos de Ravana. Um outro filho foi incumbido da mesma missão e depois de muita luta acorrentaram o macaco e levaram-no à presença do Demônio de Dez Cabeças, que perguntou:

- Quem é você, de onde veio e o que quer?

- Sou Hanuman, mensageiro de Rama e vim até aqui para descobrir onde está Sita.

Depois de conversar com seus guerreiros sobre o que fazer com o prisioneiro, Ravana decidiu:

- Deixem-no ir embora, mas mutilem-no primeiro. Um macaco é muito apegado à sua cauda. Amarrem nela trapos molhados de óleo e ponham fogo. Quando o macaco sem rabo retornar à casa, trará seu mestre de volta com ele e então veremos que poder tem esse mestre tão elogiado – falou o demônio.

Em toda cidade não sobrou um trapo sequer, nem uma única gota de óleo, porque Hanuman fez crescer a cauda até que ela ficasse enorme. Quando o fogo foi ateado, o vento soprou forte e o macaco não sentiu o calor. Desprendeu-se das correntes, saltou de palácio em palácio, de casa em casa, até incendiar toda a cidade.

Do alto de uma colina contemplou Lanka, destruída pelo fogo. Esfriou a cauda numa fonte e saltou até o bosque onde se achava Sita. Esta lhe deu uma joia, que usava nos cabelos, para que entregasse a Rama. Hanuman voou até a praia e lá estavam os ursos e macacos, à espera de notícias.

Sabendo que Sita fora encontrada, todos voltaram para o reino. Lá chegando, prepararam o grande exercito de animais, que acompanharia Rama no resgate de sua esposa Sita, e partiram para a guerra contra Ravana e seus demônios.

Fontes:

domingo, 9 de outubro de 2016

A. A. de Assis (Triversos Ibéricos)

1.
Mergulho na história.
Giro em Portugal e Espanha,
a quarenta graus.
2.
Castelos, museus,
seculares catedrais.
Num roteiro Abreu.
3.
Augusta Lisboa.
Licença, meu bom Pessoa,
pra pisar teu chão.
4.
Ah, o velho Tejo.
Dá tremeliques na alma
vê-lo ali pertinho.
5.
Bem-vindos à mesa.
O bom vinho, o bacalhau,
os pastéis de nata.
6.
À noite sonhamos.
Ao som de viras e fados,
frementes bailados.
7.
Milenar cidade.
Chiado, Estrela, Jerônimos,
Praça do Rossio.
8.
O Oceanário, os shoppings.
O futuro está presente
na Lisboa nova.
9.
Torre de Belém.
De onde partiu a canoa
que achou o Brasil.
10.
Missa de domingo
na Igreja de Santo Antônio.
Ele ali nasceu.
11.
Estoril, Cascais.
A Europa em traje de praia
nas férias de agosto.
12.
O túnel do tempo.
Óbidos, Aljubarrota,
ruinas, mosteiros.
13.
De joelhos, rezo.
Ave, Mãezinha querida,
de Fátima, amém.
14.
Solene Coimbra.
Cada parede parece
recitar Camões.
15
Os vinhos do Porto.
Ao depois, descer de barco
as águas do Douro.
16.
Memória romana.
A Sé de Braga a rezar
no rolar do Minho.
17.
A porta da Espanha.
O doce falar galego,
quase igual ao nosso.
18.
Peregrinação.
Santiago de Compostela
é de ir às lágrimas.
19.
Leão e Castela.
O nobre berço real
da história de Espanha.
20.
Moinhos de vento.
Dom Quixote e Sancho Pança,
onde está Cervantes?
21.
Pátio das Escolas.
Em redor a Renascença
mora em Salamanca.
22.
As muralhas de Ávila.
De Teresa de Jesus,
doutorinha santa.
23.
Madri é Madri.
Já na entrada da Gran Via
a emoção dispara.
24.
A Porta do Sol.
O cheirinho da paella
passeia na praça.
25.
Leitão no Botín.
O charme do restaurante
mais velho do mundo.
26.
Templos do consumo.
Em cada quadra uma loja
do El Corte Inglés.
27.
Castanholas, danças.
O canto forte da terra
na noite flamenca.
28.
Prece em Zaragoza
para a Virgem do Pilar.
Madrinha do Reino.
29.
Barcelona bela.
Futebol, trabalho e arte
no Mediterrâneo.
30.
Sagrada Família.
Na obra-prima de Gaudi
o moderno eterno.
31.
No topo do mundo.
A fé sente em Montserrat
o aroma do céu.
32.
Fenícios, romanos,
muçulmanos. Hoje o brilho
da floral Valência.
33.
Os jardins do Alhambra.
Veraneio dos sultões
no alto da colina.
34.
Granada ao luar.
Que pena que os Três Tenores
não estavam lá.
35.
Viva Andaluzia.
Ouvindo o Guadalquivir,
Córdoba e Sevilha.
36.
Ah, Sevilha, a chique.
Velasquez, Murillo, as óperas,
e lá está Colombo.
37.
Évora branquinha.
Cheia de lendas e encantos,
e de queijadinhas.
38.
De novo em Lisboa,
para o retorno ao Brasil.
Grupo nota mil.
39.
Tudo bem... valeu.
Palmas para o guia Santos
e o chofer Antônio.
40.
Tchau, Vô Portugal;
tchau-tchau-tchau, querida Espanha.
Até breve, olé!

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5 a 22 de agosto - 2016

Lendas da Índia (O Filho do Vento)

Quando Brahma, o deus criador, descansava, derramou uma lágrima sobre o chão de ouro do monte Meru e assim nasceu o primeiro macaco. Um dia, ao contemplar seu reflexo no lago e pensando se tratar de um inimigo, o macaco se atirou nas águas, mergulhou até o fundo mas não encontrou ninguém. Ao sair, havia se transformado numa fêmea.

O grande Indra se apaixonou por aquela linda macaca e dessa união nasceu Vali.  Surya, o Sol, também se enamorou dela e desse encontro nasceu Sugriva. Numa ocasião em que a mãe banhava os filhotes no lago, ficou toda respingada da água que os macaquinhos lhe atiravam e, nesse momento, percebeu que havia voltado a ser macho. Levou, então, os filhos até Brahma e este deu a Vali uma cidade da qual ele se tornou rei. Mas nada deu a Sugriva.

O primeiro macaco foi morar no céu e lá de cima viu que Vali parecia ter o domínio de tudo. Então pediu a Vayu, o deus do vento, que gerasse um filho macaco, a fim de que se fosse o fiel amigo de Sugriva.

Um dia, quando soprava no alto de uma montanha, o deus do vento encontrou uma bela macaca sonhadora que passeava distraída. Vayu se uniu a ela e nasceu Hanuman, cujo nome significa “o que tem mandíbulas fortes”.  Porém, a macaca abandonou o filhote na entrada de uma caverna e foi embora. Sozinho e com fome, Hanuman se pós a correr atrás do sol para devorá-lo. Isso provocou a raiva de Rahu, a cabeça sem corpo, engolidora do sol e provocadora dos eclipses.

Rahu reclamou com Indra e ele, montando em seu elefante Airavata, derrubou Hanuman com um raio. Na queda, o macaco quebrou a mandíbula. Vayu tomou o filho ferido nos braços e tal foi sua tristeza que se recolheu no interior de uma caverna, recusando-se a ventar. De repente, desapareceram as dez formas de vento e o mundo parou de respirar.

Os deuses apavorados com o perigo que ameaçava toda a criação, imploraram o perdão de Vayu e ofereceram a Hanuman o dom da imortalidade, a coragem total e o poder da cura.

Fonte: