domingo, 9 de outubro de 2016

A. A. de Assis (Triversos Ibéricos)

1.
Mergulho na história.
Giro em Portugal e Espanha,
a quarenta graus.
2.
Castelos, museus,
seculares catedrais.
Num roteiro Abreu.
3.
Augusta Lisboa.
Licença, meu bom Pessoa,
pra pisar teu chão.
4.
Ah, o velho Tejo.
Dá tremeliques na alma
vê-lo ali pertinho.
5.
Bem-vindos à mesa.
O bom vinho, o bacalhau,
os pastéis de nata.
6.
À noite sonhamos.
Ao som de viras e fados,
frementes bailados.
7.
Milenar cidade.
Chiado, Estrela, Jerônimos,
Praça do Rossio.
8.
O Oceanário, os shoppings.
O futuro está presente
na Lisboa nova.
9.
Torre de Belém.
De onde partiu a canoa
que achou o Brasil.
10.
Missa de domingo
na Igreja de Santo Antônio.
Ele ali nasceu.
11.
Estoril, Cascais.
A Europa em traje de praia
nas férias de agosto.
12.
O túnel do tempo.
Óbidos, Aljubarrota,
ruinas, mosteiros.
13.
De joelhos, rezo.
Ave, Mãezinha querida,
de Fátima, amém.
14.
Solene Coimbra.
Cada parede parece
recitar Camões.
15
Os vinhos do Porto.
Ao depois, descer de barco
as águas do Douro.
16.
Memória romana.
A Sé de Braga a rezar
no rolar do Minho.
17.
A porta da Espanha.
O doce falar galego,
quase igual ao nosso.
18.
Peregrinação.
Santiago de Compostela
é de ir às lágrimas.
19.
Leão e Castela.
O nobre berço real
da história de Espanha.
20.
Moinhos de vento.
Dom Quixote e Sancho Pança,
onde está Cervantes?
21.
Pátio das Escolas.
Em redor a Renascença
mora em Salamanca.
22.
As muralhas de Ávila.
De Teresa de Jesus,
doutorinha santa.
23.
Madri é Madri.
Já na entrada da Gran Via
a emoção dispara.
24.
A Porta do Sol.
O cheirinho da paella
passeia na praça.
25.
Leitão no Botín.
O charme do restaurante
mais velho do mundo.
26.
Templos do consumo.
Em cada quadra uma loja
do El Corte Inglés.
27.
Castanholas, danças.
O canto forte da terra
na noite flamenca.
28.
Prece em Zaragoza
para a Virgem do Pilar.
Madrinha do Reino.
29.
Barcelona bela.
Futebol, trabalho e arte
no Mediterrâneo.
30.
Sagrada Família.
Na obra-prima de Gaudi
o moderno eterno.
31.
No topo do mundo.
A fé sente em Montserrat
o aroma do céu.
32.
Fenícios, romanos,
muçulmanos. Hoje o brilho
da floral Valência.
33.
Os jardins do Alhambra.
Veraneio dos sultões
no alto da colina.
34.
Granada ao luar.
Que pena que os Três Tenores
não estavam lá.
35.
Viva Andaluzia.
Ouvindo o Guadalquivir,
Córdoba e Sevilha.
36.
Ah, Sevilha, a chique.
Velasquez, Murillo, as óperas,
e lá está Colombo.
37.
Évora branquinha.
Cheia de lendas e encantos,
e de queijadinhas.
38.
De novo em Lisboa,
para o retorno ao Brasil.
Grupo nota mil.
39.
Tudo bem... valeu.
Palmas para o guia Santos
e o chofer Antônio.
40.
Tchau, Vô Portugal;
tchau-tchau-tchau, querida Espanha.
Até breve, olé!

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5 a 22 de agosto - 2016

Lendas da Índia (O Filho do Vento)

Quando Brahma, o deus criador, descansava, derramou uma lágrima sobre o chão de ouro do monte Meru e assim nasceu o primeiro macaco. Um dia, ao contemplar seu reflexo no lago e pensando se tratar de um inimigo, o macaco se atirou nas águas, mergulhou até o fundo mas não encontrou ninguém. Ao sair, havia se transformado numa fêmea.

O grande Indra se apaixonou por aquela linda macaca e dessa união nasceu Vali.  Surya, o Sol, também se enamorou dela e desse encontro nasceu Sugriva. Numa ocasião em que a mãe banhava os filhotes no lago, ficou toda respingada da água que os macaquinhos lhe atiravam e, nesse momento, percebeu que havia voltado a ser macho. Levou, então, os filhos até Brahma e este deu a Vali uma cidade da qual ele se tornou rei. Mas nada deu a Sugriva.

O primeiro macaco foi morar no céu e lá de cima viu que Vali parecia ter o domínio de tudo. Então pediu a Vayu, o deus do vento, que gerasse um filho macaco, a fim de que se fosse o fiel amigo de Sugriva.

Um dia, quando soprava no alto de uma montanha, o deus do vento encontrou uma bela macaca sonhadora que passeava distraída. Vayu se uniu a ela e nasceu Hanuman, cujo nome significa “o que tem mandíbulas fortes”.  Porém, a macaca abandonou o filhote na entrada de uma caverna e foi embora. Sozinho e com fome, Hanuman se pós a correr atrás do sol para devorá-lo. Isso provocou a raiva de Rahu, a cabeça sem corpo, engolidora do sol e provocadora dos eclipses.

Rahu reclamou com Indra e ele, montando em seu elefante Airavata, derrubou Hanuman com um raio. Na queda, o macaco quebrou a mandíbula. Vayu tomou o filho ferido nos braços e tal foi sua tristeza que se recolheu no interior de uma caverna, recusando-se a ventar. De repente, desapareceram as dez formas de vento e o mundo parou de respirar.

Os deuses apavorados com o perigo que ameaçava toda a criação, imploraram o perdão de Vayu e ofereceram a Hanuman o dom da imortalidade, a coragem total e o poder da cura.

Fonte:

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A. A. de Assis (Revista Trovia n. 196 - Outubro de 2016)




Já que tens alma de artista,
vive teus sonhos em paz;
mas que não percas de vista
o feio mundo em que estás!
Archimimo Lapagesse

Na conquista de troféus,
um só quero merecer:
chegar às portas dos céus
e a mão de Deus me acolher.
Aurolina de Castro

No portão os namorados
são como barcos no cais:
pelos beijos amarrados,
querem ir e ficam mais.
Cleonice Rainho

A dor é o caro pedágio
que é pago na ponte erguida
de um estágio a outro estágio
na travessia da vida.
Clóvis Maia

Todo o teu corpo estremece
se te falo – que doidice!
Que dirá se eu te dissesse
aquilo que eu não te disse...
Djalma Andrade

Pode o homem ser vassalo,
desde porém que a mulher
não pense nunca em trocá-lo
por outro escravo qualquer...
Jorge de Pádua

Deixa a criança correr
descalça pelos caminhos!
Ela precisa aprender
a pisar sobre os espinhos...
José Maria M. de Araújo
 

Miséria de pão maltrata...
Mas quanta gente, Senhor,
sabeis que morre ou se mata
quando há miséria de amor!
Lilinha Fernandes

Quero falar... retrocedo...
pois tenho um pavor medonho
de que ao contar meu segredo
você destrua o meu sonho!
Luiz Otávio

Senhor, escuta os cicios
dos excluídos, sem teto...
Troca seus ninhos vazios
por ninhos cheios de afeto!
Milton Nunes Loureiro

E’ tanto o amor que me invade
quando em seus braços estou,
que cada instante é saudade
do instante que já passou!
Newton Meyer

A trova é tão pequenina
mas quanta beleza encerra;
feliz de quem tem a sina
de espalhá-la pela Terra!...
Sônia Martelo – PR
 



Em tempos de forte apego
a e-books e outros afins,
os vírus tomam o emprego
das traças e dos cupins.
Arlindo Tadeu Hagen – MG

Fio dental, na verdade,
com seu cercado pequeno,
delimita a propriedade,
mas não esconde o terreno!
Edmar Japiassú Maia – RJ

Vida boa, de ricaça,
passa o dia enchendo o bucho:
morar em sebo, pra traça,
é condomínio de luxo.
Eliana Jimenez – SC
 

A pulga e o “pulgo” a brigar...
Foi enorme a confusão!
A pulga deixou o lar
e... foi morar noutro cão!
Renato Alves – RJ

Marchando, na estante, em bando,
numa balbúrdia infernal.
– Eram traças protestando
contra o livro virtual!
Pedro Ornellas – SP

Tanto erotismo continha
o livro, do início ao fim,
que o pai proibiu a tracinha
de comer o folhetim!
Therezinha Brisolla – SP

A esposa numa pirraça
diz ao marido “rueiro”:
– Se “de graça” não tem graça,
me passa a grana primeiro.
Wandira F. Queiroz – PR



 
Pecado é o não cumprimento
da missão que a gente tem;
é ser dono de um talento
sem usá-lo para o bem.
A. A. de Assis – PR

Meu pai, muito te agradeço
por tudo que me ensinaste.
Não existe nenhum preço
pelo tanto que me amaste.
Agostinho Rodrigues – RJ

Este amor que é meu tormento
bate em casa abandonada;
responde, na voz do vento,
somente o eco – mais nada!
Amaryllis Schloenbach – SP

O tempo voa, bem sei,
nos dias da mocidade;
mostra onde errei e acertei,
tem remorso e tem saudade ...
Almir de Azevedo – RJ

Quando, então, do céu descer
um brilho no teu olhar,
é porque no entardecer
meus sonhos vão te buscar.
André Ricardo – PR

Meus bons anos se passaram,
com a leitura aprendi...
Hoje as letras se apagaram
mas o saber não perdi.
Ari Santos de Campos – SC

A praia é sempre pisada,
mas nos dá grande lição,
pois, mesmo sendo humilhada,
massageia o coração.
Arlene Lima – PR

Tudo em ti pede carinho,
pela graça que tu és...
– Amo o teu corpo inteirinho,
beijável da testa aos pés!
Bruno Pedina Torres – RJ
 

Não prolongues a partida...
Vai... não olhes para trás;
dói bem mais a despedida,
quão mais longa ela se faz!
Carolina Ramos – SP


Enganar que sou feliz
é coisa inútil, porque
meu sorriso triste diz
quanto sofro por você!
Conceição de Assis – MG

A trova não envelhece,
assim é toda a poesia.
É perene como a prece,
imortal a cada dia!
Cônego Telles – PR

Doy un beso agradecida
al árbol que está sembrado.
¡Con su vida nos da vida
aun despúés de ser cortado!
Cristina Olivera Chávez – USA

Um coração que se isola
cava a própria solidão
e não há melhor escola
que o convívio com o irmão.
Dáguima Verônica – MG

Nos momentos mais diversos,
sonho minha vida assim:
– Chuva de rimas e versos,
florindo  trovas em mim!
Delcy Canalles – RS
 

Ser feliz é ser poeta;
mais feliz, só trovador:
ambos, sendo um só esteta,
dizem tudo com amor!
Diamantino Ferreira – RJ

Procure espalhar, na vida,
alegria em sua estrada,
que a alegria dividida
é sempre multiplicada!
Domitilla Borges Beltrame – SP

Uma trova, um poema, um fado...
Quanta beleza se encerra
no meigo arrulho encantado
da língua de nossa terra!
Dorothy Jansson Moretti – SP

Lendo um bom livro, pressinto
que há entre mim e o autor
um sentimento indistinto
que é quase um caso de amor.
Élbea Priscila – SP
 

É tão forte a intensidade
das loucuras da paixão,
que no amor a insanidade
é o que eu chamo de razão!
Elisabeth Souza Cruz – RJ
 

Olho a tapera habitada
e em minha fé me concentro:
– Feita de restos de “nada”!...
e quanta paz tem por dentro!!!
Ercy Marques de Faria – SP

Em silêncio, a noite fria
dorme com a luz do luar...
Comigo dorme a magia
do brilho do teu olhar!
Eva Yanni Garcia – RN

Minha casa é meu cantinho,
onde tudo é natural;
no beiral fizeram ninho
as aves do meu quintal.
Evandro Sarmento – RJ

Gerador de paz e calma,
que dispensa cerimônia,
o livro é o jantar da alma
nas noites claras de insônia.
Flavio Stefani – RS

A solidão me angustia
e à noite aumenta o meu drama,
vendo a cadeira vazia
que a tua ausência reclama!
Francisco Garcia – RN

No coração de quem ama
transborda felicidade,
mas, quem perdeu essa chama
vive a chorar de saudade.
Gasparini Filho – SP

Não julgue alguém pela imagem,
pois muitos fazem de tudo
para esconder na “embalagem”
a falta de conteúdo.
Gérson César Souza – PR

Um mundo melhor... queria,
para deixar aos meus netos,
onde imperasse a alegria
numa transfusão de afetos!
Gislaine Canales – RS

 
No aconchego do regaço,
aquele que aqui chegou
foi trabalhando com os braços
que o progresso semeou.
Hulda Ramos – PR

Debruçado na lagoa,
qual Narciso a se mirar,
pescador jamais enjoa
de sonhar e de pescar...
Jaqueline Machado – RS

Ao conforto acorrentado,
quem se prende corta acesso
ao caminho acidentado
que levaria ao sucesso!
JB Xavier – SP

Por medo de te perder,
não errei – pobre aprendiz!
– Não soube me conceder
o risco de ser feliz...
Jeanette De Cnop – PR

Viva intensamente quem
tem um sonho a ser vivido,
que a saudade sempre vem
atrás de um sonho perdido…
João Costa – RJ

Largo sorriso é o recado
nascido do coração:
aquele abraço apertado
no reencontro com o irmão!
Jorge Fregadolli – PR

Mandando a carta da prece
com destino à Divindade,
quanta gente não se esquece
do envelope da humildade!
José Fabiano – MG

Ontem... florestas... encanto...
flores a desabrochar.
Hoje... pinheiros em pranto,
um grito parado no ar!
José Feldman – PR

A idade, a chegar de manso,
respeitando o meu cansaço,
põe cadeiras de balanço
nas tardes por onde eu passo!
José Ouverney – SP

Partiu, deixando o seu traço
no meu caminho dos sós...
A saudade é esse espaço
que existe sempre entre nós.
José Valdez – SP

Enquanto houver um luar
e um sol cheio de esplendor,
há de se ouvir o cantar
da lira de um trovador!
Lisete Johnson – RS
 

Na pouca pressa que tens
de aliviar minha saudade,
enquanto espero e não vens,
transcorre uma eternidade!
Lucília Decarli – PR

Não foi perto, nem distante
o nosso amor ideal;
nasceu da luz de um instante
e se tornou imortal!
Luiz Carlos Abritta – MG

Na estrada das aventuras
vemos quedas sem guarida,
algumas tão prematuras,
outras no fim da corrida.
Luiz Damo – RS

Na renúncia à própria vida
pra gerar os filhos seus,
uma mãe tem, garantida,
outra vida junto a Deus.
Luiz Hélio Friedrich – PR

Espera... se eu demorar,
quando eu voltar, certamente,
o sonho que eu te sonhar
te habitará... novamente.
Luiz Poeta – RJ

Longe vão minhas andanças
e, em meu trêmulo cansaço,
tento fazer das lembranças
bastão... e assim firmo o passo.
Mª Conceição Fagundes – PR


Qual boca sensual, a onda
beija as areias da praia.
Ao final de cada ronda
volta ao seu leito... e desmaia.
Mª Luíza Walendowski – SC

Retorno ao fim da jornada
e encontro alguém na memória,
que foi noite e madrugada,
que foi fracasso e vitória...
Mª Thereza Cavalheiro – SP

Tenho por certo, em verdade,
bem vivo, embora pungente
que a mais pungente saudade...
é aquela de alguém presente!
Maurício Friedrich – PR
 

Tua amizade aguardei
com muito amor e afeição.
Quando de ti precisei,
fui buscar no coração.
Neiva Fernandes – RJ

Esperar muito da vida,
das pessoas, é ilusão.
É um beco sem saída
que termina em decepção.
Nilsa Alves de Melo – PR

Mira a “boneca” o “pendão”,
que a contempla lá de cima...
– É o milho em fecundação
pra safra que se aproxima!
Olga Agulhon – PR

Verga o galho num lamento
que a noite fria produz
sofre e range com o vento
da tristeza que o conduz.
Renato Frata – PR

Dos instantes devotados
a cada luta vencida,
todos estão retratados
no painel da minha vida.
Roberto Acruche – RJ

O vento, com peraltice,
leva folhas pelo espaço.
Que bom se um dia o sentisse
levando as preces que faço...
Ruth Farah – RJ
 

Quando a inspiração vagueia
à procura de um motivo,
o meu passado passeia
em cada verso que eu vivo.
Selma Patti Spinelli – SP

Seu trabalho, agricultor,
classificam-no “primário”,
mas nada tem mais valor
nem é tão prioritário.
Talita Batista – RJ

A vida não vale nada
se a gente nada produz.
Tanto a pena, quanto a enxada,
abrem veredas de luz!
Thalma Tavares – SP

Os poetas, em repentes,
se unem num elo de luz...
Suas trovas são correntes
de amor, que a todos seduz.
Vanda Alves – PR

É tão vazia a paisagem,
e nem um vulto se vê...
Mas, sem ver qualquer imagem,
consigo enxergar você!
Vanda Fagundes Queiroz – PR
 

Vence valores, de fato,
quando em meio à discussão,
se revolta de imediato,
mas, na ofensa... dá o perdão!!!
Vânia Ennes – PR
 

Somos velhos caminhantes...
a doçura nos invade;
namoricos vão distantes,
fica o flerte da saudade!
Wagner Lopes – MG

Sem outra opção que a rotina
de esperar-te sempre em vão,
minhas noites de neblina
só gotejam solidão...
Wanda Mourthé – MG

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Lenda Africana (A Mensagem Perdida)

A formiga teve desde tempos imemoriais muitos inimigos, e porque ela é muito pequena e destrutiva, tem havido um grande número de mortes entre elas. Não só a maioria das aves são suas inimigas, mas o tamanduá se alimenta quase que exclusivamente só de formigas, e a centopeia ficava tocaiando elas em todas as oportunidades e lugares que tivessem chance.

Então entre algumas delas surgiu a ideia de fazer um conselho e juntos eles imaginarem uma solução para ver se eles podiam ser mudar para um lugar seguro, quando atacados por pássaros e animais ladrões.

Mas na conferência as opiniões foram as mais discordantes possíveis, e eles não chegavam a nenhuma decisão.

As formigas não se entendiam e cada uma resolveu fazer sua casa onde bem entendesse.

Lá estavam a formiga vermelha, a formiga do arroz, a formiga preta, a formiga alvéola, a formiga cinza, a formiga brilhante, e outras variedades. A discussão foi uma verdadeira babel de diversidades, que continuou por um longo tempo e não deu em nada.

Uma parte desejava que todos fossem morar em um pequeno buraco na terra, e viver lá, outra parte queria ter uma casa grande e forte construída no chão, onde ninguém pudesse entrar, além de formigas; ainda outros queriam morar nas árvores , de modo a se livrar do tamanduá, esquecendo completamente que eles seriam a presa das aves; outra parte parecia inclinada a ter asas e voar.

E, como já foi dito, não houve acordo quanto a nada, e cada partido resolveu ir trabalhar de sua própria maneira, e sob sua própria responsabilidade.

As facções se dividiram em pequenas partes separadas e se espalharam em todo lugar do mundo, e cada um tinha a sua própria tarefa, e cada uma fez o seu trabalho de forma regular e bem. E todos trabalharam juntos no mesmo caminho. Dentre eles, escolheram um rei, e devemos dizer que alguns dos grupos fez e eles dividiram o trabalho para que tudo corresse tão bem como podia.

Mas cada grupo fez de sua própria maneira, e nenhum deles pensou em se proteger contra o ataque de pássaros ou tamanduá.

As formigas vermelhas construíram sua casa sobre a terra e viveram sobre ela, mas o tamanduá jogou no chão em um minuto o que lhes custou muitos dias de trabalho precioso. As formigas do arroz viviam debaixo da terra, e, com eles, não houve sorte melhor. Pois quando eles saíram, o tamanduá apareceu, tirando eles do buraco e metendo numa mochila. As formiga alvéola fugiram para as árvores, mas em muitas ocasiões a centopeia estava esperando por eles, ou os pássaros os devoravam. As formigas cinza tinha a intenção de salvar-se de extermínio, alçando voo, mas isso também não lhes valeu de nada, porque o lagarto, a aranha caçadora, e as aves foram muito mais rápidos do que eles.

Quando a formiga rei ouviu que não chegariam a acordo nenhum, ele lhes mandou uma unidade de formigas em segredo, com a mensagem de trabalharem em conjunto. Mas, infelizmente, ele escolheu o besouro como mensageiro, e até hoje ele não chegou às formigas, de modo que eles ainda hoje são a personificação da discórdia e, consequentemente, a presa dos inimigos.

Fonte:
http://www.sacred-texts.com/afr/saft/ Disponível em https://casadecha.wordpress.com/category/lendas/