Ilustrações de Tatiana Paiva.
Rio de Janeiro, Rocco Pequenos Leitores, 2010.
32p.
Quem conta um conto aumenta um ponto, já diz o ditado popular. E um conto muito contado, em suas andanças pelo mundo, vai recebendo coisas de cada lugar por onde passa e vai perdendo outras tantas. É a dinâmica das histórias que estão vivas!
Essa festa no céu é assim: o mestre sapo ensinava tabuada aos sapinhos da lagoa, quando a Araponga anuncia o convite de São Pedro para a festa no céu, na noite de São João. A festa era só para bicho que voa. A Saracura fica de gozação e Mestre Sapo promete ir de qualquer jeito. Ouve o Doutor Urubu cantando e decide ir dentro do violão do pássaro. Na manhã da festa ele se esconde e vai. No meio do caminho o Urubu o descobre, mas leva-o ainda assim. Na festa nenhum pássaro quer dançar com o Mestre Sapo. Ele adormece num balanço do jardim e na hora de ir embora, como o Urubu já tinha saído, enfia-se no trombone do Macuco. Daí pra frente, a graça toda está em descobrir como essa história vai terminar.
A história é muito conhecida, e tem raízes nas fábulas do século V antes de Cristo. O mérito de Braguinha, autor dessa versão, é misturar no corpo da história composições suas e cantigas populares. Abrasileirar a história, situando-a no sertão e ampliar o universo dos seres alados para incorporar mosquitos, besouros, borboletas, aproveitando, inclusive o clima das festas juninas, com canjica e quentão.
O texto é todo rimado, a maior parte em estrofes de quatro versos. Tem proximidade com o repente, o cordel, a poesia popular típica de feira nordestina, principalmente.
As inovações são saborosas: o sapo é descoberto na ida e não na volta; não volta na viola do Urubu, mas no trombone do Macuco; é descoberto quando os músicos da orquestra resolvem tocar um dobrado em pleno caminho de volta; é cuspido longe e não jogado por maldade ou vingança.
Não há interferência divina e o conto serve para explicar porque ainda hoje o sapo é achatado, feio, meio disforme, com olhos esbugalhados e boca grande. E a história termina com a lição para o leitor, o que é praxe nesse tipo de história.
As ilustrações do livro são uma maravilha. A ilustradora faz uso de recortes, colagens, tecidos, papéis com texturas, amassados, fios, pontos, bordados, rendas. Um desfile de cores que enchem os olhos. Uma criação cheia de ângulos e movimentos.
Talvez os “politicamente-corretos” reclamem de discriminação, já que os pássaros não quiseram dançar com o sapo. Ou da relatividade do conceito de beleza, quando o narrador afirma que o sapo ficou feio e disforme. Mas o autor conta assim e assim será, tá? O autor é soberano!
Braguinha, velho conhecido dos adultos, gravou primeiro essa história na coleção Disquinho, da gravadora Continental, nos anos 60, antes dela virar livro. E foi sempre um compositor festejado, famoso principalmente por suas marchas de carnaval.
Pois esse carnaval, em forma de livro também é pra deixar qualquer leitor contente! Pule e brinque! É festa na literatura!
Fonte:
Artistas Gauchos
http://www.artistasgauchos.com.br/
Quem conta um conto aumenta um ponto, já diz o ditado popular. E um conto muito contado, em suas andanças pelo mundo, vai recebendo coisas de cada lugar por onde passa e vai perdendo outras tantas. É a dinâmica das histórias que estão vivas!
Essa festa no céu é assim: o mestre sapo ensinava tabuada aos sapinhos da lagoa, quando a Araponga anuncia o convite de São Pedro para a festa no céu, na noite de São João. A festa era só para bicho que voa. A Saracura fica de gozação e Mestre Sapo promete ir de qualquer jeito. Ouve o Doutor Urubu cantando e decide ir dentro do violão do pássaro. Na manhã da festa ele se esconde e vai. No meio do caminho o Urubu o descobre, mas leva-o ainda assim. Na festa nenhum pássaro quer dançar com o Mestre Sapo. Ele adormece num balanço do jardim e na hora de ir embora, como o Urubu já tinha saído, enfia-se no trombone do Macuco. Daí pra frente, a graça toda está em descobrir como essa história vai terminar.
A história é muito conhecida, e tem raízes nas fábulas do século V antes de Cristo. O mérito de Braguinha, autor dessa versão, é misturar no corpo da história composições suas e cantigas populares. Abrasileirar a história, situando-a no sertão e ampliar o universo dos seres alados para incorporar mosquitos, besouros, borboletas, aproveitando, inclusive o clima das festas juninas, com canjica e quentão.
O texto é todo rimado, a maior parte em estrofes de quatro versos. Tem proximidade com o repente, o cordel, a poesia popular típica de feira nordestina, principalmente.
As inovações são saborosas: o sapo é descoberto na ida e não na volta; não volta na viola do Urubu, mas no trombone do Macuco; é descoberto quando os músicos da orquestra resolvem tocar um dobrado em pleno caminho de volta; é cuspido longe e não jogado por maldade ou vingança.
Não há interferência divina e o conto serve para explicar porque ainda hoje o sapo é achatado, feio, meio disforme, com olhos esbugalhados e boca grande. E a história termina com a lição para o leitor, o que é praxe nesse tipo de história.
As ilustrações do livro são uma maravilha. A ilustradora faz uso de recortes, colagens, tecidos, papéis com texturas, amassados, fios, pontos, bordados, rendas. Um desfile de cores que enchem os olhos. Uma criação cheia de ângulos e movimentos.
Talvez os “politicamente-corretos” reclamem de discriminação, já que os pássaros não quiseram dançar com o sapo. Ou da relatividade do conceito de beleza, quando o narrador afirma que o sapo ficou feio e disforme. Mas o autor conta assim e assim será, tá? O autor é soberano!
Braguinha, velho conhecido dos adultos, gravou primeiro essa história na coleção Disquinho, da gravadora Continental, nos anos 60, antes dela virar livro. E foi sempre um compositor festejado, famoso principalmente por suas marchas de carnaval.
Pois esse carnaval, em forma de livro também é pra deixar qualquer leitor contente! Pule e brinque! É festa na literatura!
Fonte:
Artistas Gauchos
http://www.artistasgauchos.com.br/
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.