Após
o Festival, demoramo-nos em Maringá ainda uns dois ou três dias. O poeta,
jornalista e trovador A. A. de Assis, nosso caro amigo e principal organizador
do 2o. Festival Brasileiro de Trovadores (contou com a valiosa colaboração da
jovem Maria Aparecida Lopes e com o apoio do poder municipal, através do
Prefeito Adriano Valente e do Dr. Luiz Gabriel Sampaio, Secretário de Educação
e Cultura de Maringá) sugeriu-nos que, sendo um dos poetas participantes do
Festival, fizessemos umas trovas sobre a festa, para serem entregues ao
Governador Paulo Pimentel, que dentro de alguns dias estaria em Maringá, para
assistir às festividades comemorativas de mais um aniversário daquela cidade
paranaense. Não podíamos declinar da honrosa incumbência e por isso, dando tratos
à inspiração, redigi a seguinte reportagem trovadoresca:
Ilustre
Governador
do Estado
do Paraná,
peço vênia
para expor
o que houve
em Maringá.
Como o
senhor já sabia,
realizou-se
um Festival
que foi um
hino à Poesia
e à Trova
nacional!
Maringá nos
recebeu
– e isto
não foi novidade -
com os dons
que Deus lhe deu:
– carinho e
hospitalidade.
Foi pena
Vossa Excelência,
por força
de outros labores,
não ter
visto a convivência
do povo e
dos trovadores.
Senão o
Governador,
que também
é bacharel,
viraria o
trovador
Dr. Paulo
Pimentel!
Aliás, se
sobressaía
esta bossa
das mais novas:
O
Secretário Fanaya
já está
despachando em trovas!
O senhor,
que é o mais “pra frente”
dos jovens
governadores,
necessita
urgentemente
promover os
trovadores.
Nosso
ideal, asseguro,
– de paz,
progresso e bondade -
é o que
existe de mais puro
na atual
humanidade!
A trova
induz todo mundo
a servir
sem ser servil.
E prega um
amor profundo
por nossa
terra: – o Brasil.
Sem
pieguices nem mentiras,
num estilo
sempre novo,
nós
tangemos nossas liras
em sintonia
com o povo.
Não foi à
toa que o povo
de Maringá,
certo dia,
inventou um
“troço” novo:
– um
comício de poesia!
E em frente
à biblioteca,
numa
apoteose louca,
a trova
virou peteca,
correndo de
boca em boca!
Não havia
oposição
nem se viu
demagogia,
pois falava
o coração
na
linguagem da Poesia!
No recente
Festival,
que de
trovas foi fecundo,
houve um
fato original:
– a melhor
missa do mundo!
A missa,
rezada em trova,
ficou linda
de verdade.
Com esta
vantagem nova:
– comunicabilidade.
Graças ao
A. A. de Assis
e ao padre
que oficiou,
até um
ateu, feliz,
dobrou o
joelho e rezou.
E qual
pérola que encanta
e que vem
da ostra doente,
viu-se uma
lágrima santa
nos olhos
do penitente.
Enquanto
isto, as crianças
– favoritas
do Criador -
coloriam de
esperanças
este quadro
encantador.
Finda a
missa, se acredita,
e o próprio
povo alardeia:
– foi a
missa mais bonita
desde que
houve a Santa Ceia!
E o que
mais a gente admira
na festa
dos trovadores
é ver o dr.
Akira
enchendo
tudo de flores!
Falando do
Festival,
também é
justo que eu cite
um
churrasco genial
que houve
em Paranacity.
O poeta
Antônio Tortato,
que é
Prefeito e é Professor,
sendo homem
simples de fato,
tinha de
ser trovador.
E se o
Tortato nas trovas
é legítimo
campeão,
de
idealismo dá provas,
promovendo
a educação.
Depois nós
nos despedimos,
certos de
que o Paraná,
por tudo
aquilo que vimos,
se orgulha
de Maringá!
Obrigado ao
trovador
Antônio
Augusto de Assis,
o grande
planejador
desse
Festival feliz!
Ao Coral
Municipal
que, no
momento preciso,
trouxe para
o Festival
os cantos
do paraíso.
Pela sua
mini-blusa
e a sua
graça brejeira,
grau dez
para a nossa Musa
Helena
Victor Pereira.
Ao Valente,
à Aparecida
e ao
Gabriel – três valores –
a homenagem
merecida
de todos os
trovadores.
Ver-nos-emos
novamente
noutro
encontro fraternal;
se Deus
quiser, brevemente,
no próximo
Festival.
Para o
Paulo Pimentel
fica um
abraço dos grandes
deste
humilde menestrel
que é o
APARÍCIO FERNANDES.
Fonte:
Aparício Fernandes. A Trova no Brasil: história & antologia.
Rio
de Janeiro/GB: Artenova, 1972
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.