1. (AAA)
Quando moço, acesa a chama
despia-se ante a gatona,
agora veste o pijama
deita de lado... e ronrona.
2. (ESC)
O meu vizinho se poupa
já que o cansaço é normal...
Quando fala: "Tira a roupa!",
tira a roupa do varal!
3 . (AAA)
Em que aperto o bom velhinho,
de assanhado, se enfiou:
chamou pra cama o brotinho,
e ela, malvada, aceitou...
4. (ESC)
Brotinho assanhado inventa
mil jogadas para o amor
e o velhinho até que tenta,
mas sai sempre perdedor!!!
5. (AAA)
Deu desespero no Adão
por ser um “ele” sem “ela”...
Ganhando a dita, o chorão
perdeu a paz... e a costela!
6. (ESC)
Pode quem quiser falar
pois ninguém sabe o que diz,
tendo a mulher para amar
o homem ficou foi... feliz!
7. (AAA)
Jamais se viu nesta vida
marido preso em gaiola...
A mulher é mais sabida:
põe-lhe no dedo uma argola!
8. (ESC)
O homem de argola, também,
ao machismo não se furta:
– faz da mulher seu refém
e a mantém na rédea curta!
9. (AAA)
De um homem para a mulher
que pede ajuda na pista:
– Desculpe... Se ajuda eu der,
vão me chamar de machista...
10. (ESC)
A coisa é séria, querido,
tem mulher que é mulher macho...
quando manda no marido
faz dele gato e capacho!
11. (AAA)
Porém chiar é bobeira...
Quem manda mesmo é a mulher;
tanto é que desde a primeira
faz do marido o que quer...
12. (ESC)
Bobeira?!... Maior bobeira
é o salário do operário
que trabalha a vida inteira
e não fica milionário!
13. (AAA)
Também na fauna a justiça
é às vezes discricionária:
dá mole ao bicho-preguiça,
explora a abelha operária...
14. (ESC)
Falando em exploração,
nunca vi maior babado...
a mulher do capitão,
como explora o rebolado!!!
15. (AAA)
Lá vai o siri-patola,
todo prosa, a rebolar...
Num puçá se enreda e enrola:
vira petisco de bar!
16. (ESC)
Falando num bom petisco,
quem não se arrisca, não prova,
como é bom correr o risco
de preparar uma trova!!!
17. (AAA)
Cinquentão já sou na trova;
na idade, quase oitentão...
Evito, pois, pôr-me à prova:
em museu não entro não!...
18. (ESC)
Eu também tô quase nessa
e em loja de raridade,
se eu entro, saio depressa
pois pareço antiguidade!
19. (AAA)
Essa tal de antiguidade
a mim me causa estranheza:
quando perde a utilidade,
é aí que vira riqueza...
20. (ESC)
Estranheza, caro Assis,
é o que a gente vê
"na praça"....
tem gente que pede bis
se uma injeção for de graça!!!
21. (AAA)
“Ah, que surpresa gostosa!”,
diz a velhinha, feliz,
quando o velho, todo prosa,
dá no couro... e pede bis!...
22. (ESC)
Buzinando o caminhão,
surpresa boa é a do otário
que dá tempo ao Ricardão
para se esconder no armário!
23 (AAA)
Otário simples, legal;
nada faz que prejudique.
O duro é aguentar o tal
do otário metido a chique!...
24. (ESC)
Com a trova vinte e quatro
me ocorreu agora a ideia:
– ninguém vai mais ao teatro,
pois perde o "acento" a plateia!
25. (AAA)
Problemas há no momento
em que muda a acentuação.
– De tudo tirem o acento,
porém do “cágado” não!...
26. (ESC)
O hífen de vice-prefeito,
por certo, não caiu, não,
pois logo depois do pleito
sempre dá separação!
27. (AAA)
Se acaso se visse o vice
futricando o titular,
um baita disse-me-disse
logo iria se espalhar...
28. (ESC)
Nunca vi maior tolice
futricar a vida alheia,
pois quem faz disse-me-disse
vai cair na própria teia!
29. (AAA)
Você sabe o que é que é “teia”?
Não sabe?... Deixo explicado:
– E’ a casca de barro e areia
com que se cobre o “teiado”...
30. (ESC)
Ra! Ra! Ra! Falando em barro
lembrei da antiga moringa...
água fresquinha! Eu me amarro
e a minha saudade
vinga!!!
31. (AAA)
Era uma era inocente,
e a vida era pitoresca:
– um tempo em que toda gente
mantinha a moringa fresca...
32. (ESC)
Sem juntar alho e bugalho,
quando se fala em moringa,
já me lembrei do baralho,
pois és Assis... meu curinga!
33. (AAA)
Curinga eu sei que não sou,
mas tenho uns truques sagazes...
– Em meu nome o pai botou
o “aaa”, isto é, três “ases”..
34. (ESC)
Três "ases"... assim eu digo:
– Um "A" dizendo Alquimia;
O "A"
seguinte que é de Amigo
e mais outro "A" de alegria!
35. (AAA)
Chega manso, pede abrigo,
pede grana... e eu vejo claro:
esse é o tal de caro amigo
que em verdade é amigo caro!...
36. (ESC)
O tipo acima descrito
custa caro e é um desacato...
Mas amigo "Assis", bendito
é simplesmente um barato!
37. (AAA)
Certos tipos importantes
parecem Marte – um deserto:
vistos de longe, brilhantes;
cascalho apenas, de perto!...
38. (ESC)
Brilhantes?!! - Pois sem
trabalho,
sem ramo profissional,
a moça arranjou um galho
no "distrito" e... é federal!!
39. (AAA)
Troca o sábio a esposa culta
pela moça apimentada...
– No instante em que a ardência avulta,
cultura não conta nada!
40. (ESC)
Numa troca de "mulé",
o "mané"
ficou na mão,
que a moça que dava "pé"
tinha um baita sapatão!
41. (AAA)
Nervoso e agressivo quando
alguém lhe pisa no pé,
diz ele: – Estarás pensando
que eu não sou burro, ó mané?...
42. (ESC)
Na trova há constatação:
- Assim como o português,
que traz muita inspiração,
o "mané"
sempre tem vez!
43. (AAA)
Súbito um rato matreiro
fungou no pé do Mané.
– Supôs ser de queijo o cheiro...
Quis provar... era chulé!
continua…
A. A. de Assis
(Maringá/PR)
Elisabeth Souza Cruz (Nova Friburgo/RJ)
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.