Havia numa terra um indivíduo que possuía uma gaita com a virtude de fazer bailar os ouvintes quando tocava. De uma ocasião, passava um sujeito com um jumento carregado de louça e o dono da gaita pôs-se a tocá-la.
Tanto o dono do jumento como este puseram-se logo a bailar, e com tantos saltos, que em pouco tempo toda a louça se fez em cacos.
Gritava o dono da louça ao tocador da gaita que não tocasse, mas este só tirou a gaita dos lábios quando já não havia uma única peça de louça inteira. Exasperado, o pobre homem foi queixar-se ao juiz e o tocador foi chamado à sua presença.
- És acusado de ter quebrado a louça deste homem - disse o juiz ao gaiteiro.
- Eu não sou culpado. Toquei a minha gaita, e esse senhor e o seu jumento puseram-se a dançar.
- Tens contigo a gaita? - Tenho.
- Toca - ordenou o juiz, sentado na sua poltrona.
O gaiteiro tirou a gaita do bolso e pôs-se a tocar. O dono da louça, que a esse tempo estava encostado a uma cadeira, pegou na cadeira e bailou com ela. O juiz, qui ia tomar uma pitada de rapé da sua caixa de ébano, começou a pular, batendo com os dedos na tampa à maneira de castanholas. A mãe do juiz, que estava entrevada na cama, no quarto próximo, levantou-se imediatamente, bailando, batendo as palmas e cantando:
Vá de folia,
Vá de folia,
Que há sete anos
Me não mexia!
E assim se converteu o escritório do juiz numa animada sala de baile, pois que até as cadeiras, os tinteiros e todos os mais móveis se puseram a saltar e a bailar.
Passados momentos, pediu o juiz ao tocador que cessasse de tocar a gaita, e o homem obedeceu imediatamente, pois viu que tanto o dono da louça como o juiz e a mãe suavam com abundância.
O juiz, depois de limpar o suor disse para o tocador:
- Podes-te ir embora sem culpa nem pena, porque és um homem que até curou a minha mãe, que há muitos anos se não podia mexer na cama.
E o tocador saiu da presença do juiz muito contente e satisfeito.
Não diz a história se a mãe do juiz voltou para a cama.
Fonte: Viale Moutinho (org.) . Contos Populares Portugueses. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América.
Tanto o dono do jumento como este puseram-se logo a bailar, e com tantos saltos, que em pouco tempo toda a louça se fez em cacos.
Gritava o dono da louça ao tocador da gaita que não tocasse, mas este só tirou a gaita dos lábios quando já não havia uma única peça de louça inteira. Exasperado, o pobre homem foi queixar-se ao juiz e o tocador foi chamado à sua presença.
- És acusado de ter quebrado a louça deste homem - disse o juiz ao gaiteiro.
- Eu não sou culpado. Toquei a minha gaita, e esse senhor e o seu jumento puseram-se a dançar.
- Tens contigo a gaita? - Tenho.
- Toca - ordenou o juiz, sentado na sua poltrona.
O gaiteiro tirou a gaita do bolso e pôs-se a tocar. O dono da louça, que a esse tempo estava encostado a uma cadeira, pegou na cadeira e bailou com ela. O juiz, qui ia tomar uma pitada de rapé da sua caixa de ébano, começou a pular, batendo com os dedos na tampa à maneira de castanholas. A mãe do juiz, que estava entrevada na cama, no quarto próximo, levantou-se imediatamente, bailando, batendo as palmas e cantando:
Vá de folia,
Vá de folia,
Que há sete anos
Me não mexia!
E assim se converteu o escritório do juiz numa animada sala de baile, pois que até as cadeiras, os tinteiros e todos os mais móveis se puseram a saltar e a bailar.
Passados momentos, pediu o juiz ao tocador que cessasse de tocar a gaita, e o homem obedeceu imediatamente, pois viu que tanto o dono da louça como o juiz e a mãe suavam com abundância.
O juiz, depois de limpar o suor disse para o tocador:
- Podes-te ir embora sem culpa nem pena, porque és um homem que até curou a minha mãe, que há muitos anos se não podia mexer na cama.
E o tocador saiu da presença do juiz muito contente e satisfeito.
Não diz a história se a mãe do juiz voltou para a cama.
Fonte: Viale Moutinho (org.) . Contos Populares Portugueses. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.