Era uma vez uma princesa que costumava pentear-se sempre à janela do seu palácio, que deitava para o jardim. Todos os dias ia um coelhinho branco muito bonito passear debaixo da janela. Um dia, estando a princesa a pentear-se, vai o coelhinho e levou-lhe o pente.
Passados dias, estando outra vez a princesa a pentear-se, veio o mesmo coelho e levou-lhe o laço, e, passados mais uns dias, tendo a princesa tirado um anel e posto na janela, o coelho tornou a aparecer e levou-o.
Passaram-se uns poucos de dias e o coelho nunca mais voltou.
A princesa, com muitas saudades por ele não aparecer, adoeceu.
Vieram os médicos e não atinaram com a moléstia. O rei, muito aflito por ver que a filha não podia resistir à doença, não fazia senão chorar.
A princesa tinha uma aia que era muito sua amiga e que sabia a razão de tudo aquilo. A doente sonhou uma noite que bebendo um copo de água duma fonte que havia no meio de um bosque distante do palácio lhe daria saúde. Pediu à aia que lha fosse buscar, porque só da sua mão a queria beber, pois só nela confiava.
A aia foi, chegou à fonte e, quando ia a encher o copo, abriu-se o chão e saiu um negro com um burro carregado de barris.
Ela escondeu-se e o preto encheu os barris, carregou o burro e foi-se embora. A aia foi atrás dele e o preto, chegando ao sítio por onde tinha aparecido, disse:
- Abre-te, chão!
Imediatamente o chão se abriu e apareceu um palácio muito rico. A aia entrou e escondeu-se, muito admirada por ver semelhante riqueza.
O negro veio, trouxe uma bacia e um jarro de ouro, deitando os barris de água dentro da bacia. Depois foi-se embora. Daí a pouco viu ela vir o coelhinho branco, que costumava ir ao jardim da princesa. O coelho meteu-se na bacia de água e fez-se logo um formoso príncipe. Depois abriu uma gaveta e, tirando um pente, um laço e um anel, começou a dizer:
- Pente, laço, anel de minha senhora! Vejo a ti e não vejo a ela! Ai, que morro por ela, ai de mim!
Depois arrecadou tudo, voltou a banhar-se, tornou-se logo em coelho e fugiu. A aia, quando se viu só, chegou ao sítio por onde tinha entrado e disse:
- Abre-te, chão!
O chão imediatamente se abriu, saiu ela e chegou ao palácio muito contente, com um copo de água da fonte.
A princesa bebeu-a e começou a achar-se melhor. A aia, então, contou-lhe o que tinha visto e a princesa ainda mais contente ficou. Depressa se achou boa e foi um dia passear com a aia ao mesmo sítio e esconderam-se. Daí a pouco tempo abriu-se o chão e apareceu o negro. Encheu os barris, carregou-os no burro e foi-se embora. Chegou ao tal sítio e fez que o chão se abrisse. E logo apareceu o tal rico palácio.
Entraram a princesa e a aia e foram seguindo o preto sem que ele as visse. Depois esconderam-se no mesmo sítio onde estivera a aia da outra vez. O preto foi buscar a bacia e o jarro de ouro, despejou a água dentro e depois retirou-se.
Daí por um bocado, veio o coelhinho branco, banhou-se dentro da bacia e tornou-se no tal príncipe. Abriu a gaveta e repetiu as mesmas palavras diante do pente, do laço e do anel.
Só que dessa vez apareceu a princesa, que lhe disse:
- Se morres por mim, meu amor, aqui me tens! Acabou-se imediatamente o encanto do príncipe, que ficou muito contente por tornar a ver a princesa.
Ajustou-se o casamento, casaram e o pai dela ficou muito satisfeito.
Fonte:
Viale Moutinho (org.) . Contos Populares Portugueses. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América.
Passados dias, estando outra vez a princesa a pentear-se, veio o mesmo coelho e levou-lhe o laço, e, passados mais uns dias, tendo a princesa tirado um anel e posto na janela, o coelho tornou a aparecer e levou-o.
Passaram-se uns poucos de dias e o coelho nunca mais voltou.
A princesa, com muitas saudades por ele não aparecer, adoeceu.
Vieram os médicos e não atinaram com a moléstia. O rei, muito aflito por ver que a filha não podia resistir à doença, não fazia senão chorar.
A princesa tinha uma aia que era muito sua amiga e que sabia a razão de tudo aquilo. A doente sonhou uma noite que bebendo um copo de água duma fonte que havia no meio de um bosque distante do palácio lhe daria saúde. Pediu à aia que lha fosse buscar, porque só da sua mão a queria beber, pois só nela confiava.
A aia foi, chegou à fonte e, quando ia a encher o copo, abriu-se o chão e saiu um negro com um burro carregado de barris.
Ela escondeu-se e o preto encheu os barris, carregou o burro e foi-se embora. A aia foi atrás dele e o preto, chegando ao sítio por onde tinha aparecido, disse:
- Abre-te, chão!
Imediatamente o chão se abriu e apareceu um palácio muito rico. A aia entrou e escondeu-se, muito admirada por ver semelhante riqueza.
O negro veio, trouxe uma bacia e um jarro de ouro, deitando os barris de água dentro da bacia. Depois foi-se embora. Daí a pouco viu ela vir o coelhinho branco, que costumava ir ao jardim da princesa. O coelho meteu-se na bacia de água e fez-se logo um formoso príncipe. Depois abriu uma gaveta e, tirando um pente, um laço e um anel, começou a dizer:
- Pente, laço, anel de minha senhora! Vejo a ti e não vejo a ela! Ai, que morro por ela, ai de mim!
Depois arrecadou tudo, voltou a banhar-se, tornou-se logo em coelho e fugiu. A aia, quando se viu só, chegou ao sítio por onde tinha entrado e disse:
- Abre-te, chão!
O chão imediatamente se abriu, saiu ela e chegou ao palácio muito contente, com um copo de água da fonte.
A princesa bebeu-a e começou a achar-se melhor. A aia, então, contou-lhe o que tinha visto e a princesa ainda mais contente ficou. Depressa se achou boa e foi um dia passear com a aia ao mesmo sítio e esconderam-se. Daí a pouco tempo abriu-se o chão e apareceu o negro. Encheu os barris, carregou-os no burro e foi-se embora. Chegou ao tal sítio e fez que o chão se abrisse. E logo apareceu o tal rico palácio.
Entraram a princesa e a aia e foram seguindo o preto sem que ele as visse. Depois esconderam-se no mesmo sítio onde estivera a aia da outra vez. O preto foi buscar a bacia e o jarro de ouro, despejou a água dentro e depois retirou-se.
Daí por um bocado, veio o coelhinho branco, banhou-se dentro da bacia e tornou-se no tal príncipe. Abriu a gaveta e repetiu as mesmas palavras diante do pente, do laço e do anel.
Só que dessa vez apareceu a princesa, que lhe disse:
- Se morres por mim, meu amor, aqui me tens! Acabou-se imediatamente o encanto do príncipe, que ficou muito contente por tornar a ver a princesa.
Ajustou-se o casamento, casaram e o pai dela ficou muito satisfeito.
Fonte:
Viale Moutinho (org.) . Contos Populares Portugueses. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América.
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.