A MORTE DO POETA
Fenece o poeta na paz da poesia.
Os ares dos cantos, calados, sentidos,
acenam tristezas nos vagos ouvidos;
o sol perde o brilho no pranto do dia.
Um misto de dores e versos não lidos
acena sem cena à linha vazia-
num gesto de pautas à vã melodia-
um canto no canto dos temas queridos.
Às rimas no templo sagrado, converso
silêncio das flores de triste universo.
Poeta parece que ouve o lamento...
no alto da estrofe gravada na mente
cantiga do tempo que faz permanente
a bênção divina no lar, firmamento.
PRIMEIRO DE MAIO
Olhando o calendário fico pasmo:
Que maravilha de nação feliz!
...E ao ver as folgas com entusiasmo
lembro das malas: nossa! Nem desfiz!
E num enlevo a remedar orgasmo
vou planejando: e agora, meu país?
Em qual lugar eu vou curtir marasmo
longe da lida que nada condiz?
Conto nos dedos os dias faltantes.
Se é feriado na terça ou na quinta
falto na sexta ou segunda e bem antes
Que outro espertinho na frente desminta
fico doente de espirro por nada.
Vejo-me a postos: mais uma jornada!!
DEIXE-ME VIVER
(Poema contra o aborto)
Mamãe, eu quero viver;
pedi para retornar
e procurar evolver
no seio de um simples lar.
Não se culpe constrangida
por um ato intempestivo;
o mais importante é a vida;
eu, no seu útero vivo!
Sinta com delicadeza
no seu ventre o movimento
e agradeça à natureza
esculpir o seu rebento.
É uma dádiva divina
ter minha vida em você.
Não descarte na latrina
um ser que sente... que vê...
Imagine o meu futuro
a seu lado, vencedor,
com seu caminhar seguro
cumprindo a sina do amor!
Pense em seu corpo cansado
precisando de um abraço;
eu caminhando a seu lado
a proteger o seu passo.
Mamãe, alimente a aurora
em mim tão frágil, indefeso,
para quando for embora
não carregar nenhum peso!
MONÓLOGO DO BASTIDOR
Sou a ferida exposta acobertada
por mentes que dominam consciências;
cinismo onde plateia entusiasmada
entorpecida perde referências.
Caráter e vaidade sem decência
abarcam teoria distanciada
na prática sem ética... ciência...
sem brio que ao vazio leva ao nada.
O aqui e agora são mais importante;
lá fora o vento sopra bem distante.
Eu sou o cerne que requer destreza,
porém pressinto tempos exigentes,
sentimentos puros, transparentes ,
num palco pelas artes da certeza!
O CAMINHO DA ROSA
Se cada um fizer a sua parte
não sobra parte para repartir;
não sobra aparte que preocupe a arte...
mundo destarte só resta sorrir.
Se cada um plantar uma roseira
a vila inteira será um jardim;
não sobra beira à espinhosa asneira...
dessa maneira é sorriso sem fim.
Se cada um olhar-se na verdade
fraternidade romperá vereda;
o pensamento terá mais espaço
e minha parte será rosa e há de
ser a verdade daquele que ceda
do seu caminho todo seu abraço!
Fonte: Poemas enviados pelo poeta
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.