A diarista folheou algumas páginas e voltou a olhar a capa; um “uuééé” muito sonoro escapou de sua garganta
– Mudamos de um apartamento grande para um pequeno e temos muitos livros e pouco espaço. Pode deixar na mesa que eu mesma guardo, Wanda.
Ela olhou para mim com curiosidade:
- Nunca vi tanto livro. Você já leu tudo isso?
- Claro, já li... - respondi com orgulho.
- Puxa! Leu tudo isso! - exclamou ela.
Eu estava ficando vaidosa com sua admiração, quando Wanda acrescentou:
- É livro para caramba e você leu tudo. Você sim que não tem nada para fazer na vida, né?
Caminhou até a geladeira:
- Só ler, ler... - resmungou, mexendo a cabeça para os lados e enrugando o nariz como quem cheira couve podre.
Tentei ocultar minha decepção e falei:
- Wanda, vou lhe dar um livro de presente.
Procurei um de minha autoria e dei para ela. O fiz por puro egocentrismo. Todo autor no fundo é egocentrista, quer mostrar-se.
- É de sua autoria? – perguntam com os olhos arregalados as vizinhas.
A gente tem a oportunidade de mostrar o trabalho, desce os olhos com fingida humildade e afirma com um leve movimento de cabeça. Eu imaginava meu momento de triunfo... saboreava mentalmente o triunfo.
A diarista folheou algumas páginas e voltou a olhar a capa. Um “uuééé” muito sonoro escapou de sua garganta. Senti-me triunfante, ela descobrira o meu nome.
A diarista voltou-se para mim e perguntou:
- Sem figuras?
- É... – respondi, já um pouco acanhada com o tom da conversa.
- Livro chato, né?
- Pode me devolver. Melhor eu procurar outro com figuras.
Devo admitir que a diarista me deu uma lição. Sim, Wanda é a melhor pessoa do mundo para derrubar a vaidade de qualquer escritor.
– Mudamos de um apartamento grande para um pequeno e temos muitos livros e pouco espaço. Pode deixar na mesa que eu mesma guardo, Wanda.
Ela olhou para mim com curiosidade:
- Nunca vi tanto livro. Você já leu tudo isso?
- Claro, já li... - respondi com orgulho.
- Puxa! Leu tudo isso! - exclamou ela.
Eu estava ficando vaidosa com sua admiração, quando Wanda acrescentou:
- É livro para caramba e você leu tudo. Você sim que não tem nada para fazer na vida, né?
Caminhou até a geladeira:
- Só ler, ler... - resmungou, mexendo a cabeça para os lados e enrugando o nariz como quem cheira couve podre.
Tentei ocultar minha decepção e falei:
- Wanda, vou lhe dar um livro de presente.
Procurei um de minha autoria e dei para ela. O fiz por puro egocentrismo. Todo autor no fundo é egocentrista, quer mostrar-se.
- É de sua autoria? – perguntam com os olhos arregalados as vizinhas.
A gente tem a oportunidade de mostrar o trabalho, desce os olhos com fingida humildade e afirma com um leve movimento de cabeça. Eu imaginava meu momento de triunfo... saboreava mentalmente o triunfo.
A diarista folheou algumas páginas e voltou a olhar a capa. Um “uuééé” muito sonoro escapou de sua garganta. Senti-me triunfante, ela descobrira o meu nome.
A diarista voltou-se para mim e perguntou:
- Sem figuras?
- É... – respondi, já um pouco acanhada com o tom da conversa.
- Livro chato, né?
- Pode me devolver. Melhor eu procurar outro com figuras.
Devo admitir que a diarista me deu uma lição. Sim, Wanda é a melhor pessoa do mundo para derrubar a vaidade de qualquer escritor.
Fonte:
Olho Vivo
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.