pra fazer parte da história,
quem faz da vida uma obra
e ao lê-la a sua memória,
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O denso lençol bordado
que o céu na noite estendeu,
seja o teu lenço estrelado
que o sol, sem ônus te deu.
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Se ao mar tens a sensação,
de ondas tão descontroladas,
o que vês, nada mais são,
que as gotas acumuladas.
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Há quem fale com destreza
como um trovão ao chover
e há quem abra a boca à mesa
só quando senta a comer.
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Não vivamos de lamentos,
nem de sonhos tão banais,
tudo à vida são momentos,
momentos, ...e nada mais.
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Passa o tempo e acelera
o processo da chegada,
há quem depressa, exagera,
deixando a vida na estrada.
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O interesse pela ação
vela a chave do segredo,
alguns veem a solução
mas de agirem guardam medo.
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Não tem perfeição maior
que a plenitude da vida,
viver cada vez melhor
é missão a ser cumprida.
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A tempestade, no mar,
sequer aos peixes, assusta,
mas quem vive a navegar
sente à dor o quanto custa.
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Quem se perde à noite escura
ganha a chance de voltar
à origem, fim da aventura,
quando o sol volta a brilhar.
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Perder tempo ninguém quer,
nem com ele esmorecer,
sem um proveito qualquer
que faça algo enriquecer.
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O intelecto fulge mais
quanto menos sombra houver,
das carências sapienciais
em cada homem ou mulher,
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São tantos apontamentos
nos diários da memória,
lidos por muitos talentos
noutros momentos da história.
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Os bens que sonhas ou buscas,
não se encontram no alto-mar,
se ocultos é porque ofuscas
a luz que vem do teu lar.
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Sob o teu manto sagrado,
ó Mãe, guarda os filhos teus!
Preservando-os do pecado
e conduzindo-os a Deus.
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A imagem perde o sentido
se um borrão lhe for incluso
e o valor, antes mantido,
perde a cor, fica confuso.
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O homem, quando à lide opina,
julga-a mal ou se atrapalha,
mas a justiça divina
nunca tem postura falha.
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No caminho, rumo à paz,
lapidamos nosso ser,
o afã de crescer, nos faz
peregrinos do saber.
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Seja a vida o bem primeiro,
que deve ser preservado,
quem se vende por dinheiro
não vale o que tem comprado.
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Vejo à vida um nobre enredo
que a muitos causa revolta,
quem parte fica com medo
falta a passagem de volta.
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Tudo, hoje, do homem requer,
mais do que uma enciclopédia,
acaba, em lixo qualquer,
quem for inferior à média.
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Existem muitas estradas
que podemos palmilhar,
algumas pavimentadas
e outras faltam ladrilhar.
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Pode a criança não ter
a mais plena liberdade,
mas pode bem entender
o sentido da verdade.
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É na fonte da cultura,
manancial a efervescer,
que, sedento, o ser procura
a água viva do saber.
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A água da chuva, torrente,
carrega às margens da estrada
tudo e debaixo da ponte
passa como uma enxurrada.
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Fonte: Luiz Damo. As faces da trova. Caxias do Sul/RS: Ed. Do Autor, 2021. Enviado pelo trovador.
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