É quando me agarras as palavras
pela cintura
e me envolves na dança de um poema
que me desarmas.
Em tom de tango
contornas-me o corpo
e resgatas-me a alma
num movimento sublime e intenso.
O fado dos teus lábios nos meus
é o dueto eterno em que navegamos
neste rio onde te recebo ao sabor da lua.
Tenho sede de ti.
Seca-me a voz quando te respiro
e te sinto ancorado
naquele miradouro à procura de nós.
Não me deixes agora,
devolve-me a esperança
de encontrar aquilo que fomos
e juntos despertarmos o abraço,
o beijo e o prazer de sermos um só.
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NESTE TEMPO QUE É SÓ MEU
Abraçar a natureza
é como nos encontrar
É ter
o sol, o ar, a água e a terra
na ponta dos dedos
É
usarmos os sentidos
embalar o mar
sorrir com as estrelas
e respeitar a terra
Neste copo
(que já vai a meio)
encontro
as minhas dores
e as minhas alegrias
Estou capaz de dizer
ao mundo
que este tinto
sou eu
Vou
driblando o fogo
enquanto
o pensamento se extravia
para um lugar
com raízes profundas
para onde os pássaros
cantam
e rasgam
o céu sem medo
para onde se parou
a verdade do sustento
ao deixar os cachos secos
na parreira
e a azeitona por apanhar
São outros os tempos
a correria
do que vem depois de amanhã
leva-nos a esquecer
o que é importante
hoje
É assim
que se envelhece
é assim que se aprende
a vida
neste tempo que é só meu.
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PONTES
Existem ausências que incomodam
a capacidade de entender o acaso.
Existem caminhos
que se revelam felizes
mas que demoram,
o tempo tão certo,
como qualquer destino.
As pontes
mantêm- se agarradas à memória,
como se algo fizesse parar o tempo
quando te penso.
Talvez no dia que nos quisermos
seja abraço apertado em silêncio
ou mar galopante em areal esquecido.
O horizonte
é sempre um corpo apetecido,
quando o luar brilha nos teus olhos
e o vinho aquece o peito.
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QUANDO SURGE O POEMA
Quando te percebo
desenhado
no negro da madrugada
renasço do brilho do luar,
que me encanta,
qual magia atiçada de palavras.
É aí que surge o poema,
emaranhado de palavras
desnorteadas e um tanto loucas
como este amor que sinto por ti.
Quando te encontro
no enlace
dos meus versos,
aconchego-me num abraço
forte de sentidos,
carregado de sentimentos,
como um molho de rosas vermelhas
com a cor dos teus beijos.
Consinto então,
nesse preciso momento,
que me tomes tua
nas garras da noite.
E me devolvas o brilho
com o sorver
deste néctar encorpado
embriagando-te de mim
embriagando-me de ti
até à última gota do nosso olhar
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TUDO É POESIA
Asas brancas e mãos cheias de silêncio
Deixam a minha pele nua de ti
Tudo é poesia em lábios secos
Tudo é madrugada em folha de papel
São searas como lençóis
Terra afortunada pelo teu olhar
Triste é a videira despida
Que geme ao sabor do vento
Onde se cansa a olhar a serra
Deixando que o futuro chegue
E recomece o ciclo da vida
Em cada dia
Um por do sol que me embala
Em escassos momentos
Um sorriso teu
Respiro cada bolha com aroma a baga
Fonte> https://www.vandapaz.com
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.