quinta-feira, 16 de maio de 2024

Recordando Velhas Canções (O Bêbado e a equilibrista)


Compositores: João Bosco e Aldir Blanc

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A Lua, tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil

Meu Brasil que sonha
Com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora a nossa Pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar
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A Arte de Elis Regina em 'O bêbado e a equilibrista': Um Hino de Esperança e Resistência
A canção 'O bêbado e a equilibrista', interpretada pela icônica Elis Regina, é uma obra que transcende a música para se tornar um símbolo de resistência e esperança em um período conturbado da história do Brasil. Composta por Aldir Blanc e João Bosco durante a ditadura militar, a música se tornou conhecida como o 'hino da anistia', clamando pelo retorno dos exilados políticos e pela liberdade de expressão.

A letra é rica em metáforas e imagens poéticas que evocam a melancolia e a luta do povo brasileiro. A figura do bêbado, que remete ao icônico personagem Carlitos de Charlie Chaplin, simboliza a tristeza e a irreverência do povo. A 'Lua, tal qual a dona do bordel', pode ser interpretada como uma crítica à exploração e à corrupção, enquanto as 'nuvens no mata-borrão do céu' sugerem a censura e a repressão que manchavam o país.

A esperança, personificada na 'equilibrista', é o fio condutor da canção. Mesmo diante das adversidades e do 'azar', ela dança na 'corda bamba de sombrinha', representando a delicadeza e a coragem necessárias para seguir adiante. A música termina com um lembrete de que, apesar dos riscos, 'o show de todo artista tem que continuar', uma mensagem de persistência e continuidade da luta pela liberdade. Elis Regina, com sua interpretação emocionante, eternizou essa canção como um marco da resistência cultural brasileira.
https://www.letras.mus.br/elis-regina/45679/

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