– Eu também. Desapeguei.
– Ficou tão quarta-feira passada…
– Nem me fale. Quando comecei a usar, ninguém usava. Agora…
– Daqui a pouco está sendo usada até em novela bíblica da Record.
– Junto com empoderamento. Lembra do pré-lançamento?
– Lindo. Só para convidadas. Evento VIP, garçons étnicos, música autossustentável. Depois…
– Depois virou arroz de festa, que nem empatia.
– Comigo foi saberes.
– Você foi no lançamento de saberes?
– Fui, menina! Usei saberes quando só aparecia em tese de Humanas.
– Que luxo! Quando saberes chegou, eu já estava na fase da objetificação e achei que não ia combinar.
– Objetificação tem que ter muito critério, ou fica over.
– Acho que cai bem com cultura do estupro e micromachismo, e olhe lá.
– Super cai bem! E olha que micromachismo não é pra qualquer uma.
– Não mesmo. Tem que saber dosar. Tipo gaslighting.
– Gaslighting era tudo, né? Uma coisa de louco!
– Mas sabe que eu era mais o combo mansplaining, manspreading e manterrupting? Porque tinha uma leitura, dialogavam.
– Diferente de patriarcado e androcentrismo…
– Totalmente. Androcentrismo pede, sei lá, uma atitude com mais conceito.
– Bem na vaibe da misoginia e do feminicídio.
– Isso. Se bem que eu fique mais à vontade na disparidade de gênero, sabe como? Uma coisa light, cool, fim de tarde, apperol. Nessa linha.
– E qual é a tendência para hoje? Fiquei vendo laive da Katy Perry até de madrugada, acordei tarde e nem tive tempo de me atualizar.
– Interseccionalidade.
– Jura? Amei!
– E dá pra usar com tudo.
– Amiga, só vou tirar essa máscara de avocado orgânico e começar a interseccionalizar agora mesmo.
– Mas interseccionaliza logo, porque acabei de ver que já estão usando no UOL. E quando isso acontece, já sabe, né?
– Sim. Daqui a pouco vira gratiluz.
– Vai lá. Beijo no coração, amiga! Gratiluz!
– Gratiluz, amada!
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.