Vem amiga visitar
A terra, o lugar
Que você abandonou
Inda ouço murmurar
Nunca vou te deixar
Por Deus Nosso Senhor
Pena cumpanheira agora
Que você foi embora
Na vida fulorô
Ouço em toda noite escura
Como eu a tua procura
Um grilo a cantar
Lá no fundo do terreiro
Um grilo violeiro
Inhambado a procurar
Mas já pela madrugada
Ouço o canto da amada
Do grilo cantador
Geme os rebanhos na aurora
Mugindo cadê a senhora
Que nunca mais voltou
Faz um ano em janeiro
Que aqui pousou um tropeiro
O cujo prometeu
De na derradeira lua
Trazer notícia tua
Se vive ou se morreu
Derna aquela madrugada
Tenho os olhos na istrada
E a tropa não voltou
Ao sinhô peço clemença
Num canto de incelença
Do amor que ritirou
A Dor do Amor Perdido em 'Incelença Pro Amor Retirante'
A música 'Incelença Pro Amor Retirante' de Elomar Figueira Melo é uma obra poética que retrata a dor e a saudade de um amor que se foi. A letra é rica em imagens e metáforas que evocam a solidão e a espera interminável por notícias da pessoa amada. Desde o início, o eu lírico convida a amiga a visitar o lugar que ela abandonou, revelando um sentimento de abandono e perda. A promessa de nunca deixar o outro, feita em nome de Deus, contrasta com a realidade da separação, intensificando a dor sentida pelo eu lírico.
A presença de elementos da natureza, como o grilo cantador e os rebanhos que gemem na aurora, serve para ilustrar a solidão e a busca incessante pelo amor perdido. O grilo, que canta na escuridão, simboliza a esperança e a procura constante, enquanto os rebanhos mugindo representam a ausência e a saudade. A música também faz referência a um tropeiro que prometeu trazer notícias da amada, mas que nunca voltou, aumentando a sensação de desespero e incerteza sobre o destino do amor.
Elomar, conhecido por sua habilidade em mesclar elementos da cultura sertaneja com uma linguagem poética sofisticada, utiliza a 'incelença' – um canto fúnebre tradicional do sertão – para expressar a dor do amor retirante. A música é uma lamentação profunda, um pedido de clemência ao Senhor pela ausência da amada. A 'incelença' finaliza a canção, reforçando o tom de tristeza e resignação diante da perda irreparável. A obra de Elomar é um testemunho da riqueza cultural do sertão brasileiro e da universalidade dos sentimentos humanos.
Fonte: https://www.letras.mus.br/elomar/376570/
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através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.