(xote, 1906)
Compositores: Catulo da Paixão Cearense e Irineu de Almeida
Eu sou capaz de confessar
Aos pés de Deus
Que eu nunca vi em mundo algum
Uns olhos como os teus!
Eu não sei mesmo
Como os hei de comparar, não sei
Eu já tentei cantar
O teu divino olhar
Depois de tanto versejar
Debalde em vão
Depois de tanto apoquentar
A minha inspiração
Cheguei à triste conclusão
De que eu só sei sofrer
E o que teus olhos são
Não sei dizer
Deixa-te estar que quando eu morrer
Irei verter os prantos meus nos céus
Hei de contar em segredo a Deus
As travessuras desses olhos teus
Hei de mostrar ao Senhor Jesus
Ao Pai nos céus, apiedado
Meu coração crucificado
Nos braços teus de luz
Os olhos teus são lágrimas do amor
Os olhos teus são dois suspiros de uma flor
São dois soluços d’alma
São dois cupidos de poesia
Que sinfonia tem o teu olhar
Que até às vezes já nos faz chorar!
Ai, quem me dera me apagar assim
À luz do teu olhar!
Os olhos teus
Quando nos querem castigar
Parecem dois astros de gelo
Que nos vêm gelar
Mas quando querem nos ferir
Direito o coração
Eu não te digo não
O que os teus olhos são
Pois quando o mundo quiser
De vez findar
Basta acendê-lo com um raio
Desse teu olhar
Que os olhos todos das mulheres
Que mais lindas são
Dos olhos teus
Não têm a irradiação
A Fascinação e o Mistério dos Olhos Dela
A música "Os Olhos Dela" é uma ode à beleza e ao mistério dos olhos de uma mulher amada. Desde o início, o eu lírico confessa que nunca viu olhos tão impressionantes em toda a sua vida, comparando-os a algo divino e inigualável. A dificuldade em descrever a profundidade e o impacto desses olhos é evidente, pois ele admite que, apesar de seus esforços poéticos, não consegue encontrar palavras adequadas para expressar o que sente.
A letra explora a dualidade dos olhos da amada, que podem tanto castigar quanto ferir o coração do eu lírico. Essa ambiguidade é uma metáfora para a complexidade das emoções humanas e a capacidade do olhar de transmitir sentimentos contraditórios. Os olhos são descritos como astros de gelo que podem gelar, mas também como algo que pode ferir profundamente, mostrando a intensidade do amor e da dor que eles podem causar.
No final, o eu lírico eleva os olhos da amada a um nível quase sagrado, comparando-os aos de Maria, a mãe de Jesus. Essa comparação não só exalta a pureza e a santidade dos olhos, mas também sugere um amor que transcende o mundano e se aproxima do divino. A música, portanto, é uma celebração da beleza, do mistério e da complexidade das emoções humanas, encapsuladas no olhar de uma mulher.
Fonte: https://www.letras.mus.br/vicente-celestino-musicas/os-olhos-dela/significado.html
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