Era um dia nebuloso quando Pafúncio, o jornalista da revista “Fuxico & Fofocas”, recebeu um telefonema inesperado de seu editor.
“Pafúncio, preciso te dizer uma coisa. Você tem se metido em muitas confusões e, talvez, uma terapia possa ajudar.”
Pafúncio, que estava em sua mesa tentando descobrir como fazer uma reportagem sobre o novo café da moda, apenas respondeu:
“Terapia? Mas eu só preciso de um bom café e um pouco de chocolate!”
O editor insistiu e, relutante, Pafúncio concordou em se encontrar com a terapeuta.
Ao chegar ao consultório da Dra. Rita Lina, Pafúncio estava nervoso.
“Acho que isso vai dar um toque alegre!” ele pensou sobre sua roupa com desenhos de coelhos, sem imaginar que a psiquiatra tinha um estilo mais sério.
Assim que entrou no consultório, Pafúncio se deparou com o ambiente calmo e organizado, com livros nas prateleiras e poltronas confortáveis.
A Dra. Rita Lina o recebeu com um sorriso cordial, mas Pafúncio, em seu estilo trapalhão, se sentou em uma poltrona meio desajeitadamente e logo começou a falar sem parar.
“Oi, sou o Pafúncio! Estou aqui porque meu editor acha que eu preciso de terapia. Ele diz que eu sou muito… como posso dizer… desastrado, sabe? Mas acho que ele está exagerando!” Ele riu, mas Dra. Rita apenas levantou uma sobrancelha.
“Vamos nos concentrar, Pafúncio. O que você gostaria de discutir hoje?” perguntou ela, tentando manter a calma.
“Ah, eu tenho tantas histórias! Uma vez, eu entrevistei um gato que pensava que era um cachorro! Foi hilário!” Pafúncio começou, sem esperar pela resposta da psiquiatra. “E outra vez, derrubei um bolo de casamento na cara do noivo! Você deveria ver a expressão dele!”
A Dra. Rita, com um olhar exasperado, tentou redirecionar a conversa.
“Pafúncio, vamos nos concentrar em você. Como você se sente em relação ao que aconteceu nessas situações?”
“Sinto-me ótimo! Quer dizer, exceto quando as pessoas ficam bravas comigo. Uma vez, um artista me chamou de ‘cabeça de abóbora’ porque eu perguntei se ele pintava com tinta cor de batata! Mas eu só queria saber, sabe? O que tem de tão errado nisso?” Pafúncio continuava, sem perceber que estava desviando do assunto.
A psiquiatra respirou fundo e tentou mais uma vez.
“Certo, mas como você lida com as críticas que recebe?”
“Ah, eu não lido muito bem! Uma vez, uma crítica me disse que meu estilo era ‘como um furacão em um desfile de moda’! Eu achei isso engraçado!”
Ele riu, e a Dra. Rita estava começando a perder a paciência.
“Pafúncio, precisamos falar sobre suas reações. Você se sente confortável em expressar seus sentimentos?” perguntou ela, tentando ser paciente.
“Claro! Eu me sinto confortável como um peixe em um aquário! Ou talvez como um pinguim na neve! O que você prefere?” Pafúncio exclamou, fazendo gestos exagerados.
A Dra. Rita decidiu mudar de tática.
“Vamos tentar uma técnica diferente. Você pode me contar sobre uma situação em que se sentiu realmente triste?”
“Ah, isso é fácil! Uma vez, eu perdi meu cachorro de pelúcia! Foi horrível! Eu procurei por toda parte, mas ele estava escondido atrás do sofá! Uma verdadeira tragédia!” Pafúncio disse, colocando a mão no coração em um gesto dramático.
“Pafúncio, eu me refiro a situações mais sérias. Vamos falar sobre suas emoções em relação ao trabalho e sua vida pessoal,” insistiu Dra. Rita.
“Ah, meu trabalho é uma loucura! Uma vez, escrevi uma matéria sobre ‘Como Ser o Melhor Fuxiqueiro’ e, sem querer, enviei para a revista errada! Eles publicaram com uma foto de um gato vestido de príncipe!”
Ele explodiu em risadas, enquanto Dra. Rita se perguntava como tinha chegado a este ponto.
“Certo, mas e suas emoções? Como você se sente sobre isso?” a psiquiatra tentou mais uma vez, já sem paciência.
“Me sinto ótimo! Como um superstar! Ou como um astronauta no espaço! Você sabe, flutuando!”
Pafúncio começou a gesticular novamente, e Dra. Rita sentiu que estava perdendo o controle da sessão.
“Pafúncio, precisamos ser mais sérios! Você não pode simplesmente transformar tudo em uma piada!” gritou ela, exasperada.
“Mas é isso que sou!”
Pafúncio respondeu, sem perceber que estava ultrapassando os limites.
Dra. Rita, agora completamente irritada, decidiu que já tinha tido o suficiente.
“Você sabe o que? Eu realmente não posso ajudá-lo. Eu vou pedir que você saia do meu consultório!”
“Mas eu só estou tentando ser divertido!” Pafúncio protestou, enquanto ela se levantava.
“Divertido? Você está me deixando louca! Por favor, saia!”
Ela apontou para a porta, e Pafúncio, sem entender, começou a gracejar.
“Você está me expulsando? Isso é uma vitória! Meu terapeuta me expulsou! Isso é ótimo para a coluna! Vou escrever sobre isso!”
Ele estava tão empolgado que não percebeu que estava sendo levado à porta.
A Dra. Rita, já sem paciência, fez um gesto dramático e disse: “Se você não sair agora, eu vou ter que chamar o segurança!”
Pafúncio, percebendo que a situação estava realmente fora de controle, começou a se afastar lentamente. “Eu vou! Mas isso vai ser uma boa história! Vou dizer que a Dra. Rita Lina não consegue lidar com o humor”
E assim, ele saiu do consultório, enquanto a Dra. Rita se sentava, tentando recuperar a sanidade. Do lado de fora, Pafúncio estava radiante, pensando em como aquela sessão de terapia, que deveria ser séria, se transformou em uma aventura.
“Ah, mais uma aventura para a revista!” ele exclamou, enquanto se afastava, sem saber que a verdadeira loucura estava apenas começando. Afinal, no mundo de Pafúncio, a vida era uma comédia, e ele era o protagonista trapalhão de sua própria história.
Fontes: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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