quinta-feira, 4 de julho de 2024

Silmar Bohrer (Croniquinha) 116

Na língua grega "filosofia" significava "amor pela sabedoria", Era o estudo das questões humanas , existenciais , do conhecimento, e também da linguagem e das coisas do universo. 

Aprecio falar de filosofia, aprecio os filósofos e seus ensinamentos. Se somos seres pensantes, nada mais natural esse envolvimento . Somos os únicos animais que têm o "-sofos" , essa capacidade de raciocínio . 

Gostar de filosofia é compactuar com seus ensinamentos ou não, mas muita gente tem ideias arredias quando se diz que devemos ler seguidamente algum filósofo. Na verdade damos pouca atenção aos filósofos. Ou nenhuma. Se nos voltarmos para o nosso nós, o EU pessoal, vamos descobrir tanta coisa útil e importante através do pensamento . 

"A filosofia não é apenas um conjunto de ideias encadernado em livro , mas um modo de vida". (Caio Musônio Rufo, 25 - 95 d.C.) 

A filosofia está presente no dia a dia, compartilhada na fala e nos meios de comunicação - usada livremente, se transforma conhecimento racional e puro que engrandece o ser humano. 

Immanuel Kant (1724 - 1804) dizia que "não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar". Em verdade,  temos a capacidade de autoaprender a filosofar, a leitura está aí disponível há séculos nos pensares de tantos cultivadores da sabedoria, os filósofos. 

Costumo dizer que uma mente sem pensar enferruja seus neurônios e nesta inércia nos tornamos indefesos, brutos, menores. E se "a filosofia é o melhor remédio para a mente" (Cícero, 106 - 43 a.C.), sigamos filosofando, cada um à sua  maneira e ao seu estilo. 
Fonte: Texto enviado pelo autor

Vereda da Poesia = 52 =


Trova Humorística de Nova Friburgo/RJ
Otávio Venturelli

Levou susto o "Seu" Gracindo
ao ver, da mulher Tereza,
a dentadura sorrindo
num copo d'água na mesa...
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Poema de Recife/PE
Amanda Mirella Simplício da Silva

Amores clareados

Calam os passos clareados
Pelo sol já desvendados
Proibido amor a vento.
Pele e corpo se conhecem
Mente e alma se padecem
Vai o amor, fica o lamento.

E os teus olhos clareados
Raros olhos revoltados
De fulgor e de tormento.
Sentem o fogo rotineiro
E com ele passageiro
Proibido amor a vento.

Clareada é tua chama
Que renasce e te proclama
Meio a tanto sofrimento.
Foge à luz a vil navalha
Com seu corte, incendiária.
Que retalha esse momento.

Alma clara, clareada.
Sombra sã que faz-se amada
Na certeza do contento.
Esperança em olhos claros
Para ti já não mais raros
Proibido amor a vento.
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Aldravia de Belo Horizonte/MG
Ângela Togeiro

Poeta
dorme
verso
e
acorda
poema
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Poema de Joaçaba/SC
Miguel Russowsky
(Miguel Kopstein Russowsky)
Santa Maria/RS (1923 – 2009) Joaçaba/SC

Promessas

Estava eu só Passou... Sorriu... Olhei-a...
Estremeceu. Estremeci. Sucede
que o imprevisível manda e a gente cede.
No céu azul brilhava a lua cheia.

Depois... as consequências... — Quem as mede
se a razão, sem razão, já titubeia?
E o mar acariciando o ardil, na areia:
"O vinho é bom sorver antes que azede!"

Vai-se o verão. Agora é frio e neva.
Palavras sem valor, o vento as leva.
As juras antecedem as desditas.

Um instante de amor — eternidade!
Dois instantes de amor — fidelidade'
... Nem todas as mentiras foram ditas.
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Trova Premiada de Santos/SP 
Maryland Faillace

Terminada a criação,
Deus olhou a terra nova
e ao homem deu permissão
de eterniza-la na trova!
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Poema de São Luís/MA
Antônio Fernando Sodré Júnior

Declaração

Declaro para todos os fins que te amo
absoluta e incontrolavelmente
pois o Amor, sempre menino
de toda razão é livre...

Confesso, contudo, não quis te amar
não quis unir meu sorriso ao teu
prender no toque das mãos nuas
o tempo que paira lento
no ar quando te vejo...

Não quis a dor da ausência
o peso das lágrimas tristes
a corroer a superfície do desejo
dessa ardente vontade
de te querer mais que tudo...

Perdoe-me a ironia dos primeiros versos
é que cada lembrança traz a memória tua
viva em todos meus pensamentos...

Amo-te no instante das coisas infinitas
daquelas que têm moldura de nuvem
que se desfazem e voltam
à mesma forma de antes
etéreas e intocáveis...
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Quadra Popular

Ter amor é muito bom
quando há correspondência;
mas amar sem ser amado
faz perder a paciência.
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Soneto de de Baía de Mogunça/MA
Raimundo Correia
(Raimundo da Mota Azevedo Correia)
1859 – 1911, Paris/França

Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
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Trova de Natal/RN
Joamir Medeiros

O imortal desaparece
desta vida transitória,
mas seu verso permanece
nas letras vivas da história!
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Poema de Castanhal/PA
Edilene de Sousa Araújo

Ponto celeste

Você é
Meu porto seguro,
Meu grito de terra à vista,
Resgate nas horas imprevistas
Minha nau de chegada
Nunca de partida.
Você é
Meu alicerce de concreto,
Meu caminho sempre reto
Meu oásis no deserto.
Você é
Meu sim,
Meu não,
Meu Leste-Oeste,
Meu norte-sul,
Meu ponto celeste.
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Haicai de São Paulo
Guilherme de Almeida
(Guilherme de Andrade de Almeida)
Campinas/SP 1890 – 1969 São Paulo/SP

Hora de Ter Saudade

Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
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Setilha do Rio Grande do Sul
Gislaine Canales
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS

Sem ser cristãos ou ateus, -
somos iguais, na verdade;
em nosso mágico mundo
vivemos em liberdade,
com versos, por companhia,
cheios de paz e alegria,
que nos dão felicidade!
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Trova de Maranguape/CE
Moreira Lopes

Acalento tanto sonho
dos meus tempos de criança
que me conservo risonho
e repleto de esperança.
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Glosa de Fortaleza/CE
Nemésio Prata

Mote:
o meu verso tem o cheiro 
da poeira do sertão!
Manoel Dantas 
(Pau dos Ferros/RN)

Glosa:
A luta do sertanejo 
meu Deus, como ela é puxada; 
ao cabo da sua enxada 
passa o tempo no manejo 
da terra. Ao ver um lampejo 
põe em Deus sua esperança
que chova, com abastança, 
pra molhar o seu torrão; 
não passou de uma ilusão; 
está seco o seu regueiro, 
o meu verso tem o cheiro 
da poeira do sertão!
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Aldravia de Porto Alegre/RS
Eugênia Diana Silva de Camargo

borboleta
deixa
casulo
para
polinizar
vidas
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Soneto de São Paulo/SP
Filemon Francisco Martins

Noite e versos

Vai alta a noite. A madrugada é fria,
a insônia chega, fica e me namora.
Levanto-me à procura da poesia,
mas ela, impaciente, vai embora.

Percorro o céu do amor, da fantasia,
fico em vigília e vejo a luz da aurora:
- que paz a humanidade alcançaria,
se o amor reinasse pelo mundo afora.

Ouço distante, o farfalhar do vento,
e por que minha voz não tem alento,
- se o dia vai nascer como criança?

Surge, então, o cantar da passarada
e outros versos virão, na madrugada,
talvez mais coloridos de esperança.
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Trova Premiada de Tambaú/SP
Sebas Sundfeld
Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP

Vou lendo o livro da vida…
mas a página do fim,
uma voz compadecida
talvez a leia por mim!
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Poema de Lisboa/Portugal
Carmo Vasconcellos

Do pagador de promessas…

Tu nada me prometeste…
E eu nada te prometi!
De lembrar-me não esqueceste,
do binómio não esqueci.

Que tinhas pra prometer
se nada tens para dar?...
Rio que não pode correr
não se abalança pró mar!

Promessas fazes, jamais,
nas aventuras corridas,
mas ilusões magistrais
espalhas no ar – sugeridas.

Por que haveria de supor
que tal promessa existia?...
Se te conheço… És d’amor,
uma vasilha vazia.

E por que iria prometer-te
alguma coisa, também?...
Se pra além de não querer-te,
do passado lembro bem.

Não volta às curvas da rota
quem tem dois dedos de testa,
de contrário, vira idiota
na loucura manifesta.

Se nada me prometeste
e eu nada te prometi…
Tu sem mim, nada perdeste
e eu sem ti, nada perdi!

E levas a cruz às costas,
no resgate que carece
quem induz falsas apostas
e a sorte tem que merece!

Encerra-se a peça em glória,
sem ninguém a pedir meças
aos atores desta estória
“do pagador de promessas”!
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Triverso de Irati/PR
Marilena Budel 

Na velha floreira
pousa uma borboleta.
Mamãe faz tricô.
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Setilha Popular


Eu nada sei do que sei
Como já filosofado
Muito em tudo que pensei
Está certo, estava errado
No sofisma dos ateus
Não acredito em Deus
Mas posso “está” enganado.
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Trova de São Paulo/SP
Therezinha Dieguez Brisolla

Sem ódio... sem armamento...
sem heróis, que a guerra faz,
será, o mundo, um monumento
erguido em nome da PAZ!
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Hino de Joinville/SC

Tu és a glória dos teus fundadores,
És monumento aos teus colonizadores,
Oh! Joinville Cidade dos Príncipes,
Oh! Joinville Cidade das Flores.

Às margens do Rio Cachoeira,
Um dia o audaz pioneiro,
Plantou do trabalho a bandeira
E se deu, corpo e alma, ao torrão brasileiro.

Depois foram lutas e penas,
Mas nunca o herói fraquejou,
Com sangue, suor e com lágrimas
Do seu próprio corpo teu solo irrigou.

Tu és a glória dos teus fundadores,
És monumento aos teus colonizadores,
Oh! Joinville Cidade dos Príncipes,
Oh! Joinville Cidade das Flores.

E se hoje o bravo imigrante,
Que tua semente plantou,
Com a força e o vigor de um gigante
Nas mãos com que, em preces, ao céu suplicou,

Te visse radiosa e pujante,
Nascida na mata hostil,
A imagem da Pátria distante
Veria, grandiosa, exaltando o Brasil!
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O Tributo Lírico à História e Beleza de Joinville
O 'Hino de Joinville - SC' é uma composição que presta homenagem à cidade de Joinville, localizada no estado de Santa Catarina, Brasil. A letra do hino destaca a bravura e o esforço dos fundadores e colonizadores da cidade, que enfrentaram desafios e adversidades para estabelecer uma comunidade próspera e vibrante. A menção à 'glória dos teus fundadores' e ao 'monumento aos teus colonizadores' reflete o respeito e a gratidão pelas raízes históricas da cidade.

O hino também faz referência à localização geográfica de Joinville, 'às margens do Rio Cachoeira', e ao espírito empreendedor dos pioneiros que 'plantaram do trabalho a bandeira'. Essa expressão simboliza a dedicação ao trabalho e o compromisso com o desenvolvimento da região. A imagem do 'audaz pioneiro' que 'com sangue, suor e com lágrimas' irrigou o solo da cidade com seu próprio corpo é uma metáfora poderosa para o sacrifício e a determinação dos primeiros habitantes.

Por fim, o hino celebra a transformação de Joinville de uma 'mata hostil' para uma cidade 'radiosa e pujante', que mantém viva a 'imagem da Pátria distante', referindo-se às origens europeias de muitos de seus imigrantes. A cidade é exaltada como 'Cidade dos Príncipes' e 'Cidade das Flores', evidenciando sua nobreza e beleza natural. O hino é um retrato poético do orgulho e da identidade cultural de Joinville, reconhecendo seu papel na construção da nação brasileira. https://www.letras.mus.br/hinos-de-cidades/942787/ 
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Poetrix de Osório/RS
Suely Braga

O meio ambiente

   O planeta chora.
   Precisamos ser conscientes.
   Cuidemos dele agora.
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Soneto de Santos/SP
Carolina Ramos

Anseio

 Por mais que em convulsões o mundo trema,
 rumo ao caos que implacável nos atinge…
 Por mais, seja negado o suave lema,
 Paz e Amor, que de sangue hoje se tinge…

 Por mais que o desencanto fel esprema
 nas almas secas de quem já nem finge,
 creio, ainda, num Deus que é Luz suprema,
 e é Sol que aclara o Bem e o Mal restringe!

 Mesmo envolta nas sombras da amargura,
 mesmo que os dias sigam mais tristonhos
 e a vida, cada vez menos segura,

 fujo à incerteza que o momento traz
 e, sempre vivo, a incrementar meu sonho,
 eu guardo o anseio de encontrar a Paz!
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Trova Humorística de Maringá/PR
A. A. de Assis

“Amor não enche barriga”, 
porém surpresas virão: 
- Fez “amor” a rapariga... 
e olha só que barrigão! 
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Fábula em Versos da França
Jean de La Fontaine
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris

O homem e a sua imagem

Um homem singular nos fumos da vaidade,
Tinha-se para si na conta de gentil;
No espelho a que se vê sempre acha falsidade,
E vivia feliz nessa ilusão pueril.
Para o curar do achaque, a sorte, que é cruenta,
Aos olhos lhe apresenta
Por toda a parte os tais conselheiros das damas:
Espelhos nos salões, nas lojas, nas batotas,
Nos bolsos dos janotas,
Têm-nos criadas e amas.
O que lembra ao Narciso? Ele vai-se ocultar
Desesperado, então, num ignoto lugar
Sem de espelhos querer entrar noutra aventura.
Nesse local, porém, corria a linfa pura
De aprazível regato,
Que reflete fiel o grotesco retrato,
O qual julga ainda assim ser fantasia vã.
Tenta à pressa fugir por não ver essa imagem,
E da linda paragem
Partiu com certo afã.

Percebe-se o meu fito.
Aludo a toda a gente; o caso acha-se a esmo,
Cada qual o que é seu crê ser o mais bonito,
Nossa alma é este tal vaidoso de si mesmo.
Os espelhos sem conta eis as tolices do homem,
Dos defeitos nos dão legítima pintura;
E pela linfa pura
Das Máximas o livro é bem que todos tomem.

(tradução: Teófilo Braga)
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Colaborações: gralha1954@gmail.com

Recordando Velhas Canções (Pau de arara)


Compositores: Carlos Lyra e Vinicius de Moraes

Eu um dia cansado que eu tava
Da fome que eu tinha
que eu num tinha nada
que fome que eu tinha
que seca danada no meu Ceará
Eu peguei
e juntei os restinhos de coisas que eu tinha
duas calça velha e uma violinha
e num pau-de-arara toquei para cá

E de noite eu ficava na praia de Copacabana
Zanzando na praia de Copacabana
Dançando o xaxado pra moças oià

Virge Santa que a fome era tanta
Que nem voz eu tinha
Meu Deus quanta moça
Que fome que eu tinha
Que seca danada no meu Ceará

Foi aí que eu resolvi comer gilete. 
Tinha um compadre meu lá de Quixeramobim, que ganhou um dinheirão comendo gilete na praia de Copacabana.
De dia ele ia de casa em casa pedindo gilete velha e de noite ele comia aquilo tudinho pro pessoal ver. 
Eu num sei não Elis, mas eu acho que ele comeu tanto, que quando eu cheguei lá na praia, aquele pessoal já tava até com indigestão, de tanto ver o camarada comer gilete.
Uma vez, eu tava com tanta fome que falei assim prum moço que ia passando:
-Decente, deixa eu cume uma giletezinha, pra vosmecê vê?
Então ele me respondeu assim:
- Sai prá lá pau-de-arara. Tú não te manca não?
- Oh! Distinto, só uma, que eu num comi nadinha inda hoje.
- Tú enche, hein, pau-de-arara?
Aquilo me deixou tão aperriado, que se num fosse o amor que eu tinha na minha violinha, eu tinha arrebentado ela na cabeça daquele pai-d'égua.

Puxa vida não tinha uma vida
pior do que a minha
Que vida danada, que fome que eu tinha
Zanzando na praia pra lá e pra cá.
Quando eu via toda aquela gente
num come que come, eu juro que tinha
saudade da fome, da fome que eu tinha
No meu Ceará
E daí eu pegava e cantava
e dançava o xaxado
E só conseguia porque no xaxado
A gente só pode é mesmo se arrastá

Virge Santa
Que a fome era tanta
que até parecia que mesmo xaxando
meu corpo subia igual se tivesse
querendo voar

Às veiz a fome era tanta, que vorta e meia a gente rumava uma briguinha pra ir comer a bóia no xadrez.
Êta quentinho bom na barriga! Mas, com perdão da palavra, a gente devorvia tudo dispois, porque a bóia já vinha estragada... Mas enquanto ela ficava ali dentro da barriga, quietinha... Que felicidade!
Não, mas agora as coisas estão miorando. Tem uma senhora muito bondosa lá no Leblon, que gosta muito de ver eu comer é caco de vrido. Isso é que é bondade da boa! Com isto eu já juntei uns 500 mil réis.
Quando eu tiver mais um pouquinho, vou simbora, vorto pro meu Ceará.

Vou simbora pro meu Ceará
Porque lá tenho um nome
Aqui num sou nada, sou só Zé com fome
Sou só pau-de-arara, nem sei mais cantá.
Vou picar minha mula, vou antes que tudo arrebente
porque to achando que o tempo tá quente,
Pior do que anda num pode ficar.
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A Jornada de um Migrante Nordestino: A Luta pela Sobrevivência em 'Pau De Arara'
A música 'Pau De Arara', interpretada por Ary Toledo, retrata a dura realidade de um migrante nordestino que, cansado da fome e da seca no Ceará, decide buscar uma vida melhor no Rio de Janeiro. A letra é um relato sincero e doloroso das dificuldades enfrentadas por muitos nordestinos que, na esperança de encontrar melhores condições de vida, se aventuram em outras regiões do Brasil. O 'pau de arara' mencionado no título e na letra é uma referência ao meio de transporte precário utilizado por muitos migrantes, que viajavam em caminhões adaptados, muitas vezes em condições desumanas.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, o protagonista se depara com uma realidade igualmente difícil. Ele passa as noites na praia de Copacabana, tentando ganhar a vida dançando e cantando o xaxado, uma dança típica do Nordeste. A fome, que parecia insuportável no Ceará, continua a ser uma presença constante em sua vida, e ele se vê zanzando pela cidade, observando a abundância ao seu redor e sentindo saudades até mesmo da fome que conhecia em sua terra natal. A letra transmite um sentimento de desespero e desilusão, mostrando que a migração não trouxe a solução esperada para seus problemas.

A música também aborda a perda de identidade e dignidade que o migrante enfrenta. No Ceará, ele tinha um nome e uma identidade, mas no Rio de Janeiro, ele se sente como 'só Zé com fome', um ninguém. A decisão final de retornar ao Ceará, apesar das dificuldades, reflete um desejo de recuperar sua identidade e dignidade, mesmo que isso signifique voltar à fome e à seca. 'Pau De Arara' é uma poderosa narrativa sobre a luta pela sobrevivência, a busca por dignidade e a saudade de casa, temas que ressoam profundamente na experiência de muitos migrantes nordestinos.

Carlos Lyra ainda vivia sua fase de maior criatividade — que coincidiu com o melhor período do contemporâneo Tom Jobim — quando começou a sua parceria com Vinícius de Moraes. Então, certo dia, ao entregar ao poeta uma fita com várias melodias para serem letradas, dele recebeu a sugestão de transformarem aquele repertório num musical.

Assim surgiu “Pobre Menina Rica”, com Vinícius criando-lhe as letras, o enredo e os personagens numa estada em Petrópolis, onde também criara os versos de “Garota de Ipanema”. Com o papel título destinado a Nara Leão, a peça narrava a historinha de uma solitária menina rica, que se apaixonava por um mendigo, integrante de uma inacreditável comunidade de desvalidos, estabelecida ao lado de sua casa.

Com tal enredo servindo de pretexto para a apresentação de uma série de belas canções, como “Primavera”, “Maria Moita”, “Sabe Você” e “Samba do Carioca”, a peça foi inicialmente exibida no Teatro Maison de France, sendo depois levada para o Teatro de Bolso, quando vários atores seriam substituídos. Entre estes estava o paulista de Bauru, Ary Toledo, que pediu a Lyra para gravar “Pau de Arara”, a música que cantava no palco.

Essa composição era inspirada num tipo real, um pobre nordestino que sobrevivia dançando xaxado na praia de Copacabana e que, de repente, teve a ideia de melhorar seus rendimentos.., comendo gilete.

Em três longas estrofes, entremeadas por trechos recitados, a canção desfia espirituosamente as desventuras do personagem, que no final promete um sensato retorno às origens: “Vou-me embora pro meu Ceará / porque lá tenho um nome / e aqui não sou nada, sou um Zé-com-Fome.”

Depois de uma gravação realizada em estúdio e lançada num compacto, Ary Toledo voltou a gravar “Pau de Arara”, desta vez ao vivo, no Teatro Record, durante o programa “O Fino da Bossa”, versão que ganhou gargalhadas estrepitosas da plateia e de Elis Regina, o que acabou enriquecendo em alegria e espontaneidade a performance do intérprete.

O sucesso do disco foi tamanho, que fez muita gente pensar que Ary Toledo era realmente “um mísero cearense”, autor de “O Comedor de Gilete”, nome pelo qual a composição ficou conhecida.

Relembrando “Pobre Menina Rica”, Carlinhos Lyra conta que, ao tomar conhecimento do enredo da peça (na qual o mendigo seresteiro), ponderou com o parceiro: “Mas, Vinícius, você não acha assim meio artificial esse negócio de uma menina rica e bonitona se apaixonar por um mendigo?” Ao que o poeta respondeu: “Acontece que esse é um mendiguinho muito simpático, incrementado, arrumadinho”, e, reforçando a argumentação, fulminou: “Além do mais era primavera parceirinho, primavera, entendeu?” (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Fontes:

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Mensagem na Garrafa = 123 =


Antonio Brás Constante 
Canoas/RS

A SIMPLES CORAGEM DE SORRIR

Sorrir é uma prova de coragem. Neste mundo pessimista e individualista, ter forças para sorrir nos faz compartilhar com nossos semelhantes à janela de nossas almas. O sorriso é um símbolo de carinho. É universal. Une as pessoas e embeleza a vida.

Pena que este gesto tão nobre e bonito, cada vez mais se perca dentro daqueles que se guiam pelo ódio e pelo preconceito. Para eles, um simples olhar já é motivo para externar toda sua raiva. Um sorriso é um sinal de fraqueza que deve ser combatido com agressividade insana, deboche ou tola antipatia. Não consideram os outros como sendo seus semelhantes, apenas intrusos aos seus domínios ilusórios. Comportam-se como animais. Não se enquadrando nas definições que conhecemos sobre humanidade. Pois preferem atear fogo em dicionários a descobrir suas definições. Pisar em sentimentos a ter que estender a própria mão.

Tais seres dantescos parecem estar sempre dispostos a tirar a luz de quem cruza o seu caminho nefasto. O único sorriso que conhecem é o do desprezo. Pobres essencialmente de espírito. São parasitas que apodrecem as relações entre as pessoas. Espalhando medo, crueldade e selvageria por onde passam. E é neste mundo louco em que vivemos, que a voz silenciosa do sorriso deve emergir com cada vez mais força. Combater o caos com civilidade, desespero com esperança, desamparo com auxilio, mas sempre com um cartão de apresentações saído de nossos corações e expresso em nossos lábios. O sorriso é uma arma de paz, que não mata, mas desarma. Encanta. Purifica sentimentos. Basta sabermos usá-lo, basta querermos usá-lo.

Enfim, mesmo vivendo em meio a uma realidade que cada vez mais nos fecha em conchas de solidão, quem sabe se esta demonstração de coragem oferecida gratuitamente e gentilmente aos nossos irmãos de vida, moradores e tripulantes desta pequena e grande nave chamada Terra, não consiga transformar as caras fechadas de tantas pessoas (meras fachadas vazias e tristes), em fachos de um singelo brilho de amizade, criando assim, um mundo onde nossos filhos tenham mais motivos para sorrir do que para chorar. O simples gesto de sorrir não depende de palavras, só depende de nós. 

Você já sorriu hoje?

Vereda da Poesia = 51 =


Trova Humorística de Maringá/PR

A. A. DE ASSIS

Entre o passado e o futuro,
mudou o amor um bocado:
- o que o vovô fez no escuro,
faz o neto, escancarado!
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Poema de Vila Velha/ES

APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA

À espera...

Aqui me pego, à tua saudade, esperando
que venhas e traga ternura em teus traços...
Porém, passam-se as horas... E já desanimado
Cismo que não chegarás até meus braços

E meus anseios vão se arrastando
em tua ausência c’os meus embaraços...
Tão depressa as horas foram passando,
Que até ouço a saudade e seus tristes passos...

Perto de mim, uma pá de gente segue cruzando
indiferente ao anseio de que desejo ver-te
e que aos poucos estou me definhando...

Esgotou-se o tempo... Esperar-te foi em vão.
Mas a angústia louca de amanhã rever-te,
faz regressar feliz este meu coração!...
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Aldravia do Rio de Janeiro/RJ

ELVANDRO BURITY

tentando
ser
amado
cobiço
seu
coração
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Soneto de Leopoldina/MG

AUGUSTO DOS ANJOS
(Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos)
Cruz do Espírito Santo/PB (1884 – 1914) Leopoldina/MG

Asa de Corvo

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte — a costureira funerária —
Cose para o homem a última camisa!
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Trova Premiada  em Natal/RN, 2001

J. STAVOLA PORTO 
(Niterói/RJ)

Labaredas, nas queimadas
da floresta em combustão,
lembram mãos agoniadas,
rogando aos céus proteção.
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Poema de São Paulo/SP

FILEMON FRANCISCO MARTINS

O amor

É como a flor que nasce no jardim
e vai florindo com cuidado e zelo.
O amor também floresce e cresce assim
com carícia, paixão, amor, desvelo...

É preciso cuidar, plantando, enfim,
compreensão, carinho e defendê-lo
da praga do ciúme tão ruim
que teima em desfazer e ser, sem sê-lo.

Um grande amor toda a beleza exprime,
porque o amor faz a vida mais sublime
e exige inspiração de quem o quer.

A vida a dois há de ficar mais bela,
se houver no coração a flor singela
e um sorriso feliz de uma MULHER.
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Quadra Popular

Toda vez que considero
que tenho de te deixar,
me foge o sangue da veia,
e o coração do lugar.
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Soneto de São Paulo/SP

PEDRO XISTO
(Pedro Xisto Pereira de Carvalho)
Limoeiro/PE, 1901 – 1987, São Paulo/SP

Unidade

Do crepúsculo as faixas carregadas
eu desato, as primícias perseguindo
do sonho a que se volva o dia findo
(já não terá o rei suas espadas).

De toda diferença, ora, prescindo:
disputem outros sobre as bem-amadas
(ai! alma, em dúbio sangue sobrenadas...)
ou se é o rosto, sob os véus, mais lindo.

A pouco e pouco, afrouxaram-se estas malhas;
os olhos as trespassam, de tão falhas;
e um só, de volta em volta, o meu caminho.

As mãos, eu pouse — ó Vida! — em frescas toalhas
eu, contra o peito, quando me agasalhas
definitivamente, sou sozinho.
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Trova de Santos/SP

CAROLINA RAMOS

Ante o horror de uma queimada,
tenho a impressão verdadeira
de ver a Pátria enlutada,
sem mais verde na bandeira!
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Poema de Niterói/RJ

JACY PACHECO
Duas Barras/RJ, 1910 – 1989, Niterói/RJ

Primavera do Mundo 

Primavera do mundo, tu virás!
Talvez não venhas na tranquilidade
de um dia claro e musical.
Trarás as mãos ensanguentadas
e as rosas se abrirão todas vermelhas.

Mas chegarás!
E extirparás a tirania
e todos os princípios egoístas.
E as máquinas da paz
revolverão o solo redimido
pelo sangue de irmãos idealistas.

Primavera do mundo, eu te entrevejo
numa nesga de sol recém-nascido,
anunciando o bem dos homens livres,
a vitória do amor, do ideal fecundo!   

Aguardo o teu instante triunfal
primavera do mundo!
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Haicai de Caucaia/CE

JOÃO BATISTA SERRA

Azulão contempla
O firmamento azulado:
Deseja ser livre.
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Sextilha Agalopada de Natal/RN

JOSÉ LUCAS DE BARROS
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN

Ontem vi, na internet, em lindas cores,
a beleza da aurora boreal...
Lembrei todas as flores do sertão
e os encantos do verde litoral
para expor, em palavras coloridas,
uma espécie de língua universal.
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Trova de Campinas/SP

ARTHUR THOMAZ

Poeta! Em que mundo vives?
Vais flanando, sonhador,
lapidando feito ourives
os versos de um grande amor…
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Glosa de Fortaleza/CE

NEMÉSIO PRATA

MOTE 
Caminhando pro horizonte 
quis a minha dor levar, 
lá eu encontrei uma fonte, 
sem água pra me aliviar! 
José Feldman 
(Campo Mourão/PR)

GLOSA
Caminhando pro horizonte, 
sedento, foi que eu dei fé 
que um rio, descendo um monte, 
corria até o seu sopé! 

A vida, já por um fio, 
quis a minha dor levar 
pra junto daquele rio 
pra minha sede passar! 

Dei a volta pelo monte 
mas cruel foi o destino; 
lá eu encontrei uma fonte, 
vazia..., que desatino! 

Qual foi a minha agonia 
quando pude constatar 
que a fonte estava vazia; 
sem água pra me aliviar!
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Aldravia de Itajaí/SC

ANNA RIBEIRO

nas
entrelinhas
em
busca
de
mim
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Soneto de Recife/PE

JORGE WANDERLEY
(Jorge Eduardo Figueiredo de Oliveira Wanderley)
1938 – 1999

Pátio secreto

Vejo-o talvez em sonho, quando nada
Parece mal: o mesmo pátio, as sombras,
O chafariz envelhecido, a pátina
Que a algum luar de mármore responde.

O muro, o musgo, a vinha, o abandono
Da pedra e a quase fria madrugada
Passada em névoa ao cinzento do outono,
O sono que flutua em tudo, em nada.

Tudo está morto e vivo pela imagem,
Recanto, quadro, música, memória
Que visito dormindo e sem matéria.

Outros o viram, também. De passagem
Deixaram algo oculto a sua história,
Marca secreta, assinatura etérea.
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Trova Premiada  em São Jerônimo da Serra/PR, 1992

ADELIR COELHO MACHADO 
São Gonçao/RJ, 1928 - 2003, Niterói/RJ

Nosso grisalho carinho
é bênção que Deus nos deu:
és presença em meu caminho,
eu sou presença no teu!
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Poema de Campinas/SP

NORTON CORDEIRO

Maria rainha

Maria rainha não minha
Maria de outro, seu dono,
Vigilante perspicaz e cruel
Que não lega a ninguém o direito
De usufruir, mesmo um pouco
Pequeno que seja,
Do toda daquela sensual nobreza.

Maria rainha não minha
vã esperança - mas viva -
deste plebeu sonhador que anseia,
num dia de sorte reversa,
despistar seu cruel ditador,
pra num rompante de pura ousadia
fazê-la aia do meu amor.
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Triverso de de Guarulhos/SP

JOÃO TOLOI

Silêncio na estação
Sobre o trem que parte
A chuva de outono.
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Setilha Sobre o Mar, de Dom Basílio/BA

CREUSA MEIRA 

Primeiro dia do ano
As flores eu vou levar
São as minhas oferendas
Para a rainha do mar
Jogo gotas de alfazema
Leio um belo poema
Nas ondas a caminhar
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Trova de Santos/SP

CLÁUDIO DE CÁPUA
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

Em noite alta... madrugada,
contemplo a lua contrito:
- Barca de prata aportada
nos segredos do infinito.
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Hino de Limeira/SP

Música: Prof.ª Dyrcéia Ricci Ciarrochi
Letra: Dr. Guilherme Mallet Guimarães

Chão bendito de berços gloriosos
Tua origem uma linda limeira,
Fundada por labores ditosos
És cidade tão bela e faceira

Frutas doces, colhemos aos montes
Pomares verdejantes com flores
Laranjais circundam as fontes
Acariciando a vida de amores.
 
Tuas indústrias crescem e agigantam
As grandezas de nosso porvir
Jardins - Praças todos se encantam
Com músicas sonoras a ouvir.

Chão bendito de berços gloriosos
Tua origem uma linda limeira,
Fundada por labores ditosos
És cidade tão bela e faceira

Povo amigo de ação relevante
Nossas escolas padrões elevados
Nossa fé seguirá triunfante
Sendo os mestres heróis abençoados.

Chão bendito de berços gloriosos
Tua origem uma linda limeira,
Fundada por labores ditosos
És cidade tão bela e faceira

Limeira! Limeira!
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Hino de Limeira: Uma Ode à Terra de Frutas e Indústrias
O 'Hino de Limeira - SP' é uma celebração poética e musical da cidade de Limeira, localizada no interior do estado de São Paulo. A letra exalta as belezas naturais, a prosperidade econômica e o espírito comunitário da cidade. Desde o início, a música destaca a origem gloriosa de Limeira, referindo-se a ela como um 'chão bendito de berços gloriosos'. A palavra 'limeira' no contexto histórico remete à árvore de limão, simbolizando a fertilidade e a abundância da região.

O estribilho da música enfatiza a riqueza agrícola de Limeira, mencionando as frutas doces e os pomares verdejantes. A imagem dos laranjais circundando as fontes sugere uma paisagem idílica e fértil, onde a natureza e a vida humana coexistem em harmonia. Essa parte da letra não só celebra a produção agrícola, mas também evoca um sentimento de amor e carinho pela terra.

Além das belezas naturais, o hino também destaca o crescimento industrial da cidade, mencionando que as indústrias 'crescem e agigantam'. Isso reflete a modernização e o desenvolvimento econômico de Limeira, que se tornou um importante polo industrial. A letra também faz referência à educação e à fé, exaltando as escolas de padrões elevados e a fé triunfante do povo limeirense. A música termina com um chamado apaixonado à cidade, repetindo o nome 'Limeira' como um grito de orgulho e pertencimento.  https://www.letras.mus.br/hinos-de-cidades/564261/ 
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Poetrix de João Pessoa/PB

REGINA LYRA

Afinado

Nas cordas do violão
o músico faz de um chorinho
belo sorriso.
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Soneto do Rio de Janeiro/RJ

BASTOS TIGRE
(Manuel Bastos Tigre)
Recife/PE, 1882-1957, Rio de Janeiro/RJ

Amor de pronto

Suplicas que eu te escreva e que te diga
Se te não quero mais com o mesmo ardor.
Pedes "três linhas... uma frase amiga,
Um rápido bilhete... o quer que for."

Nada perdeu da intensidade antiga
Meu sempre novo e apaixonado amor;
O ofício de te amar não me fatiga
E além do mais eu sou conservador.

Dizes estar de tanta espera farta;
Que os homens, às amantes sempre infiéis,
Só merecem (que horror!) que um raio os parta.

Não! Meu silêncio tem razões bem cruéis:
Ando "por baixo" e custa cada carta
Tinta, papel e um selo de cem réis.
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Trova Humorística de São João de Meriti/RJ

CLEBER ROBERTO DE DE OLIVEIRA

Fiquei surpreso!... Foi chato,
com gente no "reservado",
ter de correr para o mato
e ler num galho: "OCUPADO"!
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Fábula em Versos da França

JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris

O lobo e o cordeiro

De ardente sede obrigados,
Foram ao mesmo ribeiro
A beber das frescas águas
Um lobo e mais um cordeiro.

O lobo pôs-se da parte
De onde o regato nascia;
O cordeiro, mais abaixo,
Na veia de água bebia.

A fera, que desavir-se
Com a mansa rês desejava,
Num tom severo e medonho,
Desta sorte lhe falava:

«Por que motivo me turvas
A água que estou bebendo?»
E o cordeirinho inocente
Assim respondeu, tremendo:

«Qual seja a razão que tenhas
De enfadar-te, não percebo!
Tu não vês que de ti corre
A mim esta água que bebo?»

Rebatida da verdade,
Tornou-lhe a fera cerval:
«Aqui haverá seis meses,
Sei de mim disseste mal.»

Respondeu-lhe o cordeirinho,
De frio medo oprimido:
«Nesse tempo, certamente,
Ainda eu não era nascido!

— Que importa? Se tu não foste,
Disse o lobo carniceiro,
Foi teu pai.» E, por aleives,
Lacera o pobre cordeiro!

Esta fábula dá brados
Contra aqueles insolentes
Que por delitos fingidos
Oprimem os inocentes.

(tradução: Malhão)
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Colaborações: gralha1954@gmail.com