LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
Pinhalão/ PR
O Rouxinol
"Nosso leito é um leito verdejante."
(Ct. 1.16)
Fica comigo nesta noite, amor!
A voz do rouxinol quisera ter!
Desejo ser teu único cantor,
Pra te afagar até no amanhecer!
Quem dera, ouvisses belas melodias,
Que só um rouxinol sabe cantar!
Na rede de carinho cairias
Pra que o amor te fosse balançar!
Esquece, agora, as noites enfadonhas,
Que passaste chorando abandonada!
É hora de viver tudo o que sonhas,
Sentindo-te do mundo a mais amada.
Que bom, se ouvisses líricas poesias
Na voz suave de um trovador!
No leito de ternura estremecias,
Gozando dos embalos deste amor.
Não terias cruentos dissabores,
Que te amarguram tanto o coração;
Bem longe do demônio dos horrores,
Serias bem feliz, minha paixão!
Oh, noite escura! - Noite sem luar!
Verei a luz brilhar na escuridão;
Teus olhos vão meus olhos namorar,
E vou encher de amor teu coração.
Fica comigo nesta noite, ó flor!
A voz do rouxinol quisera ter!
Nesta noite terias muito amor!
- Que bom se não houvesse o amanhecer!…
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Saudade
Saudade é o amor que fica e nos conforta
depois que a gente perde, com pesar,
o nosso ser amado e não suporta
a ausência triste que nos quer matar!
E para mim é a luz que entra na porta
e não permite o escuro me cegar;
mas se o amargor me vem, é ela que o exorta,
e põe consolo amigo em seu lugar!
Assim, acho até bom sentir saudade
e a deixo me envolver bem à vontade,
só para amenizar alguma dor...
Pois o seu gosto é meio adocicado
e nunca me deixou nem agitado...
Saudade para mim é afim do amor!
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Gabinete de
OTACÍLIO BATISTA
São José do Egito/PE (1923 – 2003)
O povo deseja ouvir
Um Gabinete bonito;
Poeta, só acredito
Se você não me mentir.
Trate de se prevenir
Para poder cantar bem
Eu comprei um cartão
Para viajar no trem:
Sem cartão ninguém vai,
Sem cartão ninguém vem!
Vai e vem, vem e vai,
Vem e vai, vai e vem.
Quem não tem o que eu tenho,
Morre danado e não tem!
Quem estiver com inveja,
Se esforce e faça também ...
Cavalo bom é ginete;
Quem não canta Gabinete,
Não é cantor pra ninguém!
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Aldravia de
MARÍLIA SIQUEIRA LACERDA
Ipatinga/MG
chuva
cai
música
embala
sono
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Soneto de
JOSÉ XAVIER BORGES JUNIOR
São Paulo/SP
Divina peça
És todas as lembranças de alegrias,
És todos os sorrisos que sorri,
És todos os ocasos dos meus dias,
És todos os carinhos que acolhi.
És todo esse mistério que vivi,
És luz, escuridão, és harmonias,
És fel que pela vida assim sorvi,
Buquê das minhas taças tão vazias...
És doce salvação que me condena,
A aurora que precede o triste ocaso,
Perdão que hoje me obriga a cumprir pena,
Botão que não vingou neste meu vaso,
O pano que desceu na última cena,
Da peça que encenamos ao acaso…
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Poema de
CECÍLIA MEIRELES
Rio de Janeiro/RJ, 1901 – 1964
Mar em redor
Meus ouvidos estão como as conchas sonoras:
música perdida no meu pensamento,
na espuma da vida, na areia das horas...
Esqueceste a sombra no vento.
Por isso, ficaste e partiste,
e há finos deltas de felicidade
abrindo os braços num oceano triste.
Soltei meus anéis nos aléns da saudade.
Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.
Almas de todos os afogados
chamam para diversos lados
esta singular companheira.
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Quadra Popular
Eu quero bem, mas não digo
a quem é que quero bem;
quero que saibam que eu quero,
mas que não saibam a quem!
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Hino de
CARAUARI/ AM
Carauari, és brasileira
terra de minhas razões
que teus filhos altaneiros
sejam sempre soberanos
no progresso e na união.
O teu sacado sereno
caprichos do rio Juruá
criação da natureza
em momentos singular.
No verão, tuas vazantes,
que se mostram prazenteiras,
desafiam tuas barrancas
com promessas alvissareiras.
Carauari, rio Juruá,
terra boa para se cantar
a nossa voz no meio da floresta,
em nossa volta a natureza em festa.
Carauari, no Amazonas,
és beco de tradições,
para tantos que te amam,
nordestinos os teus filhos,
tem raízes no teu chão.
Batata vinda do céu,
teu nativo te chamou,
com sua sabedoria
o teu solo abençoou.
Carauari, és brasileira,
terra de minhas razões,
que teus filhos altaneiros
sejam sempre soberanos
no progresso e na união.
O teu sacado sereno,
caprichos do rio Juruá,
criação da natureza
em momentos singular.
No verão tuas vazantes,
que se mostram prazenteiras,
desafiam tuas barrancas
com promessas alvissareiras.
Carauari, rio Juruá,
terra boa para se cantar,
a nossa voz no meio da floresta,
em nossa volta a natureza em festa.
Carauari, no Amazonas,
és beco de tradições,
para tantos que te amam,
nordestinos os teus filhos,
tem raízes no teu chão.
Batata vinda do céu,
teu nativo te chamou,
com sua sabedoria
o teu solo abençoou.
Enquanto tuas terras firmes
envolvem na vastidão
vestígios de ouro negro,
o tesouro desta nação (2x)
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Soneto de
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG
Soneto da morte
Entre pilares podres e pilastras
fendidas, te revi subitamente;
eras a mesma sombra em que te alastras,
feita carícias de uma face ausente.
Eras, e me afligias. Tormentosa,
vi-te crescer nos muros desabados.
Cruel, cruel; contudo, mais saudosa,
mais sensível que os céus e os descampados.
Bolor, pátina espessa, calmaria,
vi-te a sofrer no fundo da cidade
como um grande soluço percutindo
sobre os olhos, as mãos e a boca fria.
E de repente um grito de saudade.
Depois a chuva, sem cessar, caindo.
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Recordando Velhas Canções
NINGUÉM CHORA POR MIM
(bolero, 1961)
Mas se um dia eu tiver que chorar
Ninguém chora por mim
Hoje a notícia correu
Vieram logo me dizer
Mas a verdade é que eu
Já estava farto de saber.
Um comentário é fatal
A um grande amor que chega ao fim
E quem sou eu afinal
Para mudar coisas assim.
Os meus problemas são meus
Deixem comigo a solução
Os meus fracassos a Deus
É que eu revelo quantos são.
Um conselho é tão fácil de dar
Qualquer um cita exemplos no fim
Mas se um dia eu tiver que chorar
Ninguém chora por mim.
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