Adeus... e
foste saindo,
dizendo que voltarias...
E a saudade
entrou sorrindo,
da mentira que
dizias...
A ilusão da
meninice
com meus netos
se refez:
– agora, em
plena velhice,
eu sou criança
outra vez!…
A mão triste,
vacilante,
de porta em
porta estendida,
é o troféu
mais humilhante
que o pobre
ganha na vida.
A mulher do
seu Ventura
tem o beijo
tão sugante,
que engoliu a
dentadura
do dito...
'naquele instante"…
Ao ver-te
assim neste encanto,
mãos postas em
oração,
fiquei
invejando o santo
que olhavas
com devoção.
A vida de
faz-de-conta
que levo desde
menino,
é brinquedo de
desmonta
nas peças do
meu destino...
Bimbalham
sinos tristonhos
entre as horas
esquecidas,
como a lembrar
velhos sonhos
perdidos em
nossas vidas…
Enquanto o
sino da igreja
martela o
bronze perfeito,
minha saudade
solfeja
na catedral do
meu peito…
Entre velhos e
crianças
há dois sinos
na medida.
Quando um
bimbalha: – Esperanças.
O outro bate o
“pôr-da-vida”.
Era um poeta
de mão cheia,
hippie,
cabelos revoltos...
Só poetava na
cadeia,
detestava
versos soltos!
Meus olhos
cheios de mágoa
buscam as
pedras do chão,
são dois
riachos sem água
perdidos na
imensidão…
Nas tardes
calmas sentidas
Bem-te-vi -
que afinidade:
– tu a cantar
- tristes vidas
eu, vida
triste - saudade!
Na velha
igreja em ruína,
desprezada em abandono,
a cruz cansada
se inclina,
boceja o sino
de sono.
Nesta saudade
abrangente
que maltrata
qual açoite,
vejo teu vulto
silente
passando
dentro da noite!
No palco azul
desta vida
toda paixão é
uma fraude,
pois no ato da
despedida
somente a
saudade aplaude...
O morro grita
o seu nome
num frenesi
sem igual
e vai sambando
com fome
a deusa do
carnaval!
O nosso sonho
termina
num adeus
triste, exaltado,
deixando no
chão da esquina
o teu retrato
rasgado!
O que me
importa a saudade
se os netos brincam
lá fora,
a renovar a
ansiedade
dos velhos
sonhos de outrora?!...
Pescador dos
verdes mares,
quando embarca
em procissão,
nos lábios
leva cantares
e no peito uma
oração…
Saudade,
marcas doridas
de um momento
que passou;
bandeirinhas
coloridas
que o tempo
nunca rasgou.
Se de lágrimas
brotasse
a água carente
do agreste,
talvez nunca
mais faltasse
inverno no meu
Nordeste.
Sertanejo,
envelheceste,
tal cardo
nascido ao léu:
– quantas
secas tu venceste
com os olhos
postos no céu.
Tarde sem chuvas,
de estio.
Cigarras, que
afinidade,
passamos horas
a fio
cantando a
mesma saudade...
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Levo a prosa e a poesia,
através de um boletim,
e também toda a magia
que elas trazem para mim.