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Trova de
PROF. GARCIA
Caicó/RN
A liberdade do poeta,
está num verso... Num grito...
No equilíbrio se completa,
vencendo o próprio infinito!
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Por quê?
Não sei por que é que Deus me fez assim
completamente tolo e apaixonado,
que só para ficar sempre ao seu lado,
acabo me esquecendo até de mim!
Pois desde que você me deu seu sim
e eu confiei que foi um sim pensado,
não permiti jamais que houvesse um fim
em nosso amor tão meigo e desejado!
Você é meu sonho todo santo dia!
E o dia todo desde o amanhecer...
E logo após também, quando adormeço!
E nestes sonhos cheios de alegria
e de utopias, só tenho prazer...
Tanto prazer que eu sei que não mereço!
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Poema de
ANTÓNIO GEDEÃO
Lisboa/Portugal, 1906 – 1997
Dez reis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingênuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aquarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras seletas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
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Triverso de
ÁLVARO POSSELT
Curitiba/PR
Aqui tudo pode.
Até a cabra
fica de bode.
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Soneto de
ALFREDO GUISADO
Lisboa/Portugal, 1891 – 1975
Ela, em meu sonho
Ela vivia num palácio mouro…
Nas harpas, os seus dedos a espreitarem
como pajens curiosos, a afastarem
os cortinados todos fios de ouro.
As suas mãos, tão leves como as aves,
ora fugiam volitando, frias,
ora pousando, trêmulas, frias,
nas cordas, a sonharem melodias…
E os sons que ela tangia, aos seus ouvidos
chegavam, receosos de senti-la,
voltavam a não ser nunca tangidos.
É que ela, as suas mãos, as harpas de ouro,
não eram mais do que um supor ouvi-la
e o meu julgá-la num palácio mouro.
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Trova de
THARCÍLIO GOMES DE MACEDO
Taubaté/SP
A montanha neblinada,
quando foge à nossa vista,
é a natureza enciumada
que esconde o quadro do artista.
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Poema de
LORENZO OLIVAN
Cantábria/ Espanha
O Guardião de si mesmo
Escondido em algum dos ângulos
do pensamento, oculto no seu matagal,
fico de vigia durante a noite.
Quero julgar com nitidez a linha
indefinida que separa sempre
a vigília do sono.
Quero saber que porta
a minha mente tem de atravessar,
que sombra aos poucos cai ou sobe
do alto de do profundo,
de que porção de mim terei que desprender-me
e que porção saberá
atravessar o leve umbral comigo.
Hoje o sono não vai poder vir de luvas brancas,
não vai roubar a minha casa impunemente,
vou aprender as suas artes,
vou vê-lo penetrar silencioso
pela porta de trás da consciência.
Assim fico de vigia
e guardo, com olhos bem fechados,
a minha interior escuridão
debaixo da noite escura.
Nada se move, só o pensamento,
cansado dos círculos que tem de
descrever durante o dia. De que parte
do negro infinito virá o sono?
Onde, onde essa linha?
O sol da manhã dá no teu rosto.
Náufrago de ti mesmo,
levanta-te Ulisses.
Que recordas da viagem?
Irónica, a luz atira sobre ti
uma sonora gargalhada.
(Tradução: Joaquim Manuel Guimarães)
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Trova Humorística de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Carreteiro em disparada,
transporto a carga suicida;
se atrás é mais longa a estrada,
na frente é mais curta a vida!
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Hino de
ÓBIDOS/ PA
Sentinela que guarda riqueza
deste vale imenso sem par;
podes bem ser chamada princesa,
das belezas do grande Rio-Mar.
Os teus filhos são bem brasileiros,
são valentes e sabem lutar.
E trabalham ao sol altaneiros,
sempre avante, não sabem parar!
Óbidos, és minha terra,
Óbidos, és meu torrão,
Óbidos, estás inteira,
dentro do meu coração.
Já tens glória passada que a história,
podes bem com justiça assentar;
não são gestos falazes que a vitória,
que soubeste tão bem conquistar.
És a filha do Rio Amazonas
e conheces o seu murmurar:
onde estás é a única zona,
por onde ele tem que passar !
Óbidos, és minha terra,
Óbidos, és meu torrão,
Óbidos, estás inteira,
dentro do meu coração.
Tuas noites são bem estreladas,
e o teu céu é mais puro azul.
E são claras as tuas madrugadas,
quando sopra o vento taful.
És rincão da terra brasileira,
na Amazônia és forte e viril,
vives sob a mesma bandeira,
que tremula em todo o Brasil!
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Trova de
AGOSTINHO RODRIGUES
Campos dos Goytacazes/RJ
Estendam as mãos, amigos,
mantendo o mundo seguro.
Dos jovens e dos antigos
depende o nosso futuro!
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Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP
Feridas
Abri a gaveta das lembranças
Tirei tudo o que dentro estava.
Fechei todas as portas e janelas,
Não queria que elas saíssem por ai,
Para espalhar minha história.
O mundo está cheio
De palavras inúteis.
Que não servem para nada.
Não enobrecem a vida.
Preciso agora descobrir
Os segredos da alma:
Curar, ungir, suturar feridas…
Sutis, apodrecidas.
Dobras doentes
Procurando refrigério,
Procurando alento,
Na simples carícia
Do toque do vento…
Depois, com carinho, guardo-as novamente,
Na última gaveta da minha mente.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Quando deixei minha terra,
jurei e cumpri a jura,
que venceria esta guerra
entre o sertão e a cultura!
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Recordando Velhas Canções
EU SEI QUE VOU TE AMAR
(samba-canção, 1959)
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.
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