sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Saudade em Versos Diversos I


ALESSANDRA NEVES
Pra um dia ela voltar

E é sempre assim,
Quando você acha que a saudade se vai
Quando você acha que o vazio se acaba
Quando você acha que tudo passou
A saudade surge!
Aparece!
E você esta ali impotente...
Ela machuca e faz doer
E você nada pode fazer
Talvez chorar
Possa aliviar o peito
Mas nunca curar a alma...
Talvez sorrir, e
Se fizer de conta que não a vê
Talvez ela se vá!
Que nada!
E permanece o tempo que ELA quiser
E você não tem escolha
Fica remoendo os bons momentos
A alegria
Ou até mesmo apenas a falta da presença sentida
E uma hora,
O tempo, que não cura nada,
Faz com que você se acostume com a dor...
Faz com que você se acostume
Com a falta da presença
Faz com que você se acostume...
Pra um dia ela voltar.
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BENEVIDES GARCIA
Minha Saudade

Minha saudade parece infinita;
Ela vem de séculos,
Caminha por muitos cantos,
E beija as almas nas lembranças doces.
Ela me conforta nos dias sombrios
Quando a solidão resolve me abraçar.
Está sempre indo e vindo:
Às vezes me dá de presente uma alegria
Mas, sempre me faz chorar...
Tem dias que passa o tempo comigo
Depois parte em busca de novos corações.
E assim tudo se renova
Até chegar o dia,
Até chegar o dia…
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FLORBELA ESPANCA
Saudades

Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
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PATATIVA DO ASSARÉ

Há dor que mata a pessoa
Sem dó nem piedade.
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.
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 SONIA NOGUEIRA
Saudade

Quando a saudade bate a porta
O sonho corre longe ao meu sertão
Lembranças da criança em compota
Adoça devagar meu coração

Revejo o gado solta na pastagem
O rio nas enchentes percorrendo
A terra encharcando, só aragem
A lua poderosa pernoitando

Relembro a serenata na calçada
Menina ainda, a tia se afoitando
Chegava tímida na janela disfarçada
O violão nas cordas amor cantando

A casa tão distante da cidade
A paz reinava firme sem barulho
De dia a rotina forte da enxada
Silêncio e solidão, no sonho o vulto

Trazia dois olhares que sonhavam
Promessas de amor em jura eterna
Sonho de menina que voaram
Sumiu na imensidão o sonho hiberna.
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SÍLVIA ARAÚJO MOTTA
Vida sem canção

Ah! Se eu pudesse ter os seus abraços
de madrugada, sem ninguém se opor;
parar a hora para atar os laços
sem ver a aurora, tempo que traz dor...

Ah! Se eu pudesse em pautas ter compassos,
prender o amor, manter o seu sabor,
fruto de outrora, doce entre os amassos
do ser amado, meu melhor cantor.

Ele se foi...Mudou a nossa meta;
levou também a imagem do prazer;
e na saudade marcas da traição;

Que faço agora? Trago a dor secreta;
triste, sozinha, não sei que fazer!
Minha alma chora a vida sem canção.

Fonte:
AISENMAN, Jacqueline. Revista Varal do Brasil. Varal da Saudade. ano 4. n. 23. maio/junho 2013.

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